COMUNICAÇÃO DOS TRABALHADORESE DISPUTA PELA HEGEMONIATranspassar o corporativismo edebater temas de relevância públicanacional, disputando com osmeios comerciais de comunicaçãode massa, o interesse da sociedadena luta pela hegemonia. Essa foi aprincipal discussão no 20.ª CursoAnual do Núcleo Piratininga deComunicação, que reuniu maisde 300 jornalistas e dirigentes deentidades sindicais e da sociedadecivil, no mês de novembro de2014, no Rio de Janeiro.Responsável pela impressão demais de 10 milhões de jornaismensais, a imprensa sindical éum instrumento fundamental nadefesa do posicionamento dostrabalhadores como visão de sociedadeque contemple a justiçasocial e a garantia dos direitosdas minorias. No entanto, apesardo magnitude das suas publicações,a imprensa não atua de formaconjunta, desenvolvendo, emsua maioria, a defesa apenas corporativistada categoria representadapor cada sindicato.De acordo com o fundador doNPC, o comunicador e ex-sindicalistaVito Gianotti, os trabalhadorese as entidades sindicais têmque atuar de forma conjunta, pautandotemas nacionais em seusmeios, e sobretudo criar um veículopróprio que faça contrapontoaos meios massivos comerciaisde comunicação.“Queixamo-nos que os meios de comunicaçãode massa representamapenas a defesa de um lado, o de umaelite dominante. Que ela prejudicaos trabalhadores e as instituições queos representam. Isso não é novidade.O que é novidade é a necessidade denos organizarmos para começarmosa contrapor eles com as posições dostrabalhadores. A comunicação quetemos agora é extremamente frágil.Quantos jornais de publicação diáriaexistem para os trabalhadores e paraa esquerda no Brasil? Nenhum. Seeu quiser saber sobre uma informação,tenho que comprar um dos jornaisdo sistema, da mídia empresariale comercial. Portanto, chega deficar se queixando. Temos que criarum jornal ou revista das entidadessindicais, defendendo nossa visão desociedade e de mundo, pautada pelotrabalhador, e que circule nos mesmosespaços dos meios hoje hegemônicos”O Senge-PR esteve presente na20.ª medição do curso do NPC,representado pelo diretor-secretário,Leandro José Grassmann,pelo diretor e coordenador doSenge Jovem, Cícero Martins Júnior,e pelo diretor Claudinei PedrosoRibas.Segundo Grassmann, o evento foiimportante não apenas por mostrara importância estratégicaque a comunicação desempenhanas relações e no desempenhodas entidades sindicais, mas tambémpor demonstrar o quão fundamentalé o papel a ser desempenhadopelo sindicato para seusrepresentados e para a sociedade,propondo em seus veículos debaterquestões de interesse públicosob um viés contestador, que nãoapenas reforce o ponto de vistadefendido pelos meios de comunicaçãohegemônicos.“Historicamente o Senge-PR atuana defesa de políticas públicas, nafiscalização dos bens públicos, em favorda justiça, da ética na política ena promoção de debates de interessenão apenas dos profissionais de engenharia,mas da sociedade. E issose reflete em nossos meios de comunicação.Portanto, foi bom perceber nocurso que, ao propormos um espaçode discussão de temas que estão paraalém da base de representação profissional,estamos alinhados à atuaçãona defesa, por meio da comunicação,de uma sociedade mais justa, levandoinformação de qualidade, com viésdiferenciado dos meios comerciais àpopulação”.Conheça o projeto de Marco Regulatórioda Comunicação, organizadopelo FNDC, e os pontos de coleta deassinatura distribuídos em váriosestados brasileiros:36Revista do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná
ARTIGOCOMUNICAÇÃO DOS TRABALHADORESPARA A DISPUTA DE HEGEMONIA:UMA LIÇÃO HISTÓRICAPor Vito GiannottiFoto: NPCVito Giannotti é coordenador do Núcleo Piratiningade Comunicação e autor de mais de 20 livros nasáreas de comunicação e sindicalismo.O meu novo livro, COMUNI-CAÇÃO DOS TRABALHA-DORES E HEGEMONIA, noseu título deixa claríssimo seuobjetivos: tratar da comunicaçãoda classe trabalhadora e desua luta pela hegemonia. Logode cara diz que sua finalidadenão é falar da comunicaçãono geral, mas centralizar suaatenção nos trabalhadores. Elogo diz sua visão da funçãodesta comunicação, hoje, empleno século XXI: conquistarcentenas, milhares, milhõespara suas propostas, sua visãode mundo. Ou seja, convencerda necessidade de mudar, virarde cabeça para baixo estemundo. Colaborar na construçãode um outro mundo, livre,solidário, a caminho do socialismo.E tudo o que se fala nolivro é centrado na função dacomunicação. O livro olha ohoje e se referencia no ontem.Pensamos na nossa históriaenquanto classe trabalhadora,e no futuro que temos queconstruir.Na história das sucessivas formasde comunicação ao longodos séculos, veremos queestas sempre foram o instrumentode comunicar o olharde alguém sobre determinadofato. Um olhar de um in-divíduo ou grupo social paramostrar e muitas vezes paraconvencer pessoas ou gruposde determinada visão. À medidaque as formas de comunicaçãoavançavam, fica cadavez mais nítido o objetivo delevar outros a pensar de umadeterminada maneira. Paraisto serviam, desde as pedrasdas cavernas, até inscrições emmonumentos, imagens esculpidasaté, mais recentemente,livros. Imagens, monumentose inscrições das mais variadasformas e técnicas próprias decada época sempre servirampara esta finalidade.Quando, na Europa, surgirame se multiplicaram as primeirasfolhas impressas, com o famosomonge Gutemberg, séculosatrás, não se imaginava queestas fossem os antecedentesdos jornais. No século XVIIcomeçaram os primeiríssimosjornais que se firmaram comopublicações regulares com oadvento do sistema capitalista.Muitos pensavam que o jornalseria puramente um instrumentopara informar. Nadamais. Mas, ao contrário, o jornallido em círculos de interessadosfoi o grande instrumentode divulgação das ideias doliberalismo, base do capitalis-Revista do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná37