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mo inglês, e dos ideais da RevoluçãoFrancesa de 1789.Jornais para quê? Para informar?Claro, informar sobrenavios que chegavam e partiamdos portos da Europapara o mundo. Informar asdescobertas, os novos produtose também noticiar fatosque se chamavam de amenidades.Mas isso era só o queaparecia. O objetivo de umburguês, dono de uma ou maisfábricas, ao fundar um jornalera bem outro do que informar.Era formar. Formar ascabeças, moldá-las. Como sediria hoje, ganhar “coraçõese mentes” do povo, da massa,dos exércitos. Enfim, da baseda sociedade que os donos dosjornais queriam que aceitassecomo natural, boa, justa e,sobretudo, imutável. O SéculoXIX, século do capitalismoindustrial, precisava se legitimar.Precisava do “consenso”,como Gramsci teorizará noséculo XX.Foi assim que, no século docapital, o jornal passou a terum papel fundamental na difusãodas ideias burguesas, istoé, dos valores. Legitimação daescravidão, naturalização dasguerras coloniais para a Europaviver em paz. E difusãoem alguns países das ideiasrepublicanas da tal RevoluçãoFrancesa. Essa era a modernizaçãoapregoada. Isso eralevar a “civilização” europeiapara o resto do mundo “nãocivilizado”. Foi graças a ele, aojornal, e à força dos exércitosque sempre iam junto com osjornais, que essas ideias e valoresse tornaram dominantes.Ideias dominantes para garantirexércitos dominantes.Tanto é verdade que, logo, osmovimentos dos trabalhadores,os sindicatos e os partidospolíticos que simpatizavamcom os trabalhadores se preocuparamem fazer seus jornais.Para divulgar, difundir asideias de sua classe e seu projetode sociedade e de mundo.Na Inglaterra, país do capitalismo,se organizaram as “uniões”,como os sindicatos eramchamados. Nasceu um sindicato,nasceu logo em seguida ojornal sindical. Na industrializadaAlemanha, na passagemdo século XIX para o séculoXX, em cada cidade com maisde cem mil habitantes existiaum jornal local do PartidoSocial Democrata Alemão(SPD), o maior partido socialistado mundo.Ao ouvir o nome do comunistaitaliano Antônio Gramsci,os que o conhecem, logoo associam com o jornal queele fundou e dirigia, L´OrdineNuovo, e depois com L´Unitá,órgão do partido que ele ajudoua fundar no distante 1921.Ainda hoje, em 2014, o jornalL´Unitá, órgão do partidoque sucedeu à auto-extinçãodo antigo Partido ComunistaItaliano, o chamado PartidoDemocrático, se referenciaem Gramsci. Ostenta no seulogotipo os dizeres: “L ´Unitá– Um jornal fundado por Gramsci”.Este era o peso de umjornal de esquerda, no caso,comunista, no começo do séculoXX.Passando da Europa para oBrasil, veremos que, já em1919, mesmo com uma classeoperária pequena, existiramdois jornais diários: A Plebe,em São Paulo, e A Hora Social,em Recife. E por que essaclasse, tão pequena, resolve fazerjornal? Para disputar suavisão de mundo com a burguesiaque difundia a sua porvários meios. Por que jornais?Porque jornal era o que existia,na época, para disputar ahegemonia, como ensinavame praticavam Lênin, Rosa Luxemburgo,Trotsky, Gramsci etantos outros revolucionáriosda Indochina de Ho Chi Minao Peru de Mariátegui.Mas o jornal, hoje, é apenasum dos muitíssimos meios decomunicação que os trabalhadorespodem usar. Ao longodo livro fala-se muito de rádio,televisão e em três capítulosda rede mundial, a internet,em suas inúmeras aplicaçõesque os trabalhadores podeme devem usar. Cada meio dacomunicação, para os trabalhadores,os de ontem, de hojee de amanhã, deve ser umaarma para vencer a guerra dahegemonia. E, isso, sem ilusõescom os nossos inimigosde classe. Essa é a mensagemcentral do livro.38Revista do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná

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