14EDIÇÃO Nº<strong>62</strong>—ABRIL—2007JORNALnnLogWebREFERÊNCIA EM LOGÍSTICAAMARRAÇÃO E ELEVAÇÃO DE CARGASQuando do usode cintas, todocui<strong>da</strong>do é poucoVerificar certificados de quali<strong>da</strong>de dos acessórios, fatores de segurança, cantos vivos, tipos de laçamento eamarração, além de realizar inspeção de rotina periodicamente nas cintas e nas ferragens, são pequenas ações quefazem to<strong>da</strong> a diferença na operação de içamento de cargas.Às vezes, o que parece pequenodetalhe pode geraruma grande diferençano processo como um todo.Isso vale para cintas de amarraçãoe elevação de cargas: se nãohouver atenção especial aos detalhesque envolvem carga e cinta,a conseqüência poderá serrealmente grande, incluindo prejuízosmateriais.Primeiramente, é importanteprestar atenção aos certificados dequali<strong>da</strong>de emitidos pelos fabricantesou fornecedores dos acessórios.O engenheiro André Carrion,supervisor técnico comercial <strong>da</strong>Gunnebo Industries (Fone: 114055.9800), explica que os laudosde conformi<strong>da</strong>de técnica e os certificadostécnicos garantem a quali<strong>da</strong>dedo processo utilizado na fabricaçãodos produtos controladospelas organizações regulamentadoras,assim como o atendimento<strong>da</strong>s especificações técnicas requeri<strong>da</strong>snas normas vigentes no país.Cláudio Miller, gerente de ven<strong>da</strong>s<strong>da</strong> Tecnotextil (Fone: 133229.6100), acrescenta que tantoo laudo de conformi<strong>da</strong>de técnicaquanto os certificados de quali<strong>da</strong>devali<strong>da</strong>m o produto, garantindopara o usuário que os materiais estãodentro dos padrões de segurançaexigidos. “As cintas de elevação eamarração seguem as especificaçõesrecomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s pela Comuni<strong>da</strong>deEuropéia – EN 1492-1/2 para elevaçãoe EN 121/95 para amarração.As cintas de elevação têm Fatorde Segurança (FS) de 7:1 e asde amarração de 2:1 para a capaci<strong>da</strong>dea que são destina<strong>da</strong>s”, diz.Por sua vez, Ednaldo <strong>da</strong> PurificaçãoSilva, gerente de ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong>Spanset do Brasil (Fone: 243360.4595), considera essencialque as empresas e os usuários te-nham acesso a to<strong>da</strong>s as informações,assim como a um planode carga para um transporte seguro.Ele diz que a rastreabili<strong>da</strong>de,em caso de acidentes ou incidentes,é a garantia do produto; e quea etiqueta identifica a capaci<strong>da</strong>de,o fabricante e seu código de fabricação.“Infelizmente, por umaquestão exclusiva de preços, existemempresas que ain<strong>da</strong> utilizame adquirem os conjuntos de amarraçãosem conhecer a procedência”,informa.Silva também adianta que aABNT – Associação Brasileira deNormas Técnicas, por meio doComitê Brasileiro de Têxteis e doVestuário, o CB-17, está finalizandoas normas para elevação deCargas - parte 1 - Cintas planas;Elevação de Cargas - parte 2 - Cintastubulares; Amarração de Cargas- parte 1 - Cálculo de tensões;e Amarração de Cargas - parte 2 -Cintas de amarração.No caso de acidentes, ele consideraser fun<strong>da</strong>mental levar emconta as questões: como ocorreuo acidente; qual a responsabili<strong>da</strong>de;qual o custo para as empresas;e qual o custo para a socie<strong>da</strong>de.SEGURANÇAMas, o que querem dizer osnúmeros chamados de Fatores deSegurança (FS), ou melhor, o quesão esses fatores?Carrion, <strong>da</strong> Gunnebo, explicaque fator de segurança é a relaçãoentre a carga máxima de trabalhoe a mínima carga de ruptura domaterial em ensaios normalizados.Por exemplo: Fator 7:1 - Cintas dePoliéster. Uma cinta com carga detrabalho máxima de uma tonela<strong>da</strong>deve atingir em ensaio no mínimosete tonela<strong>da</strong>s de carga. “Mas suaO usuário deve seguir as orientações de inspeção, realizando semprea manutenção dos equipamentos, mantendo um trabalho preventivocarga de trabalho depende <strong>da</strong> formacomo a mesma está sendo utiliza<strong>da</strong>.Diferentes formas de amarração,cargas de trabalho, ambientese ângulos possuem limites detrabalho que devem ser seguidosconforme o produto e o fabricante”,ressalta.Miller, <strong>da</strong> Tecnotextil, destacaque o fabricante que segue as normasinternacionais garante a segurançae, com isso, evita o risco dorompimento <strong>da</strong>s cintas, <strong>da</strong>nos aosacessórios e, conseqüentemente, apossibili<strong>da</strong>de de acidentes. “Esteé um item importante a ser considerado.A segurança na movimentaçãoé fun<strong>da</strong>mental. Um equipamentoaquém <strong>da</strong>s especificaçõespõe em risco os colaboradores, acomuni<strong>da</strong>de, o investimento e aimagem <strong>da</strong> empresa”, declara.Já Silva, <strong>da</strong> Spanset, informaque o conjunto de amarração decargas mais usual é o de 50 mmcom resistência de 2.5 t e 5.0 t,respectivamente na utilização retae no sistema envolvente. Neste sistema,o fator de segurança aplicadoé o de 2:1.Quanto às laça<strong>da</strong>s, Carrion, <strong>da</strong>Gunnebo, diz que a maneira delaçamento ou amarração <strong>da</strong> cargadeve ser escolhi<strong>da</strong> de acordo coma carga a ser movimenta<strong>da</strong>. Eleinforma que enforcando o acessório,a per<strong>da</strong> de carga é de cerca de20%. Além disso, sobrecargas,temperaturas eleva<strong>da</strong>s, cantos vivos,movimentos bruscos, torsãonas correntes, cintas e lingas diminuemas cargas de trabalho.Carrion alerta que as formas deamarração devem ser utiliza<strong>da</strong>s deacordo com o tipo de acessório eas instruções de trabalho forneci<strong>da</strong>spelo fabricante.Miller, <strong>da</strong> Tecnotextil, diz queas formas mais usuais são o enlaçado(que corresponde ao basketna elevação de carga), a forma direta(vertical) e a envolvente (a fitasai <strong>da</strong> catraca e retorna na mesmacatraca, envolvendo a carga).Citando as amarrações diretas,conheci<strong>da</strong>s como amarração poratrito, que têm como objetivo fixara carga no assoalho do caminhão,impedindo que ela se desloque,Silva, <strong>da</strong> Spanset, tambémrevela que existe uma portaria quetorna obrigatória a utilização decabos de aço ou cintas têxteis notransporte de produtos siderúrgicos,porém, a considera muito vagae sem embasamento técnico, ouseja, “existe a obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>amarração, mas as leis estão totalmenteequivoca<strong>da</strong>s e, se analisarmos,poderíamos afirmar que 90%destas amarrações não suportariama carga em uma frenagembrusca, mesmo a baixa veloci<strong>da</strong>de”,conta.Silva também comenta sobrea Norma EN-121/95, que estipulaos valores de amarração poratrito, os quais, somados com onúmero de amarrações, garantema perfeita segurança para o transporte.“Cargas que são muito baixas(por exemplo, chapas de aço)ou muito altas, tendem a ser asmais difíceis para a amarração”,avisa.O gerente de ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong>Spanset conta, ain<strong>da</strong>, que o ângulode amarração reduz significativamentea capaci<strong>da</strong>de deamarração do conjunto, sendoproibido o transporte quando aamarração tiver um ângulo inferiora 30º.Como é possível notar, a capaci<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s cintas depende domodo com que são utiliza<strong>da</strong>s, e,além disso, existem alguns fatoresque podem <strong>da</strong>nificar os acessóriospara amarração e elevaçãode cargas.Carrion, <strong>da</strong> Gunnebo, consideraque os problemas variam deacordo com o produto utilizado,“mas em todos os casos, o cumprimentodo uso do produto deacordo com sua carga de trabalhoespecificado pelo fabricante é essencialpara garantir a segurançados usuários e <strong>da</strong> carga em processode elevação ou movimentação”,assinala.Por sua vez, Miller, <strong>da</strong> Tecnotextil,aponta como <strong>da</strong>nificadoresmais comuns a má fixação dosacessórios nos caminhões ou veículosde transporte e a utilizaçãode terminais inadequados, principalmentecom relação ao engateindevido do caminhão e à colocação<strong>da</strong> parte sintética <strong>da</strong> fita deamarração em cantos ou arestassem proteção. Além disso, dá algumasdicas para proteção <strong>da</strong> cinta,que acabam aju<strong>da</strong>ndo tambémna proteção dos acessórios, como:conhecer o peso e o centro de gravi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> carga; observar as condiçõesde embalagem ou de
nLogWebJORNALnREFERÊNCIA EM LOGÍSTICA15EDIÇÃO Nº<strong>62</strong>—ABRIL—2007amarração <strong>da</strong> carga com dobra<strong>da</strong>atenção; verificar a existência decantos vivos e preparar proteçõespara evitar <strong>da</strong>nos à cinta; jamaisexceder as especificações técnicas;usar ganchos com raio de apoionunca inferior ao diâmetro de umapolega<strong>da</strong> de seção lisa e redon<strong>da</strong>;evitar movimentos bruscos; e nuncautilizar cintas <strong>da</strong>nifica<strong>da</strong>s.Para Silva, <strong>da</strong> Spanset, os acessórios,fornecidos como parte integrantedo conjunto, já devem serdimensionados para a capaci<strong>da</strong>dee finali<strong>da</strong>de a que se destinam. “Eproteções para os cantos vivos devemser utiliza<strong>da</strong>s, já que permitemmaior segurança e melhoramarração”, aponta.Silva cita também que podemacontecer desgastes nas cintas porfalta de proteção quando tenciona<strong>da</strong>s,que ocorrem quando entramem contato direto com a carga,muitas delas em superfícieáspera e/ou cortante. E aconselhaanalisar os acessórios, verificandose não têm desgastes ou trincas.Carrion, <strong>da</strong> Gunnebo, consideralevar em conta na inspeção desegurança: deformação permanenteem conseqüência <strong>da</strong> sobrecargado acessório, fissuras, evidência decontatos com temperaturas eleva<strong>da</strong>se outros.“Para evitá-los deve-se seguirDicas para a inspeção <strong>da</strong>s cintas de amarração e elevação de cargasRoteiro básico para inspeçãode rotina1. Colocar a cinta em umasuperfície plana;2. Examinar com atençãoambos os lados;3. Examinar cui<strong>da</strong>dosamenteos olhais;4. Examinar cui<strong>da</strong>dosamenteas proteções e osacessórios (se houver).Periodici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s inspeções➥ Os períodos de exame e inspeçãodeverão ser determinadospor uma pessoa qualifica<strong>da</strong>, considerando-seas aplicações, oambiente, a freqüência de uso equestões similares;➥ As cintas que não foremutiliza<strong>da</strong>s deverão serexamina<strong>da</strong>s pelo menos umavez por ano por uma pessoacompetente e qualifica<strong>da</strong> paraestabelecer sua adequaçãoquanto à continui<strong>da</strong>de de uso.Os registros desses examesdeverão ser mantidos;➥ As cintas <strong>da</strong>nifica<strong>da</strong>s deverãoser recolhi<strong>da</strong>s do serviço eprovidenciado o descarte,cortando o produto em váriaspartes menores para garantirque não será utiliza<strong>da</strong>;➥ Nunca tente executar reparosnas cintas por sua conta.Inspeção <strong>da</strong>s ferragens➥ Realizar controles sobre oestado <strong>da</strong>s ferragens em todosos seus componentes, comotravas, pinos, etc.;➥ Controlar o desgaste nasparedes <strong>da</strong>s peças e alargamentoplástico causado porsobrecarga;➥ Considerar, entre outrascaracterísticas: alongamentointerno e externo,amassamento nos elos oucabo, <strong>da</strong>nos mecânicos,deformação visual, desgastepor arraste e corrosão,entalhamento, torção, etc.;as especificações dos fabricantespara uso e manutenção dos acessóriose verificar, de acordo como produto, se to<strong>da</strong>s as especificaçõescontinuam disponíveispara consulta no caso de dúvi<strong>da</strong>”,aconselha.Miller, <strong>da</strong> Tecnotextil, concor<strong>da</strong>:o usuário deve seguir as orientaçõesde inspeção, realizandosempre a manutenção dos equipamentos,mantendo um trabalhopreventivo. “O foco deve ser semprevoltado para evitar que os acessóriossofram algum <strong>da</strong>no, comotrincas e desgastes”, diz.Acessórios fora de conformi<strong>da</strong>detécnica em operações de içamentode cargas, conforme citamCarrion, <strong>da</strong> Gunnebo, e Miller, <strong>da</strong>Tecnotextil, podem romper e sesoltar do componente de amarração,deixando a carga solta e causandoacidentes, a exemplo dostombamentos de cargas em rodovias,além de acarretar prejuízoseconômicos e muitas vezes até amorte <strong>da</strong>s pessoas próximas aolocal do acidente.A respeito dos sistemas de ancoragem,Silva, <strong>da</strong> Spanset, dizque os dispositivos fixos, que estãoincorporados ao sistema de➥ Especificamente para osganchos, devem ser retiradosde uso quando a abertura <strong>da</strong>boca tiver uma deformaçãosuperior a 10%, ou quandoapresentar desgaste nasparedes superior a 5% outrincas/rachaduras. Tambémdeverão ser imediatamentesubstituídos se apresentardobras laterais (encaixe <strong>da</strong>trava de fixação “fora decentro”);➥ As anilhas de suspensãodevem assentar-se corretamenteno gancho de içamento.Fonte: Tecnotextiltransporte (caminhão) e onde sãoanexados os conjuntos de traçãoou amarração, estão totalmentefora de uma resistência conformea Norma EN 12.195, parte 1 - cálculode tensões. “Verificamossempre que o objetivo <strong>da</strong>s empresasde implemento é fornecer umsistema antigo e obsoleto que seriao de amarração com cor<strong>da</strong>s”,comenta. ●