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O potencial educativo do audiovisual na educação ... - Livros LabCom

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16 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV1770 e 1850, sen<strong>do</strong> que estaria aí incluí<strong>do</strong>o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> tráfico clandestino.Cabe ressaltar, que, se estamos dan<strong>do</strong>mais ênfase ao grupo étnico jêje-<strong>na</strong>gô, éporque será este que irá fundar as primeirascasa de culto que se tem oficialmente notícia,passan<strong>do</strong> este modelo ser ti<strong>do</strong> comoreferência quan<strong>do</strong> se fala de estu<strong>do</strong>s sobreas religiões afro-brasileiras. Inclusive écurioso lembrar, que o próprio Ni<strong>na</strong>Rodrigues a estes exalta como “os negros<strong>na</strong>gôs possuem uma mitologia bastante complexa,com divinização <strong>do</strong>s elementos <strong>na</strong>turaise fenômenos meteorológicos” (ELBEIN,1988: 216), “[...] da preponderância adquiridano Brasil pela mitologia e culto <strong>do</strong>s jejese iorubanos a ponto de, absorven<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s osoutros, prevalecer este culto quase como aúnica forma de culto organizada <strong>do</strong>s nossosnegros fetichistas”.(ELBEIN, 1988: 215).Os Terreiros, Roças, Abaçás ou Casasde-Santo,denomi<strong>na</strong>ções correntes utilizadaspara nomear os espaços e grupos de cultoaos deuses africanos” – Orixás, Inquices eVoduns – representam assim historicamente,uma forma de resistência cultural, coesãosocial, e ao mesmo tempo centro de fermentaçãopara sublevações e rebeliões, relatan<strong>do</strong>às várias rebeliões ocorridas no século XIXcomo ten<strong>do</strong> relação com a fé que professavamos insurretos (RODRIGUES, 1988). Éinteressante ressaltar que Ni<strong>na</strong> Rodrigues aoreferir-se as rebeliões levava em consideraçãoape<strong>na</strong>s a origem e a fé <strong>do</strong>s rebeldes,esquecen<strong>do</strong>-se que as próprias condições emque estes viviam – sub-huma<strong>na</strong>s – por si sójá eram motivos suficiente para a rebeliãoou motim.As formas da religiosidade africa<strong>na</strong>, nocaso brasileiro, podem ser consideradasfatores fundamentais para a formação dereagrupamentos institucio<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>s de africanose seus descendentes, escravos, foragi<strong>do</strong>se libertos. Ao la<strong>do</strong> de associações religiosaspropriamente ditas, como Terreiros e Irmandadesde Igrejas Católicas, – e mais tarde– Federações, desenvolveram-se durante aescravidão formas de resistência política –os quilombos – que geralmente estavamassocia<strong>do</strong>s às práticas religiosas africa<strong>na</strong>s.Assim, passaremos a encontrar mais tarde,em diversas regiões <strong>do</strong> Brasil, a dissemi<strong>na</strong>ção<strong>do</strong>s cultos de origem africa<strong>na</strong>, que agoratomariam o nome de religião afro-brasileiradenomi<strong>na</strong>das genericamente sob os nomes deUmbanda e Can<strong>do</strong>mblé.Podemos perceber que a base dessasrepresentações está situada no nível de relacio<strong>na</strong>mentoexistente entre o rótulo religioso,a cor da pele e o nível social <strong>do</strong>sparticipantes <strong>do</strong>s grupos religiosos.Vale ressaltar que as representações são,elas próprias, marcadas por critérios sociaise por mecanismos classificatórios fundamenta<strong>do</strong>sno sistema hierarquiza<strong>do</strong> da organizaçãosocial. Neste sistema, é possível perceberfronteiras nitidamente estabelecidas paraa firmação individual e grupal, fundamentadasnos cre<strong>do</strong>s religiosos assumi<strong>do</strong>s, <strong>na</strong>aparência física (cor da pele, feições, cabelos,vestuário, etc.), que indicam a pertençaa um <strong>do</strong>s diversos grupos profissio<strong>na</strong>is econfessio<strong>na</strong>is que, por sua vez, ajudam apromover a inserção – individual e grupal– <strong>na</strong>s diferentes camadas da pirâmide social.(TEIXEIRA, 1992).A articulação entre as rotulações religiosase a racial é considerada como um fatorimportante para a compreensão <strong>do</strong> cenáriosocial brasileiro, marca<strong>do</strong> pelo “me<strong>do</strong> <strong>do</strong>feitiço”, conforme mostra<strong>do</strong> por Maggie(1992), e alimenta<strong>do</strong> e reforça<strong>do</strong> pelasnotícias estereotipadas veiculadas <strong>na</strong> mídia.É esse me<strong>do</strong> exagera<strong>do</strong> <strong>do</strong> feitiço/malefício,fruto muito mais de um imaginário, <strong>do</strong> quebasea<strong>do</strong> em verdades comprovadas, que irápromover durante muito tempo uma justificativaa qual, imprensa e polícia, atribuíamcomo resulta<strong>do</strong> às perseguições.Assim, procuramos buscar identificar apossível articulação existente entre as representaçõesacerca da loucura, crimi<strong>na</strong>lidade ereligiões afro-brasileiras (Umbanda e Can<strong>do</strong>mblé)e as notícias veiculadas nos jor<strong>na</strong>isdas cidades de Salva<strong>do</strong>r e Aracaju e de comoestas participaram da construção e cristalizaçãode estereótipos negativos incidentessobre aqueles que praticam e cultuam Orixás,Voduns, Inquices e entidades afro-brasileiras.A leitura das representações engendradassobre a população macumbeira, rótulo genéricoincidente sobre negros, mestiços ebrancos, adeptos das religiões afro-brasileiras,aponta para o processo de classificaçãoque incide sobre grupos e indivíduos que tantoserve para justificar desigualdades sociais,

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