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O potencial educativo do audiovisual na educação ... - Livros LabCom

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26 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IVrelativamente à guerra e responder, entreoutras, às seguintes questões: Até que pontoé que houve “alinhamento” para com aposição <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> país em que cadatelevisão está sediada? Terão as televisõesfuncio<strong>na</strong><strong>do</strong> como peças <strong>na</strong> “engenharia <strong>do</strong>consentimento” controlada pelos governos ou,pelo contrário, promoveram a crítica edissenção?A análise terá em conta vários indica<strong>do</strong>restais como o grau de destaque da<strong>do</strong> adiferentes dimensões da guerra (o que éenfatiza<strong>do</strong> e o que é secundariza<strong>do</strong>?); osactores cuja perspectiva é pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>nte <strong>na</strong>cobertura televisiva da guerra (ex. militares,civis, políticos); os jor<strong>na</strong>listas de cada estaçãoenvolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> cobertura da guerra (ex.jor<strong>na</strong>listas “embedded” e outros); oscomenta<strong>do</strong>res seleccio<strong>na</strong><strong>do</strong>s; e a iconografia(escolha de imagens, símbolos, gráficos).Serão ainda consideradas as opções linguísticasde cada televisão para falar da guerra.Tentar-se-á compreender como é que aspalavras utilizadas para desig<strong>na</strong>r ou avaliara guerra e os seus agentes simultaneamentereflectem e produzem formas particulares depensar tal realidade.Procede-se a uma análise <strong>do</strong>s noticiáriostelevisio<strong>na</strong><strong>do</strong>s entre os dias 20 de Março e16 de Abril de 2003, procuran<strong>do</strong>, também,avaliar se há alterações ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong> no discurso jor<strong>na</strong>lístico e <strong>na</strong> posturadestes media sobre a guerra no Iraque.2. BBC: Baghdad Broacasting Corporationou alia<strong>do</strong> <strong>do</strong> governo britânico?A BBC foi objecto de críticas por váriaspartes pela sua cobertura <strong>do</strong> conflito. Osmilitares britânicos e alguns membros <strong>do</strong>governo acusaram a BBC de se colocardemasia<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s iraquianos 4 . Algunscomenta<strong>do</strong>res e críticos consideraram que aBBC prestou um serviço de propaganda aogoverno britânico. Investiga<strong>do</strong>res e outrosa<strong>na</strong>listas apreciaram também de mo<strong>do</strong> varia<strong>do</strong>o desempenho da estação.Na análise de Media Tenor (2003), a BBCaparece como relativamente equilibrada <strong>na</strong>avaliação da actuação política e militar norteamerica<strong>na</strong>no Iraque e <strong>na</strong> quantidade de tempodedicada às baixas <strong>na</strong>s forças da coligaçãoliderada pelos EUA e no la<strong>do</strong> iraquiano.Numa análise textual e de discurso da coberturadas primeiras sema<strong>na</strong>s <strong>do</strong> conflito <strong>na</strong>BBC, Clark (2004) e Haarman (2004) nãoidentificaram um posicio<strong>na</strong>mento ideológicoclaro da estação. Em contraste, um estu<strong>do</strong>da Cardiff University (2004) revelou umaorientação da BBC favorável à intervençãomilitar no Iraque e portanto próxima daposição oficial <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong>. De um mo<strong>do</strong>ainda mais assertivo, Cromwell (2003) e aorganização Media Lens 5 apontaram váriasvezes a amplificação das posições gover<strong>na</strong>mentaisnos relatos que a BBC fez da guerra.Dentro da própria BBC, houve divergênciasentre os membros da direcção relativamenteà qualidade da cobertura. EnquantoRichard Sambrook (2003), director de informação,defendeu a informação dada pelaBBC, Mark Damazer (cit. por Wells, 2003),sub-director de informação, afirmou publicamenteque a imagem da guerra veiculadapelos repórteres “embedded” foi demasia<strong>do</strong>“asséptica”, sem mortos nem feri<strong>do</strong>s, e queprestou um mau serviço à democracia. Parte<strong>do</strong> interesse em a<strong>na</strong>lisar o caso BBC resideprecisamente nesta falta de consenso sobreonde se situou politico-ideologicamente a suarepresentação da intervenção no Iraque.Percorramos, então, cronologicamente, acobertura da guerra nesta estação.A ofensiva militar liderada pelos EUAinicia-se no dia 20 de Março de 2003. NaBBC, os primeiros dias <strong>do</strong> conflito são<strong>do</strong>mi<strong>na</strong><strong>do</strong>s por imagens da progressão militar,<strong>do</strong> avanço da máqui<strong>na</strong> de guerra angloamerica<strong>na</strong>e <strong>do</strong> poderio <strong>do</strong> armamento ocidental.A abertura <strong>do</strong>s blocos noticiosas é,pelo menos durante a primeira sema<strong>na</strong>,dedicada pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntemente ao”“avanço dasforças da coligação” (expressão usada váriasvezes pelos “pivots” da BBC). Enfatiza-seo percurso feito pelos militares anglo-americanosem cumprimento <strong>do</strong> plano de tomarBagdade. Mostram-se tanques em andamentoe as extensas colu<strong>na</strong>s militares <strong>na</strong>s estradasde terra <strong>do</strong> Iraque. O “discurso da glória”militar é claramente estruturante neste perío<strong>do</strong>.Há, mesmo assim, referências à resistênciairaquia<strong>na</strong>, e poucos dias após o início<strong>do</strong> conflito, começa a emergir a ideia de que,porventura, se terá subestima<strong>do</strong> a dimensãodessa resistência. No dia 27 de Março, porexemplo, diz-se que os iraquianos estão a lutar

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