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O potencial educativo do audiovisual na educação ... - Livros LabCom

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18 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IVmos por considerar que durante os primeirosanos deste século, os estu<strong>do</strong>s da Psiquiatriavoltavam-se para as religiões afro-brasileirascomo local capaz de promover a teoria aceitapor muitos e, principalmente, por algunspsiquiatras de que negro e religião eram osingredientes perfeitos que, combi<strong>na</strong><strong>do</strong>s, eramcapazes de promover a loucura e acrimi<strong>na</strong>lidadeOs estu<strong>do</strong>s de Raimun<strong>do</strong> Ni<strong>na</strong> Rodrigues 7 ,Ulisses Per<strong>na</strong>mbucano e Cunha Lopes entreoutros, grandes expositores desta teoria,acreditavam que a população negra participantedas religiões afro-brasileiras (Umbandae Can<strong>do</strong>mblé) eram passíveis de desenvolveralgumas patologias e degenerações. Assim,diante desta perspectiva os terreiros em váriospontos <strong>do</strong> país, especialmente os <strong>do</strong> Rio deJaneiro, Salva<strong>do</strong>r e Recife viram-se invadi<strong>do</strong>sdurante as sessões públicas (fato que dariamaior destaque às notícias de jor<strong>na</strong>l) porilustres perso<strong>na</strong>gens que tentavam ali encontrara prova cabal que referendasse suasteorias.Este autor inclusive foi o funda<strong>do</strong>r daEscola de Patologia Social fortemente influencia<strong>do</strong>pelas teorias evolucionistas em voga<strong>na</strong> Europa, que articulava três discipli<strong>na</strong>s: amedici<strong>na</strong>, o direito e a antropologia social.Esta associação tinha como objetivo demonstraratravés de argumentos “lógicos e científicos”que a população brasileira era intelectuale psicologicamente inferior <strong>na</strong> confrontaçãocom a superioridade indiscutível<strong>do</strong>s brancos. (RODRIGUES, 1988).No quadro em que se expla<strong>na</strong> apluralidade da sociedade brasileira, além dadiscrimi<strong>na</strong>ção que recai sobre tu<strong>do</strong> ou to<strong>do</strong>sque são considera<strong>do</strong>s negros ou afro, o rótulode macumbeiro supõe ainda uma outra dimensão:aquela estabelecida pela Escola dePatologia Social que associa certas práticasrituais, como possessão, à loucura e acrimi<strong>na</strong>lidade (BIRMAN, 1986). Outras<strong>do</strong>enças também foram atribuídas aos negrose mestiços, assim como atributos morais ecomportamentais, o que contribui fortementepara o enquadramento dessas populações ede suas manifestações culturais e religiosascomo produzidas por “gente de segundacategoria” conforme Ni<strong>na</strong> Rodrigues.Vale ressaltar, que segun<strong>do</strong> AngelaLunhing (2000), no perío<strong>do</strong> que realizou suapesquisa que vai de 1920 até 1942, nos jor<strong>na</strong>is“A Tarde” e “Esta<strong>do</strong> da Bahia” sobre asperseguições aos Can<strong>do</strong>mblés baianos, ape<strong>na</strong>suma reportagem foi escrita por umjor<strong>na</strong>lista presente a invasão, não haven<strong>do</strong>nenhum outro registro <strong>na</strong>s inúmeras reportagensque prove a presença de jor<strong>na</strong>listaspresentes. O que demonstra que as notíciaseram veiculadas de acor<strong>do</strong> com o imaginárioe o senso comum daqueles que as escreviam,deixan<strong>do</strong> transparecer não só o desconhecimentoa respeito das religiões afro-brasileiras,como representavam os estereótipos pelosquais as religiões afro-brasileiras eram percebidas.Com o passar <strong>do</strong> tempo notícias querelatavam a invasão e posterior captura eencarceramento <strong>do</strong>s freqüenta<strong>do</strong>res e adeptos<strong>do</strong>s terreiros começaram a aparecer <strong>na</strong>imprensa escrita. Estas notícias serviriam parareforçar os preconceitos que já se encontravamlatentes no imaginário social, agorasubstancia<strong>do</strong>s e legitima<strong>do</strong>s pela imprensa.Essas notícias transformar-se-iam <strong>na</strong> manhãseguinte em manchetes de jor<strong>na</strong>is.Notícias: ideologias e estereótipos aosnegrosOs jor<strong>na</strong>is de uma forma geral sempretrouxeram em suas manchetes relatos acercadas curas obtidas nos terreiros da mesmaforma que questio<strong>na</strong>vam a validade e averacidade de tais fatos, fornecen<strong>do</strong>, assim,material amplo para moldar o imagináriosocial acerca da loucura e da crimi<strong>na</strong>lidadee as religiões afro-brasileiras.Assim, perda de controle, exploraçãopública, crime, suicídio, brigas, adultério,roubos, loucuras sempre foram vistas pelosjor<strong>na</strong>is como atividades comuns no âmbito<strong>do</strong>s terreiros, da mesma forma que seusfreqüenta<strong>do</strong>res eram percebi<strong>do</strong>s como cidadãosperigosos, que deveriam permanecersobre suspeita policial. Em síntese, to<strong>do</strong>macumbeiro era classifica<strong>do</strong> como um possíveldelituoso ou delinqüente.Quase sempre matéria de primeira pági<strong>na</strong>em jor<strong>na</strong>is populares, este tipo de destaquetanto pode ser interpreta<strong>do</strong> como apelo paraa venda de jor<strong>na</strong>is através <strong>do</strong> sensacio<strong>na</strong>l e<strong>do</strong> misterioso, – marcas, representações eestigmas – quanto o que se desejava ver

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