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O potencial educativo do audiovisual na educação ... - Livros LabCom

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OPINIÃO PÚBLICA E AUDIÊNCIAS525universitário, para demonstrar <strong>do</strong>mínio deoutro campo discursivo ao questio<strong>na</strong>r avalidade da ciência; o discurso da ciência,para em seguida ironizá-la; o discurso datribo, com gírias e jargões <strong>do</strong>s ravers; odiscurso consumista da sociedade capitalistaglobalizada, com a moda raver; o discursoconserva<strong>do</strong>r de classe média ao se compararao pobre - ele é infeliz e eu sou feliz. Nosdeslizamentos entre as formações discursivasfica claro o “da<strong>do</strong> social”, os diversos “eus”presentes nos discursos, em um espaço-tempoespecífico: o da cidade, o da pós-modernidade,o da tribo raver.Brandão (2002), referin<strong>do</strong>-se a Pêcheux,ressalta o processo discursivo como relaçãoideológica de classe. Referente ao aspectoformal da língua (observação da norma cultae repertório lingüístico), aos conhecimentosexplicita<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s críticas feitas aos discursosjor<strong>na</strong>lísticos sobre drogas, bem como à suaauto-representação como tribo “mais descolada”,“mais fashion”, os participantes <strong>do</strong>GF2 mostram o ideológico, <strong>na</strong>turalizan<strong>do</strong> asdiferenças. Os estereótipos e as generalizaçõescritica<strong>do</strong>s <strong>na</strong> mídia marcam os discursos<strong>do</strong> grupo, o qual identifica as subtribosda música eletrônica, como “cybers”, “demora<strong>do</strong>”(psicodélicos), entre outros.Os códigos, a moda e o estilo musicaldiferenciam os grupos e criam sentimento depertença. Nas festas, o senti<strong>do</strong> da droga, amúsica e o ambiente são fatores que estimulama socialidade <strong>do</strong>s grupos, em uma sociedadeglobalizada <strong>na</strong> qual as pressões são muitas.4. ConclusãoNa análise <strong>do</strong>s discursos <strong>do</strong>s jovens raversparticipantes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is grupos focais há umsenti<strong>do</strong> primordial <strong>do</strong> texto em relação aocontexto: o de distanciamento por oposiçãoentre jovens ravers e mídia, permean<strong>do</strong> osargumentos explícitos (por meio demarca<strong>do</strong>res linguísticos) e implícitos (pelomecanismo de silenciamento) <strong>na</strong>s falas <strong>do</strong>sgrupos. A dicotomia é reflexo <strong>do</strong> contextosociocultural, no qual as oposições e asdivisões são relações <strong>na</strong>turalizadas pelasideologias (bem e mal, pobre e rico, opressore oprimi<strong>do</strong>, bonito e feio, magro e gor<strong>do</strong>),presentes <strong>na</strong> prática discursiva <strong>do</strong>s jovensravers e da mídia.Os distanciamentos detecta<strong>do</strong>s nos argumentos<strong>do</strong>s jovens mostram as oposições edivisões entre identidade estereotipada eidentidade real; entre o conhecimento que ojor<strong>na</strong>lista deveria ter da realidade e a realidadeefetivamente reconstruída em seusdiscursos; entre o interesse das empresasjor<strong>na</strong>lísticas e o interesse <strong>do</strong>s jovens; entreo poder <strong>do</strong> discurso midiático e a fragilidade<strong>do</strong>s discursos <strong>do</strong>s jovens ravers; entre osuperficial <strong>do</strong>s discursos jor<strong>na</strong>lísticos e adensa realidade; entre a quantidade e aqualidade de informação; entre a generalização<strong>do</strong>s sujeitos e a particularidade <strong>do</strong>indivíduo; entre a simplificação <strong>do</strong>s comportamentose a complexidade <strong>do</strong> ser humano;entre o prazer de consumir drogas e osofrimento retrata<strong>do</strong> <strong>na</strong> mídia; entre a violênciaassociada às festas e a paz efetivamentesentida; entre a agressividade como marcada perso<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> usuário de drogas ilícitas<strong>na</strong> mídia e a afetividade buscada notranse neotribal.“O dito por ‘eles’ (a mídia) e por ‘nós’(os jovens)” apresenta algumas percepçõesdiferenciadas entre os grupos, condicio<strong>na</strong>daspela classe socioenonômica. É possívelverificar a ideologia em ação <strong>na</strong> forma comocada um se refere e percebe o outro dentroda tribo, em uma determi<strong>na</strong>da matriz culturale temporalidade. Portanto, como diz Pechêux,as classes sociais não são indiferentes àlíngua, <strong>do</strong> ponto de vista de complexidade<strong>do</strong> repertório, de <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> léxico e de seusantagonismos”– a visão da “periferia” e <strong>do</strong>s“playboys”. A habilidade <strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong>r emtransitar por diferentes formações ou camposdiscursivos lhe confere mais autonomia noembate diário da prática discursiva.Quanto menor o acesso aos campos ouformações discursivas (FDs), maior a submissão<strong>do</strong> sujeito <strong>do</strong> discurso a determi<strong>na</strong>dasFDs. No grupo focal de jovens de bairrosda periferia de São Paulo essa limitação decampo é maior. A estratégia <strong>do</strong>s argumentosé baseada em exemplos e experiênciaspessoais e no cotidiano, para dar mais autenticidadee credibilidade aos discursos.São argumentos comuns nos discursos <strong>do</strong>sjovens o não reconhecimento de si nos estereótiposde “droga<strong>do</strong>s violentos”, “droga<strong>do</strong>sinfelizes”, “droga<strong>do</strong>s inconseqüentes”, “raversdroga<strong>do</strong>s”, “ravers pobres e droga<strong>do</strong>s”.

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