Suzana Hübner Wolff 19Com o envelhecimento ocorre a menor interação de contatossociais; entretanto, essa não deve ser confundida com ainexistência de relações. Este fenômeno pode ser explica<strong>do</strong> identifican<strong>do</strong>que a vida é marcada por situações de perda, que, por suavez, acentuam-se na fase adulta: perda da juventude, aposenta<strong>do</strong>ria,afastamento <strong>do</strong>s filhos, perda de amigos, <strong>do</strong> companheiro, todaselas agravadas pelo rechaço da sociedade em que vivem, quevaloriza o novo, o consumo e a produção econômica. Os sujeitos ficam,muitas vezes, sem encontrar papéis que os gratificam, quelhes possibilitem pertencimento social, como havia, por exemplo,no perío<strong>do</strong> em que trabalhavam.Outra percepção natural da vida humana, também evidenciadadurante o processo de envelhecimento, é quan<strong>do</strong> a pessoase dá conta de sua vulnerabilidade, tanto física como biológica.Segun<strong>do</strong> Jungues (2004), o processo de envelhecimento é inexorável,e viver humanamente é viver em vulnerabilidade. Mesmocom o avanço das ciências da saúde diminuin<strong>do</strong> seus efeitos somáticos,ela se manifesta na face psíquica, social e espiritual, exigin<strong>do</strong>um novo equilíbrio vital e psicológico, condizente com umanova situação existencial. Nesse senti<strong>do</strong>, a sociedade atual nãotem contribuí<strong>do</strong> para isso, visto que se sustenta na onipotência daforça, representada pela juventude, ten<strong>do</strong> no velho a representaçãoda vulnerabilidade e da fragilidade que pretende ser superada.Stano (2001), por sua vez, traz a possibilidade de rupturas,ponderan<strong>do</strong> que o sujeito com a velhice pode avançar e estabeleceroutras redes de identidade e outras possibilidades de ser nomun<strong>do</strong>, contradizen<strong>do</strong> o instituí<strong>do</strong> e instituin<strong>do</strong> o novo. Pode surgirum perío<strong>do</strong> de retomada de relacionamentos, um resgate afetivofamiliar, com novas metas, novos projetos de vida e novossenti<strong>do</strong>s de viver. Pode realizar-se com novos grupos sociais, vistoque o ser humano não se basta a si mesmo; por ser inter-relacional,necessita <strong>do</strong>s outros e da realidade que o circunda, para ressignificara si e aos outros, diminuin<strong>do</strong> o vazio de senti<strong>do</strong> que pre<strong>do</strong>minana mentalidade atual.
20 Envelhecimento bem-sucedi<strong>do</strong> e políticas públicasUMA SOCIEDADE QUE BUSCA ENVELHECER BEMA discussão sobre o envelhecimento com qualidade devida tem ocupa<strong>do</strong> espaços significativos em publicações recentes,já que, de um mo<strong>do</strong> geral, é visível a transformação qualitativa noprocesso de envelhecimento em determina<strong>do</strong>s grupos de i<strong>do</strong>sos. Eisso ainda se fortalece se for considerada a aproximação entre essetema e as questões que envolvem a área <strong>do</strong> esporte e <strong>do</strong> lazer.Sem dúvida, esse novo fenômeno é atraente e reflete-seem um novo otimismo no campo da Gerontologia, que avança deum discurso tradicional brasileiro que apresentava a imagem <strong>do</strong>smais velhos como vítimas de sofrimento, isolamento, crises depós-aposenta<strong>do</strong>ria, perda de status, alcoolismo, entre outras característicasnegativas. É sabi<strong>do</strong> que essa perspectiva gerou por muitotempo políticas voltadas para os i<strong>do</strong>sos como seres aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>spela família e de responsabilidade exclusiva <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Isso, poroutro la<strong>do</strong>, é contrasta<strong>do</strong> pelas imagens da mídia, que atualmentemostram os i<strong>do</strong>sos como fonte de recursos, fonte de saúde, alémde uma imagem de velhice muitíssimo gratificante. Nesse senti<strong>do</strong>Debert (1999, p. 229) alerta que a “perspectiva da miséria” foi significativana estruturação <strong>do</strong>s programas destina<strong>do</strong>s às pessoas i<strong>do</strong>sase na construção de estereótipos sobre a velhice, associa<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>ença, dependência e passividade. Destaca ainda a autora: “Aolouvar as pessoas saudáveis e bem-sucedidas que aderiram aos estilosde vida e à parafernália de técnicas de manutenção corporalveiculadas pela mídia, assistimos à emergência de novos estereótipos”(Debert, 1999, p. 229). Observa-se, portanto, com muitapreocupação, a entrada em ação, de forma hegemônica, de novastecnologias de saber e poder de alguns grupos, em que as pessoassão novamente classificadas, divididas, <strong>do</strong>minadas e o direito deescolha não tem espaço, só obrigações. To<strong>do</strong>s, por exemplo, devemdançar, fazer ginástica, cantar, passear e ser felizes.Simone de Beauvoir, em um de seus raros enfoques sobreos aspectos positivos <strong>do</strong> envelhecimento, contribui com o seguintecomentário, que soa quase como uma utopia:
- Page 4 and 5: VIVENDO E ENVELHECENDORecortes de p
- Page 6 and 7: SUMÁRIOPREFÁCIO . . . . . . . . .
- Page 8 and 9: PREFÁCIONa atualidade, as polític
- Page 10 and 11: APRESENTAÇÃOAssim como as pessoas
- Page 12: Stela Nazareth Meneghel 11lançamos
- Page 16 and 17: ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EPOLÍT
- Page 18 and 19: Suzana Hübner Wolff 17pendência e
- Page 22 and 23: Suzana Hübner Wolff 21Na sociedade
- Page 24 and 25: Suzana Hübner Wolff 23uma condiç
- Page 26 and 27: Suzana Hübner Wolff 25• que as c
- Page 28 and 29: Suzana Hübner Wolff 27CASTRESANA,
- Page 30: Suzana Hübner Wolff 29STANO, Rita
- Page 33 and 34: 32 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 35 and 36: 34 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 37 and 38: 36 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 39 and 40: 38 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 41 and 42: 40 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 43 and 44: 42 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 46 and 47: CONCEBENDO A VIDA SAUDÁVEL DESDE O
- Page 48 and 49: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 47
- Page 50 and 51: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 49
- Page 52 and 53: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 51
- Page 54 and 55: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 53
- Page 56 and 57: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 55
- Page 58 and 59: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 57
- Page 60 and 61: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 59
- Page 62: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 61
- Page 65 and 66: 64 Educar, aprender e viver com qua
- Page 67 and 68: 66 Educar, aprender e viver com qua
- Page 69 and 70: 68 Educar, aprender e viver com qua
- Page 71 and 72:
70 Educar, aprender e viver com qua
- Page 73 and 74:
72 Educar, aprender e viver com qua
- Page 75 and 76:
74 Educar, aprender e viver com qua
- Page 77 and 78:
76 Educar, aprender e viver com qua
- Page 79 and 80:
78 Educar, aprender e viver com qua
- Page 81 and 82:
80 Violência contra a pessoa idosa
- Page 83 and 84:
82 Violência contra a pessoa idosa
- Page 85 and 86:
84 Violência contra a pessoa idosa
- Page 87 and 88:
86 Violência contra a pessoa idosa
- Page 89 and 90:
88 Violência contra a pessoa idosa
- Page 91 and 92:
90 Violência contra a pessoa idosa
- Page 93 and 94:
92 Violência contra a pessoa idosa
- Page 95 and 96:
94 Violência contra a pessoa idosa
- Page 97 and 98:
96 Revendo uma trajetória e procur
- Page 99 and 100:
98 Revendo uma trajetória e procur
- Page 101 and 102:
100 Revendo uma trajetória e procu
- Page 103 and 104:
102 Revendo uma trajetória e procu
- Page 105 and 106:
104 Revendo uma trajetória e procu
- Page 107 and 108:
106 O sol refulge ao entardecer da
- Page 109 and 110:
108 O sol refulge ao entardecer da
- Page 111 and 112:
110 O sol refulge ao entardecer da
- Page 113 and 114:
112 O sol refulge ao entardecer da
- Page 115 and 116:
114 O sol refulge ao entardecer da
- Page 117 and 118:
116 O sol refulge ao entardecer da
- Page 120:
CAPOEIRA COMO INSTRUMENTO DEEDUCAÇ
- Page 123 and 124:
122 Capoeira como instrumento de ed
- Page 125 and 126:
124 Capoeira como instrumento de ed
- Page 127 and 128:
126 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 129 and 130:
128 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 131 and 132:
130 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 133 and 134:
132 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 136 and 137:
GINÁSTICA COREOGRAFADASilvana Bian
- Page 138 and 139:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 140 and 141:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 142 and 143:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 144 and 145:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 146 and 147:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 148:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 151 and 152:
150 Jogos desportivos para a tercei
- Page 153 and 154:
152 Jogos desportivos para a tercei
- Page 155 and 156:
154 Jogos desportivos para a tercei
- Page 157 and 158:
156 Jogos desportivos para a tercei
- Page 159 and 160:
158 Jogos desportivos para a tercei
- Page 161 and 162:
160 Jogos desportivos para a tercei
- Page 163 and 164:
162 Jogos desportivos para a tercei
- Page 166 and 167:
CAMINHADA ORIENTADA:passos firmes e
- Page 168 and 169:
Daniela Martins e Suzana Hübner Wo
- Page 170 and 171:
Daniela Martins e Suzana Hübner Wo
- Page 172 and 173:
GRUPO DE REFLEXÃO:espaço de acolh
- Page 174 and 175:
Maria Regina Morales 173Pensar o Gr
- Page 176:
Maria Regina Morales 175OUTRAS CONS