Ednal<strong>do</strong> Pereira Filho 37Este mesmo autor vai dizer que: “...só poderemos chegar a umacompreensão de nós mesmos como porta<strong>do</strong>res de direitos quan<strong>do</strong>possuímos, inversamente, um saber sobre quais obrigações temosde observar em face <strong>do</strong> respectivo Outro: ...um outro generaliza<strong>do</strong>”(p. 179).Esta perspectiva <strong>do</strong> Outro é importante para constituir acompreensão <strong>do</strong> reconhecimento jurídico que pressupõe um respeitomútuo entre as pessoas, por elas conceberem em comum asregras sociais expressas nos direitos e deveres que se legitimam edifundem em comunidade, não admitin<strong>do</strong> exceções e privilégiosdiferencia<strong>do</strong>s. Não obstante, Honneth (2003, p. 182) destaca que“...obedecen<strong>do</strong> à mesma lei, os sujeitos de direito se reconhecemreciprocamente como pessoas capazes de decidir com autonomiaindividual sobre as normas morais”.Em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> direito de envelhecer com esporte e lazer,é fundamental que as pessoas desfrutem com outras – desdesempre e sem nenhum pu<strong>do</strong>r moral – das atividades artístico-culturaismais formais como os espetáculos esportivos, teatrais, cinematográficos,circenses, de danças, e das outras diferentes artes.Bem como, e principalmente, compartilhem de brincadeiras, de jogos,de exercícios ginásticos, de esportes, de simples conversaçõescom os amigos e de muitas e muitas festas, que celebrem datas, fatose acontecimentos, e criem mais motivos para outras tantas festase celebrações.Nunca é demais dizer que, mesmo sen<strong>do</strong> o esporte e o lazer,em nível de reconhecimento jurídico, direitos universais e,portanto, concernentes de maneira indistinta a todas as pessoas,no entanto em nível de respeito social, ou melhor, estima social, oesporte e o lazer passam a ser intersubjetivamente atribuí<strong>do</strong>s, commaior ou menor relevância social, para determinadas pessoas ougrupos sociais.Esta diferenciação entre reconhecimento jurídico e estimasocial abre um bom espaço para discussão da questão social, poisreside na estima social de determinadas comunidades e sociedadeso grau em que são conheci<strong>do</strong>s e concebi<strong>do</strong>s determina<strong>do</strong>s atributossociais como realmente relevantes. Em suma, o esporte e olazer são, verdadeiramente, reclama<strong>do</strong>s por quem e em quais cir-
38 Envelhecer com esporte e lazer: direitos de uma sociedade...cunstâncias? Pensar nisso é abordar o reconhecimento <strong>do</strong> esportee <strong>do</strong> lazer como uma questão social. Segun<strong>do</strong> Castell apud Wanderley(2004, p. 55), que diz:Questão social é uma aporia fundamental sobre a qual umasociedade experimenta o enigma de sua coesão e tenta conjuraro risco de sua fratura. Ela é um desafio que interroga, põeem questão a capacidade de uma sociedade (o que em termospolíticos se chama de uma nação) de existir como um conjuntoliga<strong>do</strong> por relações de interdependência.É, nesta perspectiva, de luta por reconhecimento <strong>do</strong> esportee <strong>do</strong> lazer, que considero importante resgatá-los, primeiramente,como direitos sociais de todas as idades. Pois assim estaremoscircunscreven<strong>do</strong> o território onde os sujeitos se reconhecem e serespeitam mutuamente, se apoderan<strong>do</strong> das condições normativasnão somente para usufruto desta posse, mas, principalmente, parao exercício da decisão racional e autônoma sobre as questões morais.Honneth (2003) nos chama atenção para o caráter público <strong>do</strong>sdireitos, pois autorizam seus porta<strong>do</strong>res a atuarem de maneiraaltiva junto aos seus interlocutores, lhes conferin<strong>do</strong> força e autorrespeitopara reclamar seus direitos e reformular suas condiçõesexistenciais.Chamo atenção mais uma vez para a importância de percebermosque o direito social <strong>do</strong> esporte, <strong>do</strong> lazer e <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so só édireito se for conjuga<strong>do</strong> em sociedade. E que para isso a esfera públicaé o espaço privilegia<strong>do</strong> para mensurarmos o grau de justiçaou não com que pautamos os nossos projetos de desenvolvimentohumano. A esfera pública, segun<strong>do</strong> Souza Neto (1997), é um espaçono conflito para o diálogo, a negociação e o entendimentoque qualificam as políticas públicas e sociais. Nesta concepção éimportante conceber os ingredientes da participação e da descentralização– esta numa perspectiva das demandas sociais – paraestabelecermos mudanças na forma de compreendermos a elaboraçãode políticas, em que para além <strong>do</strong>s favores se reconhecem oshistoricamente construí<strong>do</strong>s direitos de cidadania.É no cotidiano da esfera pública que as coisas aconteceme, neste senti<strong>do</strong>, Jovchelovitch (2000) destaca que o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> senso
- Page 4 and 5: VIVENDO E ENVELHECENDORecortes de p
- Page 6 and 7: SUMÁRIOPREFÁCIO . . . . . . . . .
- Page 8 and 9: PREFÁCIONa atualidade, as polític
- Page 10 and 11: APRESENTAÇÃOAssim como as pessoas
- Page 12: Stela Nazareth Meneghel 11lançamos
- Page 16 and 17: ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EPOLÍT
- Page 18 and 19: Suzana Hübner Wolff 17pendência e
- Page 20 and 21: Suzana Hübner Wolff 19Com o envelh
- Page 22 and 23: Suzana Hübner Wolff 21Na sociedade
- Page 24 and 25: Suzana Hübner Wolff 23uma condiç
- Page 26 and 27: Suzana Hübner Wolff 25• que as c
- Page 28 and 29: Suzana Hübner Wolff 27CASTRESANA,
- Page 30: Suzana Hübner Wolff 29STANO, Rita
- Page 33 and 34: 32 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 35 and 36: 34 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 37: 36 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 41 and 42: 40 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 43 and 44: 42 Envelhecer com esporte e lazer:
- Page 46 and 47: CONCEBENDO A VIDA SAUDÁVEL DESDE O
- Page 48 and 49: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 47
- Page 50 and 51: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 49
- Page 52 and 53: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 51
- Page 54 and 55: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 53
- Page 56 and 57: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 55
- Page 58 and 59: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 57
- Page 60 and 61: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 59
- Page 62: Cláudio Augusto Silva Gutierrez 61
- Page 65 and 66: 64 Educar, aprender e viver com qua
- Page 67 and 68: 66 Educar, aprender e viver com qua
- Page 69 and 70: 68 Educar, aprender e viver com qua
- Page 71 and 72: 70 Educar, aprender e viver com qua
- Page 73 and 74: 72 Educar, aprender e viver com qua
- Page 75 and 76: 74 Educar, aprender e viver com qua
- Page 77 and 78: 76 Educar, aprender e viver com qua
- Page 79 and 80: 78 Educar, aprender e viver com qua
- Page 81 and 82: 80 Violência contra a pessoa idosa
- Page 83 and 84: 82 Violência contra a pessoa idosa
- Page 85 and 86: 84 Violência contra a pessoa idosa
- Page 87 and 88: 86 Violência contra a pessoa idosa
- Page 89 and 90:
88 Violência contra a pessoa idosa
- Page 91 and 92:
90 Violência contra a pessoa idosa
- Page 93 and 94:
92 Violência contra a pessoa idosa
- Page 95 and 96:
94 Violência contra a pessoa idosa
- Page 97 and 98:
96 Revendo uma trajetória e procur
- Page 99 and 100:
98 Revendo uma trajetória e procur
- Page 101 and 102:
100 Revendo uma trajetória e procu
- Page 103 and 104:
102 Revendo uma trajetória e procu
- Page 105 and 106:
104 Revendo uma trajetória e procu
- Page 107 and 108:
106 O sol refulge ao entardecer da
- Page 109 and 110:
108 O sol refulge ao entardecer da
- Page 111 and 112:
110 O sol refulge ao entardecer da
- Page 113 and 114:
112 O sol refulge ao entardecer da
- Page 115 and 116:
114 O sol refulge ao entardecer da
- Page 117 and 118:
116 O sol refulge ao entardecer da
- Page 120:
CAPOEIRA COMO INSTRUMENTO DEEDUCAÇ
- Page 123 and 124:
122 Capoeira como instrumento de ed
- Page 125 and 126:
124 Capoeira como instrumento de ed
- Page 127 and 128:
126 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 129 and 130:
128 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 131 and 132:
130 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 133 and 134:
132 Alongamento, flexibilidade e qu
- Page 136 and 137:
GINÁSTICA COREOGRAFADASilvana Bian
- Page 138 and 139:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 140 and 141:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 142 and 143:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 144 and 145:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 146 and 147:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 148:
Silvana Bianchi e Suzana Hübner Wo
- Page 151 and 152:
150 Jogos desportivos para a tercei
- Page 153 and 154:
152 Jogos desportivos para a tercei
- Page 155 and 156:
154 Jogos desportivos para a tercei
- Page 157 and 158:
156 Jogos desportivos para a tercei
- Page 159 and 160:
158 Jogos desportivos para a tercei
- Page 161 and 162:
160 Jogos desportivos para a tercei
- Page 163 and 164:
162 Jogos desportivos para a tercei
- Page 166 and 167:
CAMINHADA ORIENTADA:passos firmes e
- Page 168 and 169:
Daniela Martins e Suzana Hübner Wo
- Page 170 and 171:
Daniela Martins e Suzana Hübner Wo
- Page 172 and 173:
GRUPO DE REFLEXÃO:espaço de acolh
- Page 174 and 175:
Maria Regina Morales 173Pensar o Gr
- Page 176:
Maria Regina Morales 175OUTRAS CONS