DEZEMBROPequenas estrelas do NatalVendas de final de ano devem ser boas, afirma especialista. Pequenas lembranças eprodutos de menor custo mais uma vez vão ganhar destaque no varejoPor Alexandre SanchesAs vendas de Natal deste ano não terãocomo estrelas os produtos da linhabranca ou outros setores beneficiadoscom a redução do IPI, anunciada nosúltimos meses pelo governo federal.O destaque será para os produtos demenor preço, de produção consideradamais artesanal. A previsão é do mestreem economia e professor convidadoda Fundação Getúlio Vargas, AlivinioAlmeida, que acredita numa repetiçãodos últimos natais, quando asvendas do varejo estiveram voltadas,principalmente, para as pequenaslembranças e produtos de menor custo,mas com vendas em grande escala.Almeida, no entanto, prevê que asvendas de Natal neste ano serão boas.A expectativa econômica positiva parao último semestre do ano é reflexodo melhor cenário que o Brasil jávivenciou nos últimos tempos. Diantedisso, a previsão de crescimento nasvendas no varejo deve oscilar entre 7%a 20%, tendo uma amplitude razoável.O economista afirma que com certezanão será o melhor dos natais, uma vezque também há os reflexos da economiamundial.“Acredito que haverá recuperação daeconomia e as vendas serão positivas.Elas não serão magníficas, mas haveráuma boa circulação de dinheiro napraça, o que é um bom sintoma. Ocenário só não será excelente porqueainda há um endividamento forte emmuitas famílias nas classes de menorrenda”, explicou o economista.Para este Natal, ele prevê que as pessoasvão se voltar novamente à troca depequenos presentes, de menor valor.No entanto, esses produtos serãovendidos em grande escala, puxadosprincipalmente pelas compras dasclasses C, D e E, que são as categoriasde menor renda e que normalmentemovimentam a economia nacional porconta do grande volume de consumo,voltados principalmente à compra devestuário e de alimentos.“Muita gente pretende usar o 13ºsalário para quitar dívidas. Mas eu vejoque, apesar das vendas se voltarem,principalmente, para produtos demenor valor, eles acabarão refletindona geração de empregos na indústriae de entrada de dinheiro mais fácilno mercado, favorecendo o giro maisrápido entre fornecedor e o varejo”,comentou Almeida. Os eletroeletrônicostambém deverão estar na preferência doconsumidor no final do ano, em especialos produtos de menor custo.No caso dos produtos de linha branca,por exemplo, ele observa uma tendênciainversa. Mesmo com a redução doIPI, os produtos possuem custosmais altos, com a indústria sendomais automatizada, gerando poucamão de obra. Além disso, a vendano varejo depende, muitas vezes, definanciamentos para o consumidor.O parcelamento dos bens adquiridosnão produz um fluxo de recursossignificativos no mercado.Nas últimas semanas, o InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) divulgou uma pesquisa queaponta a classe C como um importantepropulsor da economia brasileira. Ocrescimento da renda média e o acessoàs linhas de crédito voltadas a esse nichopopulacional são os principais fatorespara o aumento do poder de consumo. Noentanto, essa faixa populacional está como hábito de fazer compras em excesso,gastando muitas vezes mais do que ganha.“A classe C, que é a que mais cresceunos últimos anos na economia local,tem a tendência de querer comprartudo o que vê, pois nunca teve acessoa determinados produtos. Ela vaicontinuar mantendo essa tendênciade compra, pois temos uma demandareprimida, que trabalha para os grandescontingentes populacionais”, enfatizouo economista.Apesar de o governo ter anunciado aredução do IPI para diversos produtos,como veículos e os eletrodomésticos dalinha branca, esses produtos não serãoa atração das vendas de Natal. “Quemainda não adquiriu seus produtos com24outubro a dezembro de 2012 | www.acil.com.br
O cenáriosó não éexcelentepor causadas dívidasfamiliaresREVISTA MERCADO EM FOCO | OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2012Crescimento devendas será de7% a 20%WWW.<strong>ACIL</strong>.COM.BRredução do IPI, no caso da linha branca,a compra no final de ano será favorecidacom o ingresso do 13º salário, enfatizou.De acordo com Alivinio Almeida, avenda de carros com o IPI reduzido jácomeçou a apresentar perda de fôlego,pois a maioria aproveitou as vendasdurante o primeiro anúncio da reduçãodo imposto. E para a venda de materiaisde construção, este não é um períodoconsiderado favorável.Mesmo com estas reduções de impostospara algumas categorias do mercadoprodutivo, Almeida acredita que ela nãorefletirá num crescimento significativoda economia brasileira. Ainda mais nocaso da indústria automobilística, emque muitos dos componentes ainda sãoimportados.Com a crise econômica mundial, ogoverno norte-americano injeta maisdinheiro no mercado para tentar aquecera economia. Isso deverá ter reflexos noBrasil, principalmente na importaçãode produtos industrializados. “Os EUAestão de olho na economia brasileirae sabem que temos potencial deconsumo. O mesmo acontece com oschineses, ainda mais eles que sabemque há mercado para o final do ano.Com toda certeza teremos, além dosprodutos nacionais de menor custo, acompra de muitos dos importados compreços mais em conta que os similaresbrasileiros.”Associação Comercial e Industrial de Londrina 25