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UNIVERSIDADE FEEVALELUCIANE EMA BÖSINGA CONTRIBUIÇÃO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NA ALFABETIZAÇÃO DOSALUNOS DO SEGUNDO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA CIDADE DEDOIS IRMÃOS - RSNovo Hamburgo2010


LUCIANE EMA BÖSINGA CONTRIBUIÇÃO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NA ALFABETIZAÇÃO DOSALUNOS DO SEGUNDO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA CIDADE DEDOIS IRMÃOS - RSTrabalho de Conclusão de Curso,apresentado como requisito parcial paraobtenção do grau de Licenciatura emPe<strong>da</strong>gogia pela Universi<strong>da</strong>de Feevale.Orientador: Profª. Me. Eliane Martins AnselmoNovo Hamburgo2010


LUCIANE EMA BÖSINGTrabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Pe<strong>da</strong>gogia, com o título, “ACONTRIBUIÇÃO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA NA ALFABETIZAÇÃO DOSALUNOS DO SEGUNDO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA CIDADE DEDOIS IRMÃOS – RS”, submetido ao corpo docente <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Feevale comorequisito necessário para a obtenção do grau de Licenciatura em Pe<strong>da</strong>gogia.Aprovado por________________________________________Profª. Me. Eliane Regina Martins Anselmo (orientadora)________________________________________Profª. Me. Simone Hack <strong>da</strong> Silva Koch (banca examinadora)________________________________________Profª. Me. Maria Ines Pamplona Dutra (banca examinadora)Novo Hamburgo, novembro de 2010.


Com amor e gratidão, dedico estetrabalho aos meus filhos Djeison eVinícius, à minha nora Caroline, aos meuspais Silvino e Natália, ao meu amorOscar, que apareceu durante esteprocesso, e a todos os meus amigos queme encorajaram ao longo do caminhoacadêmico, que foram maravilhosos emtodos os momentos, incentivando eapoiando o meu crescimento pessoal eprofissional, e que fizeram-me acreditarque todos os sonhos são possíveis edesistir jamais.


AGRADECIMENTOSAgradeço a Deus pela força e proteção divina, por ter iluminado esta etapa<strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>, e que nos momentos mais difíceis desta jorna<strong>da</strong> esteve ao meu lado.Aos meus pais, pelo amor incondicional, e aos meus irmãos, pelo apoio eincentivo nos estudos.Aos meus filhos amados Djeison e Vinícius, pela paciência e compreensão<strong>da</strong>s ausências <strong>da</strong> mãe por tantas noites e fins de s<strong>ema</strong>na para estudos.À minha Amiga Lisete, pela parceria incansável durante a vi<strong>da</strong> acadêmica eprofissional.À direção, professores e funcionário <strong>da</strong> Escola Municipal Professor CarlosRausch de Dois Irmãos – RS, pelo apoio e reconhecimento do meu esforço nosestudos.À minha orientadora Professora Mestre Eliane Regina Martins Anselmo, queme orientou com sabedoria e profissionalismo, respeitando meus objetivos.A todos os professores <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Feevale que, ao longo destacaminha<strong>da</strong>, agregaram o conhecimento.Aos amigos, pelo incentivo e apoio para a realização deste sonho.Muito Obriga<strong>da</strong>!


RESUMOO estudo “A Contribuição <strong>da</strong> Informática Educativa na Alfabetização dosAlunos do Segundo Ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de de Dois Irmãos – RS”refere-se a uma temática muito debati<strong>da</strong> no meio educacional. Analisa quando,como e quais os recursos <strong>da</strong> informática educativa são utilizados no contexto <strong>da</strong>escola e <strong>da</strong> sala de aula, no processo de alfabetização de turmas de segundo anodo Ensino Fun<strong>da</strong>mental. Na construção <strong>da</strong> revisão <strong>da</strong> literatura, foram feitasreferências aos aspectos <strong>da</strong> tecnologia em geral e na educação, <strong>da</strong> informáticaeducativa, bem como algumas ideias e conceitos de alfabetização e letramento. Osautores do referencial teórico que embasam o referido estudo foram: Fagundes,Freire, Kleiman, Valente, Lemos, Papert, Soares, entre outros. Na perspectiva deresponder o probl<strong>ema</strong> formulado, este estudo assumiu o caráter qualitativo,descritivo e interpretativo, e como estratégias de investigação foram feitasobservações, diário de campo, questionários estruturados e a análise dedocumentos. Após a análise dos <strong>da</strong>dos, constatou-se que o computador é uminstrumento capaz de proporcionar aos alunos a oportuni<strong>da</strong>de de construir seupróprio conhecimento através <strong>da</strong> interação com o objeto, que os estimula a pensar,refletir e a criar estratégias, tornando o processo atraente e prazeroso.Palavras-Chave: Tecnologias. Alfabetização. Informática Educativa.


ABSTRACTThe study "The Contribution of Educational Computing in Literacy forStudents of Second Year of Elementary School in the city of Dois Irmãos - RS" refersto a much debated topic in the educational environment. The general objective of thiswork was to analyze how educational computing resources are being used byteachers in the literacy process in classes of second year of elementary school. Thespecific objectives that guided the study was to identify sites and programs used byteachers in educational computing lessons, verifying the language used in them,analyze what types of activities are planned by teachers for educational computinglessons, and their contribution for literacy; observe how is the students' interactionwith the proposed activities ( by teacher) in the educational computing lessons; verifythat the proposed activities are coordinated with the literacy methodology adopted byteacher and identify teachers training to work with educational computing. Inconstructing the literature review, reference was made to aspects of technology ingeneral, technology in education, literacy and educational computing. The authors ofthe theoretical were Fagundes, Freire, Kleiman, Valente, Lemos, Papert, Smith, andothers. From the perspective of answering the problem posed, this study took aqualitative, descriptive and interpretive characteristics, and as research strategieshave made observations, diary, structured questionnaires and document analysis.After analyzing the <strong>da</strong>ta, it was found that the computer is a tool to provide studentsthe opportunity to construct their own knowledge through interaction with the object,which encourages them to think, reflect and strategize, making the process attractiveand pleasurable.Keywords: Technology. Literacy and Educational Computing.


LISTA DE ILUSTRAÇÕESQuadro 1 – Siglas usa<strong>da</strong>s para identificação dos pesquisados ................................43Quadro 2 – Categorias usa<strong>da</strong>s para a coleta de <strong>da</strong>dos ............................................44Figura 1 – Mapa conceitual <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des dirigi<strong>da</strong>s realiza<strong>da</strong>s no Laboratório deInformática.................................................................................................................49


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASCETE - Centro de Experimentação em Tecnologia EducacionalCIED - Centros de Informática EducativaDITEC - Departamento de Infra-Estrutura TecnológicaEDUCOM - Projeto Educação e ComputadorLE - Linux EducacionalMEC - Ministério <strong>da</strong> Educação e CulturaNTEs - Núcleos de Tecnologia EducacionalPCNs - Parâmetros Curriculares NacionaisPEC - Programas Educacionais por ComputadorPPP - Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógicoPROINFO - Programa Nacional de Informática na EducaçãoPRONINFE - Programa Nacional de Informática EducativaSEED - Secretaria de Educação a DistânciaSEI - Secretaria Especial de InformáticaSEMEC – Secretaria Municipal de Educação e Cultura


SUMÁRIOINTRODUÇÃO ..........................................................................................................111 MEMORIAL - TEMPO DA VIDA ............................................................................142 TECNOLOGIAS: UMA REVOLUÇÃO NA CONTEMPORÂNEIDADE..................202.1 TECNOLOGIAS: TRANSFORMANDO A EDUCAÇÃO ...................................232.2 POLITICAS PÚBLICAS DE IMPLEMENTAÇÃO .............................................282.3 SOFTWARES EDUCATIVOS..........................................................................303 PERSPECTIVAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO .................................334 SITUANDO O UNIVERSO INVESTIGADO: DO QUADRO DE GIZ AOCOMPUTADOR ........................................................................................................374.1a A pesquisa qualitativa como opção metodológica .........................................374.1b A observação.................................................................................................374.1c O questionário................................................................................................384.1d Análise de documentos..................................................................................384.1e Anotações de campo .....................................................................................384.1f Tipo de tratamento para os <strong>da</strong>dos coletados..................................................384.1 g Triangulação dos <strong>da</strong>dos................................................................................394.1 h Plano de coleta de <strong>da</strong>dos .............................................................................404.2 A INVESTIGAÇÃO NOS ESPAÇOS DA ESCOLA ..........................................414.2.1 A formação e tempo de atuação dos professores ...............................454.2.2 Metodologia de trabalho e organização do laboratório de informática...........................................................................................................................474.2.3 Importância do uso <strong>da</strong>s tecnologias na alfabetização.........................504.2.4 Interação dos alunos com a tecnologia ................................................51CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................54REFERÊNCIAS.........................................................................................................56


Single Adult Shelter Task Force Report to the Committee to End Homelessnesshousing available, additional services alone will not be effective in moving individuals who are homelessinto housing quickly.Greater strategic investments 6 are needed to better assist people who are sheltered and unsheltered tomeet emergency needs, while providing assistance to secure stable, appropriate housing. We need toinvest resources to build system capacity, support and train program staff, and increase participation bymainstream service systems. These actions, combined with investments to expand community support,advocacy, and political will, will support our communities to overcome the real and perceived barriersand to change public policy.Services and models will need to be culturally relevant to meet needs of diverse populations who areexperiencing homelessness. Assistance must be accessible and relevant and able to addressing specificneeds of seniors, victims of domestic violence, immigrant and refugees, and Lesbian, Gay, Bisexual,Transgender (LGBT) adults who are experiencing homelessness in our community.New resources and new ways of delivering services with new approaches and practices will also berequired of providers and funders, alike.CEH communities have already begun to make changes in investments for shelter and services. Five EastKing County cities have coordinated and combined resources to increase nightly winter shelter capacity(for men, women & children) and added new <strong>da</strong>y center services. Total funding in 2013 for thesespecific Eastside programs increased by approximately $100,000 annually, a net funding increase ofmore than 125% for these programs.The City of Seattle developed a new Investment Plan in 2012 to guide its funding investments inhomeless services. In the 2013 budget, Seattle elected officials added more than $1.5 million annuallyfor services for men, women, and families experiencing homelessness. Seattle funding will increaseshelter for women; provide flexible shelter funding to meet increased d<strong>ema</strong>nd; create peer-to-peeroutreach and engagement models; support <strong>da</strong>y center services supporting pathways to housing; andincrease capacity of priority programs sheltering and rapidly re-housing homeless families with children.Connecting shelter with other investments in ending homelessness will help our community meetfederal strategic plan goals and Homelessness Emergency Assistance and Rapid Transition to Housing(HEARTH) Act measures to:• Reduce the length of stay for people in the homeless system• Reduce the number of people returning to the homeless system• Reduce the number of new people coming into the homeless system6 The term “investment” is used broadly to include investment of financial resources, as well as time, talent an<strong>da</strong>ttention. The Task Force did not fully analyze the costs associated with implementing these recommen<strong>da</strong>tions orstrategies and recommends that the CEH review costs and impacts as part of overall CEH investment priorities.7


INTRODUÇÃOA tecnologia está ca<strong>da</strong> vez ca<strong>da</strong> vez mais presente na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s crianças eem to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de. Pensar a socie<strong>da</strong>de hoje sem as tecnologias seria ignorar estemundo. Diante disso, as tecnologias na educação passaram a ser motivo dequestionamentos e reflexão em nossa prática como professora do EnsinoFun<strong>da</strong>mental, desde que o município onde atuamos abriu o primeiro espaçoinformatizado em escola, denominado laboratório de informática.O motivo <strong>da</strong> escolha deste t<strong>ema</strong> para pesquisa partiu de uma simplesobservação do filho <strong>da</strong> pesquisadora, então com cinco anos de i<strong>da</strong>de, ao vê-lo lendoos nomes nos contatos do celular, uma <strong>da</strong>s tecnologias a que tinha acesso em casa.Conversando com os alunos percebemos que muitos deles não tinham acesso aferramentas tecnológicas fora <strong>da</strong> escola, principalmente o computador, estechegando à escola poderia contribuir na aquisição <strong>da</strong> leitura e escrita.Atualmente, a criança vive rodea<strong>da</strong> de muitas tecnologias, nas ruas, naescola, na igreja, nos supermercados, nos bancos, nos seus lazeres, com isso atéas brincadeiras e as amizades mu<strong>da</strong>ram. Lembramos <strong>da</strong> infância, nos anos 80,quando passávamos o tempo todo inventando inúmeras brincadeiras com irmãs narua, no pátio de casa, brincando de pega-pega, esconde-esconde, de casinha,brincadeiras de ro<strong>da</strong>, banhos de chuva, de jogar bola no campinho, muita diversãomesmo. As crianças do bairro todo eram amigas e brincavam juntas, sem medo <strong>da</strong>rua e de violência.O contexto social apresenta outro cenário, a rua está violenta e perigosa, osamigos, muitos deles, são virtuais nas redes de relacionamentos como o MSN,Orkut,e as brincadeiras estão sendo troca<strong>da</strong>s por jogos no computador. Esta novaferramenta <strong>da</strong>s tecnologias, o computador, chegou às escolas e uma questão quetem nos preocupado enquanto alfabetizadoras é o uso destas tecnologias deinformação e comunicação, as TIC, (DVDs, multimídias, máquina digital,TVs ecomputador) no processo de alfabetização.Com este pensamento, fomos buscar formas efetivas <strong>da</strong>s situações deensino e <strong>da</strong> prática do uso <strong>da</strong>s tecnologias, mais especificamente o uso docomputador nas aulas de informática educativa nos segundos anos do Ensino


12Fun<strong>da</strong>mental, considerando as questões relativas ao ensino e aprendizagem <strong>da</strong>leitura e <strong>da</strong> escrita, ou seja, se existe uma proposta diferencia<strong>da</strong> do fazerpe<strong>da</strong>gógico em relação à informática educativa.Percebemos o computador na escola como uma ferramenta com um grandepotencial de informação e possibili<strong>da</strong>de desafiadora de ampliação do conhecimento.No entanto, a reali<strong>da</strong>de onde atuamos mostra-se diferente. A maioria <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>desdesenvolvi<strong>da</strong>s não é elabora<strong>da</strong> na escola e também não apresenta uma articulaçãocom o planejamento do professor. Os programas vêm prontos, um ‘clic’ possibilitaseu uso imediato e os professores, meros receptores desses conhecimentos, muitasvezes nem sabem como usá-los corretamente em suas aulas e não dispõem detempo para apropriar-se do processo. O laboratório de informática em uma <strong>da</strong>sescolas, permanece muito tempo fechado devido a uma sobrecarga de ativi<strong>da</strong>des<strong>da</strong> professora responsável pelo mesmo, pois esta também exerce a função de vicediretorae professora de Ensino Religioso nos anos finais do Ensino Fun<strong>da</strong>mental.Dessa forma, toma-se como probl<strong>ema</strong> de estudo investigar como ainformática educativa é utiliza<strong>da</strong> pelos professores, no sentido de contribuir noprocesso de alfabetização de alunos do segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental.Para probl<strong>ema</strong>tizar o t<strong>ema</strong> proposto para este estudo, fez-se uso de autorescomo Fagundes, Freire, Kleiman, Valente, Lemos, Papert, Soares, entre outros, quecontribuíram com suas ideias e conceitos como ferramenta teórica para oaprofun<strong>da</strong>mento do estudo.Para a concretização deste estudo, buscamos situações reais de ensino nasaulas regulares e de informática educativa nos segundos anos do EnsinoFun<strong>da</strong>mental do município de Dois Irmãos, a fim de verificar se há e como édesenvolvi<strong>da</strong> uma proposta diferencia<strong>da</strong> do fazer pe<strong>da</strong>gógico, considerando o uso<strong>da</strong>s tecnologias.São objetivos <strong>da</strong> pesquisa: identificar os sites e programas utilizados pelosprofessores para as aulas de informática educativa; analisar que tipos de ativi<strong>da</strong>dessão planeja<strong>da</strong>s pelos professores para as aulas de informática educativa, e a<strong>contribuição</strong> <strong>da</strong>s mesmas para a alfabetização; observar como ocorre a interaçãodos alunos com as ativi<strong>da</strong>des propostas (pelo professor) nas aulas de informáticaeducativa; verificar se as ativi<strong>da</strong>des propostas estão articula<strong>da</strong>s com a metodologia


13de alfabetização adota<strong>da</strong> pelo professor; identificar a formação dos professores parao trabalho com a informática educativa.Nossas hipóteses iniciais sobre o probl<strong>ema</strong> <strong>da</strong> pesquisa são: o uso deativi<strong>da</strong>des diversifica<strong>da</strong>s de alfabetização envolvendo leitura e escrita, associa<strong>da</strong>saos recursos tecnológicos, mediados pelo professor poderá promover aalfabetização <strong>da</strong>s crianças do segundo ano do ensino fun<strong>da</strong>mental; quando acriança não atinge uma aprendizagem satisfatória comumente buscam-se culpados:alunos, professores, sist<strong>ema</strong> de ensino, falta de materiais didáticos; o computadorcomo uma nova ferramenta de informações e comunicação pode tornar-se um aliadopara o desenvolvimento <strong>da</strong>s habili<strong>da</strong>des de leitura e escrita; no atual cenáriocontemporâneo, as novas tecnologias tornam as aulas mais atraentes einteressantes, assim, a prática <strong>da</strong> leitura e escrita neste ambiente de aprendizagemtorna-se mais satisfatória e desperta o desejo <strong>da</strong> criança em aprender mais.Neste trabalho trazemos inicialmente uma breve trajetória de vivênciaspessoais e profissionais, lembrando de fatos importantes que nos constituíram comosujeito e o motivo <strong>da</strong> escolha deste t<strong>ema</strong> de pesquisa. A abor<strong>da</strong>gem do segundocapítulo deste trabalho é sobre as tecnologias em geral, de como surgiram, ealgumas mu<strong>da</strong>nças que provocaram na socie<strong>da</strong>de, contempla como as tecnologiasentraram na educação, as mu<strong>da</strong>nças provoca<strong>da</strong>s nas escolas, no trabalho doprofessor e no cotidiano dos alunos; o terceiro capítulo trata do significado dealfabetização, de letramento e a influência <strong>da</strong> informática educativa neste processode aprendizagem leitura e <strong>da</strong> escrita; no quarto e último capítulo são coloca<strong>da</strong>s asquestões <strong>da</strong> pesquisa propriamente dita, situando o universo investigado a partir doresultado final <strong>da</strong>s observações, questionários, registros, bem como a análise apartir <strong>da</strong> triangulação dos <strong>da</strong>dos com o referencial teórico e o posicionamento <strong>da</strong>autora.As interpretações <strong>da</strong><strong>da</strong>s para a pesquisa não são ver<strong>da</strong>des absolutas, masprobl<strong>ema</strong>tizações que podem ser ressignifica<strong>da</strong>s.


1 MEMORIAL - TEMPO DA VIDAPara iniciar este texto, destacamos a composição familiar <strong>da</strong> acadêmica.Sendo a mesma, a segun<strong>da</strong> filha de uma família de cinco irmãos. Seus pais, hojeaposentados, foram agricultores por um longo período, e após foram morar naci<strong>da</strong>de de Sau<strong>da</strong>des, Santa Catarina, onde passaram a ser operários. Nesta ci<strong>da</strong>denasceu.Iniciou seus estudos na Escola Básica do município e ficou lá até concluir oprimeiro grau. O tipo de ensino era tradicional, uma proposta de educação centra<strong>da</strong>no professor, que tinha como função vigiar os alunos, aconselhá-los, ensinar amatéria e corrigí-la. A metodologia usa<strong>da</strong> tinha como princípio a transmissão dosconhecimentos através <strong>da</strong> aula do professor, quase sempre expositiva, numasequência predetermina<strong>da</strong> e fixa, valorizando o conteúdo do livro didático,enfatizando a repetição de exercícios com exigências de memorização paracobranças em provas. O professor fala, o aluno ouve e aprende. Não propiciava aosujeito a construção <strong>da</strong> sua aprendizagem. Não levava em consideração o que osalunos aprendiam fora <strong>da</strong> escola. A função era transmitir conhecimentos para aformação geral do aluno. Era uma quanti<strong>da</strong>de de conteúdos que os alunos sódecoravam para ir bem às provas.Durante o Ensino Fun<strong>da</strong>mental, um fato marcante na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pesquisadorafoi um prêmio recebido no final <strong>da</strong> primeira série, por ter sido a melhor aluna do ano:uma boneca de plástico enorme com roupa, a melhor boneca, pois as d<strong>ema</strong>is queganhava eram pequenas e não tinham vestimentas. A pesquisadora foi alfabetiza<strong>da</strong>com o método ‘Meu Barquinho Amarelo’, lembra até hoje dos enormes cartazes queeram usados como ilustração. Método tradicional que hoje é tão criticado. Esteprocesso de alfabetização apoia-se, principalmente, nas técnicas para codificar edecodificar a escrita. A escrita espontânea <strong>da</strong> criança em fase de alfabetização nãoera leva<strong>da</strong> em conta, sendo a cartilha sequencialmente segui<strong>da</strong>, a base do processode alfabetização.A mãe <strong>da</strong> pesquisadora sempre tinha o desejo que uma de suas filhas fosseprofessora, profissão que exercia antes de casar. Nesse momento <strong>da</strong> escolhaprofissional procuramos o apoio <strong>da</strong> família e de pessoas com quem tenhamos laços


15afetivos. E como ain<strong>da</strong> não estava bem decidi<strong>da</strong>, a influência dela tornou-se uma“decisão parcial” sobre a carreira que queria seguir. O posicionamento de Vieira(2006) completa este pensamento:A vi<strong>da</strong> segue um processo evolutivo –consciente ou inconsciente –queconfere muitas decisões, decisões estas que devem ser deriva<strong>da</strong>s de umamadurecimento e relaciona<strong>da</strong>s com valores pessoais, percepção,necessi<strong>da</strong>des, habili<strong>da</strong>des ou interesses pessoais. A escolha profissional éum importante momento de opção e precisa estar pautado no real conceitode si e do mundo. Ela deve trazer satisfação no sentido de permitir queca<strong>da</strong> um seja a pessoa que é, realizar ambições, satisfazer desejos easpirações (VIEIRA, 2006, p. 121).Ao sair do então denominado primeiro grau, com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> mãe, apesquisadora procurou uma escola que oferecia o curso de Magistério, pois era napesquisadora que a mãe depositava a esperança de ser professora e naquelemomento era também o que ela queria. Como a ci<strong>da</strong>de não oferecia este curso, teveque migrar para outro município. Foi, então, estu<strong>da</strong>r no Colégio Estadual CardealArcoverde, <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de vizinha de São Carlos, Santa Catarina. Então, passou a morarcom outra família durante a s<strong>ema</strong>na, em que aju<strong>da</strong>va nos afazeres domésticos paraganhar um dinheirinho e poder aju<strong>da</strong>r a pagar seus estudos, já que a família erabastante humilde.Ao iniciar o curso de Magistério, a maior expectativa era sobre as práticas,estar atuando diretamente com as crianças. À medi<strong>da</strong> que o curso avançava, maisse apaixonava, com as diversas didáticas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, mais se empolgava para asprática, que eram somente no último ano do curso. Até lá, muita teoria que levaria auma boa docência.Finalmente o estágio. Sorteio para a distribuição <strong>da</strong>s turmas, já que to<strong>da</strong> aturma faria seu estágio na própria escola com as turmas de primeira a quarta série.A pesquisadora foi premia<strong>da</strong> com uma primeira série. A primeira impressão foimaravilhosa, ia <strong>da</strong>r tudo certo, a conversa com a professora titular, a escolha dosconteúdos, o planejamento, a turma e suas peculiari<strong>da</strong>des. Tudo transcorrera bem.Ela iniciou os trabalhos muito empolga<strong>da</strong>, mas no decorrer <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>dessentiu que não conseguiria <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s crianças, ou melhor,não percebia um desenvolvimento na aprendizagem dos alunos. Foram muitasconversas com a professora, com a supervisora, bem como com a titular <strong>da</strong> turma,que a incentivavam muito na continui<strong>da</strong>de do trabalho.


16Terminou seu estágio dizendo que nunca mais trabalharia com esta série.Vendo o trabalho de suas colegas, achava que com alunos maiores o trabalho seriadiferente e mais gratificante. Hoje sabe que a experiência valeu a pena.Ao concluir o Magistério estava com dezessete anos. Logo conseguiuemprego numa escola do interior de sua ci<strong>da</strong>de natal. Foi um fato marcante epositivo na trajetória profissional. Com pouquíssima experiência, mas com muitavontade, assumiu uma escola multisseria<strong>da</strong> de primeira a quarta série. Lá eradiretora, professora, merendeira e faxineira. O maior desafio era a primeira série,mas estava disposta a superar as dificul<strong>da</strong>des anteriores.Assim, procurou aju<strong>da</strong> com colegas professoras do município, trocaramideias e ela criou seu próprio jeito de trabalhar: procurou sempre trabalhar o mesmot<strong>ema</strong> com to<strong>da</strong>s as séries, e para ca<strong>da</strong> série planejava ativi<strong>da</strong>des específicas, <strong>da</strong>ndoconta do conteúdo mínimo do plano de ensino. Recebeu apoio <strong>da</strong> SecretariaMunicipal de Educação e dos pais, que eram muito prestativos. Ia para a escola deônibus e voltava quatro quilômetros a pé, todos os dias, uma aventura, mas muitofeliz.Também no mesmo ano iniciou a facul<strong>da</strong>de de Pe<strong>da</strong>gogia na FUNDESTE(Fun<strong>da</strong>ção do desenvolvimento do oeste) em Chapecó, Santa Catarina. Lá ia todosos dias cem quilômetros de ônibus, i<strong>da</strong> e volta, mas era pura diversão entreSau<strong>da</strong>des e Chapecó. Cursou somente três semestres. As disciplinas cursa<strong>da</strong>s efatos acontecidos desse momento não vêm à memória para relato neste trabalho.Neste meio tempo engravidou, uma para<strong>da</strong> na trajetória acadêmica,somente voltou a estu<strong>da</strong>r catorze anos depois, na FEEVALE em Novo Hamburgo,Rio Grande do Sul.Em 1988 a família resolveu mu<strong>da</strong>r para Dois Irmãos, Rio Grande do Sul,ci<strong>da</strong>de de origem de avó paterna. Deixou tudo para trás e os acompanhou.Quando chegou à ci<strong>da</strong>de de Dois Irmãos, somente eram admitidosprofessores concursados, tanto no município como no estado, mas para suafelici<strong>da</strong>de, no mesmo ano saiu concurso. Estava bem feliz. Mas infelizmente foireprova<strong>da</strong>, na ver<strong>da</strong>de estudou pouco.Como tinha um filho pequeno, procurou trabalho numa fábrica de calçados,setor de principal fonte de ren<strong>da</strong> do município. Para sua sorte, logo foi admiti<strong>da</strong>.


17No primeiro dia de trabalho, tudo novi<strong>da</strong>de, jamais tinha imaginado de comoseria este ambiente de trabalho, no final do dia saiu de lá decepciona<strong>da</strong>, chorando,dizendo que não voltaria mais. Cheiro de cola, couro, <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong> esteira quean<strong>da</strong>va sem parar, uso de materiais que deixavam calos nas mãos, chefes malhumorados. Meu Deus, não era isso que queria. Precisava encontrar um outrotrabalho.Em casa, refletiu muito sobre a situação, mas não teve outra escolha.Precisava trabalhar. E lá foi novamente trabalhar no outro dia. À medi<strong>da</strong> que os dias,s<strong>ema</strong>nas e meses passavam, ia se acostumando com o sist<strong>ema</strong> de trabalho dosetor coureiro calçadista. Ficou ali durante três anos e meio.Após dois anos passados do primeiro concurso realizado, tentou novamentee desta vez, aprova<strong>da</strong>. Então nomea<strong>da</strong>, a proposta foi assumir a disciplina deportuguês em turma de quinta e sexta série. Aceitou mais este desafio. Ficou dejunho a dezembro. No ano seguinte pediu alguma série inicial do EnsinoFun<strong>da</strong>mental e foi atendi<strong>da</strong> com uma primeira série, em tom de brincadeira pensou:“seria algum tipo de perseguição?” Na escola havia mais turmas de primeira série eas professoras se reuniam para fazer o planejamento juntas.A partir de tais fatos, a pesquisadora começou a ver a primeira série com umolhar mais reflexivo. Foi mais tranquilo, uma sequência de tarefas em que percebia aevolução na aprendizagem de ca<strong>da</strong> aluno. Participou de diversos cursos sobrealfabetização para qualificar a docência. A partir <strong>da</strong>li surgiu a paixão pelaalfabetização e continua até hoje, já passados dezenove anos.Por catorze anos a pesquisadora ficou fora <strong>da</strong> <strong>universi<strong>da</strong>de</strong>. Quando ogoverno federal criou a lei de que todo professor, até 2007, deveria ter nívelsuperior, viu-se obriga<strong>da</strong> a retomar meus estudos. Fez vestibular na Universi<strong>da</strong>deFEEVALE de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Foi aprova<strong>da</strong> e, em 2001, inicioua formação de Normal Superior, curso que foi criado para atender a d<strong>ema</strong>n<strong>da</strong> dosprofessores sem curso superior.Voltou num momento não muito bom de sua vi<strong>da</strong> particular, seu segundofilho ain<strong>da</strong> era um bebê e precisava muito dela, inclusive para mamar. Mas porobrigação teve que voltar, o que mais pesou foi a profissão e o prazo do término docurso estipulado pelo governo federal.


18Optou pelo curso Normal Superior. Como é alfabetizadora, optou pelasséries iniciais do Ensino Fun<strong>da</strong>mental.Adorou to<strong>da</strong>s as disciplinas que cursou, pois to<strong>da</strong>s vinham, de algumaforma, estabelecer ligação e contribuir com a ativi<strong>da</strong>de profissional. Muito debate ereflexão sobre a docência e desafios que a educação exige.Quando a <strong>universi<strong>da</strong>de</strong> criou um novo currículo para a Pe<strong>da</strong>gogia, a área deatuação do profissional se ampliaria. Havia duas possibili<strong>da</strong>des: Educação Infantil ouséries iniciais do Ensino Fun<strong>da</strong>mental. Então, no segundo semestre de dois mil eseis, optou pelo curso de Licenciatura em Pe<strong>da</strong>gogia.No decorrer de sua trajetória profissional, a Secretaria de Educação ondeatua oportunizou a todos os professores interessados um curso sobre a linguagemLOGO, do qual participou. Foi o primeiro desafio com o uso do computador, queexigiu muita reflexão, raciocínio e criação de estratégias para <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong> situaçãoprobl<strong>ema</strong>.A partir deste curso percebeu o quanto as tecnologias em geral podemcontribuir na aprendizagem dos alunos.Hoje um dos maiores desafios na profissão de alfabetizadora é esse mundomoderno no qual vivemos. Com tantos jogos eletrônicos, vídeos, variadosprogramas de computador, imagens para lá de interessantes, como fazer para queas aulas dentro de uma sala de aula sejam tão interessantes quanto?Este assunto tem também inquietado bastante após perceber que seu filho,aos cinco anos, estava lendo nomes nos contatos do celular. Ele teve desdepequeno contato com várias tecnologias como a televisão, DVDs, CDs, computador,celulares, e sempre viu a pesquisadora em contatos com livros, cadernos e outrosmateriais que envolviam leitura e escrita, como a mãe é professora, ele se envolviacom estes materiais também. Mas em nem um momento foi lhe “ensinado” a ler eescrever. Acreditamos que o contato com a diversi<strong>da</strong>de de materiais o fez seapropriar do mundo letrado com mais facili<strong>da</strong>de e mais cedo.Dessa forma, tomamos como objeto de pesquisa as tecnologias e aalfabetização, pois sabemos que muitas crianças não têm acesso a elas e agora,com to<strong>da</strong>s as escolas tendo seus laboratórios de informática, este será um valiosorecurso para a alfabetização. Realizamos a pesquisa para investigar como a


19informática educativa é utiliza<strong>da</strong> pelos professores no sentido de contribuir noprocesso de alfabetização de alunos do segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental.


2 TECNOLOGIAS: UMA REVOLUÇÃO NA CONTEMPORÂNEIDADEO uso do termo tecnologias vem desde a revolução industrial, no final doséculo XVIII, que para além <strong>da</strong>s indústrias está sendo generalizado para outrasáreas do conhecimento.Segundo o dicionário de língua portuguesa de Aurélio Buarque de Holan<strong>da</strong>,a palavras tecnologia é um conjunto de conhecimentos, especialmente princípioscientíficos, que se aplicam a um determinado ramo de ativi<strong>da</strong>de: tecnologiamecânica.Para Oliveira (2009, apud SILVA, 2009), a tecnologia impera e passa a ditaros princípios dos setores e dos valores formativos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. A política, areligião, a economia encontram-se correlaciona<strong>da</strong>s sob a influência <strong>da</strong> revoluçãotecnológica, atuando como determinante e também como suporte.O indivíduo através <strong>da</strong> interação com os meios tecnológicos, através deferramentas diferencia<strong>da</strong>s contribuem para a resignificação do tempo e espaço. Comisso, não há necessi<strong>da</strong>de de deslocamentos nem de marcação nos ponteiros. Naera digital o importante é viver o presente, pois a mediação tecnológica invade auniverso. Estamos vivendo numa era de superação de marcas, de veloci<strong>da</strong>de, deinformação e a to<strong>da</strong> hora somos surpreendidos por novas descobertas e mu<strong>da</strong>nças,não há mais ver<strong>da</strong>des absolutas. Inclusive os conceitos de trabalho, família,amizade e de conhecimento, vistos como permanentes, estão sendo afetados emodificados.As tecnologias nos trouxeram o satélite, o celular, a fibra-óptica, o ambientevirtual em redes através dos computadores, com novos conhecimentos e contatos.Criou-se, assim, o ciberespaço, com a internet, e a cibercultura, que são as práticas,atitudes, valores, modos de pensar que se desenvolvem com o crescimento dessesespaços interconectados mundialmente.


21Segundo Lemos:A cibercultura será uma configuração sociotécnica onde haverá modelostribais associados à tecnologias digitais, opondo-se ao individualismo <strong>da</strong>cultura do impresso, moderna e tecnocrata[...] estamos diante de umprocesso de aceleração, abolindo o espaço homogêneo e delimitandofronteiras geopolíticas e do tempo cronológico e linear (LEMOS, 2007, p.72).A Cibercultura se caracteriza fun<strong>da</strong>mentalmente pela apropriação socialmidiática(microinformática, internet e as atuais práticas sociais) <strong>da</strong> técnica. SegundoLemos (2007), a cibercultura nasceu nos anos 50, com a informática e a cibernética,tornando-se popular através dos microcomputadores na déca<strong>da</strong> de 70,consoli<strong>da</strong>ndo-se completamente nos anos 80, através <strong>da</strong> informática de massa enos 90, com o surgimento <strong>da</strong>s tecnologias digitais e a popularização <strong>da</strong> Internet. “Namoderni<strong>da</strong>de, o homem não é mais um simples inventor, mas operador de umconjunto maquínico que evolui segundo uma lógica interna própria (a tecnici<strong>da</strong>de)”(LEMOS, 2007, p. 31).Para o professor Braga (2009), especialista em comunicação, são asd<strong>ema</strong>n<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de que provocam os avanços tecnológicos e não o contrárioCreio que o avanço tecnológico é algo socialmente determinado. Nãoaparece uma tecnologia desenvolvi<strong>da</strong> por alguém que está fora do mundo,fora <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Não é a mídia, a televisão que cria uma socie<strong>da</strong>de nova.É uma socie<strong>da</strong>de caracteriza<strong>da</strong> por diversos eventos que precisa deprocessos interacionais novos, porque os atuais não conseguem <strong>da</strong>r contado que está em efervescência. Isto determina a criação tecnológica(REVISTA IHU on-line, 2009, p.10).A interação dos sujeitos com o conhecimento e com o que já existe é o quefaz o avanço tecnológico crescer com tanta rapidez, pois os sujeitos têmnecessi<strong>da</strong>de de inventar mais coisas em cima do que já existe, para <strong>da</strong>r conta doque a socie<strong>da</strong>de exige no mundo do trabalho, <strong>da</strong>s comunicações e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana.O jornalista André Petry, em artigo publicado na Revista Veja, cujo título é “Atecnologia é moralmente neutra – cura um câncer e explode uma bomba – mas é avia mais segura para desenvolver muitos dos probl<strong>ema</strong>s atuais”, nos diz que:


22A tecnologia não é a invenção de um gênio solitário. Ela é o resultado doacúmulo de conhecimento. A tendência é que, quanto mais conhecimentohouver, mais tecnologia venha a ser produzi<strong>da</strong>. Essa é sua força. O carátercumulativo <strong>da</strong> criação tecnológica explica a veloci<strong>da</strong>de geométrica <strong>da</strong>snovi<strong>da</strong>des e está na base <strong>da</strong> singulari<strong>da</strong>de tecnológica (PETRY, 2010 s.p.).Assim, com o surgimento <strong>da</strong>s Novas Tecnologias de Informação eComunicação (NTIC), a economia, o trabalho, as formas de funcionamento <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de, as ativi<strong>da</strong>des cognitivas e o comportamento dos indivíduos, estão sendomodificados. Com o desenvolvimento <strong>da</strong> informática, novas técnicas de produção,de conhecimentos e processamentos <strong>da</strong>s informações estão surgindo,transformando o mundo em novas formas de viver, conviver, pensar e trabalhar.Essas transformações pelas quais a socie<strong>da</strong>de está passando, Castells (2002)denomina de “socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> informação”, em que:[...] um novo sist<strong>ema</strong> de comunicação que fala ca<strong>da</strong> vez mais uma línguauniversal digital tanto está promovendo a integração global <strong>da</strong> produção edistribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura, como ospersonalizando ao gosto <strong>da</strong>s identi<strong>da</strong>des e humores dos indivíduos. Redesinterativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criandonovas formas e canais de comunicação, mol<strong>da</strong>ndo a vi<strong>da</strong> e, ao mesmotempo, sendo mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s por ela (CASTELLS, 2002, p. 22).A educação não teria como fugir desta influência tecnológica. O processoeducativo deve estar conectado numa perspectiva de futuro, de formar ci<strong>da</strong>dãosconscientes, comprometidos e participantes deste mundo contemporâneo a quepertencem. A escola tem o dever de formar indivíduos capazes de criticar,questionar e de pesquisar. Para tanto, não pode ficar limita<strong>da</strong> a conteúdosinformativos. É necessário aceitar o desafio <strong>da</strong> informática educativa no espaçoescolar.Freire (1968) entendia a tecnologia como uma <strong>da</strong>s “grandes expressões <strong>da</strong>criativi<strong>da</strong>de humana” (1968, p.98) e como “a expressão natural do processo criadorem que os seres humanos se engajam no momento em que forjam o seu primeiroinstrumento com que melhor transformam o mundo” (1968, p. 98). O autor ain<strong>da</strong>ressalta que a tecnologia faz “parte do natural desenvolvimento dos seres humanos”e, “o avanço <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> tecnologia não é tarefa de demônios, mas sim aexpressão <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de humana” (FREIRE, 1968, p. 98). Desde há muitos anosvinha-se tendo pelos estudiosos um olhar curioso sobre as tecnologias.


23Assim, a informática educativa é uma <strong>da</strong>s tecnologias que surge com oobjetivo de utilizar o computador como ferramenta pe<strong>da</strong>gógica, incentivando apesquisa, contribuindo nos processos de ensino e de aprendizagem dos sujeitos.2.1 TECNOLOGIAS: TRANSFORMANDO A EDUCAÇÃOAtualmente, neste mundo globalizado que vivemos, com a necessi<strong>da</strong>de detransmissão de conhecimento e informação de maneira rápi<strong>da</strong> e atualiza<strong>da</strong>, o uso docomputador se tornou essencial em todos os setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.O professor com muitos anos de experiência vem de uma geração em queas tecnologias pouco se fizeram presente no cotidiano, tiveram uma educação muitorigorosa em suas famílias, onde aprenderam a ter medo de usá-las, pois ouviam deseus pais: “não põe o dedo aí, vai quebrar o botão...”, o que certamente hoje osdeixa “incapazes” na habili<strong>da</strong>de de integrar as novas tecnologias, principalmente ocomputador em suas aulas. Os educadores mais novos, que já nasceram tendoacesso a diversas tecnologias, certamente estão mais preparados para introduziressa ferramenta em suas aulas e motivar seus alunos a produzir o conhecimento.A criança de hoje já sabe a importância do computador na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas.Este está presente desde muito cedo em suas vi<strong>da</strong>s: o utilizam em casa, o veem notrabalho dos pais, nos bancos, nos supermercados e agora também na escola, comoum novo recurso para a aprendizagem.O ensinar e aprender são construídos a partir de várias possibili<strong>da</strong>despe<strong>da</strong>gógicas, e esta nova ferramenta de aprendizagem é mais uma possibili<strong>da</strong>de, éum desafio para o professor organizar e transformar tantas informações emconhecimento, pois até então a principal fonte de informação e conhecimento era elepróprio e o livro.Durante muito tempo, alfabetizar consistia basicamente em ensinar alguém aler e escrever, ou seja, decodificar e codificar a língua escrita, num processo bemmecânico. No decorrer dos anos, tornou-se necessário que desde cedo os alunossoubessem fazer uso social dessas habili<strong>da</strong>des, de assumir a condição de envolver-


24se nas práticas sociais <strong>da</strong> leitura e escrita, buscando melhores condições para oexercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e no mundo do trabalho.Diante disso, não faz mais sentido oferecer à criança textos de cartilhas,deve ser <strong>da</strong><strong>da</strong> a oportuni<strong>da</strong>de de trabalhar com textos de jornais, revistas e outrostextos que circulam por aí, fazendo-os interpretar e criar novos textos de assuntosque circulam na socie<strong>da</strong>de, numa perspectiva de letramento, na qual o aluno devedecodificar a leitura e escrita e ao mesmo tempo fazer uso social dela.Papert (1980) diz:Vejo as salas de aula como um ambiente de aprendizagem artificial eineficiente que a socie<strong>da</strong>de foi força<strong>da</strong> a inventar porque os seus ambientesinformais de aprendizagem mostravam-se inadequados para aaprendizagem de domínios importantes do conhecimento, como a escrita, agramática ou matemática escolar. Acredito que a presença do computadornos permitirá mu<strong>da</strong>r o ambiente de aprendizagem fora <strong>da</strong>s salas de aula detal forma que todo o programa que as escolas tentam atualmente ensinarcom grandes dificul<strong>da</strong>des, despesas e limitado sucesso, será aprendidocomo a criança aprende a falar, menos dolorosamente, com êxito e seminstrução organiza<strong>da</strong> (PAPERT, 1980, p. 23).Deste modo, a educação não pode mais desenvolver o processo de ensino eaprendizagem de maneira tradicional, no qual os alunos são meros receptores deconteúdos, faz-se necessário um envolvimento global de todo o sist<strong>ema</strong>educacional, no sentido de repensá-lo para mu<strong>da</strong>nças coletivas planeja<strong>da</strong>s efun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s.Com as tecnologias de informação e conhecimento no sist<strong>ema</strong> educacional,o professor passou a ter acesso a ferramentas importantes que auxiliam noprocesso de ensino aprendizagem capazes de potencializar as habili<strong>da</strong>des dosalunos.que:A professora Fagundes <strong>da</strong> UFRGS, (pioneira na Informática Educativa), dizAs pessoas conviviam escondi<strong>da</strong>s, pois não havia consciência de refletirsobre. Agora tudo vem à tona, pois a tecnologia <strong>da</strong> comunicação émaravilhosa. Estamos no novo mundo e as crianças que estão nascendo jávivem este novo mundo. Mas a educação não acompanhou esta evolução,é ain<strong>da</strong> a mesma do século XIX e a única área do conhecimento que resistea mu<strong>da</strong>nças. A concepção <strong>da</strong> educação era a de conservar e transmitir opassado (FAGUNDES, 2008, s.p., apud ENTREVISTA, 2010,).


25A escola deve ser um local onde o indivíduo desenvolve, por meio derelações, suas dimensões afetivas e cognitivas, suas habili<strong>da</strong>des e competências,seus valores e sua consciência política e social, como um ser que busca a suatotali<strong>da</strong>de. Fagundes, numa entrevista <strong>da</strong><strong>da</strong> a Fiori no blog educação digital (2008),diz que a “tecnologia favorece esta interação, interagindo um com o outro e um como conhecimento do outro”.Não basta contar com ferramentas e tecnologias de ponta, softwaresabertos, entre outros. É preciso um professor preparado para atuar neste novocontexto. Este deverá criar um espaço de aprendizagem e de convivência aosalunos que possibilite trocar, sist<strong>ema</strong>tizar, formalizar e apurar informações,transformando-as em conhecimento de ideias no mundo globalizado.Precisamos de uma escola que dê conta <strong>da</strong> nova d<strong>ema</strong>n<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de,produzindo uma educação associa<strong>da</strong> ao mundo e a vi<strong>da</strong>, com seres competentes,capazes de pensar, construir e reconstruir conhecimento, realizar descobertascientíficas, analisar teorias e confrontar hipóteses, habilitando-os a viver nestemundo contemporâneo.Papert (1980) acredita que se ca<strong>da</strong> criança pudesse ter o seu computadorpessoal, uma grande revolução educacional poderia ocorrer. Afirma que se issoacontecesse, os alunos poderiam ter um ambiente rico em estímulos que os levariaa aprender de forma mais natural e autônoma, onde muitos dos esforços infrutíferosdo ensino poderiam ser substituídos por projetos educacionais que realmentegerassem aprendizagens significativas. O autor defende a ideia de que “os alunosprecisam aprender a pensar de forma autônoma” (1980, p. 24). E, apesar <strong>da</strong>spesa<strong>da</strong>s críticas, argumenta que o computador é um recurso de aprendizagemvalioso e fun<strong>da</strong>mental e que seu uso não gera vícios ou comportamentosmecanizados ou antissociais. “Mostrarei como computadores podem nos permitirfazer isto, rompendo o círculo sem gerar uma dependência <strong>da</strong> máquina”(PAPERT,1980, p. 24).Também não é a máquina que apresenta uma solução mágica, ela deve serusa<strong>da</strong> para auxiliar o aluno na construção do seu conhecimento, tendo umalinguagem própria a elas. O computador deve possuir um ambiente deaprendizagem realmente diferente <strong>da</strong> sala de aula, <strong>da</strong>quilo que é tradicionalmenteoferecido aos alunos.


26Assim faz-se necessário, com o uso do computador na escola, um bomProjeto Político Pe<strong>da</strong>gógico (PPP), com objetivos claros em relação ao uso <strong>da</strong>stecnologias e à metodologia de ensino utiliza<strong>da</strong>. Segundo Valente (1993, p. 1), “oadvento do computador na educação provocou o questionamento dos métodos e <strong>da</strong>prática educacional”, o que d<strong>ema</strong>n<strong>da</strong> uma mu<strong>da</strong>nça não só na postura e atitude doprofessor, como de todo corpo docente escolar.Valente (1993, p. 01) complementa que: “para a implantação dos recursostecnológicos de forma eficaz na educação são necessários quatro ingredientesbásicos: o computador, o software educativo, o professor capacitado para usar ocomputador como meio educacional e o aluno”, sendo que nenhum sobressai aooutro, é um conjunto de fatores necessários para o bom desempenho escolar. Omesmo autor acentua que “o computador não é mais o instrumento que ensina oaprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo e, portanto, oaprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio docomputador” (1993, p. 13).A informática educativa faz a diferença quando é usa<strong>da</strong> como umaferramenta que auxilia o professor na construção do conhecimento com os seusalunos.Amaral (2009), doutora em Educação e diretora do ID ProjetosEducacionais, em entrevista à revista Pátio nos diz que:Na escola <strong>da</strong> cibercultura, o maior agente de mu<strong>da</strong>nça é o professor. É deleuma responsabili<strong>da</strong>de intransferível e marca<strong>da</strong> pela urgência: a dereinventar espaços e tempos escolares. Essa mu<strong>da</strong>nça é uma experiênciacomplexa, media<strong>da</strong> pelo próprio professor, construí<strong>da</strong> dia a dia entre aidenti<strong>da</strong>de/ a imagem que tem de si mesmo e o seu potencial comoeducador, sua compreensão do próprio trabalho, sua visão de mundo(AMARAL, 2009, p. 54).O professor deve deixar de ser um transmissor de conhecimentos etransformar-se num profissional capaz de criar estratégias cognitivas para ossujeitos, num processo contínuo de reflexão na ação, tendo as tecnologias comonovos meios de aprendizagem, ele será, segundo as ideias de Amaral, uma espéciede “arquiteto do conhecimento” (2009, p. 54), em que será o responsável de elaborare testar hipóteses sobre as melhores formas de construção dos saberes, <strong>da</strong>s


27competências, dos conteúdos a serem trabalhados e <strong>da</strong>s habili<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong> aluno,indicando caminhos, propondo desafios e metas a serem alcança<strong>da</strong>s.O papel do professor em sala de aula mudou, e seu maior desafio éaprender a reaprender. Deve compreender que não é mais o único a passarinformações e conhecimento, mas é o mediador entre conhecimento e a reali<strong>da</strong>de,um especialista no processo de aprendizagem que desenvolve habili<strong>da</strong>des,competências, inteligências, atitudes e valores.Neste sentido, Coscareli nos diz que:Precisamos propor ativi<strong>da</strong>des que ofereçam desafios para os alunos, quedesenvolvam suas habili<strong>da</strong>des intelectuais como o raciocínio e a solução deprobl<strong>ema</strong>s, que os estimule a buscar mais informações sobre determinadoassunto e a encontrar uma solução satisfatória para um probl<strong>ema</strong> que oslevem a estabelecer relações entre as informações, a desenvolver acriativi<strong>da</strong>de, a autoconfiança, cooperação entre os colegas, bem comodesenvolver a autonomia <strong>da</strong> aprendizagem (COSCARELI, apud COSTA,2004, p. 127).De acordo com as ideias de Costa (2004), é preciso que os educadoresestudem e pesquisem para melhor compreender o valor do uso do computador paraa aprendizagem dos alunos, fazendo do mesmo um aliado a mais para que eleconsiga construir seu conhecimento, criando formas de interação sobre a informaçãodisponível e atribuindo a estas informações e significados.Segundo Fernandes (2004), no dia-a-dia do professor surgem necessi<strong>da</strong>desque exigem do professor novos saberes, sendo que estes podem ser oriundos desituações de sala de aula ou de ações sociais, políticas e econômicas na área <strong>da</strong>educação. A sala de aula exige do professor conhecimento e compreensão depeculiari<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong> aluno, <strong>da</strong>s diferenças individuais, emoções e valores na suamaneira de ensinar.O autor ain<strong>da</strong> destaca que na d<strong>ema</strong>n<strong>da</strong> externa o professor enfrenta umanova reali<strong>da</strong>de, que é uma exigência <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de contemporânea: o uso <strong>da</strong>informática nas áreas de conhecimento. Isso implica ao professor desenvolver novascompetências necessárias de como li<strong>da</strong>r com estas novas tecnologias, por meio deprogramas de formação continua<strong>da</strong>, para que o professor possa dominar as funçõesbásicas de informática para planejar e organizar suas aulas, utilizando estesrecursos no desenvolvimento do seu currículo.


282.2 POLITICAS PÚBLICAS DE IMPLEMENTAÇÃONos Parâmetros Curriculares Nacionais 1 (PCNs) do Ensino Fun<strong>da</strong>mental,anos iniciais, consta, no volume 1 <strong>da</strong> Introdução o seguinte:O exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia exige o acesso de todos à totali<strong>da</strong>de dos recursosculturais relevantes para a intervenção e a participação responsável na vi<strong>da</strong>social. Desde o domínio <strong>da</strong> língua fala<strong>da</strong> e escrita, dos princípios <strong>da</strong>reflexão matemática, <strong>da</strong>s coordena<strong>da</strong>s espaciais e temporais queorganizam a percepção do mundo, dos princípios <strong>da</strong> explicação científica,<strong>da</strong>s condições de fruição <strong>da</strong>s obras de arte e <strong>da</strong>s mensagens estéticas,domínios de saber tradicionalmente previstos como necessários na história<strong>da</strong>s concepções sobre o papel <strong>da</strong> educação no mundo democrático, atéoutras tantas exigências que se impõem como injunções do mundocontemporâneo (BRASIL, 1997, p. 33).O documento ain<strong>da</strong> enfatiza que:Desde a construção dos primeiros computadores, na metade deste século,novas relações entre conhecimento e trabalho começaram a ser delinea<strong>da</strong>s.Um de seus efeitos é a exigência de um reequacionamento do papel <strong>da</strong>educação no mundo contemporâneo, que coloca para a escola umhorizonte mais amplo e diversificado do que aquele que, até há poucasdéca<strong>da</strong>s atrás, orientava a concepção e construção dos projetoseducacionais. Hoje em dia, não basta visar a capacitação dos estu<strong>da</strong>ntespara futuras habilitações em termos <strong>da</strong>s especializações tradicionais, masantes trata-se de ter em vista a formação dos estu<strong>da</strong>ntes em termos de suacapacitação para a aquisição e o desenvolvimento de novas competências,em função de novos saberes que se produzem e que d<strong>ema</strong>n<strong>da</strong>m um novotipo de profissional, que deve estar preparado para poder li<strong>da</strong>r com novastecnologias e linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos.Estas novas relações entre conhecimento e trabalho exigem capaci<strong>da</strong>de deiniciativa e inovação e, mais do que nunca, a máxima "aprender a aprender"parece se impor à máxima "aprender determinados conteúdos” (BRASIL,1997, p. 34).No Brasil, a informática passou a ser vista como uma ferramentaeducacional a partir de 1971, no ensino de Física. O poder público criou diversosórgãos com a finali<strong>da</strong>de de fomentar o desenvolvimento tecnológico no país. Criou aSecretaria Especial de Informática (SEI), que tinha como uma de suas atribuiçõesassessorar o Ministério <strong>da</strong> Educação e Cultura (MEC), no estabelecimento depolíticas e diretrizes para a educação na área de informática.No ano de 1982, o MEC financiou recurso para o desenvolvimento demetodologias educacionais apoia<strong>da</strong>s nas novas tecnologias, e o desenvolvimento de1 Os Parâmetros Curriculares Nacionais são referenciais de ensino elabora<strong>da</strong>s pelo Governo Federalem 1996, volta<strong>da</strong>s para a estruturação dos currículos escolares de todo o Brasil, obrigatórias para arede pública e opcional para as instituições priva<strong>da</strong>s, com o objetivo de padronizar o ensino no país.


29softwares educacionais. Em 1984, criou o projeto Educação e Computador(EDUCOM), sendo o precursor na área de informática aplica<strong>da</strong> à educação no país,que tinha como proposta implantar em caráter experimental centros-pilotos cominfraestruturas para o desenvolvimento de pesquisas, desejando perceber como oaluno aprende apoiado pelos recursos <strong>da</strong> informática e se isso melhora efetivamentesua aprendizagem.No ano de 1986, o projeto FORMAR (Projeto que proporcionou umaformação inicial a professores do 1º e 2º graus <strong>da</strong> rede municipal e estadual deeducação), passou a capacitar professores e a implantar infraestruturas de suportenas secretarias estaduais de educação, escolas técnicas e <strong>universi<strong>da</strong>de</strong>s. Osparticipantes deste projeto foram incumbidos de implantar em seus estados osCentros de Informática Educativa (CIED), que foram os multiplicadores <strong>da</strong>informática nas escolas públicas.No ano de 1989, o MEC instituiu o Programa Nacional de InformáticaEducativa (PRONINFE), que tinha como objetivo desenvolver a informáticaeducativa no Brasil, através de ativi<strong>da</strong>des, apoia<strong>da</strong>s em fun<strong>da</strong>mentação pe<strong>da</strong>gógica,sóli<strong>da</strong> e atualiza<strong>da</strong>, destinando-se aos sist<strong>ema</strong>s públicos de ensino.Em 1997, surgiu o Programa Nacional de informática na Educação(PROINFO), o qual foi incorporado ao PRONINFE, com a intenção de formarprofessores e atender estu<strong>da</strong>ntes através <strong>da</strong> compra e distribuição de cerca de cemmil computadores ligados à internet. O PROINFO foi estruturado e oferecido aosgovernos dos estados e municípios com o objetivo de melhorar a quali<strong>da</strong>de deensino nas escolas públicas, proporcionar uma educação volta<strong>da</strong> aodesenvolvimento científico, educar para uma ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia global e possibilitar estudosacerca do comportamento dos indivíduos nos ambientes escolares.Segundo documento elaborado pela Secretaria de Educação a Distância(SEED), do MEC, o PROINFOé um plano de tecnologia educacional do MEC, em parceria com osestados, para equipar eletronicamente as escolas públicas, visando a, numaprimeira etapa, “alfabetizar” os alunos em informática e, numa segun<strong>da</strong>,incorporar o uso do computador ao processo de ensino-aprendizagem emodernizar a gestão escolar (BRASIL, 1996, p. 2).


30O PROINFO é desenvolvido pela SEED por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de EducaçãoEstaduais e Municipais. O programa funciona de forma descentraliza<strong>da</strong>, sendo queem ca<strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Federação existe uma Coordenação Estadual do PROINFO,cuja atribuição principal é a de introduzir o uso <strong>da</strong>s tecnologias de informação ecomunicação nas escolas <strong>da</strong> rede pública, além de articular as ativi<strong>da</strong>desdesenvolvi<strong>da</strong>s sob sua jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de TecnologiaEducacional (NTE).O MEC compra, distribui e instala laboratórios de informática nas escolaspúblicas de educação básica. Em contraparti<strong>da</strong>, os governos locais (prefeituras egovernos estaduais) devem providenciar a infraestrutura <strong>da</strong>s escolas, indispensávelpara que elas recebam os computadores, e capacitar os educadores para uso <strong>da</strong>smáquinas e tecnologias.Nesse contexto, o Linux Educacional (LE) 2 , colabora para o atendimento dospropósitos do PROINFO, de forma a favorecer o usuário final, ou seja, os alunos.2.3 SOFTWARES EDUCATIVOSA informática aplica<strong>da</strong> à educação funciona como instrumento de interaçãoentre aluno e computador <strong>da</strong>ndo origem ao conhecimento, através do software, quesão os programas educativos que permitem a interação. Valente (1995) divide eclassifica os software educativos em duas categorias: tutoriais e exercício-e-prática.Tutor, o software que instrui o aluno, tutorado é o software que permite o alunoinstruir o computador, e ferramenta é o software com o qual o aluno manipula ainformação. Assim, o tutor equivale aos programas em que o computador ensina oaluno. Os software do tipo tutorado e ferramenta equivalem aos programas em que oaluno ensina o computador.Na déca<strong>da</strong> de 1920, Pressey foi o inovador na área de programaseducativos, criando uma máquina para corrigir testes de múltipla escolha. Em 1950,2 Linux Educacional é uma distribuição Linux desenvolvi<strong>da</strong> pelo Centro de Experimentação emTecnologia Educacional (CETE) do Ministério <strong>da</strong> Educação (MEC), com programas educacionaisvoltados para a escola.


31Skiner propôs a instrução programa<strong>da</strong> impressa, porém a difícil produção domaterial e a falta de materiais padronizados o limitavam. Em 1960, o governoamericano passou a investir na produção de Programas Educacionais porComputador (PEC), <strong>da</strong>ndo origem aos software educativos. No início de 1970, afábrica de computadores Control Data Corporation desenvolve programaseducacionais por computador, usando terminais sensitivos a toque e vídeo com altacapaci<strong>da</strong>de gráfica, sendo os mais populares.Com a disseminação dos computadores nos estabelecimentos de ensino,surgiram inúmeros PEC, tutoriais, exercício-e-prática, jogos educacionais esimulação, avaliação do aprendizado, além do computador ser usado comoferramenta na resolução de probl<strong>ema</strong>s, produções de textos, manipulação de bancode <strong>da</strong>dos e controle de processos em tempo real, especialmente destinados para oprimeiro grau.Segundo Valente (1993), atualmente encontramos programas tutoriais quepermitem ao professor fazer uso de um material animado com som, e manter aperformance do aprendiz; na área do entretenimento, os gráficos e o som sãocaracterísticas importantes; programas de exercício-e-prática que requerem umaresposta frequente do aluno, propiciando uma reflexão imediata; já os que exploramas características gráficas e sonoras do computador são os jogos em que asimulação envolve a criação de modelos dinâmicos e simplificados do mundo real;programas de editores de texto, planilhas, manipulação de banco de <strong>da</strong>dos,construção e transformação de gráficos, sist<strong>ema</strong>s de autoria, calculadoresnuméricos, produção de música, programas de controle de processo entre muitosoutros, são aplicativos extr<strong>ema</strong>mente úteis tanto ao aluno quanto ao professor.A utilização <strong>da</strong>s tecnologias na educação deve apontar para a formação deum indivíduo pensante e capaz de produzir conhecimento. “Só quem utiliza ocomputador como um meio auxiliar para a formação independente de juízos,emprega-o corretamente e com sucesso” (BAETHGE, 1989, p. 07).Perrenoud (2000), afirma:Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso crítico, opensamento hipotético e dedutivo, as facul<strong>da</strong>des de observação e depesquisa, a imaginação, a capaci<strong>da</strong>de de memorizar e classificar, a leitura ea análise de textos e de imagens, a representação de redes, de


32procedimentos e de estratégias de comunicação (PERRENOUD, 2000, p.128).Todo esse processo dinâmico, atraente e versátil <strong>da</strong> informática educativa, éum meio de difundir o conhecimento e a informação para o aluno e professor, mas énecessário que exista um planejamento prévio, que objetive a construção de umambiente alfabetizador.


3 PERSPECTIVAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTODurante muito tempo a alfabetização era entendi<strong>da</strong> somente como aaquisição de um código que permitia ao sujeito associar letras e sons para poderescrever uma palavra ou uma pequena frase, assim era considerado alfabetizado.Com o passar dos tempos, as exigências <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de fizeram com que aoindivíduo não bastasse apenas a capaci<strong>da</strong>de de decifrar um código, mas exigiu umconhecimento mais profundo para a sobrevivência e a conquista <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Paradefinir esses diferentes aspectos que envolvem a alfabetização, alguns estudiososforam levados a empregar o termo “letramento” para designar a condição que ca<strong>da</strong>indivíduo passa para adquirir a língua escrita e fala<strong>da</strong>.Monteiro, ao escrever o artigo “Dimensões <strong>da</strong> proposta pe<strong>da</strong>gógica para oensino <strong>da</strong> Linguagem Escrita em classes de crianças de seis anos”, em documentoemitido pelo MEC, assim define a alfabetização:Alfabetização se refere ao processo por meio do qual o sujeito domina ocódigo e as habili<strong>da</strong>des de utilizá-lo para ler e escrever. Trata-se do domínio<strong>da</strong> tecnologia, do conjunto de técnicas que o capacita e a exercer a arte e aciência <strong>da</strong> escrita (MONTEIRO e BAPTISTA, 2009, p. 30).Bem como o letramento:Letramento, por sua vez, é o exercício efetivo e competente <strong>da</strong> escrita eimplica habili<strong>da</strong>des, tais como a capaci<strong>da</strong>de de ler e escrever para informarou informar-se, para interagir, para ampliar conhecimento, capaci<strong>da</strong>de deinterpretar e produzir diferentes tipos de textos, de inserir-se efetivamenteno mundo <strong>da</strong> escrita, entre muitas coisas (MONTEIRO e BAPTISTA, 2009,p. 30).A alfabetização inicia muito antes de a criança entrar para a escola, elaacontece desde o seu nascimento. Acontece quando se depara com a face de seuspais, <strong>da</strong>s pessoas que convivem com ela e com os objetos que estão a sua volta. Àmedi<strong>da</strong> que vai crescendo, ela estará fazendo sua primeira leitura, a interpretaçãodo mundo que a cerca. Aos poucos, começa a entender o significado dos escritos domundo que gira ao seu redor.É um processo que ocorre entre a criança e o meio cultural em que vive queela, aos poucos, vai <strong>da</strong>ndo sentido ao que os outros falam, escrevem, dramatizam erepresentam através <strong>da</strong> música, <strong>da</strong>nça e brincadeiras diárias. Quanto mais a criança


34for estimula<strong>da</strong> a li<strong>da</strong>r com situações de leitura e escrita, melhor será o seu processode alfabetização, sempre respeitando seus limites de possibili<strong>da</strong>des.Na escola, deve-se proporcionar à criança um ambiente rico deaprendizagens. Espaços onde possa construir seus conhecimentos de forma lúdicae prazerosa.E hoje a criança se depara com uma nova ferramenta: o computador, o quala maioria <strong>da</strong>s crianças usa desde pequena em sua casa. Este permite interação comletras, números, imagens, som e contatos com outras pessoas via e-mail ecomuni<strong>da</strong>des virtuais. Ativi<strong>da</strong>des que aju<strong>da</strong>m na alfabetização <strong>da</strong> criança, pois estáem contato com o mundo letrado. Segundo Soares (1998, p.39), “[...] aprender a lere escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e decodificar a língua em proprie<strong>da</strong>de.”Soares complementa a ideia:A alfabetização – a aquisição <strong>da</strong> tecnologia <strong>da</strong> escrita – não precede nem épré-requisito para o “letramento”, ou seja, para a participação nas práticassociais <strong>da</strong> escrita, tanto é assim que os analfabetos podem ter um certonível de “letramento’: sem que hajam adquirido a tecnologia <strong>da</strong> escrita,utilizam a quem a tem para fazer uso <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita, além disso, naconcepção psicogenética de alfabetização atualmente em vigor, atecnologia <strong>da</strong> escrita é aprendi<strong>da</strong> não como em concepções anteriores comtextos construídos artificialmente para a aquisição <strong>da</strong>s “técnicas” de leitura eescrita, e sim por meio de ativi<strong>da</strong>des de “letramento”, ou seja, de leitura eprodução de textos reais, de práticas sociais de leitura e escrita (SOARES,1998, p. 92. apud MONTEIRO e BAPTISTA, 2009, p. ).Estar alfabetizado consiste na capaci<strong>da</strong>de de interpretar, compreender,criticar, resignificar e produzir conhecimento. A alfabetização promove asocialização, possibilitando trocas com outras pessoas e garante o exercícioconsciente <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Hoje existem sujeitos que podem não saber ler e escrever, mas podem estarletrados socialmente 3 , utilizando a leitura e escrita em práticas sociais. Existemoutras formas de ativi<strong>da</strong>des humanas que desenvolvem o aspecto cognitivo doindivíduo. A criança, mesmo não alfabetiza<strong>da</strong>, faz a leitura incidental de rótulos,imagens, gestos, emoções. O contato com o mundo letrado ocorre muito antes <strong>da</strong>sletras e vai além delas. Desse modo, Kleiman (1995) define o uso do termo3 Letramento social é a bagagem cultural e conhecimento de mundo que a criança já possui antes deingressar na escola.


35letramento: “Um argumento que justifica o uso do termo letramento em vez dotradicional “alfabetização” está no fato de que, em certas classes sociais, as criançassão letra<strong>da</strong>s, no sentido de possuírem estratégias orais letra<strong>da</strong>s, antes mesmo deserem alfabetiza<strong>da</strong>s” (1995, p. 18). E diz ain<strong>da</strong>: “Podemos definir hoje o letramentocomo um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sist<strong>ema</strong>simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivosespecíficos” (KLEIMAN, 1995, p.19).Hoje em dia as crianças são muito curiosas e facilmente se envolvem comdiversos livros, jornais, revistas, panfletos de propagan<strong>da</strong>, no teclado de umcomputador brincam de ler e escrever, participam de jogos em que a leitura e escritasão necessários. Em to<strong>da</strong>s essas atitudes, elas estão envolvi<strong>da</strong>s com a cultura domundo letrado e práticas sociais <strong>da</strong> leitura e escrita.Uma <strong>da</strong>s práticas sociais mais difundi<strong>da</strong>s nos tempos atuais são ascomuni<strong>da</strong>des virtuais via internet, pelo computador, essa ferramenta tão usa<strong>da</strong> pelascrianças para comunicação e troca de conhecimento. Numa entrevista <strong>da</strong><strong>da</strong> pelaeducadora argentina Ana Teberoski na Revista Nova Escola em novembro de 2005,a mesma destaca que o ‘micro’ permite aprendizados interessantes. No tecladoestão to<strong>da</strong>s as letras e símbolos que a língua oferece, e a criança tem noção de queas letras são poucas e finitas. Nas teclas elas estão maiúsculas e, no monitor,minúsculas, o que obriga a realização de uma correspondência.Os recursos tecnológicos não substituem o manuscrito durante o processode alfabetização, mas com certeza o complementam. Aqueles que acessam ainternet leem instruções ou notícias, escrevem e-mails e usam mecanismos debusca. Ain<strong>da</strong> não sabemos quais serão as consequências cognitivas do uso docomputador, mas com certeza ele exige muito <strong>da</strong> escrita e <strong>da</strong> leitura. Tambémacredita que nas socie<strong>da</strong>des em que se valoriza a interação entre as pessoas e acultura escrita, o processo de alfabetização é mais eficiente.Fagundes (2010), numa entrevista <strong>da</strong><strong>da</strong> ao repórter Marcelo Alencar, <strong>da</strong>revista Nova Escola, em agosto de 2005, dá como sugestão para os baixos índicesde alfabetização e de letramento “levar os alunos a sentir o poder de se comunicarrapi<strong>da</strong>mente em grandes distâncias, ter idéias, expressá-las como autores e publicarestes escritos no mundo virtual”. Coloca que a escola não precisa se preparar para ainclusão digital, que precisa somente incorporar em suas práticas ideias de que se


36educa aprendendo e que quando se usa os recursos tecnológicos experimentando,praticando a comunicação cooperativa, e conectando-se está se praticando estainclusão. Para isso, é necessário conseguir computadores e conectar os alunos àinternet.O professor deve acreditar que se aprende fazendo e sair do comodismo <strong>da</strong>espera de cursos por iniciativa <strong>da</strong> administração. Portanto, cabe aos professoresmu<strong>da</strong>nças no ensino, proporcionando a maior diversi<strong>da</strong>de possível de materiais queexplorem a leitura e escrita.A criança aprende por meio <strong>da</strong> interação sociocultural que mantém com oobjeto de conhecimento e <strong>da</strong> relação com outras pessoas, relações estasestabeleci<strong>da</strong>s nos mais diversos contextos em que o saber tem significado efuncionali<strong>da</strong>de social. A alfabetização e letramento são o resultado <strong>da</strong> própria açãodo aluno de suas capaci<strong>da</strong>des cognitivas, de suas competências e interação com ocontexto que vive.


4 SITUANDO O UNIVERSO INVESTIGADO: DO QUADRO DE GIZ AOCOMPUTADOR4.1a A PESQUISA QUALITATIVA COMO OPÇÃO METODOLÓGICAA opção metodológica para a realização desta pesquisa caracteriza-se poruma abor<strong>da</strong>gem qualitativa.A pesquisa qualitativa, segundo Minayo (2010), responde a questões bemparticulares, envolvendo os motivos, as crenças, os valores, as atitudes e asaspirações do universo investigado, interpretando-os dentro desta reali<strong>da</strong>de.Para Pro<strong>da</strong>nov (2009), a pesquisa qualitativa tem o ambiente como fontedireta dos <strong>da</strong>dos, necessitando um trabalho intensivo de campo. Tem comoprocessos básicos a interpretação dos fenômenos, atribuindo significados.Os instrumentos de pesquisa são os meios utilizados para colher asinformações. Nesta pesquisa foram utilizados como instrumentos para a coleta deinformações a observação, as anotações de campo, entrevista informais,questionário semiestruturados e a análise de documentos.4.1b A OBSERVAÇÃOA técnica de observação é muito útil para obter-se informações sobre o t<strong>ema</strong>pesquisado. Para Minayo (2010), é parte essencial na pesquisa qualitativa. ParaPro<strong>da</strong>nov (2009), com a observação utilizamos nossos sentidos para a obtenção de<strong>da</strong>dos sobre determina<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.O observador deve estar atento e muito sensível aos fatos que acontec<strong>ema</strong>o seu redor, mantendo postura, compromisso e responsabili<strong>da</strong>de sobre osacontecimentos observados.A observação pode ser a parte mais importantes <strong>da</strong> pesquisa, para que elatenha resultados satisfatórios.


384.1c O QUESTIONÁRIOO questionário é uma forma de coleta de <strong>da</strong>dos através de perguntaspreviamente elabora<strong>da</strong>s que devem ser respondi<strong>da</strong>s por escrito pelo informante.O questionário deve ser simples e direto, para que o respondentecompreen<strong>da</strong> com clareza o que está sendo perguntado. Segundo Pro<strong>da</strong>nov (2009),“... deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções queexpliquem a natureza <strong>da</strong> pesquisa e ressaltem a importância e a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>srespostas, a fim de motivar o informante” (2009, p. 120).4.1d ANÁLISE DE DOCUMENTOSA análise de documentos é muito importante, porque através dela podemosfun<strong>da</strong>mentar informações e declarações que serão obti<strong>da</strong>s durante a pesquisa, ouperceber aspectos novos sobre o t<strong>ema</strong> pesquisado.4.1e ANOTAÇÕES DE CAMPOAs anotações de campo são um instrumento muito importante <strong>da</strong> coleta de<strong>da</strong>dos, pois através <strong>da</strong>s informações conti<strong>da</strong>s nas anotações haverá possibili<strong>da</strong>dede análise e interpretação destes <strong>da</strong>dos.4.1f TIPO DE TRATAMENTO PARA OS DADOS COLETADOSSendo esta uma pesquisa qualitativa, o tratamento <strong>da</strong>do às informaçõesserá de análise e interpretação dos <strong>da</strong>dos colhidos. A princípio foi realiza<strong>da</strong> umaseleção dos <strong>da</strong>dos mais relevantes, certificando que os mesmos estavam completose coerentes, aos quais permitiriam uma descrição completa para o proposto no foco


39<strong>da</strong> pesquisa. A análise deve ser feita para ver se os objetivos <strong>da</strong> pesquisa foramatendidos e as hipóteses confirma<strong>da</strong>s ou rejeita<strong>da</strong>s.Segundo Pro<strong>da</strong>nov (2009), “A análise e interpretação desenvolvem-se apartir <strong>da</strong>s evidências observa<strong>da</strong>s, de acordo com a metodologia, com relações feitasatravés do referencial teórico e complementa<strong>da</strong>s com o posicionamento dopesquisador” (2009, p. 124).A análise e interpretação dos <strong>da</strong>dos coletados já acontece durante oprocesso todo <strong>da</strong> pesquisa, mas ao final desta é um momento importante dereflexão sobre as informações colhi<strong>da</strong>s e verificação se há necessi<strong>da</strong>de de umaprofun<strong>da</strong>mento teórico ou se o que foi pesquisado responde ao probl<strong>ema</strong> inicial <strong>da</strong>pesquisa.Pro<strong>da</strong>nov (2009) ressalta que nas análises o pesquisador sempre deverecorrer às anotações de campo, ao campo, à literatura e até mesmo às coletas de<strong>da</strong>dos adicionais, a fim de conseguir respostas aos seus objetivos e às hipótesesformula<strong>da</strong>s.Nesta pesquisa, a análise <strong>da</strong>s informações foi realiza<strong>da</strong> na pesquisasecundária por meio de documentos, sites de internet e publicações especializa<strong>da</strong>ssobre o t<strong>ema</strong>. E a outra parte, na pesquisa primária, através dos questionáriospreviamente elaborados, entrevistas informais e observações <strong>da</strong>s aulas. Para otratamento <strong>da</strong>s respostas dos questionários, as mesmas foram reagrupa<strong>da</strong>s deacordo com a pergunta, sendo vali<strong>da</strong><strong>da</strong>s de acordo com o propósito <strong>da</strong> pesquisa. Ateoria apresenta<strong>da</strong> no referencial teórico foi utiliza<strong>da</strong> para a interpretação dos <strong>da</strong>dose teorização dos mesmos. Após a organização <strong>da</strong>s informações, fez-se umatriangulação dos <strong>da</strong>dos, iniciando o processo de análise.4.1 g TRIANGULAÇÃO DOS DADOSTriangulação é a técnica de combinar e articular vários métodos utilizados napesquisa qualitativa. Confrontam-se os <strong>da</strong>dos obtidos nas diferentes fontes <strong>da</strong>pesquisa.


40Segundo Minayo (2005), a triangulação permite entrelaçar teoria e prática,através de vários pontos de vista, sendo pela informação dos informantes <strong>da</strong>pesquisa, pelas observações realiza<strong>da</strong>s, pelas leituras de obras literárias, e a visãodo pesquisador, propiciando eficiência ao foco de estudo.Nesta pesquisa, a triangulação foi realiza<strong>da</strong> entre as informações nos <strong>da</strong>dosde coleta <strong>da</strong>s diferentes fontes, interpretando estes <strong>da</strong>dos de acordo com referencialteórico, refletindo sobre eles para <strong>da</strong>r sentido e compreensão dos fatos.4.1 h PLANO DE COLETA DE DADOSDe posse <strong>da</strong> carta de apresentação forneci<strong>da</strong> pela Universi<strong>da</strong>de Feevale,entramos em contato com Secretaria de Educação e Cultura (SEMEC), do municípiode Dois Irmãos, onde apresentamos a proposta de pesquisa para o trabalho deconclusão do curso de Pe<strong>da</strong>gogia e solicitamos a autorização para a realizaçãodesta pesquisa nas escolas municipais <strong>da</strong> rede de ensino.Neste dia estavam reunidos os diretores <strong>da</strong>s escolas municipais com osecretário de educação e foi permiti<strong>da</strong> a apresentação <strong>da</strong> proposta de pesquisa paraos diretores, quando também foi lhes entregue o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido (Anexo A) e o questionário (Apêndice C) a ser respondido pelosmesmos, em que ficaram cientes sobre o t<strong>ema</strong> de pesquisa e a autorização do uso<strong>da</strong>s respostas do questionário.Tendo a autorização em mãos, dirigimo-nos às escolas, conversamos comos diretores para autorizar o agen<strong>da</strong>mento de horários com os professores dosegundo ano do ensino fun<strong>da</strong>mental e professores do laboratório de informática,para iniciar as observações.Com os professores <strong>da</strong>s turmas regulares e de informática educativaconfirmamos os horários para o início <strong>da</strong>s observações e entregamos a eles oTermo de Consentimento Livre (Anexo A) e Esclarecido e os questionários(Apêndice B e D). Cumpriu-se a formali<strong>da</strong>de exigi<strong>da</strong> para então <strong>da</strong>r prosseguimentoà pesquisa.


41A investigação proposta para <strong>da</strong>r conta do probl<strong>ema</strong> de pesquisa, intitulado“A Contribuição Informática Educativa na Alfabetização dos Alunos do Segundo Anodo Ensino Fun<strong>da</strong>mental”, envolveu oito escolas municipais do Ensino Fun<strong>da</strong>mental,<strong>da</strong> rede pública, do município de Dois Irmãos. A investigação nas escolas ocorreuem dois momentos: inicialmente envolvendo as oito escolas, e num segundomomento estabeleceu-se critérios, selecionando apenas quatro destas para oaprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> pesquisa.O caminho usado foram observações, análise de documentos, questionários,conversas informais e leituras teóricas, para articular teoria e reali<strong>da</strong>de.Devido às características <strong>da</strong> pesquisa qualitativa, optou-se por utilizardiferentes instrumentos para coleta de <strong>da</strong>dos: observações <strong>da</strong>s aulas de informáticaeducativa e <strong>da</strong>s aulas regulares <strong>da</strong>s turmas de segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mentalanos iniciais; questionários aos professores responsáveis pelo laboratório deinformática educativa, professores titulares <strong>da</strong>s turmas de alunos e equipe diretiva; eanálise documental, para investigar como a informática educativa é utiliza<strong>da</strong> pelosprofessores no sentido de contribuir no processo de alfabetização de alunos dosegundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental.O critério para a escolha destas quatro escolas foi pelo fato <strong>da</strong>s mesmasterem seus laboratórios de informática por mais tempo. Para as d<strong>ema</strong>is escolas foienviado um questionário para os professores de informática educativa, para osprofessores <strong>da</strong>s turmas de segundo ano e para as direções <strong>da</strong>s escolas.O retorno dos questionários não foi satisfatório por parte dos professores deinformática educativa, e durante as observações, dialogando com estes professoresconseguimos informações importantes sobre o uso <strong>da</strong> informática educativa naalfabetização, somente uma <strong>da</strong>s professoras preferiu omitir-se.4.2 A INVESTIGAÇÃO NOS ESPAÇOS DA ESCOLANo município de Dois Irmãos a Informática Educativa iniciou no ano de 1995,tendo um centro único para to<strong>da</strong>s as escolas do município. Este centro foi equipadocom computadores que vieram com recursos próprios do município. As escolas


42agen<strong>da</strong>vam horários para seus alunos, sendo que sempre era atendi<strong>da</strong> uma turmapor horário e estes eram levados com o transporte escolar do município. O trabalhorealizado no laboratório de informática com os alunos foi a linguagem LOGO.A linguagem LOGO foi desenvolvi<strong>da</strong> pelo professor Papert, usa<strong>da</strong> nocomputador para desenvolver o raciocínio e o pensamento do indivíduo, basea<strong>da</strong>snas teorias evolutivas de Jean Piaget.Conforme Papert,Os ambientes intelectuais oferecidos às crianças pelas socie<strong>da</strong>des atuaissão pobres em recursos que as estimulem a pensar sobre o pensar,aprender a falar sobre isto e testar suas ideias através <strong>da</strong> exteriorização <strong>da</strong>smesmas. O acesso aos computadores pode mu<strong>da</strong>r completamente estasituação. Até o mais simples trabalho com a tartaruga pode abrir novasoportuni<strong>da</strong>des para tornar mais acurado nosso ato de pensar sobre opensar: programar a tartaruga começa com a reflexão sobre como nósfazemos o que gostaríamos que ela fizesse; assim, ensiná-la a agir oupensar pode levar-nos a refletir sobre nossas próprias ações oupensamentos (PAPERT, 1980, p. 45).Para a utilização <strong>da</strong> linguagem LOGO, foi capacitado um professor de ca<strong>da</strong>escola, que teve interesse pela proposta, com professores <strong>da</strong> empresa LEMA deCaxias do Sul, especializa<strong>da</strong> em informática educativa, a qual também passou a <strong>da</strong>rsuporte técnico a to<strong>da</strong> rede de computadores <strong>da</strong> prefeitura municipal, sendo destacapacitação que a pesquisadora participou.Em entrevista com a coordenadora geral <strong>da</strong> informática educativa domunicípio, coletou-se as seguintes informações: em 1998, o centro de informática foidescentralizado para algumas escolas do município. Em 2006, a SEMEC conseguiu,através do Ministério <strong>da</strong>s Comunicações, computadores para abrir quatrotelecentros, e então a secretaria optou em instalá-los nas quatro maiores escolasmunicipais para que os alunos se beneficiassem deles.Somente agora, em 2010, to<strong>da</strong>s as escolas conseguiram o seu própriolaboratório de informática, através do programa PROINFO, em parceria com ogoverno federal. Para aderir ao programa a Secretaria SEMEC elaborou e enviou aoMEC um projeto para o uso do computador, explicitando seus objetivos, condiçõesfísicas para a instalação dos laboratórios e o plano de capacitação dos professores,o qual foi analisado e aprovado.


43To<strong>da</strong>s as escolas têm acesso à internet, com ban<strong>da</strong> larga, ofereci<strong>da</strong> peloMEC. O trabalho realizado é com software livre, do Linux.Todos os laboratórios de informática são mantidos pela prefeitura municipalde Dois Irmãos. Tanto quanto os recursos humanos, técnicos e programas.Os professores habilitados a trabalhar nos laboratórios de informática sãoconcursados e devem ter habilitação de Licenciatura em Informática, pois valoriza aimportância do suporte pe<strong>da</strong>gógico aos professores. Esses professores concursadosparticipam também de uma formação continua<strong>da</strong> mais específica, estu<strong>da</strong>ndo melhorca<strong>da</strong> software novo que surge. Neste ano, os d<strong>ema</strong>is professores do município,participaram <strong>da</strong> formação continua<strong>da</strong> do curso PROINFO, com o objetivo deinstrumentaliza-se para adotar uma metodologia própria para trabalhar com osalunos.A escolha dos participantes <strong>da</strong> pesquisa foi intencional, pois eles, em seuambiente, respondem às questões abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s nesta temática.Para melhor organização e compreensão deste estudo, as escolas,diretores, professores de informática e professores titulares serão identifica<strong>da</strong>s comsiglas específicas, conforme quadro a seguir:Escolas:Professores deInformática:Professorestitulares:Diretores:E1 PI1 PT1aD1PT1bE2 PI2 PT2 D2E3 PI3 PT3 D3E4 PI4 PT4 D4Quadro 1 – Siglas usa<strong>da</strong>s para identificação dos pesquisadosFaremos uma breve descrição sobre a estrutura física <strong>da</strong>s escolasenvolvi<strong>da</strong>s diretamente com a pesquisa.


44A E1 é a maior escola do município, tem um ginásio de esportes, sala delaboratório de informática com sete servidores, dezessete terminais comcomputadores e duas impressoras, sala de brinquedoteca, sala to<strong>da</strong> equipa<strong>da</strong> comespelhos, som e luzes de arte e teatro, sala de vídeo, biblioteca, pracinha, áreacoberta, pátio amplo com ativi<strong>da</strong>des múltiplas como amarelinha e mesas comxadrez, sala dos professores, cozinha, refeitório e secretaria.A E2 tem quadra de esportes aberta, campo de areia, pracinha, sala dosprofessores, sala de informática equipa<strong>da</strong> com 18 computadores e uma impressora,cozinha, refeitório, biblioteca, sala <strong>da</strong> equipe diretiva e secretaria.A E3 tem ginásio de esportes, pracinha, sala de informática com 18computadores, uma impressora e multimídia, biblioteca, sala dos professores,secretaria, sala <strong>da</strong> equipe diretiva, cozinha, refeitório, área coberta e pátio.A E4 tem ginásio de esportes, sala de informática com 16 computadores,uma impressora, projetor de multimídia e quadro branco, sala dos professores,biblioteca, sala de vídeo e teatro, cozinha, refeitório e secretaria.Em to<strong>da</strong>s as escolas observa<strong>da</strong>s, na sala de informática, os computadoresestão dispostos de uma maneira que permite a circulação dos professores para oatendimento dos alunos, e contém um quadro branco que serve para anotações deinformações no decorrer <strong>da</strong>s aulas.A partir <strong>da</strong> leitura criteriosa dos questionários organizaram-se as categoriaspara análise. Utilizamos também o registro <strong>da</strong>s observações e falas informais comos professores como fonte para o cruzamento dos <strong>da</strong>dos.Categoria 1Categoria 2Categoria 3Categoria 4A formação e o tempo de atuação dos professores alfabetizadoresdo segundo ano e responsáveis pelo laboratório de informática.A metodologia de trabalho e organização do laboratório deinformática.Importância do uso <strong>da</strong>s tecnologias na alfabetização.Interação dos alunos do segundo ano com o computador.Quadro 2 – Categorias usa<strong>da</strong>s para a coleta de <strong>da</strong>dos


454.2.1 A formação e tempo de atuação dos professoresDe acordo com as informações obti<strong>da</strong>s nos questionários, to<strong>da</strong>s asprofessoras alfabetizadoras têm formação na área <strong>da</strong> Pe<strong>da</strong>gogia, sendo que umadelas é pós-gradua<strong>da</strong> em Alfabetização e outras duas pós-gradua<strong>da</strong>s emPsicope<strong>da</strong>gogia. Três professoras (PT1b, PT2 e PT6) trabalham comoalfabetizadoras há cinco anos, duas (PT1a e PT5) trabalham há 14 anos e uma(PT7) há dois anos.As professoras de informática educativa também têm formação específica naárea <strong>da</strong>s tecnologias: Pe<strong>da</strong>gogia: habilitação em multimeios e informática educativa– PUCRS (PI1); Licenciatura em Informática Educativa (PI4).Na área de informática, a formação <strong>da</strong>s professoras alfabetizadoras é aparticipação do curso PROINFO, que neste ano foi oferecido a todos os professores<strong>da</strong> rede municipal de ensino.Para o MEC, um dos fatores determinantes do sucesso do curso PROINFOé o humano. Assim, tem como proposta de formação e treinamento dos professoresos seguintes aspectos:Preparação para mu<strong>da</strong>nças no intuito para vencer as resistências àintrodução <strong>da</strong> informática nas escola; aquisição de conhecimentos sobrefuncionamento do computador, principais aplicativos e programação;sensibilização para as alternativas que a introdução <strong>da</strong> informática podetrazer à pratica docente e à melhoria de quali<strong>da</strong>de de ensino ; etreinamento em ferramentas específicas, escolhi<strong>da</strong>s em função do projetope<strong>da</strong>gógico e <strong>da</strong> disciplina ensina<strong>da</strong> (BRASIL, 1996, p. 5, apudFERNANDES, 2004, p. 50).Percebe-se que as professoras alfabetizadoras têm formação necessária eexperiência significativa para trabalhar com alunos do segundo ano. Na área deinformática educativa têm o auxílio <strong>da</strong>s professoras responsáveis pelo laboratório deinformática e a capacitação do curso PROINFO, e dizem que mesmo sem umaformação mais específica, como uma Licenciatura, conseguem em parceria realizarum bom trabalho com os alunos.


46Segundo Fagundes (apud ALENCAR, 2010), a capacitação dos professoresna área <strong>da</strong> informática educativa é fun<strong>da</strong>mental e deve proporcionar experiênciascom as mesmas características às crianças, que são futuros ci<strong>da</strong>dãos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>deconecta<strong>da</strong>. E diz ain<strong>da</strong> que deverão se apropriar dos recursos tecnológicos,reformulando espaços, tempos e currículo.Percebeu-se, durante as observações e respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pela direção <strong>da</strong>sescolas municipais, que todos os professores têm em sua prática o hábito de utilizaro laboratório de informática como ferramenta na aprendizagem dos alunos. Os anosiniciais para ativi<strong>da</strong>des que complementam os estudos de sala de aula e os anosfinais para pesquisas que ampliam seus conhecimentos.Todo esse processo, para que o professor utilize o computador como umaferramenta de aprendizagem com os alunos, foi construído ao longo dos anos,desde a implantação dos laboratórios de informática nas escolas.Segundo Fernandes (2004), o trabalho do professor com o uso <strong>da</strong>informática exige do mesmo competências para li<strong>da</strong>r com este recurso, é necessárioo domínio do uso <strong>da</strong> máquina, de suas linguagens e precisa construirconhecimentos necessários para aplicar a informática no processo de ensinoaprendizagem.No curso de formação do PROINFO, espera-se que os professoresconstruam um novo perfil que os leve a ser:Autônomos, cooperativos, criativos e críticos; comprometidos com aaprendizagem permanente; mais envolvidos com uma nova ecologiacognitiva do que preocupações de ordem meramente didática; engajados noprocesso de formação do indivíduo para li<strong>da</strong>r com a incerteza e acomplexi<strong>da</strong>de na toma<strong>da</strong> de decisões e a responsabili<strong>da</strong>de decorrentes; ecapazes de manter uma relação prazerosa com a prática deintercomunicação (BRASIL, 1996, p. 13).Durante os estudos, percebeu-se que o professor é valorizado como umprofissional que possui saberes, que constrói junto com seus alunos, que tomadecisões e faz reflexões sobre situações enfrenta<strong>da</strong>s na sala de aula, provocando emediando a aprendizagem do aluno.


474.2.2 Metodologia de trabalho e organização do laboratório de informáticaA educação, ao longo dos anos, vem se preocupando com a formação deum ser crítico, responsável e atuante na socie<strong>da</strong>de. Isso acontece também com aalfabetização <strong>da</strong>s crianças, pois vivemos numa socie<strong>da</strong>de onde somos levados alugares distantes através <strong>da</strong>s tecnologias. Diante disso, existe uma preocupaçãoentre os professores na busca de desenvolver com competência a aquisição domundo letrado em que vivemos, já que o acesso às informações é ca<strong>da</strong> vez maisrápido e a participação de todos como ci<strong>da</strong>dãos é necessária.Diante disso, a metodologia de trabalho usa<strong>da</strong> pelo professor é muitoimportante para o sucesso <strong>da</strong> alfabetização.Quando os professores foram questionados sobre qual metodologia adotamem seu trabalho, percebeu-se que não há uma unificação, ca<strong>da</strong> professor adota ametodologia com a qual se identifica e acredita na alfabetização de seus alunos. Foicitado o método fônico, por projeto de aprendizagem e o tradicional.Segundo Valente (2005), quanto às abor<strong>da</strong>gens tradicional ou construtivista,tanto a que privilegia a transmissão de conhecimentos, quanto a que abor<strong>da</strong> aconstrução de conhecimentos:O professor deve estar preparado e saber intervir no processo deaprendizagem do aluno, para que ele seja capaz de transformar asinformações (transmiti<strong>da</strong>s ou pesquisa<strong>da</strong>s) em conhecimento, por meio desituações-probl<strong>ema</strong>, projetos e/ou outras ativi<strong>da</strong>des que envolvam açõesreflexivas. O importante é que haja um movimento entre essas duasabor<strong>da</strong>gens pe<strong>da</strong>gógicas de forma articula<strong>da</strong>, propiciando ao alunooportuni<strong>da</strong>des de construção do conhecimento (VALENTE, 2005, p.24,apud SILVA, 2009, p. 79).O que se percebe em comum é a preocupação de sempre partir <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>dedo aluno, <strong>da</strong>s suas experiências de vi<strong>da</strong> no contexto em que está inserido, como sepode observar nas respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s:PT1a – “No início do ano letivo faço um diagnóstico para ver quais as maioresnecessi<strong>da</strong>des do grupo quanto ao conhecimento do alfabeto, para depoisdesenvolver diferentes jogos partindo para a produção de palavras, frases epequenos textos.”


48PT2 – “Estou trabalhando por projetos, parto do interesse dos alunos, ou de algumanecessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> turma.”PT7 – “Parto <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de dos alunos de forma concreta, lúdica, através de projetosnas diferentes áreas do conhecimento, a partir do interesse e vontade dos alunos.Trabalho de forma varia<strong>da</strong> e procuro usar o que realmente tem sentido e importânciapara o processo de alfabetização, ampliando o conhecimento. Tendo interligar osassuntos para facilitar a compreensão e entendimento com uma sequência.”Partindo <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de dos alunos, não podemos fugir <strong>da</strong>s tecnologias queestão presentes no dia-a-dia <strong>da</strong>s crianças, principalmente o computador. É ummundo de informações que se abre diante dos olhos e projeta ideias inimagináveis.O computador funciona como um facilitador, permitindo o desenvolvimento de umasérie de habili<strong>da</strong>des que aju<strong>da</strong>m na solução de probl<strong>ema</strong>s, levando os alunos aaprender através de seus erros, sendo incentivado à reflexão e à crítica.Os professores de informática educativa seguem a metodologia por projetosde ensino e aprendizagem, como responderam nos questionários;PI1 – “A metodologia adota<strong>da</strong> na informática pelo município é trabalhar porprojetos. Na escola que atuo trabalhamos por projetos e também há momentos quenão seguimos uma metodologia específica, pois depende do que será trabalhado e oobjetivo do professor com a turma.”A organização <strong>da</strong>s aulas de informática, integra<strong>da</strong>s ao currículo, é um fatopositivo <strong>da</strong>s professoras participantes desta pesquisa. Para planejar e construir umambiente coerente com as necessi<strong>da</strong>des atuais, é preciso levar em conta asmu<strong>da</strong>nças no mundo a na socie<strong>da</strong>de e perceber as alterações no processo deconstrução do saber, na maneira como pensamos e aprendemos o mundo que noscerca.Fernandes (2004), diz que:Espera-se que ele (o professor), na sala de aula, promova a interação entrea informática e a sua disciplina e, por meio dessa interação, proporcioneaos alunos o acesso às novas informações, experiências e aprendizagensde modo que aprendem efetivamente, sejam críticos diante <strong>da</strong>s informaçõese do conhecimento promovido por meio <strong>da</strong> tecnologia (FERNANDES, 2004,p. 19).


49Na escola E1, durante as aulas de informática, são usados materiaisconcretos para o aluno entender melhor a ativi<strong>da</strong>de que está sendo realiza<strong>da</strong> nocomputador. Quando o aluno “erra”, é manipulando o concreto, que reflete sobre oerro, construindo o correto.Segundo as respostas dos questionários, a maioria <strong>da</strong>s escolas organiza oshorários de trabalho por agen<strong>da</strong>mento pelos professores quando têm necessi<strong>da</strong>de,de acordo com o trabalho que está sendo realizado em sala de aula. Uma escolatem horário fixo, devido ao fato de ser uma escola multisseria<strong>da</strong> e a professora deinformática educativa ir a esta escola neste dia.As ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s pelas professoras do segundo ano do ensinofun<strong>da</strong>mental, no qual acreditam que contribuem na alfabetização são:Ordenar alfabetoJogos diversosRelacionar letrasDramatizaçõesCaça-palavrasCruzadinhasALFABETIZAÇÃOMúsicasPesquisasQuebra-cabeçasCriar textosLeituras diversasOrtografiaFigura 1 – Mapa conceitual <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des dirigi<strong>da</strong>s realiza<strong>da</strong>s no Laboratório de InformáticaObservando as aulas regulares do segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental,percebeu-se que as ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s no laboratório de informática são umaextensão do trabalho realizado em sala de aula. A informática educativa está mesmosendo usa<strong>da</strong> como uma ferramenta a mais para a aprendizagem <strong>da</strong> leitura e escritapelos alunos do segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental.


50Ao analisar o Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico (PPP) <strong>da</strong>s escolas não foiencontrado nos mesmos um projeto específico sobre o uso <strong>da</strong>s tecnologias e uso dolaboratório de informática, apenas faz menção ao uso do computador e internet nasações do PPP e no item sobre o planejamento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des. Segundo Silva (2009),seria necessário ter nas escolas propostas pe<strong>da</strong>gógicas que enten<strong>da</strong>m o ambientevirtual como possibili<strong>da</strong>des e meio.4.2.3 Importância do uso <strong>da</strong>s tecnologias na alfabetizaçãoOutro aspecto importante observado nas respostas dos professores titulares<strong>da</strong>s turmas foi sobre a importância <strong>da</strong>s tecnologias na alfabetização:PTb – A partir <strong>da</strong>s tecnologias temos uma “gama” maior de recursos queatraem a curiosi<strong>da</strong>de dos alunos. A informática me auxilia neste processo, atravésde jogos e d<strong>ema</strong>is ativi<strong>da</strong>des.PT2 – “Penso que atraem a atenção, é mais atrativo, e diferente jogarmemória no computador, algo simples se torna diferente.”PT6 – “Aju<strong>da</strong> na descoberta e formulação de hipóteses para adquirir eaperfeiçoar o código alfabético.”PT7 – “Muito grande, pois através <strong>da</strong>s tecnologias as aulas ficamdiversifica<strong>da</strong>s e diferentes, criando outras possibili<strong>da</strong>des e alternativas naconstrução <strong>da</strong> leitura e escrita. Pois através <strong>da</strong> visualização e do som a criançarelembra o que já aprendeu na sala. Também tiramos dúvi<strong>da</strong>s sobre assuntos quesurgem no decorrer <strong>da</strong>s aulas. Realizamos leitura de textos e interpretações quetrazem informações importantes nesse processo. As aulas ficam mais interessantese prazerosas.”Valente (1993) destaca a seguinte ideia:A utilização <strong>da</strong>s TICs no ambiente escolar contribui para essa mu<strong>da</strong>nça deparadigmas, sobretudo, para o aumento <strong>da</strong> motivação em aprender, pois asferramentas de informática exercem um fascínio em nossos alunos. Se atecnologia for utiliza<strong>da</strong> de forma adequa<strong>da</strong>, tem muito a nos oferecer, aaprendizagem se tornará mais fácil e prazerosa, pois “as possibili<strong>da</strong>de deuso do computador como ferramenta educacional está crescendo e oslimites dessa expansão são desconhecidos (VALENTE, 1993, p. 01).


51O professor já se deu conta que não é mais a única fonte de informação econhecimento. Ele também tem como desafio reaprender a aprender em prol deuma aprendizagem que não apenas domine o conteúdo, mas que desenvolvahabili<strong>da</strong>des, competências, inteligências, atitudes e valores. O computador tem estafunção, de criar condições de aprendizagem de um jeito diferente <strong>da</strong> sala de aula.O referido autor ain<strong>da</strong> nos diz que: “O computador não é mais o instrumentoque ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve algo, e,portanto, o aprendizado ocorre pelo fato de estar executando uma tarefa porintermédio do computador” (VALENTE, 1998, p.12, apud, SILVA, 2009, p. 78).Os professores de informática consideram as tecnologias ferramentasimportantes na alfabetização:PI1 – “O uso <strong>da</strong>s tecnologias nos dias de hoje é essencial, pois estamosnuma era em que as tecnologias de informação estão tomando conta e precisamoster este contato para mantermos atualizados também. Acredito que o computador ea internet estimulem a leitura e escrita no âmbito escolar, basta para isso que aescola e o professor usem métodos para a adequação desse recurso, pois tanto astecnologias antigas quanto as atuais precisam de intervenção pe<strong>da</strong>gógica para obterresultados positivos diante <strong>da</strong> aprendizagem <strong>da</strong> leitura e escrita.”4.2.4 Interação dos alunos com a tecnologiaAo questionar as professoras do segundo ano como os alunos interagemcom as tecnologias, elas responderam que percebem a interação desta forma:PT1a – “Como a maioria são de uma classe baixa e não têm acesso amuitas tecnologias, eles mostram um grande interesse e constroem ótimasproduções.”PT1b – “Os alunos gostam muito pela varie<strong>da</strong>de dos recursos.”PT2 – “Adoram aulas varia<strong>da</strong>s, esperam com alegria pelo dia que vão àinformática e lá vão aprendendo a utilizar o computador.”


52PT7 – “Interagem muito bem, pois já têm certa noção sobre o funcionamentoe o uso do equipamento. Os alunos aprendem isso de um ano para o outro e quandoestão no segundo ano conseguem manusear com facili<strong>da</strong>de e mouse. Quanto àsativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s, também conhecem e se apropriam com muita agili<strong>da</strong>de.Gostam muito quando estão na aula de informática, pois ouvem e olham comatenção as ativi<strong>da</strong>des diferentes e legais. Percebe-se que os alunos vão além,buscando sempre mais e assim aju<strong>da</strong>ndo o outro neste processo de alfabetização,com o uso <strong>da</strong> tecnologia em si. Também têm o auxílio <strong>da</strong> professora de informática ea professora <strong>da</strong> turma.”PI1- “Temos alunos com diversas dificul<strong>da</strong>des de interagir com o mouse,mas quanto ao uso e interação com as tecnologias, demonstram euforia, alegria,atenção, enfim, interagem com muita dedicação, pois a maioria não tem o recursoem casa e a escola proporciona ao aluno este momento.”A interação dos alunos com o computador exige um processo de reflexão.Ele que coman<strong>da</strong> a máquina e deve pensar no que vai fazer e como vai fazer paraacertar, tanto nas ativi<strong>da</strong>des lúdicas como naquelas onde exigem domínio <strong>da</strong> escrita,leitura e interpretação de <strong>da</strong>dos.Numa observação realiza<strong>da</strong> na aula de informática educativa com os alunosdo segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental, na escola E1, com a turma <strong>da</strong> professoraPT1b, a professora responsável pelo laboratório de informática abriu comantecedência o programa com o qual os alunos trabalhariam. Segundo ela, é paraagilizar o tempo, pois os alunos vêm já querendo iniciar o trabalho e alguns ain<strong>da</strong>não conseguem abrir o programa seguindo orientações. A ferramenta utiliza<strong>da</strong> nocomputador neste dia foi o editor de textos, em que estavam criando um alfabeto,escrevendo no mínimo três palavras para ca<strong>da</strong> letra. Após digitaram um texto sobreuma palavra, que já haviam combinado em sala de aula.O trabalho realizado na aula de informática foi sobre um projeto que estásendo realizado com a turma, <strong>da</strong> leitura do livro “Batalhão de Letras” de MárioQuintana. Através destas ativi<strong>da</strong>des, os alunos interagiram com letra maiúscula,minúscula, pontuação, espaços, correção (já que to<strong>da</strong> vez que a palavra estavadigita<strong>da</strong> erra<strong>da</strong>, aparecia sublinha<strong>da</strong> de vermelho). Havia muita troca entre os alunospara acertar todos os erros, as professoras eram solicita<strong>da</strong>s a todo momento para acorreção. A turma tem alunos nos três níveis de leitura e escritura: pré-silábicos,


53silábicos, estando a maioria já alfabéticos. Os alunos pré-silábicos estavam emdupla com um colega alfabetizado. Esta troca contribuiu muito para a alfabetização.Durante as observações <strong>da</strong>s aulas de informática educativa, foi confirma<strong>da</strong> afala expressa pelos professoras. Alguns alunos têm dificul<strong>da</strong>de na coordenação domouse, mas demonstram muita dedicação e interesse nas ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s.Ao utilizar a ferramenta editor de texto do computador, é bem visível o quantodesenvolve aprendizagem nos alunos, na ortografia, letras maiúsculas e minúsculas,organização do parágrafo dentre outras.Silva (2009), diz que “Piaget e Vygotsky foram visionários no sentido deapontarem em suas pesquisas a importância do próprio sujeito em suasaprendizagens” (SILVA, 2009, p. 174).Nas aulas de informática educativa, o professor auxilia a interação do sujeitocom a máquina, produzindo conhecimento e facilitando as aprendizagens destesujeito.


CONSIDERAÇÕES FINAISO presente trabalho referenciou a <strong>contribuição</strong> <strong>da</strong> informática educativa naalfabetização dos alunos do segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Doisirmãos – RS, através <strong>da</strong> análise dos meios utilizados pelas professoras titulares dosegundo ano e professoras responsáveis pelo laboratório de informática de suaspráticas, acrescenta<strong>da</strong>s à sua formação e relaciona<strong>da</strong>s ao dia a dia nas escolas.A fim de atingir os objetivos propostos, a abor<strong>da</strong>gem adota<strong>da</strong> foi a depesquisa qualitativa. Os instrumentos utilizados foram questionário aos professorestitulares <strong>da</strong> turma do segundo ano, às direções <strong>da</strong>s escolas e às professorasresponsáveis pelo laboratório de informática; a observação; as anotações de campoe a análise de documentos. Estes instrumentos subsidiaram a coleta de informaçõespara posterior análise, possibilitando uma interpretação qualitativa do t<strong>ema</strong>pesquisado.Neste trabalho não se teve a pretensão de encontrar ver<strong>da</strong>des absolutas. Aintenção foi analisar como a informática educativa contribui no processo dealfabetização dos alunos do segundo ano, propondo uma reflexão de como sãoconstruídos os saberes dos professores na área de informática em relação ao usodo computador como uma ferramenta de ensino e aprendizagem no cotidianoescolar.Frente às constatações realiza<strong>da</strong>s, ficam evidentes as contribuições <strong>da</strong>informática educativa no processo de alfabetização. Assim, a hipótese inicial sobre ouso de ativi<strong>da</strong>des diversifica<strong>da</strong>s de alfabetização envolvendo leitura e escrita,associa<strong>da</strong>s aos recursos tecnológicos, mediados pelo professor, poderá promover aalfabetização <strong>da</strong>s crianças do segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental foi confirma<strong>da</strong>.O computador é um instrumento capaz de proporcionar aos alunos aoportuni<strong>da</strong>de de construir seu próprio conhecimento através <strong>da</strong> interação com oobjeto, que os estimula a pensar, refletir e a criar estratégias, tornando o processoatraente e prazeroso. Confirmando outra hipótese inicial: as novas tecnologiastornam as aulas mais atraentes e interessantes, assim, a prática <strong>da</strong> leitura e escritaneste ambiente de aprendizagem torna-se mais satisfatória e desperta o desejo <strong>da</strong>criança em aprender mais.


55De acordo com os participantes <strong>da</strong> pesquisa, constata-se que compreend<strong>ema</strong> informática educativa como um recurso a favor <strong>da</strong>s aprendizagens significativas doaluno e que esta também auxilia no desenvolvimento de habili<strong>da</strong>des tecnológicasbásicas no mundo de hoje.É um meio capaz de produzir conhecimento tanto ao aluno quanto aoprofessor. Para que a utilização desse recurso seja um sucesso, é necessário umplanejamento prévio, com objetivos claros e a criação de um ambiente desafiador.Quanto à hipótese inicial de que quando a criança não atinge umaaprendizagem satisfatória comumente buscam-se culpados: alunos, professores,sist<strong>ema</strong> de ensino, falta de materiais didáticos, o uso desta nova ferramenta deinformações e comunicação pode diminuir este fracasso escolar, tendo-o como umaliado para o desenvolvimento <strong>da</strong>s habili<strong>da</strong>des de leitura e escrita. Dever-se-ia fazerum estudo mais aprofun<strong>da</strong>do dos casos específicos com os alunos que nãoconseguem alfabetizar-se, e neste momento , um estudo de caso não foi o objetivo<strong>da</strong> pesquisa.Portanto, as tecnologias não podem ser ignora<strong>da</strong>s pela educação e, muitomenos, por aqueles que têm a função de auxiliar a pensar, repensar as mu<strong>da</strong>nçaspe<strong>da</strong>gógicas. A escola deve ser um local conectado com a atuali<strong>da</strong>de. A tecnologiadeve ser reconheci<strong>da</strong> como um auxiliar do processo educativo e suas ferramentasinstrumentos de ensino e aprendizagem.É fun<strong>da</strong>mental considerar que nossos alunos são formados dentro <strong>da</strong> culturadigital, antes mesmo de ingressar na escola. A aula deve ser prepara<strong>da</strong> para alémdo quadro de giz. A tela do computador constitui-se um outro universo para asaprendizagens.


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59ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ASSISTIDOPRÓ-REITORIA DE ENSINOINSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTESOrientador/a: profª Eliane Regina Martins AnselmoPesquisador/a: Luciane Ema BösingTERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ASSISTIDOO Centro Universitário Feevale atento aos seus compromissos institucionais e preocupadocom o desenvolvimento <strong>da</strong> região de sua abrangência deseja investigar Como a informáticaeducativa é utiliza<strong>da</strong> pelos professores no sentido de contribuir no processo de alfabetizaçãode alunos do segundo ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental. Para isto propõe a realização observaçõesnas aulas de informática educativa e sala de aula, questionário com as professora e direção <strong>da</strong>escola. Com isto se pretende buscar elementos que possibilitem conhecer refletir e probl<strong>ema</strong>tizarcomo a informática educativa é utiliza<strong>da</strong> pelos professores no sentido de contribuir no processo dealfabetização do segundo anos do Ensino Fun<strong>da</strong>mental.A pesquisa proposta não apresenta nenhum risco aos sujeitos pesquisados, sendo quepoderão, em qualquer tempo, desistir de sua participação nesta pesquisa. A pesquisadoracompromete-se em manter sigilo sobre o nome dos entrevistados que irão participar deste estudo. Os<strong>da</strong>dos coletados para o trabalho em questão serão utilizados no decorrer <strong>da</strong> pesquisa podendoocorrer sua publicação em forma de produção científica.Em respeito aos sujeitos envolvidos a pesquisadora coloca-se a disposição para eventuaisdúvi<strong>da</strong>s através do telefone 98060320 – Prof. Luciane BösingNovo Hamburgo, 13 de outubro de 2010.______________________________Nome legível do entrevistado_____________________________Pesquisadora – Luciane Bösing________________________________Orientador/a - Profª Eliane R. M. Anselmo


60APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES DO SEGUNDO ANODO ENSINO FUNDAMENTAL1- Há quanto tempo atuas como alfabetizadora?2- Qual a tua formação?3- Tens alguma formação específica para uso de tecnologias? Quais?4- Qual a metodologia de trabalho que adotas?5- Como organizas as aulas no laboratório de informática? Organizas umplanejamento específico para este momento?6- Que ativi<strong>da</strong>des usas que contribuem na alfabetização?7- Qual a importância do uso <strong>da</strong>s tecnologias para aprendizagem <strong>da</strong> leitura eescrita de teus alunos?8- Quais as tecnologias que usas?9- Como os alunos interagem com a tecnologia?


61APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO PARA A DIREÇÃO DA ESCOLA1- Como a escola organiza o Laboratório de Informática?2- Como é mantido o Laboratório de Informática? (aquisição de programas,recursos humanos, manutenção)3- Todos os professores utilizam o Laboratório de informática?


62APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES DO LABORATÓRIODE INFORMÁTICA1- Há quanto tempo atuas no laboratório de informática?2- Qual a tua formação? Tens alguma formação específica para uso <strong>da</strong>stecnologias? Quais?3- Qual a metodologia de trabalho que adotas?4- Como organizas as aulas no laboratório de informática? Há momento deplanejamento/troca com o professor titular <strong>da</strong> turma?5- Que ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s no laboratório de informática contribuem naalfabetização?6- Qual a importância do uso <strong>da</strong>s tecnologias para a aprendizagem <strong>da</strong> leitura eescrita dos alunos do segundo ano?7- Como os alunos interagem com a tecnologia?

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