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A ordem de um tempo: folhetos na coleção Barbosa Machado - Topoi

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A ORDEM DE UM TEMPO: FOLHETOS NA COLEÇÃO BARBOSA MACHADO • 103Mas, pelo que foi exposto, é possível dimensio<strong>na</strong>r melhor o significadoda história produzida pelo aba<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sever ao elaborar, or<strong>de</strong><strong>na</strong>r e doarsua coleção particular, após o <strong>de</strong>sastre que <strong>de</strong>sorganizou a vida <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>,capital do império português. À maneira do futuro Pombal, engenheirose planos urbanos que reedificaram Lisboa, Diogo <strong>Barbosa</strong> <strong>Machado</strong>também reestruturava seu espaço-<strong>tempo</strong>, com base em elementos antigosjustapostos a novos. Desse modo, a doação da coleção podia simbolizartambém <strong>um</strong> novo <strong>tempo</strong>, <strong>um</strong> marco <strong>de</strong> impacto <strong>na</strong> restituição da bibliotecarégia. Entretanto, essa “nova” história <strong>de</strong> Portugal e do império tambémpo<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>ve, ser a<strong>na</strong>lisada como repertório <strong>de</strong> histórias antigas.A busca da exata medida entre o velho e o novo, o antigo e o mo<strong>de</strong>rno,<strong>na</strong> obra do nosso Diogo, entre as diferentes concepções <strong>de</strong> história e asor<strong>de</strong>ns do <strong>tempo</strong>, permanece difícil, senão impossível. Fiquemos com amescla, as brechas e fissuras, e a subjetivida<strong>de</strong> do conhecimento histórico,em todos os <strong>tempo</strong>s – inclusive o nosso. E, em se tratando <strong>de</strong> <strong>um</strong> estudosobre o tema, lembremos da figura daquele velho monge cego, o venerávelJorge <strong>de</strong> Burgos, <strong>na</strong> biblioteca em forma <strong>de</strong> labirinto com espelhos e ervas,artífice do livro envene<strong>na</strong>do no romance <strong>de</strong> Umberto Eco. Parece que ocrítico literário, ao conceber a perso<strong>na</strong>gem, inspirou-se no homônimo JorgeLuis Borges, ex-diretor da Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>, autor do célebreconto La biblioteca <strong>de</strong> Babel. A biblioteca como livro, os livros comopági<strong>na</strong>s. Por trás <strong>de</strong> qualquer <strong>or<strong>de</strong>m</strong>, a <strong>de</strong>s<strong>or<strong>de</strong>m</strong>. 50Notas1Esta investigação se realiza <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 <strong>na</strong> Biblioteca Nacio<strong>na</strong>l, sob coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong>Rodrigo Bentes Monteiro e Pedro Cardim, conta com as pesquisas <strong>de</strong> David Felismino e<strong>de</strong> A<strong>na</strong> Paula Sampaio Cal<strong>de</strong>ira, e com o trabalho dos estagiários Pedro Fonseca <strong>de</strong> Araujo,Gustavo Kelly <strong>de</strong> Almeida, Jerônimo Duque Estrada <strong>de</strong> Barros e Jorge MirandaLeite. Agra<strong>de</strong>cemos a Valeria Gauz e Íris Kantor as sugestões para este artigo.2Diogo <strong>Barbosa</strong> <strong>Machado</strong> <strong>de</strong>screveu este conjunto doc<strong>um</strong>ental como <strong>um</strong>a “colecçãosingular, e <strong>de</strong> s<strong>um</strong>a estimação que consta <strong>de</strong> sucessos pertencentes à História <strong>de</strong> Portugalformada <strong>de</strong> vários livros <strong>de</strong> prosa e verso da dita história e reduzida a folha em vol<strong>um</strong>es...”Não usou, portanto, os termos <strong>folhetos</strong> ou opúsculos. No Vocabulário ... <strong>de</strong>Bluteau, opúsculo significa “obra, livro, tratado pequeno sobre qualquer matéria ...”, enão há menção a folheto. Os dois termos são empregados como sinônimos para referênciaaos doc<strong>um</strong>entos da coleção pelos bibliotecários Ramiz Galvão e Rosemarie Horch,como veremos adiante. MACHADO, Diogo <strong>Barbosa</strong>. Cathalogo dos Livros da LivrariaTOPOI, v. 8, n. 14, jan.-jun. 2007, pp. 77-113.

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