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A ordem de um tempo: folhetos na coleção Barbosa Machado - Topoi

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82 • RODRIGO BENTES MONTEIRO • ANA P. S AMPAIO CALDEIRAtambém aos objetos <strong>na</strong>turais e à n<strong>um</strong>ismática. A coleção dos marqueses <strong>de</strong>Abrantes era referência em medalhas, e o gabinete <strong>de</strong> D. João V centravasenos objetos <strong>de</strong> arte e <strong>na</strong> mineralogia. 11<strong>Barbosa</strong> <strong>Machado</strong> não se interessava por instr<strong>um</strong>entos científicos ouobjetos <strong>na</strong>turais, mas por doc<strong>um</strong>entos relativos ao passado português, imagens<strong>de</strong> homens valorosos <strong>de</strong>ssa história e mapas das conquistas lusas. Suacoleção não dizia respeito ao mundo da <strong>na</strong>tureza, mas à história <strong>de</strong> Portugal.Preocupado com o pretérito lusitano, ele colecionou durante anosdoc<strong>um</strong>entos referentes a este <strong>tempo</strong> e a <strong>um</strong> presente que <strong>um</strong> dia tambémse tor<strong>na</strong>ria pregresso. Dispostos em coleção, aqueles doc<strong>um</strong>entos permitiamque a memória <strong>de</strong> eventos e homens continuasse viva. Por sua vez, <strong>na</strong>coleção, esses <strong>folhetos</strong> mudavam seu estatuto, tor<strong>na</strong>ndo-se fontes que permitiamconservar <strong>um</strong>a relação com o passado, constituindo a memóriadaqueles homens e eventos, escolhidos por <strong>Barbosa</strong> <strong>Machado</strong> para sobreviveremao <strong>tempo</strong>.Mas não tratamos somente <strong>de</strong>sses objetos “sagrados”. Ao lado <strong>de</strong>les,segundo Pomian, estavam os homens semióforos, que se ro<strong>de</strong>avam <strong>de</strong> objetossemióforos e com isso a<strong>um</strong>entavam seu po<strong>de</strong>r em termos <strong>de</strong> significado:reis, clérigos, príncipes, mece<strong>na</strong>s. Coleções formadas em palácios,bibliotecas, ofici<strong>na</strong>s, junto aos centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. As semelhanças com asidéias <strong>de</strong> Ginzburg e Bouza Álvarez são evi<strong>de</strong>ntes, agora com o reforço daespecificida<strong>de</strong> do século XVIII. Tempo <strong>de</strong> florescimento das aca<strong>de</strong>miasliterárias, das bibliotecas, coleções, antiquários, instituições que impulsio<strong>na</strong>ramo afã pela pesquisa, pela compilação e publicação <strong>de</strong> textos. 12Estratégia e gostoTempo da trajetória do nosso Diogo, o colecio<strong>na</strong>dor. Isabel Ferreirada Mota comenta a ascensão social dos irmãos <strong>Barbosa</strong> <strong>Machado</strong>, vindosdas camadas médias <strong>de</strong> Lisboa. Todos eles ascen<strong>de</strong>ram através das letras.Inácio <strong>Barbosa</strong> <strong>Machado</strong> (1686-1766) foi juiz <strong>de</strong> fora em 1720 <strong>na</strong> Bahia,on<strong>de</strong> participou da Aca<strong>de</strong>mia dos Esquecidos, fundada em 1724. Com ofalecimento da esposa, ingressou no clero em 1734. Aposentado como<strong>de</strong>sembargador da Relação do Porto em 1748, foi nomeado <strong>de</strong>pois cronista-mordo reino. Membro da Aca<strong>de</strong>mia Real <strong>de</strong> História, ele <strong>de</strong>ixou, aoTOPOI, v. 8, n. 14, jan.-jun. 2007, pp. 77-113.

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