4. SÃndrome de alport: relato de caso - Hospital Universitário Getúlio ...
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SÍNDROME DE ALPORT: RELATO DE CASOSíndrome <strong>de</strong> AlportIntroduçãoA Síndrome <strong>de</strong> Alport (SA) é uma<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m hereditária que consiste porcomprometimento renal, que po<strong>de</strong> levar ànefropatia terminal, e extrarrenal, muitasvezes associada à perda auditiva e <strong>de</strong>feitosoculares. 1 Ocorre mais frequentemente emhomens do que em mulheres. Existe em duasformas <strong>de</strong> herança da doença, sendo umaligada ao X, em 85% dos <strong>caso</strong>s, explicada pormutações no gene COL4A5, e outros <strong>caso</strong>srelacionados à forma autossômica, po<strong>de</strong>ndoser recessiva (em 10 a 14% dos <strong>caso</strong>s) edominante, que é rara. 2,3As mutações presentes na SA produzemalterações na estrutura do colágeno tipo IV,resultando <strong>de</strong>feitos no enlaçamento e namontagem incorreta da molécula, sendo essaforma anômala <strong>de</strong>gradada rapidamente. 4Com relação ao quadro clínico, ahematúria microscópica é uma das principaiscaracterísticas e observada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> onascimento ou nos primeiros meses <strong>de</strong> vida,po<strong>de</strong>ndo posteriormente ser acompanhada<strong>de</strong> proteinúria e, no <strong>de</strong>correr da doença,<strong>de</strong>senvolver falência renal terminal. 5 Aperda auditiva neurossensorial é bilateral,simétrica e progressiva. Nas alteraçõesoculares, po<strong>de</strong>m-se encontrar manchasoculares, catarata, nistagmo e miopia, maso lentecone anterior, encontrado em 10 a30% dos <strong>caso</strong>s, é consi<strong>de</strong>rado patognomônicoda SA por muitos autores. A doença evoluiprogressivamente com a ida<strong>de</strong>, sendo emmuitos <strong>caso</strong>s já na adolescência encontradaperda visual e auditiva total e insuficiênciarenal crônica. 6,7Relato <strong>de</strong> <strong>caso</strong>Jovem <strong>de</strong> 19 anos, sexo masculino,natural <strong>de</strong> Manacapuru/AM e proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>Manaus/AM. Iniciou, em janeiro <strong>de</strong> 2011,quadro <strong>de</strong> astenia, inapetência, febre nãoaferida, calafrios com predomínio no turnomatutino, tosse com expectoração hialina,dor retroesternal e icterícia. Evoluiu comdiminuição da diurese, sem alterações dacoloração. Negou <strong>de</strong>mais queixas pulmonares,urinárias e perda pon<strong>de</strong>ral. Nos antece<strong>de</strong>ntespessoais <strong>relato</strong>u duas transfusões sanguínease varicela na infância. Na história familiar,irmão com IRC não especificada, transplantadoem 2010. Desconhece outras doenças nafamília. Admitido no Serviço <strong>de</strong> Nefrologiado <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio Vargas/Ufam com Exame <strong>de</strong> Urina tipo I mostrandoglicose 4+/4+, albumina 3+/4+, hemoglobina+/4+, 10 leucócitos por campo, bacteriúriaacentuada, células epiteliais frequentes,cristais <strong>de</strong> urato amorfos e hemáciasincontáveis. Exame <strong>de</strong> sangue mostrou ureia<strong>de</strong> 19.9, creatinina <strong>de</strong> 324 e CPK <strong>de</strong> 3479. Foirealizada ultrassonografia <strong>de</strong> rins, indicandonefropatia crônica bilateral. Iniciadoterapia <strong>de</strong> substituição renal (hemodiálise).Durante a internação foi observado quepaciente apresentava baixa acuida<strong>de</strong> visuale hipoacusia. Iniciou-se investigação paraSíndrome <strong>de</strong> Alport. Solicitado parecer daOftalmologia, que confirmou baixa acuida<strong>de</strong>visual e, à lâmpada <strong>de</strong> fenda, foi visualizadocom sinal <strong>de</strong> reflexo em gota <strong>de</strong> óleo emolho esquerdo, confirmando a presença<strong>de</strong> lentecone anterior (Figura 1). Por meioda Otorrinolaringologia, foi realizadaaudiometria, que evi<strong>de</strong>nciou perda auditivaneurossensorial severa em OD e mo<strong>de</strong>radaem OE. Com cinco critérios dos <strong>de</strong>z propostospara o diagnóstico <strong>de</strong> Síndrome <strong>de</strong> Alport,proposto por Pyrson em 1999 (Tabela 1), opaciente em questão fecha o diagnóstico.Evoluiu com melhora durante a internação.Otimizado tratamento medicamentoso econfeccionado fístula arteriovenosa paradiálise. Solicitado outros exames paracomplementação diagnóstica, tanto para opaciente quanto para os irmãos.36revistahugv - Revista do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio Vargasv.10. n. 2 jul./<strong>de</strong>z. – 2011