12.07.2015 Views

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Sânderson Reginaldo de Mellocomo<strong>da</strong>mente, o poeta imitador procura mais agra<strong>da</strong>r à tempestuosi<strong>da</strong>de docomportamento <strong>da</strong> multidão, nos seus estados de alma inferior, do mesmomodo com que o pintor realiza uma obra aquém do valor <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de e d<strong>as</strong>uperiori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alma (razão). Portanto, promovendo a corrupção d<strong>as</strong>ocie<strong>da</strong>de, o poeta e o pintor agem a partir de leis do<strong>ut</strong>rinári<strong>as</strong> dolos<strong>as</strong> à moraldo Estado - que deve sempre proceder segundo os alicerces <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de -,sendo, consequentemente, nocivos à vi<strong>da</strong> pública, pois se o Estado governa apartir de preceitos racionais e os homens são motivados a se tornaremmelhores ao conviverem em socie<strong>da</strong>de, por o<strong>ut</strong>ro lado, <strong>as</strong> artes mimétic<strong>as</strong>trabalham em oposição a essa perspectiva. Enfim, o pensamento crítico dePlatão indica que a poesia, ao suscitar estados de alma, como o ódio, aviolência, a br<strong>ut</strong>ali<strong>da</strong>de, os vícios etc., vergonhosos na vivência social, faz comque os mesmos se instaurem na alma através do pensamento; como também oriso, pela alegria do burlesco e d<strong>as</strong> emoções patétic<strong>as</strong>, cujo público é instigadoa aplaudir na incitação d<strong>as</strong> platei<strong>as</strong>. Nesse sentido, na interpelação de Sócratesa Glauco, Platão adverte: “no que diz respeito ao amor, à cólera e a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong>o<strong>ut</strong>r<strong>as</strong> paixões <strong>da</strong> alma, que acompanham ca<strong>da</strong> uma d<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> ações, aimitação poética não provoca em nós semelhantes efeitos?” (PLATÃO, 1997, p.336). Ao invés disso, prossegue Sócrates, a imitação poética (poesia e pintura)“fortalece-<strong>as</strong> regando-<strong>as</strong>, quando o certo seria secá-l<strong>as</strong>, faz com que reinemsobre nós, quando deveríamos reinar sobre el<strong>as</strong>, para nos tornarmos melhorese mais felizes, em vez de sermos mais viciosos e miseráveis” (PLATÃO, 1997, p.326). Enfim, Platão condena rigorosamente a obra de arte à falsi<strong>da</strong>de e aoimaginário nocivo.Por sua vez, Aristóteles (384-322 a.C.), sob um viés distinto dopensamento de Platão, retoma o conceito de mimese na Poética, e o confirmacomo principal alicerce d<strong>as</strong> considerações homológic<strong>as</strong> entre a poesia e apintura. Para Aristóteles, a analogia entre <strong>as</strong> artes se estabelece através doconceito de imitação, e defende a inerência <strong>da</strong> poesia à essência do gêneroMiscelânea, <strong>Assis</strong>, vol.7, jan./jun.2010 227

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!