12.07.2015 Views

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Sânderson Reginaldo de Melloque sua arte não possa suportar, pois, segundo Horácio, “a quem domina o<strong>as</strong>sunto escolhido não faltará eloquência, nem lúci<strong>da</strong> ordenação” (HORÁCIO,2005, p. 56).Nesse contexto, o poeta avalia que ca<strong>da</strong> a<strong>ut</strong>or deve saber respeitar anatureza e o tom de determinado gênero artístico, por exemplo, “um temacômico repugna ser desenvolvido em versos trágicos” (HORÁCIO, 2005, p. 57).To<strong>da</strong>via, Horácio aceita uma imitação que não perdesse sua coerência com areali<strong>da</strong>de, como anteriormente aconselhara aos poet<strong>as</strong>: “não se atribua aojovem o quinhão <strong>da</strong> velhice, nem a um menino o dum adulto, a personagemmanterá sempre o feitio próprio e conveniente a ca<strong>da</strong> quadra <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>”(HORÁCIO, 2005, p. 55), ou ain<strong>da</strong>, “não se distanciem <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>as</strong> ficçõesque visam o prazer” (HORÁCIO, 2005, p. 65), e, por o<strong>ut</strong>ro lado, adverte que éconveniente ao leitor não creditar como real em tudo o quanto se narra numafábula. Diante disso, Horácio sublima que o escritor irá receber todos os elogios<strong>da</strong> crítica e será o júbilo dos livreiros na medi<strong>da</strong> em que “mistura o útil e oagradável, deleitando e ao mesmo tempo instruindo o leitor” (HORÁCIO, 2005,p. 65), e portanto afirma, justamente nesse contexto, que <strong>as</strong>sim como secostuma praticar na arte <strong>da</strong> pintura, a arte poética deve proceder:Ut <strong>pictura</strong> poesis: erit quae, si proprius stes,te capiat magis, et quae<strong>da</strong>m, si longius abstes;haec amat obscurum, volet haec sub luce videri,iudicis arg<strong>ut</strong>um quae non formi<strong>da</strong>t acumen;haec placuit semel, haec deciens placebit. 15Entretanto, ao contrário do que a tradição crítica p<strong>as</strong>sou a generalizar,o <strong>ut</strong> <strong>pictura</strong> poesis de Horácio não supõe a correspondência integral d<strong>as</strong>relações homólog<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> artes imitativ<strong>as</strong>, sobretudo em se tratando <strong>da</strong>poesia e <strong>da</strong> pintura. Horácio não pretende postular a respeito d<strong>as</strong> semelhanç<strong>as</strong>15 Citação a partir de TRIMPI, Wesley. The meaning of horace’s <strong>ut</strong> <strong>pictura</strong> poesis. Journal of theWarburg and Courtauld Instit<strong>ut</strong>es, 1973, p. 1-34. Vol. 36. HORACIO, 2005, p. 65: “Poesia écomo pintura; uma te cativa mais, se te deténs mais perto; o<strong>ut</strong>ra, se te pões mais longe; estaprefere a penumbra; aquela quererá ser contempla<strong>da</strong> em plena luz, porque não teme o olharpenetrante do crítico; essa agradou uma vez; essa o<strong>ut</strong>ra, dez vezes repeti<strong>da</strong>, agra<strong>da</strong>rá sempre”(Tradução de Jaime Bruna).Miscelânea, <strong>Assis</strong>, vol.7, jan./jun.2010 235

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!