12.07.2015 Views

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

O "ut pictura poesis" e as origens críticas da ... - UNESP-Assis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sânderson Reginaldo de Mellohá analogi<strong>as</strong> entre <strong>as</strong> ações e <strong>as</strong> cores para a pintura, há também anecessi<strong>da</strong>de de amb<strong>as</strong> se constituírem estr<strong>ut</strong>uralmente num arranjo harmônico.Nesse sentido, <strong>as</strong> ações devem ser organizad<strong>as</strong>, evitando o ac<strong>as</strong>o, m<strong>as</strong> a partirde ações acabad<strong>as</strong>, isto é, inteir<strong>as</strong>, com começo, meio e fim. 13 Aristótelesexemplifica isso com a visualização de algum objeto dem<strong>as</strong>ia<strong>da</strong>mente grande,ou pequeno, pois, em ambos os c<strong>as</strong>os, o espectador perderia sua compreensão<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de e do todo. 14 Portanto, Aristóteles <strong>as</strong>socia esse mesmo preceito àpintura, pois, comparativamente, contempla que “<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> compost<strong>as</strong> e osanimais precisam ter um tamanho tal que possibilite aos olhos abrangê-losinteiros, <strong>as</strong>sim também é mister que <strong>as</strong> fábul<strong>as</strong> tenham uma extensão que amemória possa abranger inteira” (ARISTÓTELES, 2005, p. 27).Se o imitador (enten<strong>da</strong>-se tanto o poeta quanto o pintor, ou o<strong>ut</strong>roartista visual) imita o original de forma idêntica, similar, ou verossímil, devetomar cui<strong>da</strong>do para não cometer “erro de arte ou erro acidental”(ARISTÓTELES, 2005, p. 48). Aristóteles exemplifica isso com a possibili<strong>da</strong>de deerro cometido por um pintor que retratara um cavalo que parecia mover aomesmo tempo, na dianteira, amb<strong>as</strong> <strong>as</strong> pat<strong>as</strong> do lado direito. Para o filósofo,isso pode ser um erro de arte, porque não houve uma imitação correta, umavez que a imitação difere do original; porém, se houve algum equívoco quantoao conhecimento de alguma ciência por parte do pintor, vindo a representaralgo inverossímil, ou mesmo impossível, este cometera então um erro acidental.Da mesma forma, para se fazer compreender à censura <strong>da</strong> crítica, o poeta, <strong>as</strong>omente imita os mesmos modelos, m<strong>as</strong> também os embelezam. Paralelamente, Aristóteles n<strong>as</strong>considerações sobre a poesia, declara o poeta tão imitador quanto o pintor. A poesia, segundoo filósofo, se distingue <strong>da</strong> história pela imitação <strong>da</strong> natureza e, principalmente, pela criação doimaginário, ao representar <strong>as</strong> cois<strong>as</strong> tal como eram ou são, ou tal como os o<strong>ut</strong>ros disseram serou parecer, ou tal como deveriam ser.13 Mais à frente, Aristóteles irá declarar que a finali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> imitação não é unicamente umaação completa, sobretudo, aquel<strong>as</strong> que suscitam o temor e a pena do espectador. As emoçõesque decorrerem do inesperado serão mais intensamente despertad<strong>as</strong> no público. Essaorientação se inclina para <strong>as</strong> questões do reconhecimento, que, consequentemente, colaborapara a compreensão do que Aristóteles vem denominar de catarse, ou purificação d<strong>as</strong> emoções,por parte dos espectadores.14 De certa forma, essa mesma idéia pode ser também aplica<strong>da</strong> à pintura, e possivelmentegerou o interesse pel<strong>as</strong> regr<strong>as</strong> de proporção e perspectiva na arte <strong>da</strong> ren<strong>as</strong>cença.Miscelânea, <strong>Assis</strong>, vol.7, jan./jun.2010 231

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!