Diante da exploração a que foram submetidos e da invasão de suas terras, osindígenas tentaram reagir, mas seus meios de luta eram inferiores às armas de fogodos portugueses. Teve início assim um grande processo de extermínio das naçõesindígenas em nosso país, apesar de ainda hoje a resistência de seus descendentesestar presente nas lutas que travam, por exemplo, pela demarcação de suas terrasem vários estados brasileiros, inclusive em Mato Grosso do Sul.A cana-de-açúcarPorém, o grande impulso à economia colonial foi dado com o cultivo da cana--de-açúcar. Essa foi a principal riqueza do Brasil durante os séculos XVI e XVII.As lavouras que mais se destacaram foram as do Nordeste, especialmente as dePernambuco.Inicialmente, os colonos portugueses tentaram continuar utilizando o escravoindígena nas plantações de cana. Porém, logo apareceram algumas dificuldades.Uma delas eram as constantes fugas dos índios, pois, por serem conhecedoresdo território, eles embrenhavam-se frequentemente pelo interior, o que tornavadifícil sua captura. Também havia a oposição dos padres jesuítas à escravização dosindígenas (veja o capítulo 5). Além disso, o aumento da produção açucareira exigiamais trabalhadores.Houve ainda um forte motivo econômico para a substituição da mão de obraindígena. A Coroa portuguesa incentivou o comércio de africanos para virem trabalharcomo escravos no Brasil. Esse comércio humano trouxe lucros altíssimospara os traficantes de escravos e para a Coroa.O número de africanos escravizados logo superou o de indígenas. Calcula-seque de 3 a 5 milhões de escravos tenham sido trazidos da África para o Brasil entre1530 e 1850, quando o tráfico foi finalmente proibido.Devido ao alto custo dos escravos africanos, as capitanias do Sul não conseguiramcomprá-los e, assim, continuaram utilizando o trabalho forçado dos indígenas.Porém, para capturá-los, os colonos tiveram de organizar expedições para o interiordo Brasil.A grande propriedade açucareira chamava-se engenho. A produção de açúcarpara exportação era a principal atividade econômica dos engenhos. Ela exigia umagrande quantidade de terras e de trabalhadores, além de equipamentos caros,como a moenda para a moagem da cana e as fornalhas. O investimento era muitoalto e, por isso, para tornar-se um senhor de engenho, era preciso ter um grandecapital.Capital:Riqueza.40
Frans Post e G. Marcgraf. c. 1647. Foto: Manoel NovaesDetalhe de mapada capitania dePernambucocom ilustração deengenho decana-de-açúcar.Para a alimentação dos moradores do engenho, havia as plantações de subsistência,como as de feijão, mandioca, milho, legumes, frutas, bem como a criaçãode gado e animais domésticos. Por isso, dizemos que os engenhos eram autossuficientes,isto é, produziam a maioria dos produtos que consumiam.Embora a produção do açúcar fosse feita no Brasil e a venda na Europa pelosportugueses, boa parte dos lucros ficava com os banqueiros holandeses. Eram elesos principais financiadores do capital necessário para que os senhores de engenhobrasileiros expandissem seus negócios. Além disso, os holandeses lucravam tambémcom o refinamento (branqueamento) e mesmo com a distribuição comercial doaçúcar no mercado europeu.Hoje sabemos que o açúcar mascavo, escuro, tem maior valor nutricional queo açúcar refinado.Esta gravura, de1648, mostra negrosescravizados trabalhandona fabricação de açúcar:mexendo a calda quefervia em grandes tachose cuidando das formas emque eram moldados ospães de açúcar.Georg Marcgraf – Engenho de açúcar. 1648.Em Historia Naturalis Brasiliae – Amsterdã41