ESPECIAL | eduardo coutinho
Eduardo Coutinho lança o documentário As Canções e afirma que não vai maisfilmar histórias de vidaTEXTO paula fazzioFOTO daryan dornellesEduardo Coutinho não gosta de ser chamadode senhor nem usa a internet para encontrar informaçõessobre as pessoas que entrevista. “OGoogle não me diz se Napoleão morreu infeliz.”Para isso, prefere conversar pessoalmente e ouvirrelatos de vida, matéria-prima de seu trabalho.Ele traça seus roteiros da seguinte forma: origem,família, saúde, amor, sexo, dinheiro (e a falta dele)e morte. “E se tem morte existe religião”, acredita.Com uma equipe de pesquisa e reportagem,Coutinho já rodou quase 30 filmes, entre curtas,médias e longas-metragens. Dos seus 78 anos,passou os últimos 47 atrás das câmeras.Na Paraíba, registrou uma família camponesadespedaçada pelo regime militar (Cabra Marcadopara Morrer, 1984). Passou duas semanasno morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, pararetratar a violência que os moradores da favelaenfrentam diariamente (Santa Marta – DuasSemanas no Morro, 1987). Conversou com umacomunidade que vive no “lixão” (Boca de Lixo,1992), seguidores de Padre Cícero (Os Romeirosde Padre Cícero, 1994), moradores de um prédioem Copacabana (Edifício Master, 2002), operáriosda região do ABC paulista (Peões, 2004) eatores do grupo de teatro Galpão (Moscou, 2009).Escravidão, fé, velhice, Portinari, a virada do últimoséculo e interpretação teatral também já foramtema de seus filmes. Por mais brasileira queseja sua trajetória de documentários, Coutinhoconsegue imprimir marcas universais em cadaum deles. É possível sensibilizar-se com algunspersonagens em todos os seus filmes, mesmoque pertençam a uma realidade distante. “Coutinhofaz filme com os outros e não sobre os outros[...]. Ninguém está previamente condenadoa nada”, explica João Moreira Salles no prefáciodo livro O Documentário de Eduardo Coutinho:Televisão, Cinema e Vídeo (Jorge Zahar, 2004),de Consuelo Lins.Por isso uma força me leva a cantarHá algumas características que se repetem emquase todas as produções de Coutinho, apesarda variedade de assuntos abordados. A presençada música, por exemplo, é um elemento marcante.Em Jogo de Cena (2007), uma mulher canta acanção que usava para fazer a filha dormir, apósEduardo Coutinho: “Quando você tema mais dupla de tetine 30 anos, em a sua música casa passa no norte a terde a função londres de - preencher xx xxxxxxdff o passado” legenda falsaCONTINUUMvida éamigada arte2524