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Mui<strong>to</strong>s tributaristas consideram estesvalores um exagero, pois acabam dificultandoa vida do contribuinte que queiraacertar suas contas. É o caso de CelsoBotelho de Moraes, advogado tributarista,titular da Advocacia CBM, de São Paulo.“O problema é que se traçarmos umalinha imaginária, com uma carga tributáriasuportável, <strong>to</strong>dos pagam. Acima desta linha,por uma questão de sobrevivência aempresa pode acabar deixando de pagaros impos<strong>to</strong>s para honrar a folha de pagamen<strong>to</strong>ou para não <strong>to</strong>mar emprestado nobanco. Quando a empresa vai acertar, sedepara com os juros elevados, por exemplo.A empresa se vê em dificuldades paraacertar o que deve e continuar pagandoem dia os tribu<strong>to</strong>s vincendos”, conclui.SigiloSauro Henrique de Almeida,dire<strong>to</strong>r de Relações doTrabalho e Assun<strong>to</strong>sLegislativos da <strong>Fenacon</strong>Os percentuais de multas estabelecidospela Receita Federal variam de 75% a 225%sobre o valor do impos<strong>to</strong> devido. Ao serautuado, o contribuinte tem trinta dias parapagar o crédi<strong>to</strong> devido ou impugnar o resultado.Se o pagamen<strong>to</strong> for fei<strong>to</strong> à vista edentro do prazo, há um descon<strong>to</strong> de 50%.Mas, em alguns casos, a secretaria acabaincluindo os dados do devedor na DívidaAtiva, mui<strong>to</strong> antes de qualquer negociação,o que acaba sendo uma forma de pressão.No campo da fiscalização, outra formacom validade jurídica questionável, aindaque aprovada pelo Congresso, é o cruzamen<strong>to</strong>de dados, a partir da CPMF. Com apossibilidade da quebra do sigilo bancário,a SRF pode agora atuar como o Grande Irmãodo livro do escri<strong>to</strong>r britânico GeorgeOrwell, aquele que tudo vê e tudo sabe.No final do ano, a Receita Federal haviaconcluído processos fiscais contra 1.161contribuintes que fizeram movimentaçõesfinanceiras incompatíveis com a sua declaraçãode renda, com base em dadosobtidos no cruzamen<strong>to</strong> de informações daCPMF e do Impos<strong>to</strong> de Renda de 1998.Desses 1.161 contribuintes, 703 são pessoasfísicas e 458, empresas. As fiscalizaçõesresultaram em autuações que somaramR$ 587 milhões.A Receita provou que, desse <strong>to</strong>tal, 800contribuintes tiveram a intenção de cometera fraude e terão de pagar multa de 150%sobre o valor do impos<strong>to</strong> não recolhido.Entre os outros contribuintes autuados,não foi constatada a intenção da fraude.Ainda assim, esses contribuintes terão depagar multa de 75%.RefisSeguindo esta linha de ampliar as possibilidadesde arrecadação, a SRF instituiuo Refis - Programa de Recuperação Fiscal,que permite aos devedores de tribu<strong>to</strong>s econtribuições federais renegociar e parcelaro pagamen<strong>to</strong> de suas dívidas. As parcelassão corrigidas pela taxa Selic, o quedá cerca de 17% ao ano. Só para comparar,a caderneta de poupança paga 6,5% aoano, enquan<strong>to</strong> um bom fundo de aplicaçõeschegava no máximo a 14% ao ano, nofinal do último mês de outubro.Apenas em dezembro do ano passado,69.797 empresas foram excluídas do Refis.Das 129.089 empresas que aderiram ao programa,no início de 2000, restam apenas37.358 pagando seus débi<strong>to</strong>s com o governo,ou seja, só 28,9%. Um dos motivos paraa exclusão do programa é a inadimplênciapor três meses consecutivos ou seis intercaladosou o não recolhimen<strong>to</strong> regular dostribu<strong>to</strong>s e contribuições correntes.Dívida externaDados divulgados pelo IBGE, no últimomês de dezembro, apontaram que o crescimen<strong>to</strong>de 15,3% na arrecadação, de 1999Celso Botelho de Moraes:“se traçarmos uma linhaimaginária, com uma cargatributária suportável,<strong>to</strong>dos pagam”para 2000, fez com que a carga tributáriapassasse a representar 32,34% do PIB. Ouseja, de <strong>to</strong>das as riquezas produzidas pelopaís, os governos municipais, estaduais efederal ficaram com R$ 351,4 bilhões.Esse crescimen<strong>to</strong>, segundo o institu<strong>to</strong>, foiimpulsionado principalmente pelo aumen<strong>to</strong>da arrecadação de 81% da CPMF (aumen<strong>to</strong>da alíquota de 0,20% para 0,38% em junhode 1999 e redução para 0,30% em julho de2000); de 25% do Cofins (aumen<strong>to</strong> daalíquota de 2% para 3% a partir de março de1999 e obriga<strong>to</strong>riedade de pagamen<strong>to</strong> dessacontribuição pelas instituições financeiras).As despesas do governo federal concentram-se,ainda segundo o IBGE, sobretudo,na Previdência e no pagamen<strong>to</strong> dejuros da dívida pública. No período avaliado(1996 a 1998), as despesas com os pagamen<strong>to</strong>sefetuados a inativos e pensionistasaumentaram de 40% em 1996 para 42%em 1997, chegando a cerca de 44% em 1998.O pagamen<strong>to</strong> dos juros das dívidas internae externa consumiu, no ano de 1998,cerca de 19% do <strong>to</strong>tal das despesas. Emtermos de comparação, do <strong>to</strong>tal arrecadadopelo governo, cerca de 1% foi destinadoa programas de Meio Ambiente, Habitação/Urbanismoe Cultura/Despor<strong>to</strong>s. ASaúde ficou com 5,32 e a Educação, 3,07.Talvez <strong>to</strong>dos estes números expliquemos sucessivos recordes de arrecadação daReceita Federal ou o empenho do governoem adiar a Reforma Tributária. O ladoruim desta história é bem definido peloadvogado Celso Botelho: “diferentementede outros países, como na Escandinávia,por exemplo, não vemos o re<strong>to</strong>rno”.Colaborou: André Luiz de AndradeRevista <strong>Fenacon</strong> em Serviços - Edição 73 - 9

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