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MAURO SANTAYANA<br />
outros produtos como softwares seguros de comunicação estratégica,<br />
radares aéreos para os caças AMX e produtos espaciais.<br />
Consideran<strong>do</strong>-se que se trata de uma decisão meramente punitiva,<br />
ao fazer isso o juiz Moro age, no coman<strong>do</strong> da Operação<br />
Lava Jato, como agiria o líder de uma tropa de sabota<strong>do</strong>res estrangeiros<br />
que colocasse, diretamente, com essa sanção – e uma<br />
tremenda carga de irresponsabilidade estratégica e social – centenas<br />
de quilos de explosivos plásticos no casco desses submarinos,<br />
ou nos laboratórios onde ficam os protótipos desse míssil,<br />
sem o qual ficarão inermes os 36 aviões caça Gripen NG-BR<br />
que estão sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>s pelo <strong>Brasil</strong> com a Saab sueca.<br />
Que não tenha ele a ilusão de que essa sua sanha destrutiva<br />
esteja agradan<strong>do</strong> às centenas de técnicos envolvi<strong>do</strong>s com esses<br />
projetos, ou aos almirantes da Marinha e brigadeiros da Aero-<br />
Consideran<strong>do</strong>-<br />
-se que se trata<br />
de uma decisão<br />
meramente<br />
punitiva, ao fazer<br />
isso o juiz Moro<br />
age, no coman<strong>do</strong><br />
da Operação<br />
Lava Jato, como<br />
agiria o líder de<br />
uma tropa de<br />
sabota<strong>do</strong>res<br />
estrangeiros<br />
que colocasse,<br />
diretamente, com<br />
essa sanção – e<br />
uma tremenda<br />
carga de<br />
irresponsabilidade<br />
estratégica e<br />
social – centenas<br />
de quilos de<br />
explosivos<br />
plásticos no<br />
casco desses<br />
submarinos, ou<br />
nos laboratórios<br />
onde ficam os<br />
protótipos desse<br />
míssil, sem o qual<br />
ficarão inermes<br />
os 36 aviões caça<br />
Gripen<br />
náutica que, depois de esperar décadas pela aprovação desses<br />
programas, estão ven<strong>do</strong>-os sofrer a ameaça de serem destruí<strong>do</strong>s<br />
técnica e financeiramente de um dia para o outro.<br />
Como um inútil, estúpi<strong>do</strong>, sacrifício, um absur<strong>do</strong> e estéril tributo<br />
da Nação – chantageada e manipulada por uma parte antinacional<br />
da mídia, que não tem o menor compromisso com<br />
o futuro <strong>do</strong> país – a ser realiza<strong>do</strong> no altar da vaidade de quem<br />
parece pretender colocar toda a República de joelhos, até que<br />
alguém assuma a responsabilidade de impor, com determinação,<br />
bom senso e respeito à Lei e à Constituição Federal, limites<br />
à sua atuação e à implacável, imparável, destruição, de alguns<br />
<strong>do</strong>s principais projetos e empresas nacionais.<br />
Enquanto isso, para ridículo <strong>do</strong> país e divertimento de nossos<br />
concorrentes externos, nos congressos, nos governos, na área de<br />
inteligência, nas forças armadas de outros países, milhares de tupiniquins<br />
vibram, nos bares, na conversinha fiada <strong>do</strong> escritório, nos<br />
comentários que agridem e insultam a inteligência nas redes sociais,<br />
com a destruição de um <strong>do</strong>s principais grupos empresariais<br />
<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, deleitan<strong>do</strong>-se com a perda de negócios e empregos, e com<br />
a sabotagem e incompreensível inviabilização de algumas de nossas<br />
maiores obras de engenharia e de defesa, mergulha<strong>do</strong>s em uma<br />
orgia de desinformação, hipocrisia, manipulação e mediocridade.<br />
Mesmo que Marcelo Odebrecht venha a aceitar, eventualmente,<br />
fazer um acor<strong>do</strong> de delação premiada, nenhum jurista<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> reconheceria, moralmente, a sua legitimidade.<br />
Não se pode pressionar ninguém, a fazer acor<strong>do</strong>s com a Justiça,<br />
para fazer afirmações que dependerão da produção de provas<br />
futuras. Assim como não se pode confundir o combate à<br />
corrupção – se houver corruptos que sejam julga<strong>do</strong>s com amplo<br />
direito de defesa e encaminha<strong>do</strong>s exemplarmente à cadeia,<br />
estamos cheios de gente com contas na Suíça solta e sem contas<br />
na Suíça atrás das grades – com a onipotente destruição <strong>do</strong> país<br />
e de milhares de empregos e bilhões de reais em investimentos.<br />
A pergunta que não quer calar é a seguinte: se a situação fosse<br />
contrária, e um juiz norte-americano forma<strong>do</strong> no <strong>Brasil</strong> e<br />
“treina<strong>do</strong>” por autoridades brasileiras, a quem propôs, por mais<br />
de uma vez, sua “cooperação”, estivesse processan<strong>do</strong> um almirante<br />
envolvi<strong>do</strong> com o programa nuclear norte-americano, e<br />
influin<strong>do</strong> no destino de to<strong>do</strong> um programa de submarinos, da<br />
construção de um novo submarino atômico, e <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
de um míssil ar-ar para a US Air Force, a ponto de a empresa<br />
norte-americana responsável por ele ter de ser provavelmente<br />
vendida a estrangeiros, ele teria chega<strong>do</strong>, à posição em<br />
que chegou, em nosso país, o juiz Sérgio Moro?<br />
Ou já não teria si<strong>do</strong> denuncia<strong>do</strong> por pelo menos parte da<br />
imprensa <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, e chama<strong>do</strong> à razão, em nome da<br />
segurança e <strong>do</strong>s interesses nacionais, por autoridades – especialmente<br />
as judiciais – <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s? O único consolo<br />
que resta, nesta nação tomada pela loucura – lembramos por<br />
meio destas palavras, que quem sabe venham a ser transportadas,<br />
em bits, para o amanhã – é que, sob o olhar <strong>do</strong> tempo, que<br />
para to<strong>do</strong>s passará, inexorável, a História, magistrada definitiva<br />
e atenciosa, criteriosa e implacável, vigia, registra e julga.<br />
E cobrará caro no futuro.<br />
REVISTA DO BRASIL ABRIL 2016 17