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Revista do Brasil #116

revista de política, economia, cultura e ambiente

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MAURO SANTAYANA<br />

outros produtos como softwares seguros de comunicação estratégica,<br />

radares aéreos para os caças AMX e produtos espaciais.<br />

Consideran<strong>do</strong>-se que se trata de uma decisão meramente punitiva,<br />

ao fazer isso o juiz Moro age, no coman<strong>do</strong> da Operação<br />

Lava Jato, como agiria o líder de uma tropa de sabota<strong>do</strong>res estrangeiros<br />

que colocasse, diretamente, com essa sanção – e uma<br />

tremenda carga de irresponsabilidade estratégica e social – centenas<br />

de quilos de explosivos plásticos no casco desses submarinos,<br />

ou nos laboratórios onde ficam os protótipos desse míssil,<br />

sem o qual ficarão inermes os 36 aviões caça Gripen NG-BR<br />

que estão sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>s pelo <strong>Brasil</strong> com a Saab sueca.<br />

Que não tenha ele a ilusão de que essa sua sanha destrutiva<br />

esteja agradan<strong>do</strong> às centenas de técnicos envolvi<strong>do</strong>s com esses<br />

projetos, ou aos almirantes da Marinha e brigadeiros da Aero-<br />

Consideran<strong>do</strong>-<br />

-se que se trata<br />

de uma decisão<br />

meramente<br />

punitiva, ao fazer<br />

isso o juiz Moro<br />

age, no coman<strong>do</strong><br />

da Operação<br />

Lava Jato, como<br />

agiria o líder de<br />

uma tropa de<br />

sabota<strong>do</strong>res<br />

estrangeiros<br />

que colocasse,<br />

diretamente, com<br />

essa sanção – e<br />

uma tremenda<br />

carga de<br />

irresponsabilidade<br />

estratégica e<br />

social – centenas<br />

de quilos de<br />

explosivos<br />

plásticos no<br />

casco desses<br />

submarinos, ou<br />

nos laboratórios<br />

onde ficam os<br />

protótipos desse<br />

míssil, sem o qual<br />

ficarão inermes<br />

os 36 aviões caça<br />

Gripen<br />

náutica que, depois de esperar décadas pela aprovação desses<br />

programas, estão ven<strong>do</strong>-os sofrer a ameaça de serem destruí<strong>do</strong>s<br />

técnica e financeiramente de um dia para o outro.<br />

Como um inútil, estúpi<strong>do</strong>, sacrifício, um absur<strong>do</strong> e estéril tributo<br />

da Nação – chantageada e manipulada por uma parte antinacional<br />

da mídia, que não tem o menor compromisso com<br />

o futuro <strong>do</strong> país – a ser realiza<strong>do</strong> no altar da vaidade de quem<br />

parece pretender colocar toda a República de joelhos, até que<br />

alguém assuma a responsabilidade de impor, com determinação,<br />

bom senso e respeito à Lei e à Constituição Federal, limites<br />

à sua atuação e à implacável, imparável, destruição, de alguns<br />

<strong>do</strong>s principais projetos e empresas nacionais.<br />

Enquanto isso, para ridículo <strong>do</strong> país e divertimento de nossos<br />

concorrentes externos, nos congressos, nos governos, na área de<br />

inteligência, nas forças armadas de outros países, milhares de tupiniquins<br />

vibram, nos bares, na conversinha fiada <strong>do</strong> escritório, nos<br />

comentários que agridem e insultam a inteligência nas redes sociais,<br />

com a destruição de um <strong>do</strong>s principais grupos empresariais<br />

<strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>, deleitan<strong>do</strong>-se com a perda de negócios e empregos, e com<br />

a sabotagem e incompreensível inviabilização de algumas de nossas<br />

maiores obras de engenharia e de defesa, mergulha<strong>do</strong>s em uma<br />

orgia de desinformação, hipocrisia, manipulação e mediocridade.<br />

Mesmo que Marcelo Odebrecht venha a aceitar, eventualmente,<br />

fazer um acor<strong>do</strong> de delação premiada, nenhum jurista<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> reconheceria, moralmente, a sua legitimidade.<br />

Não se pode pressionar ninguém, a fazer acor<strong>do</strong>s com a Justiça,<br />

para fazer afirmações que dependerão da produção de provas<br />

futuras. Assim como não se pode confundir o combate à<br />

corrupção – se houver corruptos que sejam julga<strong>do</strong>s com amplo<br />

direito de defesa e encaminha<strong>do</strong>s exemplarmente à cadeia,<br />

estamos cheios de gente com contas na Suíça solta e sem contas<br />

na Suíça atrás das grades – com a onipotente destruição <strong>do</strong> país<br />

e de milhares de empregos e bilhões de reais em investimentos.<br />

A pergunta que não quer calar é a seguinte: se a situação fosse<br />

contrária, e um juiz norte-americano forma<strong>do</strong> no <strong>Brasil</strong> e<br />

“treina<strong>do</strong>” por autoridades brasileiras, a quem propôs, por mais<br />

de uma vez, sua “cooperação”, estivesse processan<strong>do</strong> um almirante<br />

envolvi<strong>do</strong> com o programa nuclear norte-americano, e<br />

influin<strong>do</strong> no destino de to<strong>do</strong> um programa de submarinos, da<br />

construção de um novo submarino atômico, e <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

de um míssil ar-ar para a US Air Force, a ponto de a empresa<br />

norte-americana responsável por ele ter de ser provavelmente<br />

vendida a estrangeiros, ele teria chega<strong>do</strong>, à posição em<br />

que chegou, em nosso país, o juiz Sérgio Moro?<br />

Ou já não teria si<strong>do</strong> denuncia<strong>do</strong> por pelo menos parte da<br />

imprensa <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, e chama<strong>do</strong> à razão, em nome da<br />

segurança e <strong>do</strong>s interesses nacionais, por autoridades – especialmente<br />

as judiciais – <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s? O único consolo<br />

que resta, nesta nação tomada pela loucura – lembramos por<br />

meio destas palavras, que quem sabe venham a ser transportadas,<br />

em bits, para o amanhã – é que, sob o olhar <strong>do</strong> tempo, que<br />

para to<strong>do</strong>s passará, inexorável, a História, magistrada definitiva<br />

e atenciosa, criteriosa e implacável, vigia, registra e julga.<br />

E cobrará caro no futuro.<br />

REVISTA DO BRASIL ABRIL 2016 17

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