ED113
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lição de vida<br />
Oscar Capucho<br />
Sensação nas Paralimpíadas,<br />
ator e bailarino segue nos palcos<br />
Fotos: Charles Pereira<br />
Quem esteve na cerimônia<br />
de abertura dos Jogos Paralímpicos<br />
Rio 2016, em<br />
7 de setembro último, ou<br />
viu o espetáculo pela tevê,<br />
com certeza se encantou com o número<br />
de dança executado pelos bailarinos<br />
cegos Oscar Capucho e Renata Prates.<br />
A dupla apresentou um pas des deux ao<br />
som de “Bachianas Brasileiras Nº 4”, de<br />
Heitor Villa-Lobos, logo após o número<br />
que reuniu 400 bailarinos dançando com<br />
bengalas gigantes de led, um dos pontos<br />
altos da festa.<br />
Aos 33 anos, o mineiro da cidade de<br />
Pedro Leopoldo/MG é também um ator<br />
tarimbado, há vários anos nos palcos. Até<br />
28 de novembro, por exemplo, esteve no<br />
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), de<br />
Belo Horizonte/MG, com o espetáculo “E<br />
a cor a gente imagina”, ao lado do diretor e<br />
bailarino Victor Alves, em que Capucho foi<br />
também o responsável pela dramaturgia.<br />
A montagem colocou em perspectiva o<br />
pensamento que se tem da visão e a forma<br />
como a pessoa com deficiência visual<br />
se relaciona com o mundo à sua volta.<br />
Cego desde a infância, ele perdeu o<br />
olho esquerdo aos 5 anos, por causa de<br />
um deslocamento de retina, devido a um<br />
alto grau de miopia, e o olho direito aos<br />
9 anos. “Como ainda era criança, foi uma<br />
grande novidade”, lembra o ator. “Encarei<br />
como uma brincadeira poder enxergar de<br />
outra forma, tocando e identificando os<br />
objetos através do toque. Acredito que<br />
para os meus pais não foi muito fácil.<br />
Quando recebemos a notícia, em um consultório<br />
médico, que infelizmente tudo<br />
que poderia ser feito já havia sido feito,<br />
eles choraram muito. Então eu disse: não<br />
chorem, vocês serão a luz dos meus olhos.<br />
Eles foram, fizeram de mim o homem que<br />
sou hoje, me deram estudo e me ensinaram<br />
entender a vida, respeitar minhas<br />
limitações e viver neste mundo caótico e<br />
tão pouco inclusivo”, conta.<br />
Capucho lembra que a vida escolar