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Gestão<br />
e mudança de modelo assistencial<br />
na atenção primária. A prática está<br />
mostrando que estamos equivocados”,<br />
continua Dr. Borem.<br />
Os melhores sistemas de saúde do<br />
mundo são centrados no paciente e<br />
não no médico ou no profissional de<br />
saúde; tem a atenção primária como<br />
base; e o pagamento está ligado à<br />
qualidade e não à quantidade. As<br />
doenças crônicas são muito bem<br />
gerenciadas. O cuidado é coordenado<br />
com o uso de protocolos, e o<br />
prontuário eletrônico é utilizado para<br />
gerir a saúde. É assim o modelo<br />
proposto pela Unimed do Brasil.<br />
Erros médicos<br />
Em 2004 a publicação “Cruzando o<br />
Abismo da Qualidade” desmentiu a<br />
crença de que a medicina americana<br />
era a melhor do mundo e abalou a<br />
tranquilidade da população, ao revelar<br />
resultados de um estudo em hospitais<br />
de que a medicina nos Estados Unidos<br />
estava matando 180 mil pessoas por<br />
ano. São 34 mil pessoas com sequelas<br />
definitivas e 926 mil com sequelas<br />
transitórias. Essa insegurança perdura<br />
até hoje e é o assunto do momento<br />
nos Estados Unidos, onde a medicina<br />
é a terceira causa de morte. É provável<br />
que a estimativa de erros médicos no<br />
Brasil seja de 40%.<br />
“É perigoso ir ao médico, e não é<br />
porque eles sejam ruins, mas porque<br />
o sistema não incentiva, não privilegia<br />
a qualidade. Hoje, o sistema de saúde<br />
não é seguro. Está melhorando com<br />
uma série de ações importantes como<br />
essas que conhecemos, de voltar a<br />
atenção para a medicina de família e de<br />
iniciativas de instituições de pesquisa<br />
como o Institute for Healthcare and<br />
Improvement (IHI)”, afirma Dr. Borem.<br />
Médico pessoal<br />
Assim o novo modelo assistencial<br />
proposto apoia-se em um Núcleo de<br />
Saúde da Família, que traz de volta a<br />
figura do “médico pessoal”, o médico<br />
de família, que acompanha o paciente<br />
por toda a vida e é o seu gestor de<br />
saúde; põe o cliente em primeiro<br />
lugar; tem Atenção Ativa, baseada<br />
em evidencias; e usa a Tecnologia da<br />
Informação – Registro Eletrônico Saúde,<br />
como ferramenta de gestão.<br />
“É preciso ter, principalmente,<br />
capacidade de TI, orçamento e<br />
engajamento dos cooperados para<br />
mudar o sistema, que começa com<br />
a mudança no modelo ambulatorial,<br />
introduzindo a medicina de atenção<br />
primária gradualmente. Em todos<br />
os sistemas bons que visitamos,<br />
encontramos a medicina de família<br />
como base”, conta o coordenador,<br />
que acrescenta: “ Poderíamos reduzir<br />
as internações em 720 mil com uma<br />
economia possível de 1,8 bilhão de<br />
reais”.<br />
Para ele, é um equívoco tentar resolver<br />
os problemas tendo como ponto de<br />
partida a melhoria da remuneração<br />
médica, porque a boa remuneração<br />
é a consequência natural de um bom<br />
modelo assistencial.<br />
“Temos um desafio à nossa frente.<br />
A mudança do modelo assistencial<br />
é uma necessidade real. Estamos<br />
acompanhando os estudos feitos pela<br />
Unimed do Brasil, trouxemos o Dr.<br />
Paulo Borem para aprofundar nossos<br />
conhecimentos e estamos analisando<br />
o cenário no qual estamos inseridos.<br />
Sabemos que não é fácil mudar o<br />
atual sistema, mas é um investimento<br />
necessário se quisermos cumprir nossa<br />
missão de prestar a assistência médica<br />
de qualidade e remunerar dignamente<br />
nossos cooperados”, afirma o diretor de<br />
Planejamento e Controle, Dr. Breno de<br />
Faria, que teve a iniciativa de promover<br />
a palestra do coordenador do Grupo<br />
de Reforma do Modelo Assistencial, Dr.<br />
Paulo Borem.<br />
CONSAD<br />
Os diretores da Cooperativa<br />
participaram ativamente da<br />
discussão, levantando questões<br />
importantes a respeito das formas<br />
de implantação desse novo<br />
modelo.<br />
Coletiva | Novembro Dezembro <strong>2012</strong> 19