01 - Nick Push

― Joshua. Eu vi você no mercado. Eu vi o seu coração
quebrar quando você não pôde cuidar de seu filho do jeito que
você queria. Eu vi que mesmo de coração partido, você deixou
algo que você gostava naquela loja de skate.
― Não há sobrinha, não é? ― Eu botei pra fora.
Ela me ignorou e olhou em volta.
― Eu sei que não parece muito uma casa, mas você e
Tommy podem torná-la a sua casa.
Me perguntam muito como eu faço isso: criar uma criança
sozinho e não ser amargo sobre a vida que tenho. Aqui está a
resposta: eu acordo todas as manhãs.
É isso aí. Não há segredos ocultos, sem palavras de
sabedoria ou incentivo.
Eu acordei.
Respirei ar novo.
E cai mais de amor pelo garoto que eu criei.
Tommy agachou na frente do corredor de cereais, seu rosto
se contorcendo com aquele olhar que eu aprendi a reconhecer ao
longo do ano passado de sua vida. Então ele começou a grunhir.
Eu fiz uma careta.
― Aposto que é um grande cocô, hein?
Seu rosto ficou um tom mais escuro. Ele resmungou mais
alto e eu não pude deixar de rir. Ele me observava através de
seus olhos azuis claros. Eu li em algum lugar que um monte de
bebês nascem com olhos azuis, mas eles podem mudar ao longo
do tempo. Uma parte de mim esperava que o seu mudasse,
tornar-se marrom como meu. Porque cada vez que eu olhava em
seus olhos, eu via Natalie. Isso não me deixava com raiva ou
mais chateado como era antes. É apenas uma espécie de desejo.
Tipo, eu gostaria que ele tivesse mais de mim nele do que dela.