01 - Nick Push

Eu olho em volta para todos os caras com que eu estive
trabalhando pelos últimos três anos. Seus sorrisos iguais ao de
Robby.
― Ok, eu acho. Hum... eu vou sair?
O lugar explode com gritos e aplausos tão altos que ecoam
nas paredes e a próxima coisa que eu sei é que estou sendo
agarrado pela cintura e jogado no chão, uma dúzia de homens
rindo, bagunçando meu cabelo enquanto todos eles celebram por
mim.
― O que diabos vocês estão fazendo?
― Ferramentas para baixo! ― Robby grita, e nós passamos a
tarde bebendo cerveja e comendo pizza.
Eu acho que foi uma despedida para mim e para uma vida
que eu conhecia.
O resto acontece em um borrão.
Eu dedico cada vitória, cada perda, cada manobra para o
homem que me criou. E quando eu vejo o sol mergulhando
abaixo do horizonte de qualquer half-pipe eu me encontro, eu
fecho meus olhos e eu o sinto comigo, me observando. E quando
o sol desaparece e a noite assume, eu rio e ponho a merda pra
fora com meu skate, não por raiva, mas por me lembrar que as
nossas, as imperfeições nos tornam reais e nos tornam humanos,
mas nós não somos essas merdas.
E quando as competições terminam, e as entrevistas e as
campanha publicitárias do evento acabam e eu estou deitado
sozinho em um quarto escuro de hotel, eu cedo à dormência que
sempre bate pela metade que falta do meu coração e eu penso
sobre ela. Eu fecho meus olhos e eu a vejo na minha visão, a
sensação dos seus cabelos entre meus dedos e sua pele quente
contra meus lábios enquanto eu beijo seu pescoço, segurando-a,
mantendo-a sempre comigo. Então ela se afasta, o lábio inferior
entre os dentes e ela sorri. Ela sorri e abre os olhos e mesmo que,
no fundo, eu saiba que é um sonho, uma memória e que, quando