07.05.2017 Views

MAIO-2017-Nº 229

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Directora: Sandra Ferreira | Sub-director: Armindo Alves | Ano: XXIII | Número <strong>229</strong> | Maio <strong>2017</strong> | Preço: Grátis | Periodicidade: Mensal<br />

EDITORIAL<br />

Maio<br />

Mês da Mãe<br />

03<br />

LEGISLAÇÃO<br />

Informações<br />

fiscais<br />

COMUNIDADE<br />

04<br />

Assembleia<br />

Geral CLZ<br />

08<br />

O ÓDIO E CINISMO ESTÁ<br />

IMPLANTADO NA SOCIEDADE..<br />

HÁ POUCO AMOR PELO PRÓXIMO<br />

Rosa Fangueiro<br />

Páginas 8 e 9


2 Lusitano<br />

Centro Lusitano de Zurique<br />

Birmensdorferstr, 48<br />

8004 Zürich<br />

www.cldz.ch - info@cldz.ch<br />

PUBLICIDADE<br />

Consulado Geral de Portugal em Zurique<br />

Zeltweg 13 - 8032 Zurique<br />

Tel. Geral: 044 200 30 40<br />

Serviços de ensino: 044 200 30 55<br />

Serviços sociais: 044 261 33 32<br />

Abertura de segunda a sexta-feira das<br />

08:30 às 14:30 horas<br />

Edição anterior<br />

Directora: Sandra Ferreira | Sub-director: Armindo Alves | Ano: XXIII | Número 228 | Abril <strong>2017</strong> | Preço: Grátis | Periodicidade: Mensal<br />

EDITORIAL<br />

Obrigado<br />

trinta e três anos<br />

Centro Lusitano de Zurique<br />

trinta e três anos ao serviço<br />

da Comunidade Portuguesa<br />

03<br />

Bufete, reserva de refeições 077 403 72 55<br />

Cursos de alemão 076 332 08 34<br />

Direcção<br />

044 241 52 60 / info@cldz.ch<br />

Futebol<br />

079 531 48 60 / gualterpereira84outlook.pt<br />

InCentro<br />

incentro@cldz.ch<br />

Embaixada de Portugal<br />

Weitpoststr. 20 - 3000 Bern 15<br />

Secção consular: 031 351 17 73<br />

Serviçoa sociais: 031 351 17 42<br />

Serviços de ensino: 031 352 73 49<br />

Serviços municipais de informação para<br />

imigrantes - Zurique (Welcome Desk)<br />

Stadthausquai 17 - Postfach 8022 Zurique<br />

Tel.: 044 412 37 37<br />

DIREITO<br />

Divórcio<br />

Crianças<br />

EFEMÉRIDE<br />

25 Abril<br />

Abutres<br />

19<br />

28<br />

UMA NOITE HARMONIOSA ENTRE<br />

ASSOCIAÇÕES, AMIGOS, SÓCIOS,<br />

FAMILIARES E SOBRETUDO UM<br />

SERÃO DEDICADO À GASTRONOMIA<br />

E CULTURA POPULAR.<br />

Páginas 8 e 9<br />

Publicidade 079 222 09 14 / alves.armindo@kronschnabl.ch<br />

Rancho folclórico 076 344 40 91 / rancho@cldz.ch<br />

Vamos contar uma história 079 647 01 46<br />

Polícia 117<br />

Bombeiros 118<br />

Ambulância 144<br />

Intoxicações 145<br />

Rega 1414<br />

Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH<br />

Katholische Mission der Portugiesischsprechenden<br />

Fellenbergstrasse 291, Postfach 217 - 8047 Zürich<br />

Tel.: 044 242 06 40 7 044 242 06 45 - Email: mclp.zh@gmail.com<br />

Horário de atendimento:<br />

- segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h<br />

Publicidade


EQUIPA EDITORIAL<br />

Directora<br />

Sandra Ferreira - CC nº28<br />

lusitanozurique@gmail.com<br />

Sub-director<br />

Armindo Alves - CC nº31<br />

alves.armindo@kronschnabl.ch<br />

EDITORIAL<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

Editorial<br />

3<br />

Colaboração<br />

4 Cristina Fernandes Alves CC nº32<br />

4 Maria José Bernardo CC nº29<br />

4 Pedro Nabais CC nº 30<br />

4 Joana Araújo CC nº27<br />

4 Jorge Rodrigues CC nº33<br />

4 Jorge Macieira CC nº 66<br />

4 Maria dos Santos CC nº 65<br />

4 Daniel Bohren<br />

4 Zuila Messmer<br />

4 Domingos Pereira<br />

4 Carmindo de Carvalho<br />

4 Euclides Cavaco<br />

4 Carlos Ademar<br />

4 Carlos Matos Gomes<br />

4 Amílcar Malhó<br />

Nota: Os artigos assinados re fle ctem tão-somente<br />

a opinião dos seus autores e não vinculam<br />

necessariamente a Direcção desta Revista<br />

Publicidade:<br />

alves.armindo@kronschnabl.ch<br />

Tel.: 079 222 09 14<br />

Edição, composição<br />

e paginação<br />

Manuel Araújo -Jornalista 4365<br />

Braga – Portugal<br />

araujo@manuelaraujo.org<br />

Tel.:(+351) 912 410 333<br />

Impressão: DM Braga<br />

Tiragem: 2000 exemplares<br />

Periodicidade: Mensal<br />

Distribuição gratuita<br />

Esta publicação não<br />

adopta nem respeita o<br />

(des)Acordo Ortográfico<br />

Propriedade<br />

& administração:<br />

Centro Lusitano de Zurique<br />

Birmensdorferstrasse 48<br />

8004 Zürich<br />

Tel.: 044 241 52 60<br />

Fax: 044 241 53 59<br />

Web: www.cldz.ch<br />

E-mail: info@cldz.ch<br />

Sandra Ferreira<br />

Directora<br />

Cartão C.C. nº 28 - CCPJ<br />

Maio: mês da Mãe<br />

Com certeza ser-me-ia mais fácil este mês falar sobre trabalho, política<br />

ou economia. Mas como este é um mês em que dedicamos à Mãe, decidi<br />

falar um pouco de mim e de como vejo o papel de mãe hoje em dia.<br />

Nunca pensei muito em relação ao que é ser mãe, ao que se espera de uma<br />

mãe, e ao que na realidade isso verdadeiramente significa. Hoje mãe de duas<br />

pequenas princesas posso dizer que foi a experiência mais significativa e desafiante<br />

que tive e tenho na minha vida.<br />

Ser mãe é, sem dúvida nenhuma, uma aventura para a qual nascemos, mas da<br />

qual não fazemos a mínima ideia. Para mim foi exactamente isso que significou<br />

na minha primeira gravidez. Sem nunca ter lido muito sobre o assunto,<br />

de repente vemo-nos com um ser tão frágil nos braços e a cada choro, sem<br />

saber o que fazer, vamos descobrindo e conhecendo um pouco mais daquele<br />

ser. Entramos no mundo do desconhecido e trazemos de lá uma mala cheia de<br />

coisas novas e de aprendizagens constantes.<br />

Mas não seria verdadeira, se dissesse que ser mãe são apenas coisas boas.<br />

Não, não é. Ser mãe traz com ela uma grande número de sentimentos que<br />

passamos a vida a tentar ignorar ou a fugir deles. Traz-nos a incerteza, as<br />

escolhas mais difíceis, e principalmente o medo.<br />

Um medo enorme! Medo da perda, medo de não estar a contribuir para uma<br />

boa educação, medo do futuro das nossas crianças, num mundo dominado<br />

por loucos e psicopatas!<br />

Sim esse é um dos meus maiores medos, e com o qual me debato todos os<br />

dias. O que será das minhas filhas, num mundo capitalista desmedido, num<br />

mundo em que, se de um lado, a extrema-direita louca ganha cada vez mais<br />

terreno, do outro temos ditadores disfarçados de benfeitores. De um mundo<br />

onde está iminente uma das piores guerras mundiais. De um mundo que tenta<br />

tornar-nos cegos e surdos oferecendo as mais altas tecnologias nesse sentido.<br />

E eu sem saber como posso proteger as minhas filhas deste maléfico futuro<br />

dá um medo colossal.<br />

O que posso dizer é que se não conseguimos mudar, pelo menos alertar para tal.<br />

Posso também dizer que se aprende muito com os filhos, o que faz com que<br />

este lado obscuro do medo por vezes se desvaneça e veja a luz ao fundo do<br />

túnel.<br />

Eles nos ensinam a ser tolerantes, a ter mais paciência, a reconhecer novamente<br />

a humildade, a aceitar as diferenças, a relativar o tempo (que para nos<br />

parece que não pára), a prescindir do que não interessa e a fazer escolhas.<br />

Concluindo: eles tornam-nos uma pessoa melhor! Muito melhor do que aquela<br />

que o mundo tenta destruir em nós.


4 Lusitano<br />

ASSOCIATIVISMO<br />

C.L.Z. foi pequeno<br />

dezenas de pessoas assistiram à sessão de esclarecimento<br />

sobre a troca de informações fiscais<br />

ARMINDO ALVES<br />

Como um pouco por toda a Suíça,<br />

multiplicam-se as sessões<br />

de esclarecimento sobre a declaração<br />

dos bens patrimoniais<br />

ao fisco helvético. A sessão foi<br />

orientada pelo conselheiro da<br />

comunidade Domingos Pereira,<br />

e foi baseada no seguinte:<br />

--A troca automática de informações<br />

permite aos estados<br />

signatários trocar entre si informações<br />

sobre contas bancárias.<br />

As bases legais que permitem<br />

esta troca entraram em vigor<br />

a 1 de Janeiro de <strong>2017</strong>. Os dados<br />

começarão a ser recolhidos<br />

neste ano e uma primeira troca<br />

terá lugar em 2018. A Suíça assinou<br />

para isso um acordo com a<br />

União Europeia.<br />

Um contribuinte do país A detém<br />

uma conta no país B. O banco<br />

do país B comunica determinados<br />

dados sobre essa conta<br />

às autoridades fiscais do país B.<br />

Estas comunicam esses dados<br />

automaticamente às autoridades<br />

do país A. Estas obtêm assim<br />

informações sobre as contas<br />

situadas no país B.<br />

- Na Suíça, os contribuintes são<br />

legalmente obrigados a anunciar,<br />

na declaração de impostos,<br />

os rendimentos, os bens e as<br />

dívidas que têm em qualquer<br />

parte do mundo. Com a maior<br />

parte dos países da União Europeia,<br />

existem acordos para<br />

evitar a dupla tributação. Isto<br />

significa que os rendimentos,<br />

os bens e as dívidas só são tidos<br />

em conta para o cálculo da taxa<br />

de impostos na Suíça: só é pago<br />

um imposto sobre estes valores,<br />

mas os rendimentos e os bens<br />

na Suíça são sujeitos a uma taxa<br />

que foi calculada com os valores<br />

do estrangeiro.<br />

-Quem recebe ajuda social e<br />

possui rendimentos ou bens no<br />

estrangeiro sem os ter declarado<br />

à segurança social, comete<br />

uma infração.<br />

Com a entrada em vigor da Lei<br />

de expulsão de estrangeiros criminosos,<br />

isto tornou-se um delito<br />

penal (denominado abuso da<br />

segurança social)<br />

Este delito é válido para todos<br />

e é passível de pena de multa<br />

ou de prisão. Para pessoas de<br />

nacionalidade estrangeira, este<br />

delito pode levar à expulsão do<br />

país.<br />

A troca automática de informações<br />

só será feita entre as autoridades<br />

fiscais e as informações<br />

não serão automaticamente<br />

transmitidas à segurança social<br />

Mas é previsível que, entre as<br />

autoridades fiscais e cantonais,<br />

venha a existir uma troca de informações,<br />

no âmbito de medidas<br />

para a prevenção de abusos.<br />

Ter bens não significa automaticamente<br />

não ter direito a prestações<br />

complementares. Há um<br />

valor mínimo de bens a que se<br />

tem direito. É conveniente que<br />

as pessoas nesta situação se informem<br />

devidamente.


CIDADANIA<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

5<br />

Recenseamento<br />

Eleitoral Automático<br />

- O Conselho de Ministros aprovou recentemente uma proposta<br />

de lei a apresentar ao Parlamento que introduz o recenseamento<br />

eleitoral automático para os cidadãos portugueses residentes no<br />

estrangeiro, eliminando-se a necessidade da sua inscrição voluntária<br />

junto da representação consular da área da residência. Com a<br />

aprovação deste projecto pela Assembleia da República, os Portugueses<br />

no estrangeiro maiores e portadores de cartão de cidadão<br />

ficam automaticamente recenseados, tal como acontece já com os<br />

Portugueses residentes em território nacional.<br />

- A inovação legislativa proposta constitui uma importante reforma<br />

em matéria de desburocratização administrativa, uma vez que,<br />

para se inscreverem no recenseamento eleitoral, os Portugueses no<br />

estrangeiro portadores de cartão de cidadão deixarão de ter de se<br />

deslocar às nossas Embaixadas e aos nossos Consulados, evitando<br />

as despesas que estão associadas. Prevê-se que a medida abranja<br />

1,2 milhões de portugueses.<br />

- A medida corresponde também a um legítimo anseio dos cidadãos<br />

portugueses residentes no exterior e é também uma medida de<br />

aproximação do País aos Portugueses lá fora, pois é removido um<br />

entrave administrativo à sua participação na vida política do país.<br />

Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas<br />

Residentes no Estrangeiro<br />

QUAL É O BANCO QUE<br />

O LIGA A PORTUGAL?<br />

A Caixa, com certeza. Um Banco com 140 anos de história<br />

e uma vasta experiência na oferta de soluções financeiras<br />

adequadas a quem está longe.<br />

A CAIXA. COM CERTEZA.<br />

www.cgd.pt | (+351) 707 24 24 24 | 24h todos os dias do ano | Informe-se na Caixa.<br />

A Caixa Geral de Depósitos S.A. é autorizada pelo Banco de Portugal.


6 Lusitano<br />

COMUNIDADE<br />

Rosa Fangueiro<br />

A ALMA LUSITANA<br />

CHAMA POR MIM E SOU<br />

FIEL AO QUE O MEU<br />

CORAÇÃO DITA<br />

MARIA DOS SANTOS<br />

Rosa Fangueiro chegou à Suíça em 1971,<br />

quando a comunidade portuguesa era<br />

ainda muito reduzida.<br />

Nascida em Alter do Chão no Alto Alentejo,<br />

lutou com rigor e disciplina, por uma<br />

integração num país que iria ser o seu leito<br />

durante 47 anos!<br />

Trabalhou em apenas três firmas e foi a<br />

conhecida ABB que lhe deu estabilidade<br />

profissional e onde ficou nada mais que<br />

trinta e oito anos.<br />

O seu percurso de vida solitário, deu-lhe<br />

momentos floridos e algumas amarguras,<br />

porque com a solidão ninguém é feliz.<br />

Estável e com grande capacidade de gerir<br />

os seus sentimentos, consegui conquistar<br />

grandes amizades que tornaram a sua<br />

vida mais equilibrada e feliz.<br />

Rosa Fangueiro deixa o país dos chocolates<br />

com nostalgia, mas com um sorriso, porque<br />

sabe que pelo menos uma porta fica aberta<br />

para regressar e matar saudades.


COMUNIDADE<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

7<br />

C.L.Z. — Chegastes nos anos<br />

70 à Suíça. Como descreves<br />

as alterações até aos dias de<br />

hoje?<br />

Rosa Fangueiro — Os anos setenta<br />

e oitenta foram de grande<br />

mudança e desenvolvimento,<br />

tanto na questão laboral como<br />

social. Quando cheguei á Suíça<br />

éramos nós que escolhíamos<br />

a empresa e o trabalho. Havia<br />

pouca mão-de-obra. Com a<br />

chegada de muita emigração e<br />

com as novas tecnologias, tudo<br />

mudou.<br />

C.L.Z. — Sempre estivestes<br />

perto e por dentro da comunidade<br />

portuguesa. Com o<br />

passar do tempo tudo mudou.<br />

Como vês o movimento associativo<br />

no antes e depois?<br />

R.F. — É verdade, sempre estive<br />

algo distante, mas sempre<br />

frequentei não assiduamente<br />

as associações. Admiro o movimento<br />

associativo e tudo o<br />

que aportam aos nossos emigrantes,<br />

fazem-nos sentir em<br />

território português e confesso<br />

que admiro este afazer das nossa<br />

colectividades, em manter<br />

as famílias unidas, preservando<br />

ao mesmo tempo a nossa cultura.<br />

C.L.Z. — O que te levou a nunca<br />

seres sócia de uma colectividade<br />

portuguesa?<br />

R.F — Quiçá o desconhecimento<br />

das actividades por elas<br />

elaboradas associado ao pouco<br />

tempo disponível que sempre<br />

tive.<br />

C.L.Z. — O empenho dos portugueses<br />

em mostrarem a<br />

cultura tem-se intensificado.<br />

Como vês os grupos tanto de<br />

folclore, como musicais, ou<br />

mesmo desportivos?<br />

R.F. — É com muito orgulho que<br />

hoje vivo o associativismo na<br />

perseverança da nossa cultura.<br />

Todas as associações têm feito<br />

um trabalho extraordinário<br />

para divulgar e manter as nossas<br />

raízes, mostrando com muito<br />

empenho o que de melhor<br />

temos. Espero sinceramente<br />

que nunca desistam, para que<br />

o reconhecimento continue a<br />

alcançar em território helvético<br />

e também noutros países.<br />

C.L.Z. — Foste uma das poucas<br />

pessoas que se destacaram<br />

pela sabedoria de ter conhecimento<br />

linguístico, para uma<br />

melhor adaptação. Depois de<br />

46 anos, pensas que te conseguiste<br />

adaptar a 100% ou isso<br />

é impossível?<br />

R.F. — Penso que tudo é possível.<br />

Temos que ter uma mente<br />

aberta a inovações e mudanças.<br />

Não nos devemos fechar<br />

no nosso nacionalismo. Certo é<br />

que quanto mais participarmos<br />

em eventos do país que nos<br />

acolheu, mais confortáveis nos<br />

sentimos. Aprender o mais rapidamente<br />

possível o idioma é<br />

uma mais valia e garante um futuro<br />

melhor (falo por experiência<br />

própria) podemos e devemos<br />

manter a nossa humildade, sem<br />

deixarmos de ser nós próprios.<br />

C.L.Z. — Hoje mais perto dos<br />

70 e longe dos 60 e com imensas<br />

experiências, que fica desse<br />

sentimento tão difícil de<br />

conseguir que é uma amizade<br />

pura e verdadeira?<br />

R.F. — Como se costuma dizer a<br />

vida é uma lição. Aprendemos<br />

a superar desilusões, mas não<br />

deixamos de esperar que alguém<br />

surta e que mereça a<br />

nossa amizade. O apego exige<br />

confiança, sinceridade e respeito.<br />

Sem tudo isto que é enorme<br />

não merece a pena.<br />

C.L.Z. — As políticas nacionais<br />

e internacionais, estão carregadas<br />

de corrupção e o ódio<br />

começa a instalar-se. Acreditas<br />

numa terceira guerra mundial?<br />

R.F. — Infelizmente receio bem<br />

que sim. Temo por esse momento.<br />

O ódio e cinismo está<br />

implantado na sociedade. Há<br />

pouco amor pelo próximo.<br />

O ÓDIO E CINISMO<br />

ESTÁ IMPLANTADO NA<br />

SOCIEDADE.. HÁ POUCO<br />

AMOR PELO PRÓXIMO<br />

C.L.Z. — Muito se tem falado<br />

na pena de morte. Que pensas<br />

desta condenação, por vezes<br />

se bem que muitas poucas foram<br />

injustas?<br />

R.F. — Sou contra, por haver<br />

pessoas inocentes e onde por<br />

vezes se procura apenas um<br />

culpado. Sou adepta de penas<br />

pesadas, como prisão perpétua<br />

ou trabalhos forçados em caso<br />

de homicídio ou violação quando<br />

comprovados. Não estou de<br />

acordo, com a redução de pena<br />

quando justificado o crime.<br />

C.L.Z. — És uma seguidora da<br />

revista do centro Lusitano de<br />

Zurich. Que opinião tens do<br />

seu conteúdo?<br />

R.F. — Adoro e admiro a revista<br />

do C.L.Z. Estou sempre ansiosa<br />

pelo próximo número. Interessa-me<br />

o conteúdo jurídico,<br />

as manifestações culturais,<br />

noticias sobre a comunidade,<br />

leis, gastronomia, e em geral<br />

SEGUROS<br />

Doença ( krakenkasse )<br />

210.70 Chf ( adultos / +25 anos )<br />

205.90 Chf ( adultos / 19-25 anos )<br />

47.40 Chf ( menores / 0-18 anos )<br />

VIDA, JURÍDICO<br />

ACIDENTES<br />

AUTOMÓVEL<br />

POUPANÇA REFORMA, etc...<br />

todos os artigos, que estão<br />

bem estruturados. Fascina-me<br />

a poesia que me toca na alma.<br />

Parabéns a todos os colaboradores<br />

e continuem a participar<br />

nesta revista, que muito aporta<br />

à comunidade. Não desistam<br />

dos vossos sonhos.<br />

C.L.Z. — Dentro de muito pouco<br />

regressas a Portugal. Que<br />

mensagem deixas a todos<br />

os portugueses e sobretudo<br />

àqueles que conhecestes de<br />

mais perto?<br />

R.F. — Sim chegou o momento<br />

de dizer adeus, ou aufwiedersehen.<br />

Agradeço à Suíça o que<br />

Portugal nunca me poderia<br />

dar. Levarei comigo momentos<br />

inesquecíveis de pessoas<br />

que sempre estiveram ao meu<br />

lado, me deram carinho, respeitaram<br />

e me valorizaram.<br />

Verdadeiros amigos que o tempo<br />

não teve e não terá o valor<br />

de apagar. A todos eles amigos<br />

e conhecidos desejo um futuro<br />

promissor e nunca desistam<br />

de lutar pelos vossos objectivos<br />

e sonhos. Já o nosso poeta<br />

dizia: “Vale sempre a pena<br />

quando a alma não é pequena.”<br />

Não será fácil voltar ao<br />

país que me viu nascer, mas a<br />

alma lusitana chama por mim<br />

e sou fiel ao que o meu coração<br />

dita. A todos aquele abraço<br />

cheio de carinho e espero que<br />

este país esteja sempre orgulhoso<br />

da nossa comunidade.<br />

C.L.Z — Felicidades Rosa e que<br />

possas desfrutar de Lisboa, dos<br />

fados, do seu céu azul e de toda<br />

a cultura que sempre abraçaste.<br />

CRÉDITOS DESDE 8,9%<br />

*Compra de outros créditos, “Permissos” L, B, C<br />

CONTACTOS<br />

Birmensdorferstrasse, 55 – 8004 Zürich<br />

Junto à Estação de Wiedikon<br />

Frente ao Centro Lusitano de Zurique<br />

Telm.: 076 336 93 71 * Tel.: 043 811 52 80<br />

wwww.andradefinance.ch<br />

info@andradefinance.ch


8 Lusitano<br />

ASSOCIATIVISMO<br />

Assembleia Geral do C.L.Z.<br />

No passado dia 29 de Março, realizou-se a anual Assembleia Geral<br />

do Centro Lusitano de Zurique.<br />

Na presença de cerca de duas dezenas de sócios, foi feita uma<br />

revisão à acta da última Assembleia-Geral, assim como foram<br />

apresentados os relatórios de contas do ano 2016.<br />

Os regulamentos internos do C.L.Z também estiveram em discussão<br />

e por fim foi feita a apresentação das actividades para<br />

<strong>2017</strong>.<br />

No final de uma tarde serena, em que tudo foi aprovado com a<br />

maioria dos votos a favor, foi hora de os sócios brindarem a mais<br />

um ano cheio de trabalho para o Centro Lusitano de Zurique.


COMUNIDADE<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

9<br />

Noite de fados no CLZ<br />

com Paula Barroso<br />

Passado dia 1 de Abril, o buffet do<br />

Centro Lusitano de Zurique teve casa<br />

cheia com cerca de 60 pessoas numa<br />

noite de fados com a fadista Paula<br />

Barroso vinda directamente de Braga<br />

a norte de Portugal acompanhada pelos<br />

seus tocadores.<br />

Com um ambiente típico de casas de<br />

fado de Alfama com uma decoração<br />

bem decorativa e dentro do tema desta<br />

noite tornando o ambiente temático<br />

na sala.<br />

Uma noite diferente que agradou a<br />

todos os presentes na sala, graças ao<br />

bom fado que se ouviu e a variedade<br />

da comida servida durante a refeição<br />

O fado foi um estilo musical que foi<br />

eleito pela UNESCO em 2011 Património<br />

Imaterial que tiveram como<br />

embaixadores Mariza e Carlos do<br />

Carmo, que tanto caracteriza o nosso<br />

Portugal.<br />

Paula Barroso natural de Braga com<br />

39 anos de idade e há 10 a cantar fado,<br />

vencedora do Festival Internacional<br />

de Clermont-Ferrand veio actuar ao<br />

Buffet do Centro Lusitano de Zurique<br />

CLZ - Lembra-se de quando e onde<br />

começou a cantar o fado?<br />

PB - Comecei em 2007 perto das exposições<br />

de Braga numa grande noite<br />

de fados.<br />

Paula Barroso - Para si o Fado em que<br />

se consiste?<br />

PB - O fado para mim na minha vida é<br />

uma grande parte e que me faz feliz.<br />

CLZ - Qual o seu fado preferido e qual<br />

o motivo?<br />

PB - É o fado menor, o “xaile da minha<br />

mãe” diz muito de mim, relata a antiguidade<br />

e relata a minha vida desde<br />

pequena.<br />

CLZ - Carlos do Carmo, Camané e<br />

Amália são as suas maiores influências?<br />

PB - A minha maior influência é sem<br />

dúvida a Amália.<br />

CLZ - Para além de si, na sua opinião,<br />

quais as principais fadistas portuguesas?<br />

PB - Amália, Fernanda Maria, Lucília<br />

do Carmo, mas agora das mais actuais<br />

Ana Moura e Carminho.<br />

CLZ - De que é que sente mais saudades<br />

quando está fora de Portugal?<br />

PB - Sinto-me muito bem, sinto-me<br />

em casa só sinto mesmo saudades dos<br />

meus filhos.<br />

CLZ - Como é recebida pela comunidade<br />

portuguesa quando se desloca<br />

ao estrangeiro?<br />

PB - Sempre muito bem recebida por<br />

todos os portugueses, acho que ajudo<br />

a trazer uma bela parte do nosso país a<br />

comunidade na Suíça.<br />

CLZ - Já deu bastantes concertos, qual<br />

dos palcos foi para si mais especial?<br />

PB - Cada espectáculo é importante e<br />

especial, mas o concerto no festival internacional<br />

de Clermont-Ferrand onde<br />

ganhei o primeiro prémio.<br />

Resposta rápida<br />

Fado -> vida<br />

Portugal -> Emoção<br />

Portugueses -> Maravilhosos<br />

Filhos -> 4<br />

Palco -> Amo<br />

Cantar -> Adoro


10 Lusitano<br />

PUBLICIDADE<br />

18:00- prè-atuação do Rancho Folclórico D.C.D.N.T<br />

(Arbon)<br />

18:30– Missa Solene acompanhada pelo Coro e<br />

Orquestra Musical de St. Gallen.(Iddastrasse 33, 9008 SG)<br />

19:00– Prossição de Velas com o Andor da Sra. de<br />

Fatima e Pastorinhos em direção à casa de St. António<br />

(Heimatstrasse 13, 9008 SG).<br />

No final dos atos religiosos terá início a atuação do<br />

Rancho Folclórico D.C.D.N.T. (Arbon), no Salão da<br />

casa de St. António,( Heimatstrasse 13, 9008 SG) pela<br />

primeira vez em St. Gallen.<br />

Será servido um simbólico jantar oferta da Paroquia<br />

Sobremesa e bebidas serão vendidas a Preço<br />

simbólico.<br />

Sorteio de um Cabaz Surpresa<br />

Contacto : 079 639 14 05 ( Lucia Ramalho)


OPINIÃO<br />

Maio <strong>2017</strong> 11<br />

“A MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA”<br />

DOMINGOS PEREIRA<br />

Palavras escritas<br />

por Fernando Pessoa<br />

entre 1888-<br />

1935, que ficaram<br />

só na memória dos<br />

que assim, como<br />

ele, cito: “tem um<br />

sentido, um alto sentimento<br />

patriótico”.<br />

Passado um século, subscrevo estas palavras,<br />

e, como outrora disse Fernando Pessoa,<br />

não me apoio em nenhum sentimento<br />

politico ou movimento social. Tenho sim, um<br />

dever de cidadania, consciência, o desejo<br />

de manter meus vínculos culturais, assim<br />

como, consolidá-los, transmiti-los aos<br />

meus descendentes.<br />

Desejo este, que é difícil de realizar, não<br />

por opção mas imposição. Porque ser cidadão<br />

português e viver fora do território<br />

físico de Portugal é a mesma coisa que ser<br />

uma encomenda (catalogada) na prateleira<br />

de armazém à espera de ser trocada como<br />

numerário.<br />

Estar longe de Portugal não é, nem nunca,<br />

motivo de limitações em usar, praticar,<br />

proclamar no dia-a-dia com os que me estão<br />

mais próximos “a minha pátria”. Assim<br />

como certamente para maioria dos cinco<br />

milhões de portugueses a residir no estrangeiro.<br />

Mas os impositores, talvez por desconhecimento,<br />

ou por outros motivos…, os<br />

quais desconheço, decidiram catalogar-<br />

-nos (portugueses) segundo a sua origem<br />

territorial. Sendo que, somos cidadãos do<br />

mesmo país, (residindo dentro ou fora do<br />

mesmo) “mas de pátria diferente”.<br />

A catalogação define que o cidadão português<br />

residente goza dos seus direitos civis<br />

e políticos e obrigações constitucionais. O<br />

Português a residir no estrangeiro, (inerente<br />

à sua condição) goza do dever de cumprir<br />

com as obrigações constitucionais.<br />

É o caso da saúde, o dever cívico, o acesso<br />

ao Ensino e Cultura Portuguesa. Sendo<br />

este último, de conhecimento público<br />

que desde de Dezembro de 2011 que os<br />

legisladores decidiram rebaptiza-la de<br />

Português Língua de Herança, entenda-se:<br />

Português para Estrangeiros. Desde então,<br />

valorizam-na como língua de todos os cidadãos<br />

dos cinco continentes e assim, os<br />

filhos de Portugal resta-lhes “uma pátria<br />

incógnita”.<br />

Se somos Portugueses constitucionalmente,<br />

mesmo não tendo a mesma origem,<br />

porquê não temos os mesmos direitos<br />

constitucionais?<br />

É verdade que vivemos num mundo globalizado,<br />

numa sociedade multilinguística,<br />

multicultural, onde a diversidade é fundamental,<br />

uma mais-valia para aqueles que se<br />

adaptam. É neste contexto, por esta razão,<br />

que não compreendo porquê (também) não<br />

existe nas comunidades o Ensino da Língua<br />

Portuguesa como Língua Materna?<br />

Defendo-o, porque só desta forma se<br />

pode manter, reforçar, transmitir vínculos<br />

culturais e identitários aos nossos filhos e<br />

luso-descendentes. Mas também, porque<br />

é uma base fundamental (reconhecida por<br />

estudos publicados) para que as nossas<br />

crianças e jovens na aprendizagem de outras<br />

línguas, por isto e por tudo supracitado,<br />

- uma mais-valia - neste mundo multilinguístico,<br />

seja ele físico ou digital.<br />

Um crédito superior a CHF 10 000,– com uma taxa anual efetiva entre 7.9 % e 9.9 % (intervalo da<br />

taxa de juro) resulta, em 12 meses, num encargo total com juros entre CHF 417,80 a CHF 521,00.<br />

Taxa de juro dependente da qualidade do crédito do cliente. Observação de acordo com a lei:<br />

A concessão de crédito é proibida caso conduza a um endividamento excessivo (artigo 3.º UWG).<br />

CREDIT-now é uma marca de produto do BANK-now AG, Horgen.<br />

Desemprego súbito: posso proteger o meu crédito contra esta situação?<br />

Sim, com a nossa proteção de crédito.<br />

ü Em caso de incapacidade ou desemprego,<br />

cobertura das prestações mensais<br />

ü Para informações contacte o seu departamento português<br />

e fale na sua lingua materna 0800 40 40 12<br />

Há sempre uma solução


12 Lusitano<br />

DESPORTO<br />

Juniores C do Centro Lusitano<br />

regressaram ao trabalho<br />

JORGE MACIEIRA<br />

A equipa dos juniores C do<br />

Centro Lusitano regressou<br />

ao campeonato no passado<br />

dia 8 de Março um sábado de<br />

manha, em Sonnau, depois da<br />

pausa de inverno do campeonato.<br />

Nesse jogo contra o FC Wollishofen<br />

houve um resultado<br />

bastante diferenciado tendo<br />

terminado com 12-0 para a<br />

equipa visitante, mostrando<br />

uma boa finalização no momento<br />

do remate a baliza.<br />

Logo a seguir a meio da semana,<br />

mais precisamente na<br />

quarta-feira, os juniores C<br />

receberam o FC Dietikon em<br />

casa. Foi mais outro resultado<br />

a acabar em goleada. Oito<br />

a três foi o resultado para a<br />

equipa lusitana.<br />

Durante a primeira metade<br />

da época os resultados não<br />

surgiram e a equipa comandada<br />

por Victor Carneiro<br />

está agora a querer apagar<br />

a imagem menos positiva ao<br />

praticarem o seu futebol juntamente<br />

com muitos golos.<br />

Actualmente os Juniores<br />

C assumiram a liderança do<br />

grupo com seis pontos, com<br />

20 golos marcados e três golos<br />

sofridos.<br />

CALENDÁRIO<br />

13.05.<strong>2017</strong><br />

12:30 Centro Lusitano<br />

Zurich a vs Benfica<br />

Clube de Zurique<br />

b(Juniores D/A)<br />

12:45 FC Oberrieden<br />

vs Centro Lusitano<br />

Zurich (Juniores B)<br />

14:00 FC Industrie<br />

Turicum b* vs Centro<br />

Lusitano Zurich (Juniores<br />

C)<br />

14:00 FC Schlieren<br />

c vs Centro Lusitano Zurich (Juniores D/B)<br />

16:00 Centro Lusitano Zurich vs Team Herrliberg-Küsnacht(Veteranos)<br />

17:00 Centro Lusitano Zurich 1 vs FC<br />

Hellas 1(Seniores)<br />

14.05.<strong>2017</strong><br />

14:00 Centro Lusitano Zurich vs BC Albisrieden<br />

(Juniores A Masculino)<br />

16:00 Centro Lusitano Zurich vs SC Wipkingen<br />

ZH(Juniores A Feminino)<br />

19.05.<strong>2017</strong><br />

20:00 Team Witikon-Neumünster vs Centro<br />

Lusitano Zurich(Veteranos<br />

20.05.<strong>2017</strong><br />

10:30 Centro Lusitano Zurich a vs FC Srbija<br />

ZH (Juniores D/A)<br />

12:30 Centro Lusitano Zurich b Vs FC Zürich-Affoltern<br />

c (Juniores D/B)<br />

14:00 Centro Lusitano Zurich vs Team Region<br />

Affoltern b (Juniores B)<br />

14:30 Centro Lusitano Zurich Vs FC Adliswil<br />

c (Juniores E)<br />

21.05.<strong>2017</strong><br />

11:00 FC Urdorf 2 vs Centro Lusitano Zurich<br />

1(Seniores)<br />

12:00 FC Wädenswil b vs Centro Lusitano<br />

Zurich (Juniores A Masculino)<br />

12:30 FC Baden vs Centro Lusitano Zurich<br />

(Juniores A Feminino)<br />

24.05.<strong>2017</strong><br />

19:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Schlieren<br />

b (Juniores C)<br />

27.05.<strong>2017</strong><br />

12:00 FC Kosova vs Centro Lusitano Zurich<br />

(Juniores C)<br />

12:00 FC Altstetten ZH c Vs Centro Lusitano<br />

Zurich b(Juniores D/B)<br />

14:00 FC United Zürich c vs Centro Lusitano<br />

Zurich a(Juniores D/A)<br />

14:00 FC Altstetten ZH d vs Centro Lusitano<br />

Zurich (Juniores E)<br />

15:00 FC Langnau a/A vs Centro Lusitano<br />

Zurich (Juniores B)<br />

16:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Urdorf<br />

17:00 Centro Lusitano Zurich 1 vs Inter<br />

Club Zurigo 1(Seniores)<br />

28.05.<strong>2017</strong><br />

12:00 Centro Lusitano Zurich vs SV Höngg<br />

(Juniores A Feminino)<br />

16:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Unterstrass<br />

(Juniores A Masculino)<br />

02.06.<strong>2017</strong><br />

20:00 FC Oberglatt vs Centro Lusitano Zurich<br />

(Veteranos)<br />

03.06.<strong>2017</strong><br />

12:00 FC Oetwil-Geroldswil c vs Centro<br />

Lusitano Zurich b (Juniores D/B)<br />

12:30 Centro Lusitano Zurich a vs FC Blue<br />

Stars ZH Mädchen b(Juniores D/A)<br />

14:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Oetwil<br />

- Geroldswil b (Juniores C)<br />

15:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Wollishofen<br />

b (Juniores B)<br />

17:00 FC Unterstrass 3 vs Centro Lusitano<br />

Zurich 1 (Seniores)


ESPECTÁCULO<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

13<br />

Mariza em Lucerna<br />

MARIA DOS SANTOS<br />

A SALA DE<br />

CONCERTOS<br />

VESTIU-SE<br />

COM A NOSSA<br />

CANÇÃO<br />

NACIONAL E<br />

FOI A FADISTA<br />

MARIZA QUE<br />

NOS LEVOU<br />

ATÉ AO<br />

CORAÇÃO DA<br />

MÚSICA MAIS<br />

APRECIADA<br />

PELOS SUÍÇOS.<br />

A sala de espectáculos construída pelo arquitecto, Jean Nouvel e que abriu portas em 1998, transtornou-se<br />

numa emblemática sala de eventos, congressos e sobretudo espectáculos musicais, devido à<br />

sua acústica. Situada em pleno lago e com uma visão sobre ele, esta sala é sem dúvida o destino de<br />

todos aqueles que apreciam encenações de grande qualidade.<br />

Terça-feira onze de Março a sala de concertos vestiu-se com a nossa canção nacional e foi a fadista<br />

Mariza que nos levou até ao coração da música mais apreciada pelos suíços.<br />

Com uma sala completamente esgotada e com muitos portugueses, a nossa fadista consegui brilhar,<br />

encantar e levar ao nosso coração a eterna diva do fado. Amália Rodrigues.<br />

Mariza cantou não só o fado tradicional, mas também rendeu uma grande homenagem a Jorge Fernando<br />

que se encontrava na tribuna e que com grande orgulho assistiu a este serão, vivendo o sucesso<br />

de quem lançou uma grande voz com o tema da sua autoria “Chuva”. Jorge Fernando é conhecido<br />

por ter lançado grandes vozes para o mercado fadista e uma delas é Mariza.<br />

A comunidade Portuguesa fez questão de aplaudir como nunca Mariza, que nos levou numa viajem<br />

carregada de emoção, recordações ritmos, e nos deixou um testemunho de que o fado tem um caminho<br />

com futuro em terras helvéticas.<br />

Todos pediram mais e mais…e Mariza não recusou vindo três vezes ao cenário. A sua simplicidade,<br />

expressividade, energia contagiante e um humor radiante deixaram nesta noite uma vontade firme<br />

de se querer ainda mais!<br />

A nossa artista por excelência é incomparável. Portugal e os portugueses tem que ter muito orgulho<br />

por esta artista que leva o fado aos cinco continentes.<br />

Mariza já estamos à tua espera e não nos faças esperam muito tempo.<br />

Deixaste saudades, deixaste o nosso coração cheio com os nossos melhores poetas e músicos e sei<br />

que sentiste que te queremos de volta. A tua voz, postura e filosofia fadista faz parte do que somos<br />

e do nosso sonho.


14 Lusitano<br />

PUBLICIDADE<br />

GARAGE MUTSCHELLEN AG<br />

Representante Oficial Volkswagen<br />

• MECÂNICA<br />

• ELECTRÓNICA<br />

• BATE-CHAPAS<br />

• ASSISTÊNCIA<br />

• PINTURA EM ESTUFA<br />

MODERNA<br />

• TUNING (ADAPTAÇÃO DE<br />

ACESSÓRIOS)<br />

• CHIP-TUNING<br />

• STOCK DE PEÇAS<br />

ORIGINAIS<br />

• CARROS DE SERVIÇO<br />

• PNEUS COM GARANTIA<br />

ATÉ 24 MESES<br />

HORÁRIO<br />

De segunda a quinta-feira:<br />

Das 7:15 às 12 horas e das 13:15 às 17:30<br />

Sexta-feira das 7:15 às 12:00 e das 13:15 às 16:30.<br />

Ao Sábado estamos abertos das 9 às 12 horas<br />

GARAGE MUTSCHELLEN AG<br />

ARMINDO ALVES<br />

Bernstrasse 4, 8965 Berikon<br />

Telefon: 056 633 15 79<br />

EMAIL: armindo.alves@garage-mutschellen.ch


COMUNIDADE<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

15<br />

Confraria dos Saberes e Sabores<br />

de Portugal em Zurique<br />

Realizou-se no dia 26<br />

de Março mais um dia<br />

de confraternização<br />

entre os confrades,<br />

familiares e amigos da<br />

confraria.<br />

Foi servido para o almoço<br />

um prato de<br />

PEDRO NABAIS<br />

grande tradição, o cozido<br />

à Portuguesa, que<br />

foi regado com o bom vinho Português, com<br />

sobremesas confeccionadas pelas as esposas<br />

do Confrades.<br />

Depois da refeição realizou-se um bingo ao<br />

porco com o objectivo de angariação de fundos<br />

para o passeio anual.<br />

Foi mais um dia de confraternização e convívio<br />

entre todos como já vem sendo hábito.<br />

Domingo de Páscoa<br />

MARIA DOS SANTOS<br />

Um pouco por todas as colectividades portuguesas<br />

celebrou-se no passado dia dezasseis<br />

de Abril o fim do período de Quaresma<br />

e festejou-se o domingo de Páscoa.<br />

A A.C.R.P. Wetzikon preparou o seu espaço<br />

físico com requinte e as mesas com o toque<br />

Pascal, recebiam com alegria e entusiasmo<br />

aqueles que nesta tarde chuvosa e fria,<br />

decidiram almoçar nesta Associação.<br />

Sabemos que os pratos típicos são variados,<br />

consoante a região. Acrescento que todos<br />

estavam uma delicia, tanto nos aspecto<br />

como no sabor! Cabrito, borrego, carneiro,<br />

bacalhau, entre outros estiveram presentes<br />

nas mesas das famílias católicas…e como<br />

não as sobremesas, com folares, arroz doces,<br />

amêndoas, ovos de chocolate, trança de<br />

Páscoa, mousses, e muitas mais variedades.<br />

Mesas com fartura, para celebrizar o inicio<br />

da vida.<br />

A tarde de convívio foi animada pelo grupo<br />

Ases do Ritmo, que com um repertório entre<br />

bonitas baladas e outros ritmos, divertiram os<br />

presentes, esquecendo-nos por várias horas,<br />

a chuva que teimosamente caía lá fora.<br />

Páscoa é a celebração da Ressurreição de<br />

Jesus, por conseguinte solenizar a vida. E foi<br />

o que todos de uma forma geral fizemos.<br />

Quiçá me atreva a dizer que depois das festividades<br />

natalícias, a Páscoa é aquela que<br />

mais fieis reúnem tanto na igreja como á<br />

mesa.<br />

Quero deixar aqui um agradecimento cordial<br />

à A.C.R.P. Wetzikon que desde Janeiro tem<br />

ao comando uma nova equipa a cargo de Joaquim<br />

e Medita Santos.<br />

Desejo-vos muito sucesso e continuem a lutar,<br />

para que o associativismo não se perca.<br />

Felicidades e muita coragem.


16 Lusitano<br />

SAÚDE<br />

Cuidados na alimentação da<br />

criança<br />

ZUILA MESSMER<br />

Os hábitos alimentares<br />

são formados nos primeiros<br />

anos de vida, por<br />

isso é importante que a<br />

família seja informada<br />

da importância em não<br />

oferecer doces, sorvetes,<br />

refrigerantes e balas às<br />

suas crianças, principalmente<br />

nos dois primeiros<br />

anos de vida.<br />

Esses produtos, assim como os alimentos<br />

industrializados, enlatados,<br />

embutidos, frituras, gorduras e sal<br />

em excesso, aditivos e conservantes<br />

artificiais, representam um perigo<br />

para a saúde, pois podem criar vícios<br />

e influenciar na opção alimentar da<br />

criança, além de serem uma das causas<br />

desencadeantes do excesso de<br />

peso.<br />

O consumo desses alimentos faz com<br />

que as crianças percam o interesse e<br />

alteram o paladar pelos alimentos<br />

saudáveis, tais como, frutas, legumes<br />

e verduras, e formem hábitos não<br />

saudáveis que tanto podem perdurar<br />

na infância como na adolescência e<br />

na sua vida por adiante.<br />

A taxa de obesidade e o excesso de<br />

peso têm crescido muito em todo<br />

o mundo. As estatísticas realizadas<br />

anualmente sobre hábitos alimentares<br />

e estilos de vida, afirmam que o<br />

excesso de peso atinge 50,8% da população,<br />

sendo 17,5% de obesos.<br />

A obesidade deve ser combatida<br />

porque é um forte factor de risco<br />

para o desenvolvimento de doenças<br />

crónicas não transmissíveis. Pessoas<br />

obesas têm mais chance de sofrer<br />

enfarto, Acidente Vascular Cerebral<br />

- AVC, trombose, embolia e arteriosclerose,<br />

além de problemas ortopédicos,<br />

apneia do sono e alguns tipos de<br />

cancro.<br />

Portanto, para evitar que se tornem<br />

pessoas obesas ou com excesso de<br />

peso, os pais devem ficar atentos e<br />

combater a obesidade infantil, logo<br />

nos primeiros anos de vida.<br />

Nas orientações ao combate ao excesso<br />

de peso e à obesidade recomenda-se:<br />

- Actividades físicas três vezes por<br />

semana.<br />

- Não colocar as crianças para comer<br />

na frente da TV, pois quando se está<br />

diante da televisão, não se percebe o<br />

que se come e a quantidade que se<br />

está ingerindo.<br />

Nessa fase de criança é importante<br />

se observar e direccionar os cuidados<br />

no sentido de se construir uma<br />

rotina de alimentação saudável, criar<br />

e ensinar algumas estratégicas para<br />

a criança aprender a lidar com o alimento.<br />

- Deve-se formar uma educação e<br />

disciplina alimentar. Evitar o excesso,<br />

a gula e respeitar os horários regulares.<br />

- Procurar um especialista (nutricionista)<br />

para traçar um plano alimentar<br />

de acordo com a idade e as condições<br />

gerais<br />

Diante do processo da alimentação e<br />

saúde, a família deve estar presente,<br />

acompanhando e seguindo a prescrição<br />

e os cuidados. Se a alimentação<br />

não está boa, é um reflexo da família,<br />

por isso tem que mudar, em alguns<br />

casos, a alimentação de todos.<br />

Portanto é fundamental e recomenda-se<br />

hábitos familiares de alimentação<br />

saudáveis. Saladas, frutas e legumes<br />

em abundância<br />

- A ingestão de bastante líquidos:<br />

água, leite, chás, água de coco.<br />

- A prática de exercícios físicos - desportos,<br />

caminhadas, andar de bicicleta,<br />

aeróbicas, nadar e etc<br />

Segundo estudiosos existem 10 regras<br />

de uma boa rotina e mandamentos<br />

alimentares, as quais consistem:<br />

1. Alimentação é um gesto<br />

de afecto e carinho, ou seja, oferece<br />

alimentos saudáveis é fazer um bem<br />

ao filho.<br />

2. Alimentação consciente<br />

é uma questão de educação! Comer<br />

bem e de forma saudável se aprende<br />

em casa e desde cedo<br />

3. Comida não é moeda de<br />

troca! Não pode haver negociação<br />

entre comida e brinquedo, passeio,<br />

festa.<br />

4. O prato precisa ter 5 cores<br />

diferentes. Quer dizer, categorias<br />

de alimentos necessários a manutenção<br />

do corpo e da saúde. Conter<br />

leguminosos (feijão, grão-de-bico,<br />

lentilha); cereal (arroz, trigo, cevada,<br />

aveia); proteína (frango, carne, peixe,<br />

ovo) e vegetais (hortaliças e verduras).<br />

5. Os pais são sempre o melhor<br />

exemplo para os filhos. Atenção<br />

ao que você come na frente do seu<br />

filho!<br />

6. A hora da refeição deve<br />

ser um momento de reunir a família<br />

7. Nada de televisão, tablet,<br />

videojogos ou celular ligado durante<br />

as refeições. o cérebro não regista o<br />

que está sendo ingerido.<br />

8. Para o não gostar de um<br />

alimento, a criança precisa experimentar<br />

várias receitas! Às vezes,<br />

a forma de se preparar o alimento<br />

muda a aceitação da criança<br />

9. Se a criança não estiver<br />

com fome, não precisa comer. Mas<br />

não pode comer outra coisa antes da<br />

refeição...<br />

10. As regras são para todos<br />

os membros da família! Os pais são<br />

os espelhos dos filhos. Se a família<br />

não come nenhum tipo de frutas e<br />

legumes, não pode exigir que a criança<br />

o faça.<br />

Seguindo essas recomendações, terá<br />

mais qualidade de vida e saúde em<br />

sua família. Evitará doenças físicas,<br />

psíquicas e problemas familiares.


CANTINHO<br />

helvético<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

17<br />

Histórico<br />

Castelo de Haut<br />

- Koenigsbourg<br />

MARIA DOS SANTOS<br />

Deixei os espaços verdes da minha<br />

amada natureza, que muito<br />

contribuem para o meu equilibro<br />

físico e mental e visitei na<br />

vizinha Alsace este esplêndido<br />

castelo.<br />

Certo é que também faz muito<br />

bem, um passeio dentro de uma<br />

zona urbanizada, principalmente<br />

quando esta está carregada de<br />

história dos nossos antepassados.<br />

È o casa do de Haut - Koenigsbourg<br />

considerado mais do que<br />

um monstruoso monumento.<br />

Sim, verdade que com esta visita,<br />

senti-me uma princesa pelos<br />

grandes corredores, salas, cozinhas,<br />

pátios, capelas, bibliotecas,<br />

quartos, salas de festas, de<br />

armas e troféus de caça e muitos<br />

outros compartimentos que são<br />

inéditos de castelos. Um autêntico<br />

sonho esta visita!<br />

Este castelo construído sobre a<br />

montanha de Stophanberch com<br />

uma altitude de 755 m, feito de<br />

rocha argilosa que lhe confere<br />

esta cor rosada é um destino<br />

que aconselho até porque se situa<br />

a apenas duas horas da cidade<br />

de Zurique.<br />

Como todos os Castelos este<br />

encontrava-se sobre a benéfica<br />

rota do sal, vinho, prata, trigo entre<br />

outros produtos comerciais,<br />

que serviam de subsistência ao<br />

povo.<br />

Admirar este monumento que<br />

sofreu uma enorme restauração<br />

a cargo de Bodo Ebhardt<br />

entre 1900 e 1908 que por mais<br />

de dois séculos e meio, esteve<br />

ao abandono é obra de arte e<br />

profundo respeito.<br />

Com a assinatura do Tratado de<br />

Versalhes em 1919 este Castelo<br />

tornou-se propriedade de França,<br />

conquistado á coroa alemã.<br />

Curiosamente a Alsace é um país<br />

com muitas particularidades culturais,<br />

as vivências deste povo situam-se<br />

entre a Alemanha e a<br />

França, merece a pena estudar e<br />

descobrir este pequeno paraíso.<br />

Para desligar o botão de um dia<br />

carregado de belas histórias, por<br />

vezes triste, por vezes alegres,<br />

parti á descoberta da montanha<br />

dos macacos situada a escassos<br />

quilómetros e foi em Kintzeim<br />

que vivi um momento único<br />

com estes animais, que dizem<br />

ser a descendência da nossa espécie.<br />

Brincalhões, atentivos e matreiros<br />

os macacos passeavam-<br />

-se descontraídos sobre forte vigilância,<br />

vindo mesmo comer o<br />

pop-corn, que à entrada cada<br />

visitante tem direito para poder<br />

travar este momento único, estendendo<br />

a mão a uma espécie<br />

admirada e sobretudo simpática<br />

que come tranquilamente sob<br />

um olhar meigo a quem lhe oferece<br />

uma pequena guloseima.


18 Lusitano<br />

DESPORTO<br />

Seniores continuam isolados<br />

na liderança<br />

Na passada manhã<br />

de Domingo dia 23<br />

de Abril, a equipa<br />

sénior do Centro<br />

Lusitano visitou a<br />

casa do BC Albisrieden<br />

a contar<br />

para a décima terceira<br />

jornada do<br />

JORGE MACIEIRA grupo 3 da 4ª Liga,<br />

jogo que colocava a<br />

equipa visitada, o<br />

6° classificado contra o visitante, actual<br />

1° classificado.<br />

Num jogo bastante difícil na primeira parte<br />

com as duas equipas a jogar um futebol<br />

muito físico e principalmente discutido<br />

na zona do meio campo, com as oportunidades<br />

de golo serem inteiramente para<br />

o visitante.<br />

Na segunda parte com a mexida do meio<br />

campo o Centro Lusitano tomou o domínio<br />

do jogo chegando a vantagem aos<br />

69 e aos 72 minutos através do mesmo<br />

jogador, Sandro Faria, fechando assim o<br />

marcador tendo o BC Albisrieden duas<br />

ou três oportunidades para reduzir.<br />

Assim a equipa sénior fez o segundo jogo<br />

na segunda volta depois da pausa de inverno.<br />

O primeiro jogo foi em casa contra<br />

o FC Engstringen onde a equipa da casa<br />

ganhou 4-0, num jogo dominado pelo<br />

Centro onde poderia ter números mais<br />

elevados.<br />

Actualmente (no fecho da revista) o Centro<br />

Lusitano está em primeiro lugar com<br />

uma vantagem de 9 pontos em relação ao<br />

FC Altstetten ZH (2.) e a 10 pontos do FC<br />

Oetwil-Geroldswil(3.).<br />

O objectivo de subir à 3ª Liga traçado<br />

pelo departamento de futebol e por toda<br />

a equipa dos seniores está no caminho<br />

certo e bem encaminhado.


ACTUALIDADE<br />

desportiva<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

19<br />

Ter algo mais que um clube no<br />

coração<br />

Como eu gostava que o futebol fosse as cores das camisolas, as brincadeiras<br />

entre amigos rivais, a bola a correr e a alegria de ver um golo entrar.<br />

POR ANTÓNIO M. RIBEIRO (UHF)<br />

Como eu gostava que o meu<br />

país não encolhesse de cada vez<br />

que o futebol cresce de disparates<br />

sem sentido, ou talvez o<br />

sentido dos inimigos de credos<br />

e/ou ideologias antagónicos.<br />

Como eu gostava que a letra<br />

de uma canção e o coro de um<br />

estádio fossem apenas celebração,<br />

glória aos vencedores<br />

e honra aos vencidos, porque<br />

amanhã algo ou tudo muda inevitavelmente.<br />

Sem adversários (inimigos é<br />

na guerra) não há vencedores,<br />

apenas um estádio vazio sem<br />

o génio do drible, do chuto, da<br />

finta, da resistência ao cansaço.<br />

Durante a semana, enquanto<br />

a economia vive de suspiros e<br />

apelos à confiança, enquanto a<br />

guerra enche os noticiários das<br />

vinte e o terrorismo foi aceite<br />

com indiferença antes do reality<br />

show que promete armar<br />

anónimos em famosos, os principais<br />

canais portugueses da TV<br />

por cabo disputam debates que<br />

mais se parecem com escaramuças<br />

no Médio Oriente, odiosas,<br />

básicas, pueris, estúpidas.<br />

O mais patético da bola – eu<br />

adoro futebol e sou autor do<br />

hino “Sou Benfica” (1) – é discutir<br />

o que já passou ou o que<br />

não aconteceu sobre um relvado<br />

uns dias antes, organizar<br />

conspirações, alindar insultos e<br />

ganhar por tudo isso um cachet<br />

vergonhoso em comparação<br />

com o ordenado mínimo nacional.<br />

São pagos para lançar lama<br />

e cativar os mais susceptíveis.<br />

Foi-se a educação familiar, o<br />

esforço dos professores desde<br />

a primária, parte-se o convívio<br />

são para abraçarmos a idiotia<br />

boçal, deprimente e escalavrada<br />

das teorias pós-partida de<br />

futebol. Portugal corre para a<br />

irrelevância. Ouve-se cada opinador<br />

dizer ”esta é a verdade”<br />

quando não passa da sua opinião<br />

entre outras perspectivas.<br />

Por causa de uma vasta classe<br />

política sem um pingo de sentido<br />

para dar bons exemplos; por<br />

causa de uma fauna dirigente<br />

que faz do futebol a sua existência<br />

e salvação a qualquer<br />

preço; porque aceitamos ouvir,<br />

calar e continuar a abrir feridas<br />

o futebol sufoca de estupidez<br />

a nação. Continuamos pequenos<br />

julgando que a gritaria nos<br />

torna maiores. Ficamos roucos<br />

e nada mais.<br />

Nada sei sobre o cidadão italiano<br />

que foi atropelado mortalmente<br />

junto ao estádio da<br />

Luz na madrugada do dia 23<br />

de Abril, mas as conspirações<br />

e as fisgadas estão em marcha<br />

para a guerra – os mártires têm<br />

feito uma bela parte da mentira<br />

humana ao longo das civilizações,<br />

cultos que promovem<br />

novos disparates e novos mártires.<br />

Que a justiça faça o seu<br />

trabalho sem tibiezas. O crime<br />

não pode ficar impune. Mas<br />

misturar uma desgraça com as<br />

diferenças clubistas é preparar<br />

novas desgraças.<br />

O futebol é um negócio grande<br />

num país pequeno que revela<br />

cada vez mais o pior dos colectivos<br />

que se acham no direito<br />

de serem selvagens, em prova<br />

de amor (?) a uma cor e nada<br />

mais. Eu sou assim, do Benfica,<br />

claro, mas incapaz de transformar<br />

o futebol numa guerra civil.<br />

(1) link: http://zip.net/bntH1S<br />

Foto: David Monge<br />

18 de Março, no Campo<br />

Pequeno


20 Lusitano<br />

EMIGRANTES<br />

SUÍÇOS<br />

Benefícios fiscais em Portugal atraem<br />

cada vez mais estrangeiros<br />

Os suíços Ilona e Renilo escolheram Portugal para viver a aposentadoria. (swissinfo.ch)<br />

Por Filipe Carvalho (*)<br />

Ilona e Renilo mudaram-se<br />

há cerca de dois anos de<br />

armas e bagagens para a cidade<br />

do Porto. Nesta cidade,<br />

encontraram aquilo que<br />

procuravam para desfrutar<br />

da reforma: uma cidade pequena<br />

com todas as acessibilidades<br />

necessárias. Além<br />

disso, a isenção fiscal concedida<br />

pelo estado português<br />

surgiu como factor adicional<br />

à sua escolha. Por esse motivo,<br />

esperam que esta tenha<br />

sido a última mudança<br />

de país nas suas vidas, até<br />

porque não têm outro plano<br />

senão ficar.<br />

Numa tarde cinzenta, a swissinfo.ch<br />

encontrou-se no centro<br />

da cidade do Porto para tomarmos<br />

um café e conversarmos<br />

sobre a experiência de Ilona, 71<br />

anos, e Renilo, 75,* em Portugal<br />

e, particularmente, de que<br />

forma contribuiu o estatuto de<br />

residente não habitual para deixarem<br />

França e como decorreu<br />

todo esse processo.<br />

A partida rumo à cidade<br />

do Porto<br />

Nos últimos 30 anos, Renilo<br />

e Ilona viveram na região da<br />

Alsácia, em França. As suas vidas<br />

profissionais continuaram<br />

na Suíça, especificamente em<br />

Basel, o que lhes proporcionou<br />

terem optado por residir<br />

em França e trabalhar na Suíça,<br />

apesar de ambos terem igualmente<br />

trabalhado em França.<br />

Quando se reformaram, permanecerem<br />

ainda por algum tempo<br />

em França. No entanto, com<br />

o passar dos anos, começaram<br />

a confrontar-se com a ideia de<br />

que “não vamos ficar em França<br />

para sempre”, mas também não<br />

tinham vontade de regressar à<br />

Suíça, “porque após 30 anos no<br />

estrangeiro, já não te sentes em<br />

casa. A Europa mudou. A Suíça<br />

permanece bastante Suíça”<br />

confidencia-nos Renilo, notando<br />

que não é uma crítica mas<br />

uma constatação.<br />

Começaram a estudar a opção<br />

de irem para a Alemanha<br />

e, durante esse tempo, Renilo<br />

conversou com a sua irmã, que<br />

reside no Porto com o marido,<br />

e ela sempre lhe disse para ambos<br />

irem conhecer a cidade. Assim<br />

que olharam o Porto apaixonaram-se<br />

imediatamente. A<br />

comprová-lo foi a sua viagem<br />

a Lisboa, quando se disseram:<br />

“pensa se nós tivéssemos vindo<br />

para aqui. Não, impossível”.<br />

Desde que decidiram abandonar<br />

França até se fixarem<br />

no Porto, demorou cerca de<br />

dois anos. Durante esse período,<br />

conversaram com os seus<br />

cunhados no Porto, leram informações<br />

sobre a vida na cidade,<br />

procuraram apartamentos e estudaram<br />

cada freguesia recorrendo<br />

ao Google Earth. O seu<br />

cunhado disse-lhe que, para<br />

além de gostarem da cidade,<br />

deveriam aproveitar a isenção<br />

fiscal; “francamente, não foi a<br />

razão principal mas no final foi<br />

determinante para a escolha”,<br />

conta-nos Renilo. Ele destaca<br />

que não aconselharia ninguém<br />

a mudar de país apenas pelo<br />

facto de não pagar impostos,<br />

“porque mais cedo ou mais tarde<br />

as coisas mudam”, salienta.<br />

A burocracia portuguesa<br />

Curiosamente, ambos não tecem<br />

muitas críticas à burocracia<br />

portuguesa. Ilona nomeia o<br />

facto de terem ido quatro vezes<br />

à Câmara Municipal do Porto<br />

para efectuarem o registo de<br />

cidadão como algo aborrecido,<br />

facto que Renilo consente,<br />

“mas sempre gentilmente”, destaca.<br />

Na Junta de Freguesia da<br />

área de residência, o processo<br />

de inscrição foi mais simples e<br />

tinha de ser feito para terem<br />

acesso a médico de família ou


EMIGRANTES<br />

SUÍÇOS<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

21<br />

usufruírem do Serviço Nacional<br />

de Saúde, independentemente<br />

de terem seguros de saúde privados.<br />

No que concerne à assistência<br />

médica, como têm os seus<br />

descontos na Suíça, a segurança<br />

social paga as despesas com<br />

saúde no sistema nacional de<br />

saúde português. No entanto,<br />

foi necessário preencher o formulário<br />

S1, carimbar nos serviços<br />

de saúde e reenviar para a<br />

Suíça. Este processo demorou<br />

cerca de um ano, normalmente<br />

necessita seis meses, e Ilona<br />

destaca que isso foi outro momento<br />

um pouco stressante.<br />

Renilo, contudo, diz que “sabemos<br />

que as coisas não são tão<br />

rápidas como na Suíça; por isso,<br />

temos de esperar”. A única ajuda<br />

que receberam, e ainda continuam<br />

a ter, foi de uma técnica<br />

oficial de contas (TOC) que lhes<br />

preenche a declaração anual de<br />

rendimentos (IRS). A única alteração<br />

neste momento é a obrigatoriedade<br />

de declarar todas<br />

as contas bancárias estrangeiras<br />

que possuam.<br />

A vida no Porto<br />

Normalmente procuram diversificar<br />

os locais onde vão.<br />

Reúnem-se nos clubes suíço,<br />

francês e italiano. Dizem que o<br />

clube suíço do Porto não tem<br />

muitas actividades como os<br />

restantes, que todos os dias têm<br />

eventos. Particularmente no<br />

clube francês, todas as semanas<br />

chegam novos reformados. O<br />

próprio clube disponibiliza um<br />

serviço em que as pessoas são<br />

ajudadas com todo o processo<br />

burocrático de aquisição da residência<br />

não habitual.<br />

Após cerca de dois anos, não<br />

se arrependem da mudança e<br />

estão felizes. Costumam frequentar<br />

as salas de cinema e<br />

os concertos da Casa da Música,<br />

para além das caminhadas<br />

que realizam junto à praia que<br />

são “as mais bonitas de Portugal,<br />

apesar de não se poder ir<br />

ao banho”, sorri Ilona. O único<br />

problema que assumem ter é<br />

a barreira linguística, “que soa<br />

muito bem mas é muito difícil”,<br />

ri-se Renilo. A sua irmã tinha-o<br />

avisado para essa questão que<br />

ele percebe que seja um problema,<br />

mas, simultaneamente, a<br />

gentileza que encontra facilita a<br />

compreensão.<br />

Na opinião de ambos, Portugal,<br />

com esta medida, pode estar<br />

a ser vítima do seu próprio<br />

sucesso porque “os preços das<br />

casas estão a subir demasiado<br />

e muitas vezes os portugueses<br />

não conseguem pagar esses<br />

preços”. Contudo, alerta as pessoas<br />

que possam ter vontade de<br />

se mudar para que “vão visitar<br />

a cidade e entrem em contacto<br />

com pessoas que já passaram<br />

pela experiência para que fiquem<br />

bem informadas” sublinham<br />

os dois.<br />

A isenção de impostos ainda vai<br />

durar alguns anos. No entanto,<br />

o seu projecto de vida será na<br />

cidade e ambos assumem que<br />

vieram para Portugal para ficar.<br />

Por isso, “mesmo que tenhamos<br />

de pagar impostos, iremos pagar”,<br />

dizem-nos Renilo e Ilona<br />

felizes pela sua decisão.<br />

Regime fiscal para o<br />

residente não habitual<br />

Desde 2009 que o estado<br />

português concede um regime<br />

fiscal especial para os trabalhadores<br />

estrangeiros que<br />

desempenhem funções de elevado<br />

valor acrescentado em<br />

áreas científicas, tecnológicas e<br />

artísticas (a lista que especifica<br />

as diferentes profissões é extensa),<br />

numa tentativa de atrair<br />

“cérebros” e know-how relevante<br />

para Portugal. Em 2013,<br />

após clarificação acerca da isenção<br />

de tributação das pensões<br />

de reforma obtidas no estrangeiro,<br />

o número de pedidos de<br />

reformados de diversos países<br />

europeus, para mudarem a sua<br />

residência fiscal para Portugal,<br />

aumentou exponencialmente.<br />

Segundo dados fornecidos<br />

pelo Ministério das Finanças à<br />

imprensa portuguesa, em 2015<br />

havia um total de 5653 a quem<br />

foi concedido este estatuto de<br />

residente não habitual. Do total<br />

de pessoas abrangidas por esse<br />

estatuto, 3474 são reformados<br />

estrangeiros.<br />

Não foi possível aferir especificamente<br />

o número de reformados<br />

suíços que requereram este<br />

estatuto. No entanto, segundo<br />

dados fornecidos pela embaixada<br />

suíça em Portugal, havia em<br />

2015 um total de 3425 suíços<br />

a viver em Portugal, tendo aumentado<br />

para 3723 em 2016.<br />

A larga maioria encontra-se em<br />

idade activa, entre os 18 e 65<br />

anos. O número de cidadãos<br />

suíços com mais de 65 anos registados<br />

em Portugal, no ano de<br />

2016, era de 814.<br />

Para requerer este estatuto<br />

junto da Autoridade Tributária e<br />

Aduaneira, é necessário não ter<br />

tido residência em Portugal nos<br />

cinco anos anteriores ao ano<br />

em que se candidata. As pessoas<br />

adquirem um regime fiscal<br />

especial, o que significa que todos<br />

os trabalhadores abrangidos<br />

têm uma taxa de 20% de<br />

impostos e os reformados que<br />

recebem as suas reformas de<br />

outro país estão isentos de impostos.<br />

Em ambos os casos, o<br />

regime fiscal especial é aplicado<br />

durante 10 anos.<br />

* Swissinfo - os entrevistados<br />

solicitaram a não ser publicado<br />

os apelidos<br />

https://www.facebook.com/transportes.fernandes


22 Lusitano<br />

OPINIÃO<br />

A 25 de Abril a Liberdade entrou<br />

sem pedir licença<br />

AUTOR: Carlos Ademar<br />

@ cademar@gmail.com<br />

«NAQUELA NOITE<br />

DETECTOU-SE «A<br />

EXISTÊNCIA DE<br />

DOIS PROJECTOS<br />

TOTALMENTE<br />

DISTINTOS»<br />

E AQUELE<br />

PRIMEIRO<br />

ENCONTRO<br />

NA PONTINHA<br />

MARCOU O<br />

INÍCIO DE UM<br />

PERÍODO DE<br />

TENSÃO ENTRE<br />

O MFA E OS<br />

SPINOLISTAS...”<br />

Vítor Alves revelou a Maria<br />

Manuela Cruzeiro que, quando<br />

Spínola chegou ao posto de comando,<br />

na Pontinha, perguntou:<br />

«Quem manda nisto?». O general<br />

terá olhado à procura de Otelo,<br />

com quem havia falado ao telefone<br />

umas horas antes, mas a voz<br />

de Vítor Alves interpôs-se: «Somos<br />

todos!».<br />

«O 25 de Abril não tem heróis. Os<br />

principais responsáveis do MFA<br />

não tinham dimensão histórica<br />

para serem heróis. Tinham qualidades<br />

individuais diversas que se<br />

complementaram, gerando um<br />

todo coeso (…). Alguns tentaram<br />

ser os heróis do 25 de Abril. Vasco<br />

Gonçalves tentou e cortaram-lhe a<br />

cabeça; Otelo tentou e cortaram-<br />

-lhe a cabeça e se mais algum tentasse,<br />

acontecia-lhe o mesmo (…).<br />

Salgueiro Maia é visto como herói<br />

porque nunca foi conotado com os<br />

partidos, teve um papel importante<br />

e visível na acção militar do 25 de<br />

Abril e morreu cedo».<br />

Quando nesse dia histórico, cerca<br />

das 16h00, Vítor Alves chegou ao<br />

posto de comando na Pontinha,<br />

acompanhado por Franco Charais,<br />

abraçou emocionado o seu camarada<br />

Otelo e deu-lhe os parabéns,<br />

acabando este por confessar que,<br />

afinal, tinha um plano alternativo.<br />

Caso o golpe falhasse na Metrópole,<br />

o MFA da Guiné agiria no dia<br />

seguinte, no sentido de neutralizar<br />

todos os comandos desafectos aos<br />

revoltosos, a fim de iniciarem contactos<br />

com o PAIGC. Acreditava-se<br />

que essa tomada de posição fosse<br />

suficiente para levar à queda de<br />

Marcelo Caetano, quando as Forças<br />

Armadas da Metrópole se recusassem<br />

a embarcar para dominar<br />

os revoltosos da Guiné.<br />

Questionado sobre as origens do<br />

25 de Abril, Vítor Alves respondeu:<br />

«O 25 de Abril foi feito por duas gerações.<br />

Uma geração, a minha, que<br />

frequentou a Academia Militar nos<br />

anos cinquenta, e a partir dos anos<br />

sessenta, os que foram os nossos<br />

cadetes (…). Estas duas gerações<br />

conversaram muito, muito mesmo.<br />

Eu estive na Academia Militar<br />

com Eanes, com Melo Antunes,<br />

com Costa Brás, com Otelo, os nomes<br />

mais experientes deste grupo.<br />

Vasco Lourenço, Marques Júnior,<br />

e todos os chefes que comandaram<br />

tropas no dia 25 de Abril, são<br />

oriundos da outra geração. Os mais<br />

velhos tinham falado entre si, e,<br />

mais tarde, falaram com os mais<br />

jovens (...). Então, aproveitámos<br />

alguns erros cometidos pela parte<br />

política, no que respeita a algumas<br />

leis que introduziam distorções nas<br />

promoções dos oficiais. Começámos<br />

por catalisar o descontentamento<br />

e, lentamente infiltrou-se a<br />

ideia política no Movimento. Demorou<br />

nove meses de preparação».<br />

Derrubado o Estado Novo, acto<br />

simbolizado pela entrega do poder<br />

por parte de Marcelo Caetano<br />

a Spínola, no Quartel do Carmo,<br />

havia que apresentar a Junta de<br />

Salvação Nacional ao País. Esta estrutura<br />

político-militar, de acordo<br />

com o Programa do MFA, substituiu<br />

transitoriamente os organismos<br />

executivos e legislativos do<br />

anterior regime até à entrada em<br />

funções dos novos órgãos de soberania.<br />

Com a excepção de Costa Gomes<br />

e de Spínola, que há muito eram<br />

consensuais no seio do MFA, os<br />

restantes cinco elementos foram<br />

arregimentados nos dias que antecederam<br />

o golpe. Aliás, a questão<br />

da chamada de generais para<br />

liderarem o processo por parte do<br />

Movimento dos Capitães não foi<br />

pacífica. Vasco Lourenço defendia<br />

que eram dispensáveis, mas, Vítor<br />

Alves tinha opinião diferente e<br />

sempre pugnou pela sua inclusão<br />

e levou a melhor. Sustentou que<br />

o poder nas mãos de generais conhecidos<br />

e prestigiados daria mais<br />

garantias de reconhecimento ao<br />

novo regime. Neste embate entre<br />

«capitães», é curiosa a opinião do<br />

general Galvão de Melo, segundo<br />

a qual «A JSN, criada por vontade<br />

do MFA, nunca existiu senão como<br />

símbolo para uso externo. (…) A<br />

experiência e o prestígio de alguns<br />

dos seus membros eram a garantia<br />

que, muito provavelmente, o grupo<br />

dos “capitães” não teria alcançado».<br />

O terceiro general do Exército<br />

a integrar a JSN, Jaime Silvério<br />

Marques, foi proposto por Vasco<br />

Gonçalves; conhecera-o em África.<br />

No entanto, Spínola referiu ter<br />

sido ele a indicar o nome, na primeira<br />

das duas revisões que fez ao<br />

Programa, antes do levantamento<br />

militar. Aliás, na mesma altura<br />

em que escolheu o general Diogo<br />

Neto, da Força Aérea, que à data se<br />

encontrava em Moçambique. Na<br />

Marinha, além, de Rosa Coutinho,<br />

também o então comandante dos<br />

fuzileiros, Pinheiro de Azevedo,<br />

aceitou o convite, esclarecendo ter<br />

sido abordado «(…) para aderir ao<br />

MFA apenas dois dias antes da revolta:<br />

no dia 23 (…). Apresentaram-<br />

-me um Programa – o Programa<br />

do MFA – que estudei conscientemente».<br />

Na Força Aérea, o nome<br />

de Galvão de Melo foi consensual,<br />

pela postura de confronto com o<br />

anterior regime, que o levou a pedir<br />

a passagem à reserva como coronel,<br />

em meados dos anos sessenta.<br />

«Foi Costa Gomes que, com a sua<br />

inteligência brilhante, escolheu<br />

Spínola para presidir à Junta. Ele<br />

espalhava-se à primeira e era mais<br />

perigoso como CEMGFA». Na verdade,<br />

o general Costa Gomes nunca<br />

confirmou a dose não despicienda<br />

de calculismo que se extrai da<br />

opinião de Vítor Alves. Justificou<br />

a escolha de Spínola por então o<br />

considerar melhor preparado politicamente<br />

para o cargo. «Na altura<br />

julgava que ele sabia muito mais<br />

de política e tinha uma flexibilidade<br />

espiritual muito maior do que


HISTÓRIA<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

23<br />

demonstrou depois do 25 de<br />

Abril». Confirmou, contudo, que<br />

o colocou perante o facto de ter<br />

sido ele, Costa Gomes, o escolhido<br />

pelos «capitães» para chefiar a<br />

JSN, ficando o general do monóculo<br />

em segundo lugar, «(…) mas<br />

nós vamos inverter esses papéis,<br />

tu tens relações com políticos em<br />

Portugal, com a imprensa, RTP, as<br />

rádios, e eu não tenho nada disso<br />

(...) Eu sabia que ele ia aceitar».<br />

Na noite do 25 de Abril, quando<br />

a Comissão Política do MFA<br />

pensou que a reunião convocada<br />

pela JSN visava apenas as apresentações,<br />

já que muitos não se<br />

conheciam, acabou por se gerar<br />

uma discussão bastante acesa e<br />

prolongada. Os generais Costa<br />

Gomes e Spínola pretendiam introduzir<br />

alterações ao Programa.<br />

Costa Gomes pediu a manutenção<br />

da DGS onde havia guerra,<br />

o que foi aceite sem discussão,<br />

por ser reconhecido o papel importante<br />

que a polícia política<br />

tinha na recolha de informação<br />

para apoio às operações militares.<br />

Os militares limitavam-se<br />

a dar razão ao inspector Óscar<br />

Cardoso, da PIDE/DGS, segundo<br />

o qual: «Não tinha problemas<br />

em pôr guerrilheiros capturados<br />

a colaborar connosco. Levavam<br />

uns tabefes, um “calorzinho”. A<br />

PIDE não era propriamente uma<br />

organização de beneficência. (…)<br />

Passámos a poder disponibilizar<br />

aos militares uma quantidade e<br />

qualidade de informações que<br />

lhes permitia operar com maior<br />

facilidade e eficácia. Aliás, devo<br />

dizer que (…) a PIDE funcionou<br />

como anjo-da-guarda das Forças<br />

Armadas».<br />

Para Vítor Alves, Spínola queria<br />

travar a descolonização, daí<br />

ter introduzido a questão apenas<br />

após o derrube do regime<br />

e não antes, apesar de o poder<br />

ter feito. «Aproveitou-se bem<br />

do facto de ter sido ele a receber<br />

o poder». Avançou com duas<br />

alterações: «a estratégia antimonopolista»<br />

e a «autodeterminação».<br />

A convicção de Vítor Alves<br />

ia no sentido de que o general<br />

avançou com ambas como base<br />

negocial, para poder deixar cair<br />

uma, a que menos valorizava.<br />

«Vítor Alves batalha com Spínola<br />

em relação aos compromissos<br />

já assumidos entre o general e<br />

o Movimento…». Ainda assim o<br />

general resistiu, acabando por<br />

ceder na primeira porque, do<br />

lado do MFA, houve reacções<br />

duras, designadamente de Vítor<br />

Crespo e de Franco Charais, que<br />

chegaram a ameaçar com os tanques,<br />

que ainda estavam na rua<br />

às ordens do posto de comando.<br />

Otelo Saraiva de Carvalho atribuiu<br />

a autoria da ameaça a Vítor<br />

Crespo.<br />

Com as horas a passar e ainda<br />

sem haver perspectivas de entendimento,<br />

foi Vítor Alves quem<br />

alertou para uma questão de ordem<br />

prática: «Temos de chegar a<br />

uma solução, temos o povo suspenso,<br />

todo o País suspenso» e<br />

impôs a apresentação da Junta<br />

na RTP. Na Proclamação da JSN,<br />

Spínola não podia ser mais claro<br />

sobre o que pensava da relação<br />

com o Ultramar, ao garantir: «a<br />

sobrevivência da Nação soberana<br />

no seu todo pluricontinental».<br />

Ao regressarem à Pontinha, a<br />

discussão prosseguiu e só cessou<br />

quando terminava a madrugada.<br />

Chegara-se ao consenso<br />

possível, e assim, pelas 7h30,<br />

não podendo o documento ser<br />

policopiado por falta de condições<br />

no local, foi lido por Vítor<br />

Alves aos jornalistas presentes,<br />

que foram anotando palavra a<br />

palavra, transformando-se assim<br />

no primeiro rosto do MFA a dar-<br />

-se a conhecer aos portugueses.<br />

No início da discussão, António<br />

de Spínola começou por propor<br />

que se abandonasse o Programa:<br />

«Não é preciso Programa<br />

que eu é que sei». Como não foi<br />

bem-sucedido, fez finca-pé para<br />

que não se publicasse. Vendo<br />

esta sua pretensão igualmente<br />

recusada, fez exigências ao nível<br />

do conteúdo. Esta sequência<br />

não é desmentida, bem pelo<br />

contrário, pelo próprio general<br />

em País sem Rumo. Porém, os<br />

homens do MFA acabaram por<br />

ceder. Estava em causa o nº 8 do<br />

ponto «Medidas a Curto Prazo»,<br />

que tinha quatro alíneas e ficou<br />

reduzida a três. A a) e a b) mantiveram-se,<br />

enquanto a c) «Claro<br />

reconhecimento do direito à autodeterminação…»<br />

foi suprimida,<br />

e a d) «Estabelecimento de<br />

medidas julgadas convenientes<br />

para um rápido estabelecimento<br />

da paz» foi substituída por<br />

«Lançamento dos fundamentos<br />

de uma política ultramarina que<br />

conduza à paz», passou a ser a<br />

alínea c).<br />

Segundo a investigadora Maria<br />

Inácia Rezola, na noite de 25 de<br />

Abril «impôs-se o peso das patentes,<br />

mas por pouco tempo».<br />

Para Vítor Alves, António de<br />

Spínola «tinha um programa próprio»<br />

em que a democracia plural<br />

não estava bem cimentada. Spínola<br />

e os seus homens de maior<br />

confiança não tinham em grande<br />

conta os partidos. Associavam-<br />

-nos pejorativamente à oposição,<br />

na linha do pensamento dominante<br />

durante o Estado Novo.<br />

«Quanto ao PCP, nem pensar».<br />

De resto, sobre a publicação do<br />

Programa, para que todos os<br />

portugueses o pudessem conhecer<br />

e, com ele, as intenções dos<br />

militares revolucionários, Vasco<br />

Gonçalves foi claro ao afirmar:<br />

«foi justamente Vítor Alves<br />

quem, prevenidamente alvitrou<br />

que se fizesse a publicação do<br />

Programa, independentemente<br />

de Spínola o desejar ou não».<br />

Vasco Lourenço corrobora, sublinhando<br />

«volta a ser Vítor Alves<br />

que impõe a difusão pública<br />

do Programa aos jornalistas das<br />

rádios e dos jornais presentes».<br />

O almirante Vítor Crespo, na entrevista<br />

que concedeu ao autor,<br />

fez saber que o papel de Vítor<br />

Alves nessa noite foi fundamental<br />

para que Spínola não levasse<br />

as suas ideias na íntegra a bom<br />

porto. Não tanto pela confrontação<br />

directa, mas pelo que manobrou<br />

nas saídas frequentes<br />

da sala em busca do apoio que<br />

sabia certo e decisivo: os jornalistas.<br />

A verdade é que pelas<br />

20h30, na frequência do Rádio<br />

Clube Português, foi lida a Proclamação<br />

do MFA, onde se apresentavam<br />

as razões que levaram<br />

ao golpe militar, bem como os<br />

caminhos a seguir pelo novo<br />

poder político, consignados no<br />

Programa do MFA. Informava<br />

igualmente que o poder era<br />

transferido para uma junta militar,<br />

ficando esta no imediato de<br />

dar cumprimento ao Programa<br />

do MFA, a que os portugueses<br />

teriam acesso em pormenor na<br />

manhã seguinte, através do jornal<br />

República, ainda sem as alterações<br />

introduzidas na discussão<br />

que decorreu ao longo da noite.<br />

Maria Inácia Rezola identificou<br />

Martins Guerreiro como o oficial<br />

que passou uma cópia integral<br />

a Álvaro Guerra, jornalista do<br />

diário fundado por António José<br />

de Almeida. À cautela, a versão<br />

que existia antes da discussão<br />

com os generais chegou atempadamente<br />

a mão certa. Ainda<br />

que Spínola conseguisse impor<br />

a sua vontade, os princípios<br />

fundamentais que nortearam<br />

os homens do MFA a derrubar<br />

o Estado Novo, seriam do conhecimento<br />

dos portugueses.<br />

Spínola não os poderia ignorar e<br />

ver-se-ia constrangido a respeitá-los.<br />

Ainda assim, ao ceder a Spínola<br />

na alteração ao Programa, Vítor<br />

Alves admitiu que o MFA cometeu<br />

um erro grave que muito penalizou<br />

o País. A não inclusão do<br />

termo «independência» ou «autodeterminação<br />

das províncias<br />

ultramarinas» gerou nos movimentos<br />

de libertação alguma<br />

suspeição, envenenando as relações<br />

com o novo poder político<br />

português, quando se pretendia<br />

desde logo a abertura de negociações.<br />

Fez mesmo com que a<br />

guerra recrudescesse, particularmente<br />

em Moçambique e em<br />

Angola. Não obstante, entendeu<br />

a cedência como um negócio,<br />

porquanto «nós servimo-nos do<br />

nome dele (Spínola) para mantermos<br />

unido todo o exército, o<br />

que foi conseguido», para concluir<br />

que, ainda assim, deviam ter<br />

insistido mais nessa questão tão<br />

importante.<br />

Talvez os espíritos embevecidos<br />

pela vitória e o consequente<br />

derrube da ditadura, não permitissem<br />

uma percepção serena<br />

da situação, mas, na verdade,<br />

reconheceria mais tarde Vítor<br />

Alves a Maria Manuela Cruzeiro,<br />

naquela noite detectou-se<br />

«a existência de dois projectos<br />

totalmente distintos» e aquele<br />

primeiro encontro na Pontinha<br />

marcou o início de um período<br />

de tensão entre o MFA e os<br />

spinolistas, que só teria o seu<br />

epílogo com a demissão do líder<br />

deste grupo, na sequência do 28<br />

de Setembro.


24 Lusitano<br />

ACTUALIDADE<br />

“O risco de um conflito entre EUA e<br />

Rússia é real e assustador”<br />

A pergunta essencial da entrevista: “Quem é que<br />

ele (Trump) vai atacar a seguir? O Irão? A Coreia<br />

do Norte? De novo a Síria? Neste momento<br />

a Síria parece o pretexto mais óbvio para um<br />

confronto entre os EUA e a Rússia, mas também<br />

existem outras situações instáveis e por resolver,<br />

nomeadamente na Ucrânia e nos países Bálticos,<br />

com o destacamento de tropas da NATO.”<br />

CARLOS MATOS GOMES<br />

Coronel de Cavalaria.<br />

Condecorado com as medalhas<br />

de Cruz de Guerra<br />

de 1ª e de 2ª Classe.<br />

Pertenceu à primeira Comissão<br />

Coordenadora do<br />

Movimento dos Capitães<br />

na Guiné. Foi membro da<br />

Assembleia do MFA. É<br />

escritor.<br />

Uma bela lista de possibilidades para Trump desviar<br />

as atenções, mas que estão em linha com a<br />

“war agenda” dos Estados Unidos desde o fim da<br />

URSS, que inclui a desestabilização dos Balcãs e a<br />

criação dos grupos jiadistas islâmicos; as invasões<br />

do Iraque, do Afeganistão, da Líbia. A desestabilização<br />

do Magreb, com as “primaveras árabes”<br />

e o derrube de governos laicos e nacionalistas,<br />

substituídos por radicais islâmicos; a “primavera<br />

de veludo da Ucrânia”, as provocações à Rússia,<br />

com a colocação de armas e tropas da NATO nos<br />

suas fronteiras...<br />

Trump é um negociante. O complexo militar industrial<br />

fez com ele um negócio: Trump regressa<br />

á agenda da guerra, e os vendedores de armas e<br />

guerras encarregam-se de fazer dele um patriota<br />

guerreiro, limpam-lhe a imagem de urso, de agente<br />

russo, de gangster sem escrúpulos que estava<br />

a colar-se à pele e a estragar os negócios da família<br />

Trump.<br />

As perguntas dos europeus deviam ser: a Europa<br />

apoia esta lavagem sangrenta da imagem de<br />

Trump? A Europa acredita que um homem como<br />

Trump (mais genro e filha), que pretende cortar<br />

os serviços básicos de saúde a cerca de 20 milhões<br />

de americanos, se comove com os mortos<br />

na Siria, com o gás que cada vez maior número de<br />

provas indicam ser dos “rebeldes” apoiados pelos<br />

EUA? Qual é, depois dos edificantes exemplos do<br />

Iraque e da Líbia, o programa para o dia pós-Assad?<br />

A Europa necessita de ser defendida pelos EUA<br />

(apesar de Trump, ou por Trump), ou necessita de<br />

defender-se deles?<br />

link da entrevista:<br />

http://zip.net/bqtJwB<br />

Torne-se<br />

associado do Centro<br />

Lusitano<br />

de Zurique<br />

Novidade no mercado suiço<br />

moda exclusiva e limitada<br />

100% made in Portugal<br />

CRISTINA BARROS<br />

by DiasFashion<br />

Apresentação Summer Collection<br />

No Hotel Crowne Plaza, Badenerstrasse 420 em Zurique<br />

Domingo, dia 29 de Maio 2016 das 10.00 às 18.00 horas<br />

Brevemente também disponível no online shop<br />

www.cristinabarros.ch<br />

Ligue<br />

Tel.: 079 222 09 14


ACTUALIDADE<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

25<br />

O “Big Brother” num bago de arroz<br />

Recentemente soube-se que a<br />

Epicenter está a proceder à implantação<br />

debaixo da pele de<br />

muitos dos respectivos trabalhadores<br />

de um chip do tamanho de<br />

um bago de arroz, que supostamente<br />

permitirá a cada um deles<br />

aceder a certas instalações e<br />

equipamentos.<br />

ANTÓNIO GARCIA PEREIRA (*)<br />

Recentemente soube-se que a<br />

Epicenter – um centro de negócios<br />

e incubadora de empresas<br />

em fase de arranque (as chamadas<br />

start ups), situada na Suécia<br />

– está a proceder à implantação<br />

debaixo da pele de muitos dos<br />

respectivos trabalhadores de um<br />

chip do tamanho de um bago de<br />

arroz, que supostamente permitirá<br />

a cada um deles aceder a certas<br />

instalações e equipamentos<br />

(por exemplo, transpor portas,<br />

abrir computadores, tirar fotocópias<br />

e ligar viaturas).<br />

A experiência não é, sequer, nova<br />

pois já em 2006 uma empresa de<br />

Cincinnati, Ohio, nos Estados<br />

Unidos da América, tratara de<br />

“chipar” os seus trabalhadores<br />

determinando a instalação em<br />

cada um deles de um RFID<br />

(Radio frequency identification) ou<br />

NFC (Near Field Communication).<br />

É claro que se tenta justificar<br />

este tipo de medidas não só pela<br />

maior “facilitação” e eficiência<br />

no acesso a equipamentos e instalações,<br />

como também – pasme-se,<br />

ou talvez não… – como<br />

uma espécie de “estágio” ou de<br />

preparação para a altura em que<br />

os poderes públicos (da Autoridade<br />

Tributária às entidades patronais)<br />

procurarem impor o seu<br />

uso à generalidade dos cidadãos<br />

tal como recentemente a Hannes<br />

Sjoblad e o seu “Swedish Biohacking<br />

Group” teve o arrojo de<br />

proclamar.<br />

Progresso tecnológico?<br />

Ou permanente<br />

vigilância?<br />

“a vigilância possível, não apenas por parte do Governo mas também<br />

das empresas e até de organizações criminais atingirá um nível<br />

sem precedentes. Simplesmente não haverá lugar algum onde<br />

se lhe possa escapar” - Bruce Schneier<br />

Agora o que se “vende” é a tese<br />

de que isto é o progresso tecnológico<br />

que permite poupar tempo<br />

e dinheiro e até vidas (implantando<br />

informação médica, vital<br />

em caso de acidente), que nada<br />

tem de mal, sendo também certo<br />

que se repete à exaustão o velho<br />

brocardo dos regimes e sistemas<br />

ditatoriais de que “quem não<br />

deve, não teme”.<br />

Mas a verdade é que a mesmíssima<br />

tecnologia permite afinal<br />

controlar ao segundo todos e<br />

cada um dos movimentos dos<br />

trabalhadores, os locais onde se<br />

deslocaram, quanto tempo neles<br />

permaneceram, que mecanismos<br />

accionaram, que tarefas desempenharam.<br />

Ou seja, de instrumentos de aumento<br />

da eficiência e de produtividade<br />

da actividade humana, se<br />

admitidos, instalados e usados<br />

sem qualquer controle democrático<br />

efectivo, fácil e rapidamente,<br />

e sobretudo se articulados<br />

com outras tecnologias (como<br />

por exemplo as de localização,<br />

como o GPS ou de actuação à<br />

distância), eles permitirão controlar<br />

não apenas o desempenho<br />

profissional mas também a vida<br />

pessoal, familiar, cívica, sindical e<br />

política dos seus portadores.<br />

E até – se por exemplo usados<br />

para accionar a ignição dum<br />

dado veículo – permitirão, por<br />

exemplo, ao Banco ou à empresa<br />

de crédito, relativamente ao proprietário<br />

do carro que se atrasou<br />

num pagamento,<br />

desactivar a mesma ignição e<br />

imobilizá-lo.<br />

Como referiu Bruce Schneier, um<br />

perito em segurança da Counterpane<br />

Internet Security Inc., “o<br />

lado negro do chip RFID é precisamente<br />

o acesso subreptício”.<br />

E onde fica o “direito<br />

ao segredo do ser”?<br />

Ora, partindo das magnas questões<br />

de quem pode ter que usar<br />

um tal chip e de quem pode a ele<br />

aceder e como e para quê poderá<br />

utilizar os respectivos dados, a<br />

verdade é que não há nem pode<br />

haver autêntica Democracia e<br />

verdadeiro respeito pela dignidade<br />

da pessoa humana – princípio<br />

estruturante da nossa sociedade,<br />

consagrado no artº 1º da Constituição<br />

da República – sem o<br />

chamado “direito ao segredo do<br />

ser”, ou seja, sem o direito à imagem,<br />

o direito à intimidade da<br />

vida privada, o direito a exercer<br />

e praticar actividades da sua esfera<br />

pessoal sem vídeo-vigilância<br />

ou qualquer outra forma de controle<br />

à distância, e a proibição do<br />

tratamento informático de dados<br />

referentes à vida privada.<br />

E a protecção contra a devassa<br />

da vida de cada um e a recolha,<br />

tratamento e gestão de dados<br />

sobre eles é hoje ainda mais importante<br />

face aos cada vez mais<br />

sofisticados meios tecnológicos<br />

que vão sendo criados e, quase<br />

sempre sem um juízo crítico sobre<br />

a correcção ética, política e<br />

social da sua utilização, implantados.<br />

Primeiro, para controlar de forma<br />

absolutamente contrária à lei<br />

(artº 20º do Código do Trabalho)<br />

o desempenho profissional dos<br />

trabalhadores, como já hoje vem<br />

sucedendo entre nós com câmaras<br />

de vídeo-vigilância e sempre<br />

sob o sacrossanto pretexto da<br />

“protecção e segurança de pessoas<br />

e bens”.<br />

Big Brother em nome<br />

do “combate ao terrorismo”<br />

De seguida, para acautelar e perseguir,<br />

agora sob o pretexto da<br />

“luta contra as formas mais sofisticadas<br />

de criminalidade” ou<br />

do “combate ao terrorismo”, os<br />

adversários políticos (e não esqueçamos<br />

que Portugal é o país<br />

da União Europeia em que mais<br />

escutas telefónicas “legais” se fazem<br />

e em que foi preciso chegar<br />

à Democracia e às suas reformas<br />

de processo penal para a política<br />

poder entrar em casa dum<br />

cidadão durante a noite e prendê-lo…),<br />

os “subversivos” ou simplesmente<br />

os “diferentes”.<br />

E depois, e finalmente, quando –<br />

parafraseando o célebre poema<br />

do pastor protestante e militante<br />

anti-nazi Martin Niemöller – já<br />

não restar ninguém que, em seu<br />

nome, proteste e reclame, para<br />

controlar tudo e todos, num asfixiante<br />

mundo orwelliano em que<br />

a identidade individual de cada<br />

cidadão foi definitivamente suprimida.<br />

E aí, eliminada a singularidade<br />

pessoal do “eu” de cada um e embotada<br />

a consciência colectiva do<br />

“nós” pela missa hipnótica e pelo<br />

torpor viscoso do pensamento<br />

dominante (do “é assim porque<br />

é assim”, do “não há alternativa”,<br />

do “manda quem pode, obedece<br />

quem deve”) apenas restará escutar<br />

os últimos acordes do Requiem<br />

pela Democracia.<br />

E é precisamente contra essa lógica<br />

e esse estado de coisas que<br />

temos que nos erguer. Porque é<br />

sempre possível encontrar uma<br />

alternativa. Porque o futuro são<br />

os Povos, e não os seus “chefes”,<br />

que o constroem…<br />

(*) advogado, político e<br />

professor universitário<br />

in, jornaltornado.pt


26 Lusitano<br />

PUBLICIDADE<br />

Dübendorfstrasse 2<br />

CH-8051 Zürich<br />

044 340 10 70<br />

info@sbacademy.ch<br />

CURSOS EM PORTUGUÊS<br />

A Swiss Beauty Academy é uma escola suiça de ensino<br />

profissionalizante em diversas áreas. Aprenda em seu idioma!<br />

Lusitano 2016/1<br />

Cabeleireiro<br />

Estética e<br />

Depilação<br />

Unhas<br />

Maquiagem e<br />

Visagismo<br />

Make-up<br />

Permanente<br />

Massagem<br />

Personal<br />

Stylist<br />

Estilista de<br />

Moda<br />

Corte, Costura<br />

Modelagem<br />

Alongamento de<br />

Cílios<br />

Centro de Terapias Holísticas e Complementares<br />

Terapeuta, Mestra, e Professora independente Lusdes Matias<br />

Reiki Usui Kármico Aurico e Karuna Master<br />

Nails Designer, Unhas de Gel - Manicure Pedicure<br />

LURDES MATIAS - Austrasse 17, 8045 Zürich<br />

Natel: 076 317 60 23 De.lt.: 076 373 27 10<br />

Instrutores internacionais e altamente qualificados<br />

Todos os cursos são com diploma e/ou certificado<br />

Faça uma aula-teste gratuita e comprove nossa qualidade. Esperamos seu<br />

contato, pois ele é muito importante para nós!<br />

www.swiss-beauty-academy.ch<br />

SwissBeautyAcademy<br />

Promoção: Apresente este anúncio no ato de sua<br />

matrícula e receba um desconto de CHF 50.- (por curso)


CRÓNICA<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

27<br />

Gatos,<br />

cães<br />

e<br />

ratos<br />

© Joana Araújo<br />

ANTÓNIO M. RIBEIRO (UHF)<br />

O SMARTPHONE<br />

É MAIS<br />

INTELIGENTE QUE<br />

UMA BOA PARTE<br />

DAS PESSOAS<br />

QUE O UTILIZA,<br />

OCUPADAS E<br />

ESQUECIDAS QUE<br />

O MUNDO REAL<br />

EXISTE FORA DA<br />

PONTA DO FUNIL<br />

ELECTRÓNICO.<br />

Ouve-se a propósito ou sem qualquer pingo de<br />

justeza a frase, ”portam-se pior que os animais”.<br />

Não. É erro de análise, é defeito cultural que a<br />

tradição inculcou. O reino dos animais é equilibrado,<br />

mesmo quando nos parece feroz.<br />

Os ratos, com a chegada da primavera, andam vorazes<br />

por alimento – têm crias para alimentar. Os<br />

gatos, que governam os espaços do jardim à volta<br />

da casa tratam do assunto, equilibram a espécie,<br />

caçam, divertem-se com a presa até ela morrer<br />

– o mesmo acontece às lagartixas que deslizam<br />

sobre os muros – e depois de morta oferecem ao<br />

da casa, sobre a relva ou no tapete, os despojos<br />

sem vida. Faço de coveiro com uma pequena pá.<br />

As gatas estão grávidas, em fim de tempo e algumas<br />

não suportam proximidades na hora da<br />

comida, barafustam, a pata de unhas afiadas ergue-se<br />

e a líder come sozinha enquanto as outras<br />

aguardam. É um equilíbrio que amanhã será desfeito,<br />

surge uma nova líder – será do cheiro que<br />

exalam? – e a primazia ao jantar muda. Observo,<br />

vivem os seus próprios equilíbrios.<br />

Fora do muro os cães farejam, latem sem poderem<br />

entrar e correr atrás dos gatos e quebrá-los<br />

em fanicos como já vi. Os gatos, mais velozes, sobem<br />

pelas árvores mas depois não sabem descer.<br />

Um dia, eu e um vizinho tivemos de chamar os<br />

bombeiros – a gata miava a sete ou oito metros<br />

de altura e não sabia como descer. Acabou depois<br />

atropelada pelos ases que saem da praia e correm<br />

para o acidente na rotunda – se travam a tempo<br />

têm a esplanada dos caracóis e a concorrente dos<br />

petiscos à mercê: em dia de futebol grande nascem<br />

carros na rua onde vivo e silêncio e sossego<br />

na estrada durante noventa minutos e descontos.<br />

Os gatos agradecem.<br />

São equilíbrios entre as espécies, essa fantástica<br />

beleza que é observar a natureza e não intervir<br />

seguindo as nossas crenças limitadas e a visão<br />

que nos incha o ego.<br />

Erdogan, o presidente turco, vai continuando a<br />

‘purificar’ a sua noção de estado dócil – esta semana<br />

mais uma fornada de juízes seguiram para<br />

o desemprego, destituídos das suas funções. O<br />

Direito é cada vez mais um conceito plasticínico,<br />

moldado para servir os que detêm o poder, leia-<br />

-se as armas.<br />

Jim Morrison, que foi um romântico num tempo<br />

incerto, escreveu um dia, na canção “Five To<br />

One”, que ‘Eles tinham as armas/Mas nós temos<br />

os números”. Naqueles anos, final da década de<br />

1960, havia flores no cabelo e manifestações<br />

sentadas (sit-in) contra a guerra do Vietname nas<br />

principais cidades americanas. Essa malta, que,<br />

se não morreu ou flipou sob o peso dos ácidos, é<br />

hoje quem nos dirige, passaram de hippies a yuppies,<br />

fundaram e governam (ainda) as grandes<br />

empresas que nos mantêm entretidos – o smartphone<br />

é mais inteligente que uma boa parte das<br />

pessoas que o utiliza, ocupadas e esquecidas que<br />

o mundo real existe fora da ponta do funil electrónico.<br />

A propósito do Direito, Nicolás Maduro, esse<br />

símbolo da revolução marxista (estive quase para<br />

escrever ‘marchista’), aquele que chegou ao poder<br />

e encantou as massas porque teve uma visão<br />

de Hugo Chavez ao lado de Jesus, governa um<br />

dos países mais ricos em petróleo mas não consegue<br />

distribuir pão ao seu povo. Tentou ilegalizar a<br />

Assembleia da ‘sua’ República através de uma ordem<br />

do Supremo Tribunal venezuelano – melhor<br />

será impossível? Na prática, o golpe passava por<br />

impedir a decisão do povo, certa ou errada é algo<br />

que compete aos da Venezuela. A plasticina ‘democrática’<br />

continua a ser estrafegada por quem<br />

fala em nome do povo – oh, povo, dás para tanto<br />

que não passas de povo para canhão.<br />

Um disco: a luxuosa edição do primeiro LP<br />

dos Doors, originalmente editado em 1967 pela<br />

Elektra Records. É numerada, calhou-me a n.º<br />

246. Inclui o LP original em som mono, três CD<br />

com a mistura do LP original em estéreo (remasterizado),<br />

outro em mono e o terceiro ao vivo no<br />

Clube Matrix (7 de Março de 1967), e ainda dois<br />

libretos com notas e fotos. Para coleccionadores.


28 Lusitano<br />

NEUROCIÊNCIA<br />

Se está com sono, peça para sair<br />

da aula<br />

NELSON LIMA (*)<br />

Tentar estar atento com<br />

o cérebro ensonado é prejudicial<br />

Muitos estudantes, mesmo que<br />

adultos, adormecem em plena<br />

sala de aula. A falta de descanso,<br />

o stress e outros factores são os<br />

principais gatilhos dessa situação, a<br />

qual é bastante comum hoje em dia.<br />

Apesar do desconforto, a generalidade<br />

das pessoas aceita isso com<br />

naturalidade como se fosse o preço<br />

a pagar pela necessidade de obter<br />

uma formação que exija presença<br />

em sala de aula.<br />

Para os professores é confrangedor<br />

assistir a isso porque eles se sentem<br />

impotentes e incapazes, sobretudo<br />

quando as matérias são mais<br />

teóricas e exigem concentração. E<br />

contra o sono dos alunos (às vezes,<br />

sono acumulado), nem o melhor dos<br />

professores consegue ter grande<br />

sucesso.<br />

O pior que o sono e cansaço trazem<br />

é que os alunos não são capazes<br />

de reter nem metade da informação<br />

transmitidas nas aulas.<br />

Faça-se uma avaliação 30 minutos<br />

depois e facilmente se chega<br />

à óbvia constatação de que esses<br />

alunos (e outros) simplesmente<br />

esqueceram ou não compreenderam<br />

o que tentaram, sem sucesso,<br />

captar durante as aulas porque o<br />

sono dominou os seus cérebros (o<br />

sono é uma necessidade biológica).<br />

E quando as aulas se sucedem por<br />

horas seguidas então é o desastre<br />

total.<br />

As aprendizagens assim obtidas<br />

geram “zero conhecimento” e apenas<br />

a memorização de fragmentos<br />

soltos, que serão rapidamente esquecidos.<br />

Então pergunto: faz sentido haver<br />

aulas quando os alunos acumulam<br />

sono, cansaço e apenas conseguem<br />

ganhar um mínimo de conhecimento<br />

e sabe Deus como? Não faz. E nos cursos<br />

intensivos em que as exigências são maiores?<br />

Nem queiram saber.<br />

DICAS: se você é aluno e está caindo de<br />

sono, peça ao professor para sair da sala de<br />

aula por uns minutos (um aluno dormindo<br />

também contagia muitos outros), caminhe<br />

um pouco e respire fundo (a solução do “cafezinho”<br />

não muda nada no que concerne<br />

a aprender); se necessário, quando as aulas<br />

são intermináveis, faça isso várias vezes.<br />

O melhor será, porém, cuidar do sono e<br />

não entrar na escola ou na universidade a<br />

cair de cansaço e quase sonâmbulo.<br />

ALERTA: alunos dormindo na sala de aula<br />

prejudicam-se a si mesmo, aos outros, aos<br />

professores e à instituição de ensino que<br />

perde em credibilidade.<br />

(*) Membro efectivo da Associação Britânica<br />

de Neurociências


OPINIÃO<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

29<br />

Entre a magia e a dúvida metódica<br />

CARLOS MATOS GOMES (*)<br />

UM GRUPO DE<br />

POBRES EX-<br />

POLÍTICOS ENTRA<br />

EM PALCO COM<br />

UMA CARTOLA E<br />

UM BALÃO VAZIO. ENCHEM-NO<br />

ATÉ ESTOIRAR, DEIXANDO PELO<br />

CHÃO E SOBRE OS ESPECTADORES<br />

FARRAPOS E DESTROÇOS. CAI A<br />

CORTINA DOS MISTÉRIOS E OS<br />

EX-POBRES POLÍTICOS SURGEM À<br />

BOCA DE CENA GORDOS COMO<br />

NABABOS...<br />

PARA QUEM VERDADEIRAMENTE<br />

AMA O SEU CARRO, SO A MELHOR<br />

COBERTURA CONTA.<br />

Parece certo que existiu uma Sociedade<br />

Lusa de Negócios (belo nome),<br />

detentora de um banco, o BPN, e de<br />

várias sociedades associadas. A SLN e<br />

o BPN tinham conselhos de administração<br />

e mais órgãos típicos das sociedades,<br />

quase todos constituídos por<br />

ex-membros de governos e políticos<br />

conhecidos.<br />

Quase todos estes<br />

administradores e ex-<br />

-políticos, segundo se<br />

sabe, sem grande património<br />

pessoal. Até<br />

se gabaram, quando<br />

foi conveniente, das suas<br />

origens modestas. A SLN e o<br />

BPN movimentaram milhares<br />

de milhões de euros. Surgiram<br />

notícias de bancos virtuais<br />

em Cabo Verde, negócios mirabolantes<br />

nas Caraíbas, terrenos,<br />

hospitais, e o mais que<br />

se falou. O BPN estoirou, derreteu,<br />

torrou qualquer coisa como 5, 6, 8<br />

mil milhões de euros. O Estado, através<br />

dos seus contribuintes pagou esta gestão,<br />

que se revelou ruinosa e desconfiou<br />

que era criminosa.<br />

Ao fim de anos de investigação, o<br />

Estado, através do seu ministério público,<br />

chegou à conclusão que o dinheiro<br />

desapareceu e com ele os valores associados.<br />

Mas não há responsáveis. Os<br />

administradores e os membros dos órgãos<br />

sociais da SLN e do BPN não são<br />

Zurich,<br />

Generalagentur<br />

Marcel Strangis<br />

Manessestrasse 87<br />

8045 Zürich<br />

Tiago Costa<br />

044 405 54 90<br />

078 719 64 81<br />

tiago.costa@zurich.ch<br />

responsáveis pelo que aconteceu nas<br />

empresas de que se faziam pagar como<br />

administradores, julgava-se. Acresce<br />

ainda ser público que estes membros<br />

dos órgãos sociais da SLN e do<br />

BPN estão, depois do estoiro<br />

do BPN, muito bem de<br />

vida. Administrarampessoalmente<br />

-se<br />

m u i t o<br />

bem e muito<br />

mal a sociedade.<br />

A dúvida<br />

metódica sobre<br />

o “caso BPN”<br />

e dos seus administradores<br />

começa por<br />

ser de origem da física,<br />

ou da natureza. O<br />

dinheiro e os valores<br />

do BPN ter-se-ão<br />

evaporado e reorganizado<br />

numa nuvem<br />

que os fez chover –<br />

como se fossem peixes<br />

sugados do mar – nas contas<br />

dos seus antigos administradores? Os<br />

valores ter-se-ão escoado por fendas<br />

abertas no fundo de um lago interior e<br />

surgido sob a forma de fonte de águas<br />

vivas nas contas dos seus antigos administradores?<br />

A dúvida sobre o arquivamento das<br />

acusações aos administradores do BPN<br />

não é quanto à presunção da sua inocência,<br />

é sobre a natureza da justiça.<br />

Não sendo os códigos manuais de ciências<br />

da natureza, serão livros de magia,<br />

com um truque do género: Um grupo de<br />

pobres ex-políticos entra em palco com<br />

uma cartola e um balão vazio. Enchem-<br />

-no até estoirar, deixando pelo chão e<br />

sobre os espectadores farrapos e destroços.<br />

Cai a cortina dos mistérios e os<br />

ex-pobres políticos surgem à boca de<br />

cena gordos como nababos, de cartola<br />

e smoking, a fumar charutos, rodeados<br />

de belas mulheres.<br />

O público, estupefacto, vê o compère<br />

do circo cumprimentá-los e dar-lhes os<br />

parabéns pelo êxito do espectáculo!<br />

SEGUROS DA ZURICH.<br />

PARA TODOS QUE AMAM VERDADEIRAMENTE.<br />

(*) Coronel de Cavalaria. Condecorado com<br />

as medalhas de Cruz de Guerra de 1ª e de<br />

2ª Classe. Pertenceu à primeira Comissão<br />

Coordenadora do Movimento dos Capitães<br />

na Guiné. Foi membro da Assembleia do<br />

MFA. É escritor.


30 Lusitano<br />

CULINÁRIA<br />

Farrafuza – «Passo a Passo»<br />

A agricultura sempre ocupou um lugar<br />

importante no concelho da Moita, concelho<br />

ribeirinho do Tejo, pertencente ao<br />

distrito de Setúbal.<br />

Aqui, onde a terra e o rio se confundem,<br />

a hortaliça que se produzia no campo,<br />

como os tomates, as cebolas, as batatas,<br />

eram, por vezes, os ingredientes principais<br />

de alguns cozinhados, pois em qualquer<br />

horta podiam ser cultivados e estavam<br />

sempre à mão. A Farrafuza é um exemplo<br />

dessa cozinha simples, económica e acessível<br />

sendo, ainda hoje, um prato muito<br />

apreciado pela facilidade e rapidez da sua<br />

confecção e por ser bastante económico.<br />

A sua receita foi passando oralmente de<br />

geração em geração e, por isso mesmo,<br />

pode ser confeccionado de diferentes maneiras.<br />

Ingredientes<br />

Ovos; 0,5 kg de tomates; 2 dl azeite; 2<br />

cebolas; dentes de alho; sal q.b.; pimenta<br />

q.b.<br />

Preparação<br />

Leva-se ao lume uma frigideira grande<br />

com as cebolas cortadas às rodelas e o<br />

azeite, até a cebola ficar translúcida. Juntam-se<br />

então os alhos bem picados. Os<br />

tomates devem ser antecipadamente pelados<br />

e limpos de pevides, após o que se<br />

cortam aos bocados e se juntam à cebolada.<br />

Depois de tudo cozido, colocam-se<br />

os ovos a escalfar, por cima da tomatada.<br />

Deve ser acompanhado com batatas cozidas.<br />

Vinho para acompanhar<br />

Porque este é um prato rico e complexo,<br />

pede também um vinho com essas<br />

características. Na Península de Setúbal,<br />

os vinhos são naturalmente ricos e complexos,<br />

frutos das castas plantadas e do<br />

microclima da zona. Ao explorar a margem<br />

sul do Sado, tal como na Península<br />

de Setúbal, não será difícil encontrar um<br />

tinto frutado, com aromas de fruta preta<br />

e muito boa concentração, com taninos<br />

estruturados, mas não muito marcantes,<br />

que acompanhará na perfeição este prato.<br />

Trincadeira,<br />

Aragonez<br />

e as Tourigas Nacional e Franca são as<br />

nossas sugestões.<br />

(Sugestão da CVR da Península de Setúbal)<br />

O texto, a receita e foto final do «Passo a<br />

Passo» estão publicadas no Livro «Os Sabores<br />

da Nossa Terra», pela Associação de Desenvolvimento<br />

Regional da Península de Setúbal<br />

(ADREPES).<br />

A foto que acompanha este texto resulta do<br />

empratamento feito pela Escola de Hotelaria e<br />

Turismo de Setúbal, após confecção de acordo<br />

com a receita tradicional.<br />

Lapardana – «Passo a Passo»<br />

A Lapardana é uma comida das gentes<br />

da borda d’água do Ribatejo, mais<br />

um dos muitos exemplos dos pratos<br />

dos tempos em que muitos passavam<br />

fome, e para os quais se recorria principalmente<br />

ao pão, juntando-se, neste<br />

caso, as batatas e as couves, com o<br />

azeite e o alho a dar sabor. Era feita<br />

tanto pelos camponeses que trabalhavam<br />

nas lezírias como pelos avieiros<br />

que pescavam nas valas do Tejo.<br />

Por essa razão, tinha, muitas vezes,<br />

por acompanhamento o peixe do rio,<br />

outras vezes, bacalhau, que ainda era,<br />

nessa altura, o “fiel amigo”. Mas qualquer<br />

que fosse o conduto, a sua quantidade<br />

dependia, obviamente, do orçamento<br />

familiar.<br />

Ingredientes<br />

4 batatas médias; 600 g de pão duro<br />

de trigo; 4 folhas verdes de couve; 2 dl<br />

de azeite; 12 dentes de alho; 4 postas<br />

de bacalhau demolhado; sal e pimenta<br />

q.b.<br />

Preparação<br />

Cozem-se em água e sal as batatas<br />

cortadas em rodelas e a couve em pedaços<br />

ripados à mão. Quando a batata<br />

estiver cozida, escorre-se e reserva-se<br />

a água de cozedura. A couve está, nesta<br />

altura, ainda mal cozida mas é assim<br />

mesmo. Demolha-se bem o pão na<br />

água da cozedura que ficou de reserva.<br />

Pode juntar-se também um pouco<br />

de broa de milho, se houver. Põe-se o<br />

pão num tacho e leva-se ao lume com<br />

um terço do azeite, um terço dos dentes<br />

de alho migados e um pouco de<br />

pimenta, amassando-se bem com uma<br />

colher de pau a que se dava o nome<br />

de geribalde. Juntam-se as couves e<br />

as batatas e deixam-se fervinhar até<br />

se obter uma açorda mole. Enquanto<br />

a açorda apura, assa-se o bacalhau sobre<br />

o lume. Dispõe-se a açorda numa<br />

travessa funda, desfia-se o bacalhau<br />

em lascas grandes que se põe sobre<br />

a açorda. Rega-se tudo com o azeite<br />

bem quente e os alhos restantes.<br />

Acompanhamento<br />

Este é um prato de sabor muito<br />

forte, intensificado pelo azeite e pelo<br />

alho. Para o acompanhar, é indicado<br />

um vinho branco intenso e estruturado,<br />

cuja acidez vigorosa compense a<br />

força<br />

do<br />

prato.<br />

Procure<br />

um<br />

branco<br />

com<br />

estas<br />

características<br />

na<br />

Região Tejo.<br />

O texto e a receita aqui apresentados<br />

estão publicados no Livro «Os<br />

Sabores da Nossa Terra» pela APRO-<br />

DER- Associação para a Promoção do<br />

Desenvolvimento Rural do Ribatejo.<br />

A foto que acompanha este texto<br />

resulta do empratamento<br />

feito pela<br />

Escola Profissional<br />

de Vale do Tejo<br />

(Santarém), após<br />

confecção de acordo<br />

com a receita<br />

tradicional.<br />

Colaboração:<br />

Amílcar Malhó


SAÚDE<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

31<br />

ORÉGANO<br />

(Origanum vulgare)<br />

COOORDENAÇÃO E RECOLHA: JOANA ARAÚJO<br />

PLANTAS MEDICINAIS<br />

MIL HOMENS (Aristolochia triangularis):<br />

Planta usada nas afecções cutâneas,<br />

problemas circulatórios, dormências e formigamentos,<br />

eczemas, frieira, feridas, cistite<br />

e anorexia. Tem fama de ajudar a tratar<br />

doençss venéreas.<br />

MULUNGU (Erytrina verna): Calmante<br />

poderoso, analgésico e muito usado em<br />

manipulação, contra pressão alta. Também<br />

indicado contra insônia e ansiedade.<br />

NÓ DE CACHORRO (Heteropteris<br />

aphrodisiaca): Revigorante físico e mental,<br />

é usado tradicionalmente como afrodisíaco<br />

e estimulante sexual. Indicada para ajudar<br />

a regularizar as funções do organismo<br />

como um todo. Popularmente é também<br />

utilizada para prevenir úlceras, combater<br />

a perda de memória e a fadiga. É considerada<br />

uma planta adaptógena, isto é, fortalece<br />

as defesas do organismo, melhora o<br />

funcionamento do cérebro e dá energia<br />

extra pois tem ação tônica e revigorante.<br />

NOGUEIRA (Juglans regia): A nogueira<br />

é uma árvore da Família Juglandaceae, nativa<br />

da Europa e da Ásia. Também conhecida<br />

como nogueira-do-Ceilão, noz, noz<br />

caucasiana, nogueira de iguape e nogueira-da-Índia.<br />

Suas folhas são ricas em um<br />

óleo aromático.O chá de nogueira é usado<br />

popularmente para tratar problemas relacionados<br />

ao útero, bexiga, ovários, além<br />

de ser auxiliar contra anemia, angina, artritismo,<br />

diabetes, gota, hemorróidas e reumatismo.<br />

Na medicina popular é indicada<br />

como afrodisíaca, calmante dos nervos e<br />

vermífuga. Externamente, a planta é usada<br />

para tratar feridas e erupções cutâneas.<br />

NONI (Morinda citrifolia): É uma planta<br />

originaria do sudoeste da Ásia, rica em carboidratos,<br />

vitaminas e minerais e que foi<br />

levada para as Ilhas da Polinésia há mais de<br />

2 mil anos. Atualmente está sendo cultivada<br />

e produzida na América Central e no<br />

Brasil, com plantação intensiva no estado<br />

de Roraima. Popularmente é usada como<br />

tônico sexual, anti-diabética, analgésica e<br />

hipotensora. A medicina popular, em especial<br />

no Tahaiti, utiliza o Noni também para<br />

combater a insônia, a falta de energia, o<br />

cansaço e o stress, a dificuldade de concentração,<br />

as desordens digestivas e os<br />

efeitos do tabagismo.<br />

NOZ DE COLA (Sterculia acuminata):<br />

Indicada popularmente contra o desgaste<br />

físico e mental, stress, depressão, melancolia<br />

e anorexia.<br />

NOZ MOSCADA (Myristica fragans):<br />

Digestiva e anti-reumática, muito utilizada<br />

contra pressão alta.<br />

OLIVEIRA (Olea europaea): Planta de<br />

origem mediterrânea, é amplamente cultivada<br />

em Portugal, Espanha e outros<br />

países da Europa. Considerada uma poderosa<br />

aliada da saúde, suas folhas contém<br />

elevadas concentrações de antioxidantes<br />

e minerais como potássio, magnésio, manganês,<br />

fósforo, selênio, cobre e zinco, que<br />

evitam a ação dos radicais livres promovendo<br />

uma ação revigorante no organismo.<br />

Outro benefício das folhas da oliveira<br />

é que melhoram o aspecto da pele, prevenindo<br />

contra o envelhecimento, além estimular<br />

o metabolismo a eliminar gordura<br />

(efeito termogênico), auxiliando na redução<br />

de peso e dietas para emagrecimento.<br />

ORÉGANO (Origanum vulgare): Óptimo<br />

tempero culinário, é ainda estimulante das<br />

funções gástricas e biliares, sedativo e expectorante,<br />

indicado para resfriados, dores<br />

de garganta (gargarejos) e sua infusão<br />

alivia cólicas, é indicada no tratamento da<br />

tosse, dores de cabeça de origem nervosa.<br />

ATENÇÃO:<br />

Estas informações são meramente informativas<br />

e não devem ser usadas para diagnosticar, tratar,<br />

curar ou prevenir qualquer doença e muito menos<br />

substituir cuidados médicos adequados.<br />

COOORDENAÇÃO: JOANA ARAÚJO


32 Lusitano<br />

TECNOLOGIA<br />

“Revolução verde”<br />

Carro eléctrico faz 1000 km em 8 horas e 21 minutos com uma recarga<br />

líquida de 10 cêntimos/litro.<br />

JOANA ARAÚJO (*)<br />

Uma empresa suíça<br />

desenvolveu um novo<br />

tipo de baterias e já as<br />

instalou num protótipo,<br />

um súper desportivo<br />

que funciona a “água do<br />

mar”.<br />

Trata-se do nanoFLOW-<br />

CELL, uma nova tecnologia<br />

“Made in Swiss” que<br />

promete revolucionar os<br />

automóveis eléctricos e<br />

pode ser um passo importante<br />

na “revolução<br />

verde”.<br />

A empresa suíça nano-<br />

FLOWCELL desenvolveu<br />

um protótipo capaz<br />

de atingir os 380 quilómetros<br />

por hora, acelerar<br />

dos zero aos 100<br />

em apenas 2,8 segundos<br />

e uma autonomia que<br />

pode chegar aos 600<br />

quilómetros. Tudo isto,<br />

movido por um novo<br />

tipo de baterias que armazena<br />

energia numa<br />

solução de electrólitos<br />

que se assemelha à água<br />

do mar. O resultado é<br />

surpreendente: chama-<br />

-se Quant E-Sportlimousine.<br />

Este protótipo foi apresentado<br />

no Salão Automóvel<br />

de Genebra no<br />

passado mês de Março<br />

e já está autorizado a<br />

circular nas estradas europeias.<br />

A solução agora apresentada<br />

pela nano-<br />

FLOWCELL pode ser um<br />

passo em frente na revolução<br />

dos carros eléctricos.<br />

E não é só pela extraordinária<br />

potência e<br />

autonomia.<br />

A rapidez do reabastecimento<br />

é fundamental<br />

para o sucesso desta<br />

tecnologia. Ao invés de<br />

“ligar o carro à corrente”,<br />

estas novas baterias<br />

são recarregadas não<br />

com energia eléctrica,<br />

mas pela troca do líquido<br />

que contêm, um processo<br />

de reabastecimento<br />

que, quando estiver<br />

optimizado, pouco se<br />

diferenciará do sistema<br />

utilizado nas bombas de<br />

combustível tradicional.<br />

Serviços Públicos online<br />

Quantas filas e horas perdidas<br />

para pedir a renovação do cartão<br />

de cidadão, ou à espera de<br />

uma consulta, quanto dinheiro<br />

perdido por faltar ao trabalho<br />

quando foi renovar a carta de<br />

condução… Na verdade agora<br />

há serviços online que evitam<br />

estes cenários e podem facilitar-lhe<br />

a vida. Conheça alguns<br />

destes serviços que estão disponíveis<br />

online para si.<br />

Portal da Saúde<br />

Este portal foi renovado recentemente<br />

e destaca-se por informar<br />

os utentes dos tempos de<br />

espera num determinado hospital<br />

e centros hospitalares. Para<br />

ser mais fácil o seu acesso, este<br />

disponibiliza aplicações para ter<br />

informações no seu dispositivo<br />

móvel, possibilita a marcação<br />

de consultas e também tem uma<br />

área de notícias dedicadas.<br />

https://www.sns.gov.pt/<br />

Portal da Segurança<br />

Social<br />

Este portal foi criado para facilitar<br />

o acesso a informações<br />

que outrora só seriam possíveis<br />

quando o utente se dirigia pessoalmente<br />

às várias instalações<br />

desta entidade, o que por vezes<br />

levavam horas em filas, sob a<br />

pena de não verem o problema<br />

resolvido quando a documentação<br />

não estava toda reunida.<br />

www.seg-social.pt<br />

Portal das Finanças<br />

Os serviços do estado têm sofrido<br />

melhoramentos, embora<br />

nem sempre consensuais e que<br />

funcionem à primeira, mas, cada<br />

vez mais, cada um de nós pode,<br />

através da Internet, ter acesso a<br />

melhores serviços.<br />

Um dos mais preponderantes<br />

será o Portal das Finanças, por<br />

onde passa a vida fiscal dos portugueses,<br />

quer ao nível particular,<br />

quer ao nível das empresas.<br />

http://www.portaldasfinancas.gov.pt<br />

Portal de contraordenações<br />

É condutor e não sabe se está<br />

para chegar por aí alguma multa<br />

de trânsito? Agora já não precisa<br />

de esperar pois foi recentemente<br />

disponibilizado o Portal de Contra-ordenações<br />

Rodoviárias que<br />

permite aos condutores consultarem<br />

o cadastro individual mas<br />

também os processo associados<br />

às contra-ordenações.<br />

www.goo.gl/t8Vdzf<br />

Base de Dados de Contas<br />

O Banco de Portugal disponibiliza<br />

a consulta à Base de Dados<br />

de Contas através da internet,<br />

na sua página oficial e no Portal<br />

do Cliente Bancário.<br />

A consulta à Base de Dados de<br />

Contas pode ser realizada através<br />

da Internet utilizando a opção<br />

‘Obter Mapa’. A autenticação<br />

pode ser através do cartão<br />

de cidadão, credenciais de acesso<br />

ao Portal das Finanças ou<br />

usando as credenciais do Banco<br />

de Portugal. Dessa forma saiba<br />

o estado dos seus empréstimos<br />

e como está a saúde dos seus<br />

cartões de crédito.<br />

http://www.bportugal.pt<br />

Autoridade Tributária<br />

e Aduaneira<br />

Por questões de preço, mercado<br />

ou disponibilidade, por vezes<br />

surge a necessidade de adquirir<br />

um produto além fronteiras. Se<br />

for tão além que saia da União<br />

Europeia, o processo deixa de<br />

ser um simples envio e passa a<br />

ter a acção da Autoridade Tributária,<br />

havendo a possibilidade<br />

de cobrança de taxas alfandegárias.<br />

Saiba todos os detalhes e a melhor<br />

forma de proceder dependendo<br />

do caso, neste serviço<br />

online.<br />

http://info.portaldasfinancas.gov.pt/<br />

pt/at/<br />

Portagens<br />

Sejam auto-estradas ou SCU-<br />

TS, em Portugal o automobilista<br />

tem de pagar par circular nestas<br />

vias. Para quem pretender controlar<br />

os valores pagos ou em<br />

dívida podem aceder ao site<br />

da via verde ou ao site dos CTT,<br />

respectivamente. À distância<br />

de um clique poderá gerir toda<br />

a sua conta Via Verde, através<br />

de uma série de operações disponíveis.<br />

No site dos CTT pode<br />

fazer a consulta de movimentos<br />

(quando não tem identificador<br />

electrónico).<br />

https://www.viaverde.pt<br />

Livro de Reclamações<br />

Quantas vezes somos obrigados,<br />

num qualquer estabelecimento,<br />

a solicitar este meio de<br />

reclamação para que nos seja<br />

resolvido um problema que de<br />

forma directa não está a ser<br />

possível resolver? Online também<br />

o poderá fazer. Deixe a sua<br />

identificação, a sua reclamação,<br />

o motivo porque reclama e contra<br />

quem reclama.<br />

(a partir de Jinho)<br />

Portal do Cidadão<br />

O Portal do Cidadão integra<br />

agora os portais do Cidadão e<br />

da Empresa, numa plataforma<br />

única optimizada para diferentes<br />

dispositivos fixos e móveis.<br />

São estes alguns dos serviços<br />

que simplificam de uma forma<br />

cómoda e rápida o acesso a informação<br />

sem a necessidade de<br />

nos deslocarmos fisicamente<br />

ao respectivo serviço.<br />

https://www.portaldocidadao.pt<br />

com Agências


HORÓSCOPO<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

33<br />

Carneiro<br />

Neste mês teremos a Lua nova<br />

no sector financeiro e de talentos<br />

e habilidades do signo<br />

Carneiro. Além disso, o planeta<br />

Vénus reingressará no seu signo.<br />

É o momento em que você está<br />

mais consciente dos seus sentimentos<br />

e pode iniciar um novo<br />

ciclo de desenvolvimento emocional.<br />

A fase é positiva para perseverar<br />

na realização dos seus objectivos<br />

profissionais. Momento<br />

interessante para expressão<br />

dos seus talentos.<br />

Touro<br />

Um mês positivo para o signo<br />

Touro que é marcada pela<br />

fase lunar nova no seu signo,<br />

indicando um novo ciclo evolutivo.<br />

Ainda há muitos aprendizados<br />

emocionais ligados à auto-estima<br />

e com a necessidade de<br />

não repetir antigos padrões<br />

de comportamento.<br />

O momento é interessante<br />

para estudos, actividades nos<br />

bastidores e para resolver<br />

pendências.<br />

Gémeos<br />

A fase lunar nova ocorre neste<br />

mês no signo anterior ao<br />

seu, o que indica um período<br />

de reflexão, contemplação e<br />

interiorização. Deve cuidar<br />

mais da saúde.<br />

Aos poucos, a energia emocional<br />

fica mais fluida e você tende<br />

a sentir melhorias no relacionamento.<br />

É uma fase importante para se<br />

dedicar aos seus projectos e<br />

também para notar a importância<br />

do trabalho em equipa.<br />

Caranguejo<br />

A fase lunar nova ocorre no<br />

sector de amizades e projectos<br />

envolvendo grupos e empresas,<br />

estimulando esses assuntos.<br />

Você percebe uma melhoria na<br />

relação afectiva com uma maior<br />

consciência dos seus sentimentos.<br />

É um novo ciclo emocional<br />

para o signo Caranguejo.<br />

O planeta Vénus passa a actuar<br />

no sector de carreira do signo<br />

Caranguejo, favorecendo os<br />

contactos profissionais e simbolizando<br />

benefícios.<br />

Leão<br />

Este mês teremos a fase lunar<br />

no sector de realização e carreira<br />

do signo Leão, surge um<br />

novo ciclo em relação a estes<br />

assuntos.<br />

As coisas agora fluem com<br />

maior naturalidade já que você<br />

tem maior consciência das suas<br />

necessidades emocionais.<br />

Este mês pode marcar o início<br />

de uma nova fase de desenvolvimento<br />

na vida profissional. É<br />

importante expressar os seus<br />

talentos com foco e criatividade.<br />

Virgem<br />

A fase lunar nova ocorre ao longo<br />

do mês no sector de conhecimentos,<br />

viagens e espiritualidade.<br />

Ainda continua actuante a fase<br />

de importantes ensinamentos<br />

emocionais vinculados à autonomia,<br />

mas também a necessidade<br />

de cooperar.<br />

É uma fase interessante para<br />

viagens e estudos que tenham<br />

relação com a profissão.<br />

Balança<br />

Mês marcado pela Lua nova no<br />

sector de transformações emocionais<br />

do signo Balança. Questões<br />

financeiras e afectivas estarão<br />

em pauta.<br />

O planeta Vénus passa novamente<br />

a actuar no signo oposto<br />

ao seu, o que pode indicar melhorias<br />

na relação afectiva.<br />

Momento de importantes questões<br />

financeiras relacionadas ao<br />

trabalho. É importante cooperar<br />

para obter os melhores resultados.<br />

Escorpião<br />

É no signo oposto ao seu que<br />

temos a fase lunar nova deste<br />

mês, que pode caracterizar um<br />

novo ciclo nas associações e<br />

parcerias.<br />

Fase de aprimoramento emocional<br />

e de uma maior compreensão<br />

das suas verdadeiras<br />

necessidades no relacionamento.<br />

O reingresso do planeta Vénus<br />

no sector de trabalho pode favorecer<br />

os contactos profissionais<br />

e trazer maior harmonia ao<br />

quotidiano do signo Escorpião.<br />

Sagitário<br />

A fase lunar nova recai sobre o<br />

sector de saúde e trabalho do<br />

signo Sagitário, enfatizando a<br />

importância desses assuntos ao<br />

longo do mês.<br />

Vénus reingressa o sector amoroso,<br />

o que pode significar boas<br />

novas na vida afectiva, mas<br />

você deve ter cuidado com atitudes<br />

impulsivas.<br />

Neste mês, pode se iniciar um<br />

novo ciclo de desenvolvimento<br />

na vida profissional do signo Sagitário.<br />

É importante manter o<br />

foco e a perseverança.<br />

Capricórnio<br />

A Lua nova recai sobre o sector<br />

afectivo e criativo do signo Capricórnio.<br />

Um mês interessante<br />

para você se sintonizar mais<br />

com os seus sentimentos.<br />

A fase é de fortes lições sobre<br />

independência e autonomia.<br />

Questionamentos sobre o significado<br />

de amar e se relacionar.<br />

Trabalhos prazerosos em que<br />

você utiliza a criatividade estão<br />

estimulados. Poderá profissionalizar<br />

algo que você tem como<br />

paixão ou hobby.<br />

Aquário<br />

A fase lunar nova recai sobre o<br />

sector familiar do signo Aquário,<br />

representando o início de<br />

um novo ciclo na vida doméstica.<br />

É importante dialogar, respeitar<br />

as diferenças e expressar seus<br />

sentimentos com mais naturalidade.<br />

O trabalho se desenvolverá<br />

positivamente se você estiver<br />

centrado. É um momento em<br />

que o foco está nas questões<br />

mais subjectivas.<br />

Peixes<br />

A fase lunar nova estimula novos<br />

aprendizados e contactos<br />

no signo Peixes. É um mês importante<br />

para as questões financeiras.<br />

O momento requer mais maturidade<br />

e independência nas<br />

atitudes emocionais do signo<br />

Peixes.<br />

Favorecimento na expressão<br />

dos seus talentos com possível<br />

reconhecimento das suas habilidades.


34 Lusitano<br />

HUMOR<br />

AVIADORES<br />

Um piloto aviador, com a<br />

farda de trabalho vestida,<br />

pára numa aldeia do<br />

Alentejo, dirige-se a um<br />

pequeno café e pede uma<br />

bica e uma água fresca<br />

sem gás.<br />

O dono do café serve-o e<br />

o piloto pergunta; quanto<br />

é se faz favor?<br />

Responde o alentejano, é<br />

1,40 € colega.<br />

Colega? Pergunta o piloto<br />

muito espantado.<br />

Então o senhor também é<br />

piloto da Força Aérea?<br />

Responde o alentejano<br />

com toda a calma: atão o<br />

meu amigo não é aviador?<br />

Atão e eu também não<br />

estou aqui a aviar? Ora se<br />

estou a aviar, sou aviador.<br />

Um inglês a trabalhar<br />

na Grundig<br />

em Braga foi<br />

às compras num<br />

supermercado no<br />

Braga Parque.<br />

Eis a sua lista de compras:<br />

(Ler devagar e em Português<br />

para perceber…)<br />

-Um Inglês a viver em<br />

Portugal ia fazendo um<br />

esforço para dizer umas<br />

coisas em Português.<br />

Foi ao supermercado e<br />

fez a seguinte lista:<br />

– Pay she<br />

– MacCaron<br />

– My on easy<br />

– All face<br />

– Car need boy (may you<br />

kill oh!)<br />

– Spar get<br />

-Her villas<br />

– Key jo (parm soon)<br />

– Cow view floor<br />

– Pee men too<br />

– Better hab<br />

– Lee moon<br />

– Bear in gel<br />

Ao chegar a casa, bateu<br />

com a mão na testa e disse:<br />

– Food ace! Is key see me<br />

do too mach! Put a keep<br />

are you!<br />

O SERMÃO<br />

Numa povoação pequena,<br />

mesmo junto à fronteira<br />

entre Portugal e Espanha,<br />

a Igreja fica cheia<br />

para a missa das 10h:<br />

portugueses, espanhóis, o<br />

presidente da junta, etc. O<br />

padre começa o sermão:<br />

- Irmãos, estamos hoje<br />

aqui reunidos para falar<br />

dos Fariseus... aquele<br />

povo desgraçado, como<br />

esses espanhóis que estão<br />

aqui...<br />

Ohhhhhhh!!! O maior<br />

tumulto tomou conta<br />

da igreja. Os espanhóis<br />

ofenderam o padre, houve<br />

porrada na porta. O<br />

presidente da junta, que<br />

levava as mãos à cabeça,<br />

indignado, decidiu ir falar<br />

com o padre na sacristia:<br />

- Sr. Padre, vá devagar,<br />

os espanhóis vêm para<br />

este lado, gastam nas lojas,<br />

nos restaurantes, trazem<br />

divisas para Portugal.<br />

Não faça mais provocações,<br />

por favor.<br />

Durante a semana, a<br />

conversa entre todos era<br />

a mesma: o padre e o sermão<br />

do Domingo. Aquele<br />

zum-zum-zum todo foi<br />

fazendo com que as pessoas<br />

ficassem curiosas e<br />

a querer saber mais sobre<br />

o que tinha acontecido.<br />

Finalmente, chega o domingo.<br />

O presidente da<br />

junta chega à sacristia e<br />

fala com o padre:<br />

- Padre, o senhor lembra-se<br />

da nossa conversa,<br />

não? Por favor, não arranje<br />

nenhum problema hoje,<br />

ok?<br />

Inicia a missa e o padre<br />

começa o sermão:<br />

- Irmãos, estamos aqui<br />

reunidos, hoje, para falar<br />

de uma pessoa da Bíblia:<br />

Maria Madalena. Aquela<br />

mulher, prostituta, que<br />

tentou Jesus, como essas<br />

espanholas que estão<br />

aqui...<br />

Caldeirada geral: pancadaria<br />

na igreja, partiram<br />

velas nos corredores,<br />

chapadas, socos e alguns<br />

internamentos no SAP da<br />

povoação. O presidente<br />

da junta foi novamente<br />

ter com o padre:<br />

- Padre, o senhor não<br />

me disse que iria com<br />

mais calma? Se o senhor<br />

não amansar, vou escrever<br />

uma carta ao Bispo e<br />

pedir a sua retirada imediata.<br />

Naquela semana, o tumulto<br />

era maior ainda. As<br />

conversas não tinham fim.<br />

Ninguém iria perder a missa<br />

do próximo domingo<br />

nem que a vaca tossisse.<br />

Na manhã de Domingo, o<br />

presidente da junta entra<br />

na sacristia com a polícia<br />

e adverte o padre:<br />

- Sr. Padre, não provoque<br />

desta vez, senão acuso-o<br />

de provocação de<br />

tumulto e vai dentro!<br />

A igreja estava a abarrotar.<br />

Quase não se conseguia<br />

respirar de tanta gente.<br />

E começa o sermão:<br />

- Irmãos... estamos aqui<br />

reunidos, hoje, para falar<br />

do momento mais importante<br />

da vida de Cristo: a<br />

Santa Ceia...<br />

(o presidente da junta<br />

respirou aliviado...)<br />

- Jesus, naquele momento,<br />

disse aos apóstolos:<br />

“Esta noite, um de<br />

vocês me trairá.” Então<br />

João pergunta: “Mestre,<br />

sou eu?” e Jesus responde:<br />

“Não, João, não será<br />

você”. Pedro pergunta:<br />

“Mestre, sou eu?” e Cristo<br />

responde: “Não, Pedro,<br />

não será você.” Então Judas<br />

pergunta: “Oh, coño!<br />

Entonces porsupuesto<br />

soy yo!”<br />

A confusão foi geral!!!<br />

Novos tempos...<br />

À saída da escola, um<br />

aluno diz para outro:<br />

- Olha, a minha mãe é<br />

aquela loira e o meu pai é<br />

aquele gordo baixinho.<br />

E o outro responde:<br />

- O meu pai é aquele<br />

alto careca e a minha mãe<br />

é aquele de barba…<br />

<strong>MAIO</strong><br />

Datas Comemorativas de <strong>2017</strong><br />

01 SEG Dia do Trabalhador<br />

02 TER Dia Mundial da Asma<br />

03 QUA Dia do Sol<br />

03 QUA Dia Int. da Liberdade de Imprensa<br />

03 QUA Dia da Invenção da Santa Cruz<br />

04 QUI Dia Internacional do Bombeiro<br />

05 SEX Dia Mundial da Higiene das Mãos<br />

05 SEX Dia Internacional da Parteira<br />

05 SEX Dia Internacional da Tuba<br />

06 SÁB Dia Internacional Sem Dieta<br />

07 DOM Dia da Mãe<br />

08 SEG Dia Mundial da Segurança Social<br />

09 TER Dia da Europa<br />

10 QUA Dia de São Damião de Molokai<br />

10 QUA Dia Mundial do Lúpus<br />

11 QUI Dia Europeu do Melanoma<br />

12 SEX Dia Internacional do Enfermeiro<br />

12 SEX Dia de Santa Joana<br />

15 SEG Dia Internacional da Família<br />

17 QUA Dia Mundial da Internet<br />

17 QUA Dia Mundial da Hipertensão<br />

17 QUA Dia Mundial das Telecomunicações<br />

17 QUA Dia Mundial da Pastelaria<br />

18 QUI Dia Internacional dos Museus<br />

18 QUI Dia Mundial da Vacina Contra a SIDA<br />

18 QUI Dia Internacional do Fascínio das Plantas<br />

19 SEX Dia Internacional dos Assistentes Virtuais<br />

19 SEX Dia Mundial do Médico de Família<br />

20 SÁB Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade<br />

20 SÁB Dia da Marinha<br />

20 SÁB Dia Mundial da Metrologia<br />

20 SÁB Dia Europeu do Mar<br />

21 DOM Dia de São Cristóvão de Magalhães<br />

22 SEG Dia Internacional da Biodiversidade<br />

22 SEG Dia do Autor Português<br />

23 TER Dia Mundial da Tartaruga<br />

24 QUA Dia Europeu dos Parques Naturais<br />

25 QUI Dia In. das Crianças Desaparecidas<br />

25 QUI Dia da África<br />

28 DOM Dia Internacional da Saúde Feminina<br />

28 DOM Dia Internacional do Brincar<br />

29 SEG Dia Nacional da Energia<br />

29 SEG Dia Inter. Soldados da Paz das ONU<br />

31 QUA Dia Mundial da Esclerose Múltipla


JÚNIOR<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

35<br />

PROPOSTA DE LEITURA<br />

A Ilustre Casa de Ramires (Eça de Queiroz)<br />

Publicado em 1900, A Ilustre Casa de Ramires<br />

pertence à terceira fase da produção queirosiana.<br />

Vazado em estilo apurado, com perfeita<br />

técnica narrativa e uma linguagem ora arcaizante,<br />

ora próxima da moralidade, retrata dois<br />

aspectos da realidade portuguesa: um Portugal<br />

do século XIX, de feições modernas, paralelamente<br />

a um Portugal do século XII, com a Idade<br />

Média lapidando um povo heróico. Ambas as<br />

épocas são vividas na aldeia de Santa Irinéia e<br />

são analisadas a partir da torre dos Ramires, nobre<br />

mansão medieval que serve de ligação entre<br />

esses dois tempos.<br />

I – Situando a narrativa no presente, em terceira<br />

pessoa, apresenta como personagem o jovem<br />

Ramires, representante de uma nobreza falida<br />

econômica e moralmente. Gonçalo Mendes Ramires<br />

procura meios mais fáceis de arranjar a<br />

vida e acaba ingressando na política. Ao mesmo<br />

tempo, escreve uma novela histórica sobre seus<br />

heróicos antepassados, tendo por base um fado<br />

cantado por Videirinha e um poema épico escrito<br />

por um de seus tios. À medida que a narrativa<br />

transcorre, Ramires vai incorporando a honra e<br />

a dignidade de seus ancestrais. Empreende uma<br />

viagem à África e, depois de reconstruir suas finanças,<br />

retorna a Portugal. Sobressaem como<br />

personagens André Cavaleiro, homem frívolo e<br />

indigno, inimigo de Ramires e ex-noivo de Gracinha<br />

Ramires, irmã de Gonçalo. Depois de vê-la<br />

casada com o inocente Barolo, o inescrupuloso<br />

Cavaleiro tenta seduzir a moça.<br />

II – Transfere a narrativa para o passado, tendo<br />

como narrador o personagem principal da primeira<br />

parte. No século XII viveu o velho Tructesindo<br />

Mendes Ramires, homem de espírito<br />

íntegro, rígido e audaz que procura vingar seu<br />

filho Lourenço, que ele viu morrer do alto de<br />

sua torre, em uma emboscada armada por Lopo<br />

de Baião, antigo noivo de sua filha e traidor não<br />

somente da família Ramires como do rei D. Sancho<br />

I.<br />

COOORDENAÇÃO: JOANA ARAÚJO


36 Lusitano<br />

POESIA<br />

Retrospectiva ou<br />

antecipação?<br />

CARMINDO<br />

DE CARVALHO<br />

https://www.facebook.com/carmindo.<br />

carvalho<br />

Hoje fui trabalhar duas horas atrasado.O telemóvel tinha o som cortado e assim o despertador<br />

não me acordou.O meu cérebro acordou-me duas vezes. Mas eu respondi-lhe: “ deixa<br />

lá o despertador que me acorde.”Nos entretantos andou ocupado com um pesadelo.Sonhei<br />

que estava numa fábrica parecida àquela onde trabalho. Parecida porque também tinha tubos<br />

de metal. E também porque vi dois chefes a chegarem e eu pus-me a medir um tubo. Porque<br />

manda a etiqueta estarmos sempre ocupados a fazer algo. Foi pior a emenda que o soneto<br />

_ o molho desfez-se e os tubos rolaram. Depois vi todo o mundo a correr a fugirem de uma<br />

coisa parecida com nevoeiro e a dizerem que era venenoso.Que coisa tão esquisita! Retrospectiva<br />

de uma situação que um dia já lá aconteceu _ um empregado fechou mal uma torneira<br />

e um líquido venenoso começou a espalhar pelo ar um gás que provocou umas arranhadelas<br />

na garganta. Foram chamados os bombeiros e toda a gente teve que ir para o parque de estacionamento<br />

até que os ventiladores gigantescos limpassem o ar, ou terá sido premunição<br />

de algo que há-de acontecer? Já era manhã clara. O dia a chegar parecia mais lindo.Tudo<br />

tão diferente! Quando vou a horas ainda de madrugada, cruzo-me com poucos carros, por<br />

vezes nenhum. Hoje eram muitos.É tudo diferente - movimento, cores, pessoas, etc. Lá diz o<br />

povo: “ De noite todos os gatos são pardos! “ Por isso é que uma bela noite no regresso de um<br />

OPEN-AIR, no parque dos carros, a bosta de vaca era da cor da lama. E ali havia com fartura:<br />

terra, água da chuvada, e a dita bosta! E formaram uma mistura muito especial! Quem mais<br />

sofreu foi o meu carro.Não tenho olfacto. O meu pai esqueceu-se de incluir isso na encomenda!Os<br />

animais: gatos, raposas, ouriços caixeiros, e alguns pássaros com quem frequentemente<br />

me cruzo, já dormiam.Isso fez-me lembrar do que tenho dito _ que de noite trabalham<br />

os animais nas caçadas. Os humanos normais dormem ou divertem-se. Soube-me bem, este<br />

estado de ser normal.Havia já muitos anos que isso não acontecia. Uns vinte e sete! Tantos<br />

como os que já me consumi nos turnos.<br />

Pequeno<br />

instante<br />

de<br />

felicidade<br />

Um copo de dois decilitros de vinho<br />

tinto. Arroz de coelho e espargos,<br />

retardado e requentado e eis o meu<br />

almoço frente ao écran da minha Tv.<br />

( sem a xaropada da Tv que me querem<br />

impingir ) , mas preenchido com<br />

um Dvd de música.<br />

Tangerine Dream ao vivo no nosso<br />

Coliseu em Lisboa.<br />

Sem a xaropada da Tv e a voz que<br />

me costuma dizer que estes sons<br />

são como a chegada dos cágados à<br />

ribeira! ...<br />

Sou obrigado a respeitar, mas não<br />

aceito tal alergia a esta riqueza musical<br />

.<br />

Enfim! ... Gostos são gostos .<br />

E é este pequeno instante de contentamento<br />

que está a fazer a minha<br />

felicidade de hoje .<br />

De hoje, porque a de sempre, a total,<br />

não existe.<br />

15 de Abril de <strong>2017</strong>


POESIA<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

37<br />

Escultura Divina<br />

Teu belo seio ondulado<br />

Faz ondas como as do mar<br />

Nesse teu corpo moldado<br />

Feito inspiração p’ra amar.<br />

EUCLIDES CAVACO<br />

https://www.facebook.com/euclides.<br />

cavaco<br />

Teus olhos são como estrelas<br />

Lá longe no Céu brilhando<br />

Teus lábios são aguarelas<br />

Das cores do amor sonhando.<br />

Teus cabelos são jasmim<br />

Tua boca qual quimera<br />

O teu corpo é um jardim<br />

Que irradia Primavera.<br />

Tens sorriso gracioso<br />

Meiga voz que frui virtude<br />

No teu jeito mavioso<br />

Há sempre uma juventude.<br />

És da aurora o alvor<br />

Foste no Éden eleita<br />

Imagem do Criador<br />

Que te fez assim perfeita<br />

És escultura Divina<br />

Duma beleza sem par<br />

Em perfeição que combina<br />

O Céu, a Terra e o Mar !...<br />

Catarina<br />

Poema e voz de Euclides Cavaco<br />

A nossa grande heroína<br />

Que tocou a Pátria inteira<br />

Era uma simples ceifeira<br />

Que se chamou Catarina.<br />

Triste foi a sua sina<br />

Por querer trabalho e pão<br />

Mataram sem ter razão<br />

A infeliz Catarina.<br />

Três tiros de carabina<br />

No Monte do Olival<br />

Marcam o lugar fatal<br />

Onde tombou Catarina.<br />

Maldita mão assassina<br />

Crime hediondo de horror<br />

A fúria dum ditador<br />

Assassinou Catarina.<br />

O Sol jamais ilumina<br />

Esse pedaço de solo<br />

Onde com um filho ao colo<br />

Mataram a Catarina.<br />

Seu nome entre outros culmina<br />

Nas terras de Baleizão<br />

P'ra toda a nossa Nação<br />

Serás sempre a Catarina !...


38 Lusitano<br />

POESIA<br />

QUANDO ME PONHO<br />

A PENSAR ( ASSIM )<br />

CHICO BENTO<br />

Dällikon - Suiça<br />

www.facebook.<br />

com/chico.bento.98<br />

Casei-me um dia contigo<br />

Porque gostava de ti<br />

Sobre este amor sincero<br />

Resolvi hoje falar aqui<br />

Discussões, qualquer casal<br />

As tem no seu dia a dia<br />

As nossas, nós resolvemos<br />

Com muito amor e alegria<br />

Se de acordo não estamos<br />

Preferimos não discutir<br />

E passado pouco tempo<br />

Lá estamos nós a sorrir<br />

Assim é o nosso viver<br />

Tal e qual o digo assim<br />

Eu sou o teu grande amor<br />

E tu és tudo para mim<br />

Refrão<br />

Quando me ponho a pensar<br />

Nossa vida a analizar<br />

Digo aquilo que penso<br />

Essa tua companhia<br />

Meu amor no dia a dia<br />

Sabes bem, que não dispenso.<br />

Serviço de Diárias de Segunda a Sexta-Feira - 18 Frs tudo incluído - Aguardámos a sua visita


PUBLICIDADE<br />

Maio <strong>2017</strong><br />

39<br />

20 anos ao serviço da comunidade portuguesa!<br />

A pensar em si!<br />

agência félix<br />

Kalkbreitestr. 40<br />

CH-8003 Zürich<br />

Tel. 044 450 82 22<br />

info@agenciafelix.ch<br />

facebook.com/reiseburofelix<br />

VIAGENS<br />

Na área das viagens poderá contar com<br />

os nossos serviços para a reserva de voos<br />

de e para todos os destinos, aluguer de<br />

viaturas com as melhores companhias<br />

nacionais e internacionais, reservas de<br />

hotéis (qualquer que seja o seu destino),<br />

fins-de-semana prolongados, hotéis com<br />

ofertas de Wellness, reservas de transfers,<br />

viagens de grupo (empresa ou privados),<br />

luas-de-mel e cruzeiros (Ilhas Gregas,<br />

Mediterrâneo, minicruzeiros no Douro,<br />

etc.).<br />

SEGUROS<br />

Não deixe para amanhã o que pode<br />

assegurar hoje. Viva a sua vida de uma<br />

forma mais tranquila e coloque nas<br />

nossas mãos o que lhe é importante.<br />

Ajudamo-lo a programar o seu futuro e a<br />

prevenir-se de qualquer eventualidade.<br />

A nossa oferta em seguros é variada.<br />

CRÉDITOS<br />

Todos os seus projetos podem se tornar uma<br />

realidade. Os empréstimos são calculados e<br />

adaptados às suas necessidades financeiras, para<br />

que você possa usar o seu dinheiro no que você<br />

quer e a qualquer momento.<br />

Trabalhamos com prestigiadas Instituições bancárias<br />

na Suiça. Procuramos sempre a melhor oferta, com<br />

as melhores taxas de juro do mercado. Tratamos de<br />

todo o processo com total profissionalismo e sigilo<br />

absoluto.<br />

• TAXAS DE JURO JÁ A PARTIR DE 7,9%<br />

• TAXAS FIXAS MENSAIS<br />

• RAPIDEZ E TOTAL DISCRIÇÃO<br />

• POSSÍVEL RESGATE ANTECIPADO<br />

• OS JUROS SÃO DEDUTÍVEIS PARA EFEITOS FISCAIS<br />

• AUMENTO DE CAPITAL<br />

• POSSIBILIDADE DE ASSEGURAR O SEU CRÉDITO<br />

Caso tenha alguma dúvida em relação ao nossos<br />

produtos ou deseja mais informação, contacte-nos.<br />

Televisão e Informática em Português<br />

www.goutec.com<br />

desde<br />

9.90 €<br />

(mês)<br />

by GOUTEC<br />

global online technologies<br />

Ligue já!<br />

044 271 69 79<br />

Televisão<br />

Digital<br />

Terrestre<br />

desde<br />

49.90SFr.<br />

(mês)<br />

INSTALAMOS EM TODOS<br />

OS COMPUTADORES<br />

SISTEMA OPERATIVO<br />

EM PORTUGUÊS<br />

desde<br />

39.90SFr.<br />

(mês)<br />

Escolha os os canais que quer ver<br />

e e deixe o o resto connosco!<br />

desde<br />

69.90SFr.<br />

(mês)<br />

TVCABO<br />

ASSISTÊNCIA<br />

TÉCNICA<br />

Informática . Televisão<br />

GOUTEC<br />

Geibelstrasse 47, 8037 Zürich<br />

Mob: 076 388 19 95 / 079 402 51 09<br />

info@goutec.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!