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Directora: Sandra Ferreira | Sub-director: Armindo Alves | Ano: XXIII | Número <strong>229</strong> | Maio <strong>2017</strong> | Preço: Grátis | Periodicidade: Mensal<br />
EDITORIAL<br />
Maio<br />
Mês da Mãe<br />
03<br />
LEGISLAÇÃO<br />
Informações<br />
fiscais<br />
COMUNIDADE<br />
04<br />
Assembleia<br />
Geral CLZ<br />
08<br />
O ÓDIO E CINISMO ESTÁ<br />
IMPLANTADO NA SOCIEDADE..<br />
HÁ POUCO AMOR PELO PRÓXIMO<br />
Rosa Fangueiro<br />
Páginas 8 e 9
2 Lusitano<br />
Centro Lusitano de Zurique<br />
Birmensdorferstr, 48<br />
8004 Zürich<br />
www.cldz.ch - info@cldz.ch<br />
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Consulado Geral de Portugal em Zurique<br />
Zeltweg 13 - 8032 Zurique<br />
Tel. Geral: 044 200 30 40<br />
Serviços de ensino: 044 200 30 55<br />
Serviços sociais: 044 261 33 32<br />
Abertura de segunda a sexta-feira das<br />
08:30 às 14:30 horas<br />
Edição anterior<br />
Directora: Sandra Ferreira | Sub-director: Armindo Alves | Ano: XXIII | Número 228 | Abril <strong>2017</strong> | Preço: Grátis | Periodicidade: Mensal<br />
EDITORIAL<br />
Obrigado<br />
trinta e três anos<br />
Centro Lusitano de Zurique<br />
trinta e três anos ao serviço<br />
da Comunidade Portuguesa<br />
03<br />
Bufete, reserva de refeições 077 403 72 55<br />
Cursos de alemão 076 332 08 34<br />
Direcção<br />
044 241 52 60 / info@cldz.ch<br />
Futebol<br />
079 531 48 60 / gualterpereira84outlook.pt<br />
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Embaixada de Portugal<br />
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Secção consular: 031 351 17 73<br />
Serviçoa sociais: 031 351 17 42<br />
Serviços de ensino: 031 352 73 49<br />
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imigrantes - Zurique (Welcome Desk)<br />
Stadthausquai 17 - Postfach 8022 Zurique<br />
Tel.: 044 412 37 37<br />
DIREITO<br />
Divórcio<br />
Crianças<br />
EFEMÉRIDE<br />
25 Abril<br />
Abutres<br />
19<br />
28<br />
UMA NOITE HARMONIOSA ENTRE<br />
ASSOCIAÇÕES, AMIGOS, SÓCIOS,<br />
FAMILIARES E SOBRETUDO UM<br />
SERÃO DEDICADO À GASTRONOMIA<br />
E CULTURA POPULAR.<br />
Páginas 8 e 9<br />
Publicidade 079 222 09 14 / alves.armindo@kronschnabl.ch<br />
Rancho folclórico 076 344 40 91 / rancho@cldz.ch<br />
Vamos contar uma história 079 647 01 46<br />
Polícia 117<br />
Bombeiros 118<br />
Ambulância 144<br />
Intoxicações 145<br />
Rega 1414<br />
Missão Católica de Língua Portuguesa – ZH<br />
Katholische Mission der Portugiesischsprechenden<br />
Fellenbergstrasse 291, Postfach 217 - 8047 Zürich<br />
Tel.: 044 242 06 40 7 044 242 06 45 - Email: mclp.zh@gmail.com<br />
Horário de atendimento:<br />
- segunda a sexta-feira das 8h às 13h00 e das 13h30 às 17h<br />
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EQUIPA EDITORIAL<br />
Directora<br />
Sandra Ferreira - CC nº28<br />
lusitanozurique@gmail.com<br />
Sub-director<br />
Armindo Alves - CC nº31<br />
alves.armindo@kronschnabl.ch<br />
EDITORIAL<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
Editorial<br />
3<br />
Colaboração<br />
4 Cristina Fernandes Alves CC nº32<br />
4 Maria José Bernardo CC nº29<br />
4 Pedro Nabais CC nº 30<br />
4 Joana Araújo CC nº27<br />
4 Jorge Rodrigues CC nº33<br />
4 Jorge Macieira CC nº 66<br />
4 Maria dos Santos CC nº 65<br />
4 Daniel Bohren<br />
4 Zuila Messmer<br />
4 Domingos Pereira<br />
4 Carmindo de Carvalho<br />
4 Euclides Cavaco<br />
4 Carlos Ademar<br />
4 Carlos Matos Gomes<br />
4 Amílcar Malhó<br />
Nota: Os artigos assinados re fle ctem tão-somente<br />
a opinião dos seus autores e não vinculam<br />
necessariamente a Direcção desta Revista<br />
Publicidade:<br />
alves.armindo@kronschnabl.ch<br />
Tel.: 079 222 09 14<br />
Edição, composição<br />
e paginação<br />
Manuel Araújo -Jornalista 4365<br />
Braga – Portugal<br />
araujo@manuelaraujo.org<br />
Tel.:(+351) 912 410 333<br />
Impressão: DM Braga<br />
Tiragem: 2000 exemplares<br />
Periodicidade: Mensal<br />
Distribuição gratuita<br />
Esta publicação não<br />
adopta nem respeita o<br />
(des)Acordo Ortográfico<br />
Propriedade<br />
& administração:<br />
Centro Lusitano de Zurique<br />
Birmensdorferstrasse 48<br />
8004 Zürich<br />
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Fax: 044 241 53 59<br />
Web: www.cldz.ch<br />
E-mail: info@cldz.ch<br />
Sandra Ferreira<br />
Directora<br />
Cartão C.C. nº 28 - CCPJ<br />
Maio: mês da Mãe<br />
Com certeza ser-me-ia mais fácil este mês falar sobre trabalho, política<br />
ou economia. Mas como este é um mês em que dedicamos à Mãe, decidi<br />
falar um pouco de mim e de como vejo o papel de mãe hoje em dia.<br />
Nunca pensei muito em relação ao que é ser mãe, ao que se espera de uma<br />
mãe, e ao que na realidade isso verdadeiramente significa. Hoje mãe de duas<br />
pequenas princesas posso dizer que foi a experiência mais significativa e desafiante<br />
que tive e tenho na minha vida.<br />
Ser mãe é, sem dúvida nenhuma, uma aventura para a qual nascemos, mas da<br />
qual não fazemos a mínima ideia. Para mim foi exactamente isso que significou<br />
na minha primeira gravidez. Sem nunca ter lido muito sobre o assunto,<br />
de repente vemo-nos com um ser tão frágil nos braços e a cada choro, sem<br />
saber o que fazer, vamos descobrindo e conhecendo um pouco mais daquele<br />
ser. Entramos no mundo do desconhecido e trazemos de lá uma mala cheia de<br />
coisas novas e de aprendizagens constantes.<br />
Mas não seria verdadeira, se dissesse que ser mãe são apenas coisas boas.<br />
Não, não é. Ser mãe traz com ela uma grande número de sentimentos que<br />
passamos a vida a tentar ignorar ou a fugir deles. Traz-nos a incerteza, as<br />
escolhas mais difíceis, e principalmente o medo.<br />
Um medo enorme! Medo da perda, medo de não estar a contribuir para uma<br />
boa educação, medo do futuro das nossas crianças, num mundo dominado<br />
por loucos e psicopatas!<br />
Sim esse é um dos meus maiores medos, e com o qual me debato todos os<br />
dias. O que será das minhas filhas, num mundo capitalista desmedido, num<br />
mundo em que, se de um lado, a extrema-direita louca ganha cada vez mais<br />
terreno, do outro temos ditadores disfarçados de benfeitores. De um mundo<br />
onde está iminente uma das piores guerras mundiais. De um mundo que tenta<br />
tornar-nos cegos e surdos oferecendo as mais altas tecnologias nesse sentido.<br />
E eu sem saber como posso proteger as minhas filhas deste maléfico futuro<br />
dá um medo colossal.<br />
O que posso dizer é que se não conseguimos mudar, pelo menos alertar para tal.<br />
Posso também dizer que se aprende muito com os filhos, o que faz com que<br />
este lado obscuro do medo por vezes se desvaneça e veja a luz ao fundo do<br />
túnel.<br />
Eles nos ensinam a ser tolerantes, a ter mais paciência, a reconhecer novamente<br />
a humildade, a aceitar as diferenças, a relativar o tempo (que para nos<br />
parece que não pára), a prescindir do que não interessa e a fazer escolhas.<br />
Concluindo: eles tornam-nos uma pessoa melhor! Muito melhor do que aquela<br />
que o mundo tenta destruir em nós.
4 Lusitano<br />
ASSOCIATIVISMO<br />
C.L.Z. foi pequeno<br />
dezenas de pessoas assistiram à sessão de esclarecimento<br />
sobre a troca de informações fiscais<br />
ARMINDO ALVES<br />
Como um pouco por toda a Suíça,<br />
multiplicam-se as sessões<br />
de esclarecimento sobre a declaração<br />
dos bens patrimoniais<br />
ao fisco helvético. A sessão foi<br />
orientada pelo conselheiro da<br />
comunidade Domingos Pereira,<br />
e foi baseada no seguinte:<br />
--A troca automática de informações<br />
permite aos estados<br />
signatários trocar entre si informações<br />
sobre contas bancárias.<br />
As bases legais que permitem<br />
esta troca entraram em vigor<br />
a 1 de Janeiro de <strong>2017</strong>. Os dados<br />
começarão a ser recolhidos<br />
neste ano e uma primeira troca<br />
terá lugar em 2018. A Suíça assinou<br />
para isso um acordo com a<br />
União Europeia.<br />
Um contribuinte do país A detém<br />
uma conta no país B. O banco<br />
do país B comunica determinados<br />
dados sobre essa conta<br />
às autoridades fiscais do país B.<br />
Estas comunicam esses dados<br />
automaticamente às autoridades<br />
do país A. Estas obtêm assim<br />
informações sobre as contas<br />
situadas no país B.<br />
- Na Suíça, os contribuintes são<br />
legalmente obrigados a anunciar,<br />
na declaração de impostos,<br />
os rendimentos, os bens e as<br />
dívidas que têm em qualquer<br />
parte do mundo. Com a maior<br />
parte dos países da União Europeia,<br />
existem acordos para<br />
evitar a dupla tributação. Isto<br />
significa que os rendimentos,<br />
os bens e as dívidas só são tidos<br />
em conta para o cálculo da taxa<br />
de impostos na Suíça: só é pago<br />
um imposto sobre estes valores,<br />
mas os rendimentos e os bens<br />
na Suíça são sujeitos a uma taxa<br />
que foi calculada com os valores<br />
do estrangeiro.<br />
-Quem recebe ajuda social e<br />
possui rendimentos ou bens no<br />
estrangeiro sem os ter declarado<br />
à segurança social, comete<br />
uma infração.<br />
Com a entrada em vigor da Lei<br />
de expulsão de estrangeiros criminosos,<br />
isto tornou-se um delito<br />
penal (denominado abuso da<br />
segurança social)<br />
Este delito é válido para todos<br />
e é passível de pena de multa<br />
ou de prisão. Para pessoas de<br />
nacionalidade estrangeira, este<br />
delito pode levar à expulsão do<br />
país.<br />
A troca automática de informações<br />
só será feita entre as autoridades<br />
fiscais e as informações<br />
não serão automaticamente<br />
transmitidas à segurança social<br />
Mas é previsível que, entre as<br />
autoridades fiscais e cantonais,<br />
venha a existir uma troca de informações,<br />
no âmbito de medidas<br />
para a prevenção de abusos.<br />
Ter bens não significa automaticamente<br />
não ter direito a prestações<br />
complementares. Há um<br />
valor mínimo de bens a que se<br />
tem direito. É conveniente que<br />
as pessoas nesta situação se informem<br />
devidamente.
CIDADANIA<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
5<br />
Recenseamento<br />
Eleitoral Automático<br />
- O Conselho de Ministros aprovou recentemente uma proposta<br />
de lei a apresentar ao Parlamento que introduz o recenseamento<br />
eleitoral automático para os cidadãos portugueses residentes no<br />
estrangeiro, eliminando-se a necessidade da sua inscrição voluntária<br />
junto da representação consular da área da residência. Com a<br />
aprovação deste projecto pela Assembleia da República, os Portugueses<br />
no estrangeiro maiores e portadores de cartão de cidadão<br />
ficam automaticamente recenseados, tal como acontece já com os<br />
Portugueses residentes em território nacional.<br />
- A inovação legislativa proposta constitui uma importante reforma<br />
em matéria de desburocratização administrativa, uma vez que,<br />
para se inscreverem no recenseamento eleitoral, os Portugueses no<br />
estrangeiro portadores de cartão de cidadão deixarão de ter de se<br />
deslocar às nossas Embaixadas e aos nossos Consulados, evitando<br />
as despesas que estão associadas. Prevê-se que a medida abranja<br />
1,2 milhões de portugueses.<br />
- A medida corresponde também a um legítimo anseio dos cidadãos<br />
portugueses residentes no exterior e é também uma medida de<br />
aproximação do País aos Portugueses lá fora, pois é removido um<br />
entrave administrativo à sua participação na vida política do país.<br />
Gabinete do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas<br />
Residentes no Estrangeiro<br />
QUAL É O BANCO QUE<br />
O LIGA A PORTUGAL?<br />
A Caixa, com certeza. Um Banco com 140 anos de história<br />
e uma vasta experiência na oferta de soluções financeiras<br />
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6 Lusitano<br />
COMUNIDADE<br />
Rosa Fangueiro<br />
A ALMA LUSITANA<br />
CHAMA POR MIM E SOU<br />
FIEL AO QUE O MEU<br />
CORAÇÃO DITA<br />
MARIA DOS SANTOS<br />
Rosa Fangueiro chegou à Suíça em 1971,<br />
quando a comunidade portuguesa era<br />
ainda muito reduzida.<br />
Nascida em Alter do Chão no Alto Alentejo,<br />
lutou com rigor e disciplina, por uma<br />
integração num país que iria ser o seu leito<br />
durante 47 anos!<br />
Trabalhou em apenas três firmas e foi a<br />
conhecida ABB que lhe deu estabilidade<br />
profissional e onde ficou nada mais que<br />
trinta e oito anos.<br />
O seu percurso de vida solitário, deu-lhe<br />
momentos floridos e algumas amarguras,<br />
porque com a solidão ninguém é feliz.<br />
Estável e com grande capacidade de gerir<br />
os seus sentimentos, consegui conquistar<br />
grandes amizades que tornaram a sua<br />
vida mais equilibrada e feliz.<br />
Rosa Fangueiro deixa o país dos chocolates<br />
com nostalgia, mas com um sorriso, porque<br />
sabe que pelo menos uma porta fica aberta<br />
para regressar e matar saudades.
COMUNIDADE<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
7<br />
C.L.Z. — Chegastes nos anos<br />
70 à Suíça. Como descreves<br />
as alterações até aos dias de<br />
hoje?<br />
Rosa Fangueiro — Os anos setenta<br />
e oitenta foram de grande<br />
mudança e desenvolvimento,<br />
tanto na questão laboral como<br />
social. Quando cheguei á Suíça<br />
éramos nós que escolhíamos<br />
a empresa e o trabalho. Havia<br />
pouca mão-de-obra. Com a<br />
chegada de muita emigração e<br />
com as novas tecnologias, tudo<br />
mudou.<br />
C.L.Z. — Sempre estivestes<br />
perto e por dentro da comunidade<br />
portuguesa. Com o<br />
passar do tempo tudo mudou.<br />
Como vês o movimento associativo<br />
no antes e depois?<br />
R.F. — É verdade, sempre estive<br />
algo distante, mas sempre<br />
frequentei não assiduamente<br />
as associações. Admiro o movimento<br />
associativo e tudo o<br />
que aportam aos nossos emigrantes,<br />
fazem-nos sentir em<br />
território português e confesso<br />
que admiro este afazer das nossa<br />
colectividades, em manter<br />
as famílias unidas, preservando<br />
ao mesmo tempo a nossa cultura.<br />
C.L.Z. — O que te levou a nunca<br />
seres sócia de uma colectividade<br />
portuguesa?<br />
R.F — Quiçá o desconhecimento<br />
das actividades por elas<br />
elaboradas associado ao pouco<br />
tempo disponível que sempre<br />
tive.<br />
C.L.Z. — O empenho dos portugueses<br />
em mostrarem a<br />
cultura tem-se intensificado.<br />
Como vês os grupos tanto de<br />
folclore, como musicais, ou<br />
mesmo desportivos?<br />
R.F. — É com muito orgulho que<br />
hoje vivo o associativismo na<br />
perseverança da nossa cultura.<br />
Todas as associações têm feito<br />
um trabalho extraordinário<br />
para divulgar e manter as nossas<br />
raízes, mostrando com muito<br />
empenho o que de melhor<br />
temos. Espero sinceramente<br />
que nunca desistam, para que<br />
o reconhecimento continue a<br />
alcançar em território helvético<br />
e também noutros países.<br />
C.L.Z. — Foste uma das poucas<br />
pessoas que se destacaram<br />
pela sabedoria de ter conhecimento<br />
linguístico, para uma<br />
melhor adaptação. Depois de<br />
46 anos, pensas que te conseguiste<br />
adaptar a 100% ou isso<br />
é impossível?<br />
R.F. — Penso que tudo é possível.<br />
Temos que ter uma mente<br />
aberta a inovações e mudanças.<br />
Não nos devemos fechar<br />
no nosso nacionalismo. Certo é<br />
que quanto mais participarmos<br />
em eventos do país que nos<br />
acolheu, mais confortáveis nos<br />
sentimos. Aprender o mais rapidamente<br />
possível o idioma é<br />
uma mais valia e garante um futuro<br />
melhor (falo por experiência<br />
própria) podemos e devemos<br />
manter a nossa humildade, sem<br />
deixarmos de ser nós próprios.<br />
C.L.Z. — Hoje mais perto dos<br />
70 e longe dos 60 e com imensas<br />
experiências, que fica desse<br />
sentimento tão difícil de<br />
conseguir que é uma amizade<br />
pura e verdadeira?<br />
R.F. — Como se costuma dizer a<br />
vida é uma lição. Aprendemos<br />
a superar desilusões, mas não<br />
deixamos de esperar que alguém<br />
surta e que mereça a<br />
nossa amizade. O apego exige<br />
confiança, sinceridade e respeito.<br />
Sem tudo isto que é enorme<br />
não merece a pena.<br />
C.L.Z. — As políticas nacionais<br />
e internacionais, estão carregadas<br />
de corrupção e o ódio<br />
começa a instalar-se. Acreditas<br />
numa terceira guerra mundial?<br />
R.F. — Infelizmente receio bem<br />
que sim. Temo por esse momento.<br />
O ódio e cinismo está<br />
implantado na sociedade. Há<br />
pouco amor pelo próximo.<br />
O ÓDIO E CINISMO<br />
ESTÁ IMPLANTADO NA<br />
SOCIEDADE.. HÁ POUCO<br />
AMOR PELO PRÓXIMO<br />
C.L.Z. — Muito se tem falado<br />
na pena de morte. Que pensas<br />
desta condenação, por vezes<br />
se bem que muitas poucas foram<br />
injustas?<br />
R.F. — Sou contra, por haver<br />
pessoas inocentes e onde por<br />
vezes se procura apenas um<br />
culpado. Sou adepta de penas<br />
pesadas, como prisão perpétua<br />
ou trabalhos forçados em caso<br />
de homicídio ou violação quando<br />
comprovados. Não estou de<br />
acordo, com a redução de pena<br />
quando justificado o crime.<br />
C.L.Z. — És uma seguidora da<br />
revista do centro Lusitano de<br />
Zurich. Que opinião tens do<br />
seu conteúdo?<br />
R.F. — Adoro e admiro a revista<br />
do C.L.Z. Estou sempre ansiosa<br />
pelo próximo número. Interessa-me<br />
o conteúdo jurídico,<br />
as manifestações culturais,<br />
noticias sobre a comunidade,<br />
leis, gastronomia, e em geral<br />
SEGUROS<br />
Doença ( krakenkasse )<br />
210.70 Chf ( adultos / +25 anos )<br />
205.90 Chf ( adultos / 19-25 anos )<br />
47.40 Chf ( menores / 0-18 anos )<br />
VIDA, JURÍDICO<br />
ACIDENTES<br />
AUTOMÓVEL<br />
POUPANÇA REFORMA, etc...<br />
todos os artigos, que estão<br />
bem estruturados. Fascina-me<br />
a poesia que me toca na alma.<br />
Parabéns a todos os colaboradores<br />
e continuem a participar<br />
nesta revista, que muito aporta<br />
à comunidade. Não desistam<br />
dos vossos sonhos.<br />
C.L.Z. — Dentro de muito pouco<br />
regressas a Portugal. Que<br />
mensagem deixas a todos<br />
os portugueses e sobretudo<br />
àqueles que conhecestes de<br />
mais perto?<br />
R.F. — Sim chegou o momento<br />
de dizer adeus, ou aufwiedersehen.<br />
Agradeço à Suíça o que<br />
Portugal nunca me poderia<br />
dar. Levarei comigo momentos<br />
inesquecíveis de pessoas<br />
que sempre estiveram ao meu<br />
lado, me deram carinho, respeitaram<br />
e me valorizaram.<br />
Verdadeiros amigos que o tempo<br />
não teve e não terá o valor<br />
de apagar. A todos eles amigos<br />
e conhecidos desejo um futuro<br />
promissor e nunca desistam<br />
de lutar pelos vossos objectivos<br />
e sonhos. Já o nosso poeta<br />
dizia: “Vale sempre a pena<br />
quando a alma não é pequena.”<br />
Não será fácil voltar ao<br />
país que me viu nascer, mas a<br />
alma lusitana chama por mim<br />
e sou fiel ao que o meu coração<br />
dita. A todos aquele abraço<br />
cheio de carinho e espero que<br />
este país esteja sempre orgulhoso<br />
da nossa comunidade.<br />
C.L.Z — Felicidades Rosa e que<br />
possas desfrutar de Lisboa, dos<br />
fados, do seu céu azul e de toda<br />
a cultura que sempre abraçaste.<br />
CRÉDITOS DESDE 8,9%<br />
*Compra de outros créditos, “Permissos” L, B, C<br />
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Junto à Estação de Wiedikon<br />
Frente ao Centro Lusitano de Zurique<br />
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8 Lusitano<br />
ASSOCIATIVISMO<br />
Assembleia Geral do C.L.Z.<br />
No passado dia 29 de Março, realizou-se a anual Assembleia Geral<br />
do Centro Lusitano de Zurique.<br />
Na presença de cerca de duas dezenas de sócios, foi feita uma<br />
revisão à acta da última Assembleia-Geral, assim como foram<br />
apresentados os relatórios de contas do ano 2016.<br />
Os regulamentos internos do C.L.Z também estiveram em discussão<br />
e por fim foi feita a apresentação das actividades para<br />
<strong>2017</strong>.<br />
No final de uma tarde serena, em que tudo foi aprovado com a<br />
maioria dos votos a favor, foi hora de os sócios brindarem a mais<br />
um ano cheio de trabalho para o Centro Lusitano de Zurique.
COMUNIDADE<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
9<br />
Noite de fados no CLZ<br />
com Paula Barroso<br />
Passado dia 1 de Abril, o buffet do<br />
Centro Lusitano de Zurique teve casa<br />
cheia com cerca de 60 pessoas numa<br />
noite de fados com a fadista Paula<br />
Barroso vinda directamente de Braga<br />
a norte de Portugal acompanhada pelos<br />
seus tocadores.<br />
Com um ambiente típico de casas de<br />
fado de Alfama com uma decoração<br />
bem decorativa e dentro do tema desta<br />
noite tornando o ambiente temático<br />
na sala.<br />
Uma noite diferente que agradou a<br />
todos os presentes na sala, graças ao<br />
bom fado que se ouviu e a variedade<br />
da comida servida durante a refeição<br />
O fado foi um estilo musical que foi<br />
eleito pela UNESCO em 2011 Património<br />
Imaterial que tiveram como<br />
embaixadores Mariza e Carlos do<br />
Carmo, que tanto caracteriza o nosso<br />
Portugal.<br />
Paula Barroso natural de Braga com<br />
39 anos de idade e há 10 a cantar fado,<br />
vencedora do Festival Internacional<br />
de Clermont-Ferrand veio actuar ao<br />
Buffet do Centro Lusitano de Zurique<br />
CLZ - Lembra-se de quando e onde<br />
começou a cantar o fado?<br />
PB - Comecei em 2007 perto das exposições<br />
de Braga numa grande noite<br />
de fados.<br />
Paula Barroso - Para si o Fado em que<br />
se consiste?<br />
PB - O fado para mim na minha vida é<br />
uma grande parte e que me faz feliz.<br />
CLZ - Qual o seu fado preferido e qual<br />
o motivo?<br />
PB - É o fado menor, o “xaile da minha<br />
mãe” diz muito de mim, relata a antiguidade<br />
e relata a minha vida desde<br />
pequena.<br />
CLZ - Carlos do Carmo, Camané e<br />
Amália são as suas maiores influências?<br />
PB - A minha maior influência é sem<br />
dúvida a Amália.<br />
CLZ - Para além de si, na sua opinião,<br />
quais as principais fadistas portuguesas?<br />
PB - Amália, Fernanda Maria, Lucília<br />
do Carmo, mas agora das mais actuais<br />
Ana Moura e Carminho.<br />
CLZ - De que é que sente mais saudades<br />
quando está fora de Portugal?<br />
PB - Sinto-me muito bem, sinto-me<br />
em casa só sinto mesmo saudades dos<br />
meus filhos.<br />
CLZ - Como é recebida pela comunidade<br />
portuguesa quando se desloca<br />
ao estrangeiro?<br />
PB - Sempre muito bem recebida por<br />
todos os portugueses, acho que ajudo<br />
a trazer uma bela parte do nosso país a<br />
comunidade na Suíça.<br />
CLZ - Já deu bastantes concertos, qual<br />
dos palcos foi para si mais especial?<br />
PB - Cada espectáculo é importante e<br />
especial, mas o concerto no festival internacional<br />
de Clermont-Ferrand onde<br />
ganhei o primeiro prémio.<br />
Resposta rápida<br />
Fado -> vida<br />
Portugal -> Emoção<br />
Portugueses -> Maravilhosos<br />
Filhos -> 4<br />
Palco -> Amo<br />
Cantar -> Adoro
10 Lusitano<br />
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18:00- prè-atuação do Rancho Folclórico D.C.D.N.T<br />
(Arbon)<br />
18:30– Missa Solene acompanhada pelo Coro e<br />
Orquestra Musical de St. Gallen.(Iddastrasse 33, 9008 SG)<br />
19:00– Prossição de Velas com o Andor da Sra. de<br />
Fatima e Pastorinhos em direção à casa de St. António<br />
(Heimatstrasse 13, 9008 SG).<br />
No final dos atos religiosos terá início a atuação do<br />
Rancho Folclórico D.C.D.N.T. (Arbon), no Salão da<br />
casa de St. António,( Heimatstrasse 13, 9008 SG) pela<br />
primeira vez em St. Gallen.<br />
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Sobremesa e bebidas serão vendidas a Preço<br />
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OPINIÃO<br />
Maio <strong>2017</strong> 11<br />
“A MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA”<br />
DOMINGOS PEREIRA<br />
Palavras escritas<br />
por Fernando Pessoa<br />
entre 1888-<br />
1935, que ficaram<br />
só na memória dos<br />
que assim, como<br />
ele, cito: “tem um<br />
sentido, um alto sentimento<br />
patriótico”.<br />
Passado um século, subscrevo estas palavras,<br />
e, como outrora disse Fernando Pessoa,<br />
não me apoio em nenhum sentimento<br />
politico ou movimento social. Tenho sim, um<br />
dever de cidadania, consciência, o desejo<br />
de manter meus vínculos culturais, assim<br />
como, consolidá-los, transmiti-los aos<br />
meus descendentes.<br />
Desejo este, que é difícil de realizar, não<br />
por opção mas imposição. Porque ser cidadão<br />
português e viver fora do território<br />
físico de Portugal é a mesma coisa que ser<br />
uma encomenda (catalogada) na prateleira<br />
de armazém à espera de ser trocada como<br />
numerário.<br />
Estar longe de Portugal não é, nem nunca,<br />
motivo de limitações em usar, praticar,<br />
proclamar no dia-a-dia com os que me estão<br />
mais próximos “a minha pátria”. Assim<br />
como certamente para maioria dos cinco<br />
milhões de portugueses a residir no estrangeiro.<br />
Mas os impositores, talvez por desconhecimento,<br />
ou por outros motivos…, os<br />
quais desconheço, decidiram catalogar-<br />
-nos (portugueses) segundo a sua origem<br />
territorial. Sendo que, somos cidadãos do<br />
mesmo país, (residindo dentro ou fora do<br />
mesmo) “mas de pátria diferente”.<br />
A catalogação define que o cidadão português<br />
residente goza dos seus direitos civis<br />
e políticos e obrigações constitucionais. O<br />
Português a residir no estrangeiro, (inerente<br />
à sua condição) goza do dever de cumprir<br />
com as obrigações constitucionais.<br />
É o caso da saúde, o dever cívico, o acesso<br />
ao Ensino e Cultura Portuguesa. Sendo<br />
este último, de conhecimento público<br />
que desde de Dezembro de 2011 que os<br />
legisladores decidiram rebaptiza-la de<br />
Português Língua de Herança, entenda-se:<br />
Português para Estrangeiros. Desde então,<br />
valorizam-na como língua de todos os cidadãos<br />
dos cinco continentes e assim, os<br />
filhos de Portugal resta-lhes “uma pátria<br />
incógnita”.<br />
Se somos Portugueses constitucionalmente,<br />
mesmo não tendo a mesma origem,<br />
porquê não temos os mesmos direitos<br />
constitucionais?<br />
É verdade que vivemos num mundo globalizado,<br />
numa sociedade multilinguística,<br />
multicultural, onde a diversidade é fundamental,<br />
uma mais-valia para aqueles que se<br />
adaptam. É neste contexto, por esta razão,<br />
que não compreendo porquê (também) não<br />
existe nas comunidades o Ensino da Língua<br />
Portuguesa como Língua Materna?<br />
Defendo-o, porque só desta forma se<br />
pode manter, reforçar, transmitir vínculos<br />
culturais e identitários aos nossos filhos e<br />
luso-descendentes. Mas também, porque<br />
é uma base fundamental (reconhecida por<br />
estudos publicados) para que as nossas<br />
crianças e jovens na aprendizagem de outras<br />
línguas, por isto e por tudo supracitado,<br />
- uma mais-valia - neste mundo multilinguístico,<br />
seja ele físico ou digital.<br />
Um crédito superior a CHF 10 000,– com uma taxa anual efetiva entre 7.9 % e 9.9 % (intervalo da<br />
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12 Lusitano<br />
DESPORTO<br />
Juniores C do Centro Lusitano<br />
regressaram ao trabalho<br />
JORGE MACIEIRA<br />
A equipa dos juniores C do<br />
Centro Lusitano regressou<br />
ao campeonato no passado<br />
dia 8 de Março um sábado de<br />
manha, em Sonnau, depois da<br />
pausa de inverno do campeonato.<br />
Nesse jogo contra o FC Wollishofen<br />
houve um resultado<br />
bastante diferenciado tendo<br />
terminado com 12-0 para a<br />
equipa visitante, mostrando<br />
uma boa finalização no momento<br />
do remate a baliza.<br />
Logo a seguir a meio da semana,<br />
mais precisamente na<br />
quarta-feira, os juniores C<br />
receberam o FC Dietikon em<br />
casa. Foi mais outro resultado<br />
a acabar em goleada. Oito<br />
a três foi o resultado para a<br />
equipa lusitana.<br />
Durante a primeira metade<br />
da época os resultados não<br />
surgiram e a equipa comandada<br />
por Victor Carneiro<br />
está agora a querer apagar<br />
a imagem menos positiva ao<br />
praticarem o seu futebol juntamente<br />
com muitos golos.<br />
Actualmente os Juniores<br />
C assumiram a liderança do<br />
grupo com seis pontos, com<br />
20 golos marcados e três golos<br />
sofridos.<br />
CALENDÁRIO<br />
13.05.<strong>2017</strong><br />
12:30 Centro Lusitano<br />
Zurich a vs Benfica<br />
Clube de Zurique<br />
b(Juniores D/A)<br />
12:45 FC Oberrieden<br />
vs Centro Lusitano<br />
Zurich (Juniores B)<br />
14:00 FC Industrie<br />
Turicum b* vs Centro<br />
Lusitano Zurich (Juniores<br />
C)<br />
14:00 FC Schlieren<br />
c vs Centro Lusitano Zurich (Juniores D/B)<br />
16:00 Centro Lusitano Zurich vs Team Herrliberg-Küsnacht(Veteranos)<br />
17:00 Centro Lusitano Zurich 1 vs FC<br />
Hellas 1(Seniores)<br />
14.05.<strong>2017</strong><br />
14:00 Centro Lusitano Zurich vs BC Albisrieden<br />
(Juniores A Masculino)<br />
16:00 Centro Lusitano Zurich vs SC Wipkingen<br />
ZH(Juniores A Feminino)<br />
19.05.<strong>2017</strong><br />
20:00 Team Witikon-Neumünster vs Centro<br />
Lusitano Zurich(Veteranos<br />
20.05.<strong>2017</strong><br />
10:30 Centro Lusitano Zurich a vs FC Srbija<br />
ZH (Juniores D/A)<br />
12:30 Centro Lusitano Zurich b Vs FC Zürich-Affoltern<br />
c (Juniores D/B)<br />
14:00 Centro Lusitano Zurich vs Team Region<br />
Affoltern b (Juniores B)<br />
14:30 Centro Lusitano Zurich Vs FC Adliswil<br />
c (Juniores E)<br />
21.05.<strong>2017</strong><br />
11:00 FC Urdorf 2 vs Centro Lusitano Zurich<br />
1(Seniores)<br />
12:00 FC Wädenswil b vs Centro Lusitano<br />
Zurich (Juniores A Masculino)<br />
12:30 FC Baden vs Centro Lusitano Zurich<br />
(Juniores A Feminino)<br />
24.05.<strong>2017</strong><br />
19:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Schlieren<br />
b (Juniores C)<br />
27.05.<strong>2017</strong><br />
12:00 FC Kosova vs Centro Lusitano Zurich<br />
(Juniores C)<br />
12:00 FC Altstetten ZH c Vs Centro Lusitano<br />
Zurich b(Juniores D/B)<br />
14:00 FC United Zürich c vs Centro Lusitano<br />
Zurich a(Juniores D/A)<br />
14:00 FC Altstetten ZH d vs Centro Lusitano<br />
Zurich (Juniores E)<br />
15:00 FC Langnau a/A vs Centro Lusitano<br />
Zurich (Juniores B)<br />
16:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Urdorf<br />
17:00 Centro Lusitano Zurich 1 vs Inter<br />
Club Zurigo 1(Seniores)<br />
28.05.<strong>2017</strong><br />
12:00 Centro Lusitano Zurich vs SV Höngg<br />
(Juniores A Feminino)<br />
16:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Unterstrass<br />
(Juniores A Masculino)<br />
02.06.<strong>2017</strong><br />
20:00 FC Oberglatt vs Centro Lusitano Zurich<br />
(Veteranos)<br />
03.06.<strong>2017</strong><br />
12:00 FC Oetwil-Geroldswil c vs Centro<br />
Lusitano Zurich b (Juniores D/B)<br />
12:30 Centro Lusitano Zurich a vs FC Blue<br />
Stars ZH Mädchen b(Juniores D/A)<br />
14:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Oetwil<br />
- Geroldswil b (Juniores C)<br />
15:00 Centro Lusitano Zurich vs FC Wollishofen<br />
b (Juniores B)<br />
17:00 FC Unterstrass 3 vs Centro Lusitano<br />
Zurich 1 (Seniores)
ESPECTÁCULO<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
13<br />
Mariza em Lucerna<br />
MARIA DOS SANTOS<br />
A SALA DE<br />
CONCERTOS<br />
VESTIU-SE<br />
COM A NOSSA<br />
CANÇÃO<br />
NACIONAL E<br />
FOI A FADISTA<br />
MARIZA QUE<br />
NOS LEVOU<br />
ATÉ AO<br />
CORAÇÃO DA<br />
MÚSICA MAIS<br />
APRECIADA<br />
PELOS SUÍÇOS.<br />
A sala de espectáculos construída pelo arquitecto, Jean Nouvel e que abriu portas em 1998, transtornou-se<br />
numa emblemática sala de eventos, congressos e sobretudo espectáculos musicais, devido à<br />
sua acústica. Situada em pleno lago e com uma visão sobre ele, esta sala é sem dúvida o destino de<br />
todos aqueles que apreciam encenações de grande qualidade.<br />
Terça-feira onze de Março a sala de concertos vestiu-se com a nossa canção nacional e foi a fadista<br />
Mariza que nos levou até ao coração da música mais apreciada pelos suíços.<br />
Com uma sala completamente esgotada e com muitos portugueses, a nossa fadista consegui brilhar,<br />
encantar e levar ao nosso coração a eterna diva do fado. Amália Rodrigues.<br />
Mariza cantou não só o fado tradicional, mas também rendeu uma grande homenagem a Jorge Fernando<br />
que se encontrava na tribuna e que com grande orgulho assistiu a este serão, vivendo o sucesso<br />
de quem lançou uma grande voz com o tema da sua autoria “Chuva”. Jorge Fernando é conhecido<br />
por ter lançado grandes vozes para o mercado fadista e uma delas é Mariza.<br />
A comunidade Portuguesa fez questão de aplaudir como nunca Mariza, que nos levou numa viajem<br />
carregada de emoção, recordações ritmos, e nos deixou um testemunho de que o fado tem um caminho<br />
com futuro em terras helvéticas.<br />
Todos pediram mais e mais…e Mariza não recusou vindo três vezes ao cenário. A sua simplicidade,<br />
expressividade, energia contagiante e um humor radiante deixaram nesta noite uma vontade firme<br />
de se querer ainda mais!<br />
A nossa artista por excelência é incomparável. Portugal e os portugueses tem que ter muito orgulho<br />
por esta artista que leva o fado aos cinco continentes.<br />
Mariza já estamos à tua espera e não nos faças esperam muito tempo.<br />
Deixaste saudades, deixaste o nosso coração cheio com os nossos melhores poetas e músicos e sei<br />
que sentiste que te queremos de volta. A tua voz, postura e filosofia fadista faz parte do que somos<br />
e do nosso sonho.
14 Lusitano<br />
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COMUNIDADE<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
15<br />
Confraria dos Saberes e Sabores<br />
de Portugal em Zurique<br />
Realizou-se no dia 26<br />
de Março mais um dia<br />
de confraternização<br />
entre os confrades,<br />
familiares e amigos da<br />
confraria.<br />
Foi servido para o almoço<br />
um prato de<br />
PEDRO NABAIS<br />
grande tradição, o cozido<br />
à Portuguesa, que<br />
foi regado com o bom vinho Português, com<br />
sobremesas confeccionadas pelas as esposas<br />
do Confrades.<br />
Depois da refeição realizou-se um bingo ao<br />
porco com o objectivo de angariação de fundos<br />
para o passeio anual.<br />
Foi mais um dia de confraternização e convívio<br />
entre todos como já vem sendo hábito.<br />
Domingo de Páscoa<br />
MARIA DOS SANTOS<br />
Um pouco por todas as colectividades portuguesas<br />
celebrou-se no passado dia dezasseis<br />
de Abril o fim do período de Quaresma<br />
e festejou-se o domingo de Páscoa.<br />
A A.C.R.P. Wetzikon preparou o seu espaço<br />
físico com requinte e as mesas com o toque<br />
Pascal, recebiam com alegria e entusiasmo<br />
aqueles que nesta tarde chuvosa e fria,<br />
decidiram almoçar nesta Associação.<br />
Sabemos que os pratos típicos são variados,<br />
consoante a região. Acrescento que todos<br />
estavam uma delicia, tanto nos aspecto<br />
como no sabor! Cabrito, borrego, carneiro,<br />
bacalhau, entre outros estiveram presentes<br />
nas mesas das famílias católicas…e como<br />
não as sobremesas, com folares, arroz doces,<br />
amêndoas, ovos de chocolate, trança de<br />
Páscoa, mousses, e muitas mais variedades.<br />
Mesas com fartura, para celebrizar o inicio<br />
da vida.<br />
A tarde de convívio foi animada pelo grupo<br />
Ases do Ritmo, que com um repertório entre<br />
bonitas baladas e outros ritmos, divertiram os<br />
presentes, esquecendo-nos por várias horas,<br />
a chuva que teimosamente caía lá fora.<br />
Páscoa é a celebração da Ressurreição de<br />
Jesus, por conseguinte solenizar a vida. E foi<br />
o que todos de uma forma geral fizemos.<br />
Quiçá me atreva a dizer que depois das festividades<br />
natalícias, a Páscoa é aquela que<br />
mais fieis reúnem tanto na igreja como á<br />
mesa.<br />
Quero deixar aqui um agradecimento cordial<br />
à A.C.R.P. Wetzikon que desde Janeiro tem<br />
ao comando uma nova equipa a cargo de Joaquim<br />
e Medita Santos.<br />
Desejo-vos muito sucesso e continuem a lutar,<br />
para que o associativismo não se perca.<br />
Felicidades e muita coragem.
16 Lusitano<br />
SAÚDE<br />
Cuidados na alimentação da<br />
criança<br />
ZUILA MESSMER<br />
Os hábitos alimentares<br />
são formados nos primeiros<br />
anos de vida, por<br />
isso é importante que a<br />
família seja informada<br />
da importância em não<br />
oferecer doces, sorvetes,<br />
refrigerantes e balas às<br />
suas crianças, principalmente<br />
nos dois primeiros<br />
anos de vida.<br />
Esses produtos, assim como os alimentos<br />
industrializados, enlatados,<br />
embutidos, frituras, gorduras e sal<br />
em excesso, aditivos e conservantes<br />
artificiais, representam um perigo<br />
para a saúde, pois podem criar vícios<br />
e influenciar na opção alimentar da<br />
criança, além de serem uma das causas<br />
desencadeantes do excesso de<br />
peso.<br />
O consumo desses alimentos faz com<br />
que as crianças percam o interesse e<br />
alteram o paladar pelos alimentos<br />
saudáveis, tais como, frutas, legumes<br />
e verduras, e formem hábitos não<br />
saudáveis que tanto podem perdurar<br />
na infância como na adolescência e<br />
na sua vida por adiante.<br />
A taxa de obesidade e o excesso de<br />
peso têm crescido muito em todo<br />
o mundo. As estatísticas realizadas<br />
anualmente sobre hábitos alimentares<br />
e estilos de vida, afirmam que o<br />
excesso de peso atinge 50,8% da população,<br />
sendo 17,5% de obesos.<br />
A obesidade deve ser combatida<br />
porque é um forte factor de risco<br />
para o desenvolvimento de doenças<br />
crónicas não transmissíveis. Pessoas<br />
obesas têm mais chance de sofrer<br />
enfarto, Acidente Vascular Cerebral<br />
- AVC, trombose, embolia e arteriosclerose,<br />
além de problemas ortopédicos,<br />
apneia do sono e alguns tipos de<br />
cancro.<br />
Portanto, para evitar que se tornem<br />
pessoas obesas ou com excesso de<br />
peso, os pais devem ficar atentos e<br />
combater a obesidade infantil, logo<br />
nos primeiros anos de vida.<br />
Nas orientações ao combate ao excesso<br />
de peso e à obesidade recomenda-se:<br />
- Actividades físicas três vezes por<br />
semana.<br />
- Não colocar as crianças para comer<br />
na frente da TV, pois quando se está<br />
diante da televisão, não se percebe o<br />
que se come e a quantidade que se<br />
está ingerindo.<br />
Nessa fase de criança é importante<br />
se observar e direccionar os cuidados<br />
no sentido de se construir uma<br />
rotina de alimentação saudável, criar<br />
e ensinar algumas estratégicas para<br />
a criança aprender a lidar com o alimento.<br />
- Deve-se formar uma educação e<br />
disciplina alimentar. Evitar o excesso,<br />
a gula e respeitar os horários regulares.<br />
- Procurar um especialista (nutricionista)<br />
para traçar um plano alimentar<br />
de acordo com a idade e as condições<br />
gerais<br />
Diante do processo da alimentação e<br />
saúde, a família deve estar presente,<br />
acompanhando e seguindo a prescrição<br />
e os cuidados. Se a alimentação<br />
não está boa, é um reflexo da família,<br />
por isso tem que mudar, em alguns<br />
casos, a alimentação de todos.<br />
Portanto é fundamental e recomenda-se<br />
hábitos familiares de alimentação<br />
saudáveis. Saladas, frutas e legumes<br />
em abundância<br />
- A ingestão de bastante líquidos:<br />
água, leite, chás, água de coco.<br />
- A prática de exercícios físicos - desportos,<br />
caminhadas, andar de bicicleta,<br />
aeróbicas, nadar e etc<br />
Segundo estudiosos existem 10 regras<br />
de uma boa rotina e mandamentos<br />
alimentares, as quais consistem:<br />
1. Alimentação é um gesto<br />
de afecto e carinho, ou seja, oferece<br />
alimentos saudáveis é fazer um bem<br />
ao filho.<br />
2. Alimentação consciente<br />
é uma questão de educação! Comer<br />
bem e de forma saudável se aprende<br />
em casa e desde cedo<br />
3. Comida não é moeda de<br />
troca! Não pode haver negociação<br />
entre comida e brinquedo, passeio,<br />
festa.<br />
4. O prato precisa ter 5 cores<br />
diferentes. Quer dizer, categorias<br />
de alimentos necessários a manutenção<br />
do corpo e da saúde. Conter<br />
leguminosos (feijão, grão-de-bico,<br />
lentilha); cereal (arroz, trigo, cevada,<br />
aveia); proteína (frango, carne, peixe,<br />
ovo) e vegetais (hortaliças e verduras).<br />
5. Os pais são sempre o melhor<br />
exemplo para os filhos. Atenção<br />
ao que você come na frente do seu<br />
filho!<br />
6. A hora da refeição deve<br />
ser um momento de reunir a família<br />
7. Nada de televisão, tablet,<br />
videojogos ou celular ligado durante<br />
as refeições. o cérebro não regista o<br />
que está sendo ingerido.<br />
8. Para o não gostar de um<br />
alimento, a criança precisa experimentar<br />
várias receitas! Às vezes,<br />
a forma de se preparar o alimento<br />
muda a aceitação da criança<br />
9. Se a criança não estiver<br />
com fome, não precisa comer. Mas<br />
não pode comer outra coisa antes da<br />
refeição...<br />
10. As regras são para todos<br />
os membros da família! Os pais são<br />
os espelhos dos filhos. Se a família<br />
não come nenhum tipo de frutas e<br />
legumes, não pode exigir que a criança<br />
o faça.<br />
Seguindo essas recomendações, terá<br />
mais qualidade de vida e saúde em<br />
sua família. Evitará doenças físicas,<br />
psíquicas e problemas familiares.
CANTINHO<br />
helvético<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
17<br />
Histórico<br />
Castelo de Haut<br />
- Koenigsbourg<br />
MARIA DOS SANTOS<br />
Deixei os espaços verdes da minha<br />
amada natureza, que muito<br />
contribuem para o meu equilibro<br />
físico e mental e visitei na<br />
vizinha Alsace este esplêndido<br />
castelo.<br />
Certo é que também faz muito<br />
bem, um passeio dentro de uma<br />
zona urbanizada, principalmente<br />
quando esta está carregada de<br />
história dos nossos antepassados.<br />
È o casa do de Haut - Koenigsbourg<br />
considerado mais do que<br />
um monstruoso monumento.<br />
Sim, verdade que com esta visita,<br />
senti-me uma princesa pelos<br />
grandes corredores, salas, cozinhas,<br />
pátios, capelas, bibliotecas,<br />
quartos, salas de festas, de<br />
armas e troféus de caça e muitos<br />
outros compartimentos que são<br />
inéditos de castelos. Um autêntico<br />
sonho esta visita!<br />
Este castelo construído sobre a<br />
montanha de Stophanberch com<br />
uma altitude de 755 m, feito de<br />
rocha argilosa que lhe confere<br />
esta cor rosada é um destino<br />
que aconselho até porque se situa<br />
a apenas duas horas da cidade<br />
de Zurique.<br />
Como todos os Castelos este<br />
encontrava-se sobre a benéfica<br />
rota do sal, vinho, prata, trigo entre<br />
outros produtos comerciais,<br />
que serviam de subsistência ao<br />
povo.<br />
Admirar este monumento que<br />
sofreu uma enorme restauração<br />
a cargo de Bodo Ebhardt<br />
entre 1900 e 1908 que por mais<br />
de dois séculos e meio, esteve<br />
ao abandono é obra de arte e<br />
profundo respeito.<br />
Com a assinatura do Tratado de<br />
Versalhes em 1919 este Castelo<br />
tornou-se propriedade de França,<br />
conquistado á coroa alemã.<br />
Curiosamente a Alsace é um país<br />
com muitas particularidades culturais,<br />
as vivências deste povo situam-se<br />
entre a Alemanha e a<br />
França, merece a pena estudar e<br />
descobrir este pequeno paraíso.<br />
Para desligar o botão de um dia<br />
carregado de belas histórias, por<br />
vezes triste, por vezes alegres,<br />
parti á descoberta da montanha<br />
dos macacos situada a escassos<br />
quilómetros e foi em Kintzeim<br />
que vivi um momento único<br />
com estes animais, que dizem<br />
ser a descendência da nossa espécie.<br />
Brincalhões, atentivos e matreiros<br />
os macacos passeavam-<br />
-se descontraídos sobre forte vigilância,<br />
vindo mesmo comer o<br />
pop-corn, que à entrada cada<br />
visitante tem direito para poder<br />
travar este momento único, estendendo<br />
a mão a uma espécie<br />
admirada e sobretudo simpática<br />
que come tranquilamente sob<br />
um olhar meigo a quem lhe oferece<br />
uma pequena guloseima.
18 Lusitano<br />
DESPORTO<br />
Seniores continuam isolados<br />
na liderança<br />
Na passada manhã<br />
de Domingo dia 23<br />
de Abril, a equipa<br />
sénior do Centro<br />
Lusitano visitou a<br />
casa do BC Albisrieden<br />
a contar<br />
para a décima terceira<br />
jornada do<br />
JORGE MACIEIRA grupo 3 da 4ª Liga,<br />
jogo que colocava a<br />
equipa visitada, o<br />
6° classificado contra o visitante, actual<br />
1° classificado.<br />
Num jogo bastante difícil na primeira parte<br />
com as duas equipas a jogar um futebol<br />
muito físico e principalmente discutido<br />
na zona do meio campo, com as oportunidades<br />
de golo serem inteiramente para<br />
o visitante.<br />
Na segunda parte com a mexida do meio<br />
campo o Centro Lusitano tomou o domínio<br />
do jogo chegando a vantagem aos<br />
69 e aos 72 minutos através do mesmo<br />
jogador, Sandro Faria, fechando assim o<br />
marcador tendo o BC Albisrieden duas<br />
ou três oportunidades para reduzir.<br />
Assim a equipa sénior fez o segundo jogo<br />
na segunda volta depois da pausa de inverno.<br />
O primeiro jogo foi em casa contra<br />
o FC Engstringen onde a equipa da casa<br />
ganhou 4-0, num jogo dominado pelo<br />
Centro onde poderia ter números mais<br />
elevados.<br />
Actualmente (no fecho da revista) o Centro<br />
Lusitano está em primeiro lugar com<br />
uma vantagem de 9 pontos em relação ao<br />
FC Altstetten ZH (2.) e a 10 pontos do FC<br />
Oetwil-Geroldswil(3.).<br />
O objectivo de subir à 3ª Liga traçado<br />
pelo departamento de futebol e por toda<br />
a equipa dos seniores está no caminho<br />
certo e bem encaminhado.
ACTUALIDADE<br />
desportiva<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
19<br />
Ter algo mais que um clube no<br />
coração<br />
Como eu gostava que o futebol fosse as cores das camisolas, as brincadeiras<br />
entre amigos rivais, a bola a correr e a alegria de ver um golo entrar.<br />
POR ANTÓNIO M. RIBEIRO (UHF)<br />
Como eu gostava que o meu<br />
país não encolhesse de cada vez<br />
que o futebol cresce de disparates<br />
sem sentido, ou talvez o<br />
sentido dos inimigos de credos<br />
e/ou ideologias antagónicos.<br />
Como eu gostava que a letra<br />
de uma canção e o coro de um<br />
estádio fossem apenas celebração,<br />
glória aos vencedores<br />
e honra aos vencidos, porque<br />
amanhã algo ou tudo muda inevitavelmente.<br />
Sem adversários (inimigos é<br />
na guerra) não há vencedores,<br />
apenas um estádio vazio sem<br />
o génio do drible, do chuto, da<br />
finta, da resistência ao cansaço.<br />
Durante a semana, enquanto<br />
a economia vive de suspiros e<br />
apelos à confiança, enquanto a<br />
guerra enche os noticiários das<br />
vinte e o terrorismo foi aceite<br />
com indiferença antes do reality<br />
show que promete armar<br />
anónimos em famosos, os principais<br />
canais portugueses da TV<br />
por cabo disputam debates que<br />
mais se parecem com escaramuças<br />
no Médio Oriente, odiosas,<br />
básicas, pueris, estúpidas.<br />
O mais patético da bola – eu<br />
adoro futebol e sou autor do<br />
hino “Sou Benfica” (1) – é discutir<br />
o que já passou ou o que<br />
não aconteceu sobre um relvado<br />
uns dias antes, organizar<br />
conspirações, alindar insultos e<br />
ganhar por tudo isso um cachet<br />
vergonhoso em comparação<br />
com o ordenado mínimo nacional.<br />
São pagos para lançar lama<br />
e cativar os mais susceptíveis.<br />
Foi-se a educação familiar, o<br />
esforço dos professores desde<br />
a primária, parte-se o convívio<br />
são para abraçarmos a idiotia<br />
boçal, deprimente e escalavrada<br />
das teorias pós-partida de<br />
futebol. Portugal corre para a<br />
irrelevância. Ouve-se cada opinador<br />
dizer ”esta é a verdade”<br />
quando não passa da sua opinião<br />
entre outras perspectivas.<br />
Por causa de uma vasta classe<br />
política sem um pingo de sentido<br />
para dar bons exemplos; por<br />
causa de uma fauna dirigente<br />
que faz do futebol a sua existência<br />
e salvação a qualquer<br />
preço; porque aceitamos ouvir,<br />
calar e continuar a abrir feridas<br />
o futebol sufoca de estupidez<br />
a nação. Continuamos pequenos<br />
julgando que a gritaria nos<br />
torna maiores. Ficamos roucos<br />
e nada mais.<br />
Nada sei sobre o cidadão italiano<br />
que foi atropelado mortalmente<br />
junto ao estádio da<br />
Luz na madrugada do dia 23<br />
de Abril, mas as conspirações<br />
e as fisgadas estão em marcha<br />
para a guerra – os mártires têm<br />
feito uma bela parte da mentira<br />
humana ao longo das civilizações,<br />
cultos que promovem<br />
novos disparates e novos mártires.<br />
Que a justiça faça o seu<br />
trabalho sem tibiezas. O crime<br />
não pode ficar impune. Mas<br />
misturar uma desgraça com as<br />
diferenças clubistas é preparar<br />
novas desgraças.<br />
O futebol é um negócio grande<br />
num país pequeno que revela<br />
cada vez mais o pior dos colectivos<br />
que se acham no direito<br />
de serem selvagens, em prova<br />
de amor (?) a uma cor e nada<br />
mais. Eu sou assim, do Benfica,<br />
claro, mas incapaz de transformar<br />
o futebol numa guerra civil.<br />
(1) link: http://zip.net/bntH1S<br />
Foto: David Monge<br />
18 de Março, no Campo<br />
Pequeno
20 Lusitano<br />
EMIGRANTES<br />
SUÍÇOS<br />
Benefícios fiscais em Portugal atraem<br />
cada vez mais estrangeiros<br />
Os suíços Ilona e Renilo escolheram Portugal para viver a aposentadoria. (swissinfo.ch)<br />
Por Filipe Carvalho (*)<br />
Ilona e Renilo mudaram-se<br />
há cerca de dois anos de<br />
armas e bagagens para a cidade<br />
do Porto. Nesta cidade,<br />
encontraram aquilo que<br />
procuravam para desfrutar<br />
da reforma: uma cidade pequena<br />
com todas as acessibilidades<br />
necessárias. Além<br />
disso, a isenção fiscal concedida<br />
pelo estado português<br />
surgiu como factor adicional<br />
à sua escolha. Por esse motivo,<br />
esperam que esta tenha<br />
sido a última mudança<br />
de país nas suas vidas, até<br />
porque não têm outro plano<br />
senão ficar.<br />
Numa tarde cinzenta, a swissinfo.ch<br />
encontrou-se no centro<br />
da cidade do Porto para tomarmos<br />
um café e conversarmos<br />
sobre a experiência de Ilona, 71<br />
anos, e Renilo, 75,* em Portugal<br />
e, particularmente, de que<br />
forma contribuiu o estatuto de<br />
residente não habitual para deixarem<br />
França e como decorreu<br />
todo esse processo.<br />
A partida rumo à cidade<br />
do Porto<br />
Nos últimos 30 anos, Renilo<br />
e Ilona viveram na região da<br />
Alsácia, em França. As suas vidas<br />
profissionais continuaram<br />
na Suíça, especificamente em<br />
Basel, o que lhes proporcionou<br />
terem optado por residir<br />
em França e trabalhar na Suíça,<br />
apesar de ambos terem igualmente<br />
trabalhado em França.<br />
Quando se reformaram, permanecerem<br />
ainda por algum tempo<br />
em França. No entanto, com<br />
o passar dos anos, começaram<br />
a confrontar-se com a ideia de<br />
que “não vamos ficar em França<br />
para sempre”, mas também não<br />
tinham vontade de regressar à<br />
Suíça, “porque após 30 anos no<br />
estrangeiro, já não te sentes em<br />
casa. A Europa mudou. A Suíça<br />
permanece bastante Suíça”<br />
confidencia-nos Renilo, notando<br />
que não é uma crítica mas<br />
uma constatação.<br />
Começaram a estudar a opção<br />
de irem para a Alemanha<br />
e, durante esse tempo, Renilo<br />
conversou com a sua irmã, que<br />
reside no Porto com o marido,<br />
e ela sempre lhe disse para ambos<br />
irem conhecer a cidade. Assim<br />
que olharam o Porto apaixonaram-se<br />
imediatamente. A<br />
comprová-lo foi a sua viagem<br />
a Lisboa, quando se disseram:<br />
“pensa se nós tivéssemos vindo<br />
para aqui. Não, impossível”.<br />
Desde que decidiram abandonar<br />
França até se fixarem<br />
no Porto, demorou cerca de<br />
dois anos. Durante esse período,<br />
conversaram com os seus<br />
cunhados no Porto, leram informações<br />
sobre a vida na cidade,<br />
procuraram apartamentos e estudaram<br />
cada freguesia recorrendo<br />
ao Google Earth. O seu<br />
cunhado disse-lhe que, para<br />
além de gostarem da cidade,<br />
deveriam aproveitar a isenção<br />
fiscal; “francamente, não foi a<br />
razão principal mas no final foi<br />
determinante para a escolha”,<br />
conta-nos Renilo. Ele destaca<br />
que não aconselharia ninguém<br />
a mudar de país apenas pelo<br />
facto de não pagar impostos,<br />
“porque mais cedo ou mais tarde<br />
as coisas mudam”, salienta.<br />
A burocracia portuguesa<br />
Curiosamente, ambos não tecem<br />
muitas críticas à burocracia<br />
portuguesa. Ilona nomeia o<br />
facto de terem ido quatro vezes<br />
à Câmara Municipal do Porto<br />
para efectuarem o registo de<br />
cidadão como algo aborrecido,<br />
facto que Renilo consente,<br />
“mas sempre gentilmente”, destaca.<br />
Na Junta de Freguesia da<br />
área de residência, o processo<br />
de inscrição foi mais simples e<br />
tinha de ser feito para terem<br />
acesso a médico de família ou
EMIGRANTES<br />
SUÍÇOS<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
21<br />
usufruírem do Serviço Nacional<br />
de Saúde, independentemente<br />
de terem seguros de saúde privados.<br />
No que concerne à assistência<br />
médica, como têm os seus<br />
descontos na Suíça, a segurança<br />
social paga as despesas com<br />
saúde no sistema nacional de<br />
saúde português. No entanto,<br />
foi necessário preencher o formulário<br />
S1, carimbar nos serviços<br />
de saúde e reenviar para a<br />
Suíça. Este processo demorou<br />
cerca de um ano, normalmente<br />
necessita seis meses, e Ilona<br />
destaca que isso foi outro momento<br />
um pouco stressante.<br />
Renilo, contudo, diz que “sabemos<br />
que as coisas não são tão<br />
rápidas como na Suíça; por isso,<br />
temos de esperar”. A única ajuda<br />
que receberam, e ainda continuam<br />
a ter, foi de uma técnica<br />
oficial de contas (TOC) que lhes<br />
preenche a declaração anual de<br />
rendimentos (IRS). A única alteração<br />
neste momento é a obrigatoriedade<br />
de declarar todas<br />
as contas bancárias estrangeiras<br />
que possuam.<br />
A vida no Porto<br />
Normalmente procuram diversificar<br />
os locais onde vão.<br />
Reúnem-se nos clubes suíço,<br />
francês e italiano. Dizem que o<br />
clube suíço do Porto não tem<br />
muitas actividades como os<br />
restantes, que todos os dias têm<br />
eventos. Particularmente no<br />
clube francês, todas as semanas<br />
chegam novos reformados. O<br />
próprio clube disponibiliza um<br />
serviço em que as pessoas são<br />
ajudadas com todo o processo<br />
burocrático de aquisição da residência<br />
não habitual.<br />
Após cerca de dois anos, não<br />
se arrependem da mudança e<br />
estão felizes. Costumam frequentar<br />
as salas de cinema e<br />
os concertos da Casa da Música,<br />
para além das caminhadas<br />
que realizam junto à praia que<br />
são “as mais bonitas de Portugal,<br />
apesar de não se poder ir<br />
ao banho”, sorri Ilona. O único<br />
problema que assumem ter é<br />
a barreira linguística, “que soa<br />
muito bem mas é muito difícil”,<br />
ri-se Renilo. A sua irmã tinha-o<br />
avisado para essa questão que<br />
ele percebe que seja um problema,<br />
mas, simultaneamente, a<br />
gentileza que encontra facilita a<br />
compreensão.<br />
Na opinião de ambos, Portugal,<br />
com esta medida, pode estar<br />
a ser vítima do seu próprio<br />
sucesso porque “os preços das<br />
casas estão a subir demasiado<br />
e muitas vezes os portugueses<br />
não conseguem pagar esses<br />
preços”. Contudo, alerta as pessoas<br />
que possam ter vontade de<br />
se mudar para que “vão visitar<br />
a cidade e entrem em contacto<br />
com pessoas que já passaram<br />
pela experiência para que fiquem<br />
bem informadas” sublinham<br />
os dois.<br />
A isenção de impostos ainda vai<br />
durar alguns anos. No entanto,<br />
o seu projecto de vida será na<br />
cidade e ambos assumem que<br />
vieram para Portugal para ficar.<br />
Por isso, “mesmo que tenhamos<br />
de pagar impostos, iremos pagar”,<br />
dizem-nos Renilo e Ilona<br />
felizes pela sua decisão.<br />
Regime fiscal para o<br />
residente não habitual<br />
Desde 2009 que o estado<br />
português concede um regime<br />
fiscal especial para os trabalhadores<br />
estrangeiros que<br />
desempenhem funções de elevado<br />
valor acrescentado em<br />
áreas científicas, tecnológicas e<br />
artísticas (a lista que especifica<br />
as diferentes profissões é extensa),<br />
numa tentativa de atrair<br />
“cérebros” e know-how relevante<br />
para Portugal. Em 2013,<br />
após clarificação acerca da isenção<br />
de tributação das pensões<br />
de reforma obtidas no estrangeiro,<br />
o número de pedidos de<br />
reformados de diversos países<br />
europeus, para mudarem a sua<br />
residência fiscal para Portugal,<br />
aumentou exponencialmente.<br />
Segundo dados fornecidos<br />
pelo Ministério das Finanças à<br />
imprensa portuguesa, em 2015<br />
havia um total de 5653 a quem<br />
foi concedido este estatuto de<br />
residente não habitual. Do total<br />
de pessoas abrangidas por esse<br />
estatuto, 3474 são reformados<br />
estrangeiros.<br />
Não foi possível aferir especificamente<br />
o número de reformados<br />
suíços que requereram este<br />
estatuto. No entanto, segundo<br />
dados fornecidos pela embaixada<br />
suíça em Portugal, havia em<br />
2015 um total de 3425 suíços<br />
a viver em Portugal, tendo aumentado<br />
para 3723 em 2016.<br />
A larga maioria encontra-se em<br />
idade activa, entre os 18 e 65<br />
anos. O número de cidadãos<br />
suíços com mais de 65 anos registados<br />
em Portugal, no ano de<br />
2016, era de 814.<br />
Para requerer este estatuto<br />
junto da Autoridade Tributária e<br />
Aduaneira, é necessário não ter<br />
tido residência em Portugal nos<br />
cinco anos anteriores ao ano<br />
em que se candidata. As pessoas<br />
adquirem um regime fiscal<br />
especial, o que significa que todos<br />
os trabalhadores abrangidos<br />
têm uma taxa de 20% de<br />
impostos e os reformados que<br />
recebem as suas reformas de<br />
outro país estão isentos de impostos.<br />
Em ambos os casos, o<br />
regime fiscal especial é aplicado<br />
durante 10 anos.<br />
* Swissinfo - os entrevistados<br />
solicitaram a não ser publicado<br />
os apelidos<br />
https://www.facebook.com/transportes.fernandes
22 Lusitano<br />
OPINIÃO<br />
A 25 de Abril a Liberdade entrou<br />
sem pedir licença<br />
AUTOR: Carlos Ademar<br />
@ cademar@gmail.com<br />
«NAQUELA NOITE<br />
DETECTOU-SE «A<br />
EXISTÊNCIA DE<br />
DOIS PROJECTOS<br />
TOTALMENTE<br />
DISTINTOS»<br />
E AQUELE<br />
PRIMEIRO<br />
ENCONTRO<br />
NA PONTINHA<br />
MARCOU O<br />
INÍCIO DE UM<br />
PERÍODO DE<br />
TENSÃO ENTRE<br />
O MFA E OS<br />
SPINOLISTAS...”<br />
Vítor Alves revelou a Maria<br />
Manuela Cruzeiro que, quando<br />
Spínola chegou ao posto de comando,<br />
na Pontinha, perguntou:<br />
«Quem manda nisto?». O general<br />
terá olhado à procura de Otelo,<br />
com quem havia falado ao telefone<br />
umas horas antes, mas a voz<br />
de Vítor Alves interpôs-se: «Somos<br />
todos!».<br />
«O 25 de Abril não tem heróis. Os<br />
principais responsáveis do MFA<br />
não tinham dimensão histórica<br />
para serem heróis. Tinham qualidades<br />
individuais diversas que se<br />
complementaram, gerando um<br />
todo coeso (…). Alguns tentaram<br />
ser os heróis do 25 de Abril. Vasco<br />
Gonçalves tentou e cortaram-lhe a<br />
cabeça; Otelo tentou e cortaram-<br />
-lhe a cabeça e se mais algum tentasse,<br />
acontecia-lhe o mesmo (…).<br />
Salgueiro Maia é visto como herói<br />
porque nunca foi conotado com os<br />
partidos, teve um papel importante<br />
e visível na acção militar do 25 de<br />
Abril e morreu cedo».<br />
Quando nesse dia histórico, cerca<br />
das 16h00, Vítor Alves chegou ao<br />
posto de comando na Pontinha,<br />
acompanhado por Franco Charais,<br />
abraçou emocionado o seu camarada<br />
Otelo e deu-lhe os parabéns,<br />
acabando este por confessar que,<br />
afinal, tinha um plano alternativo.<br />
Caso o golpe falhasse na Metrópole,<br />
o MFA da Guiné agiria no dia<br />
seguinte, no sentido de neutralizar<br />
todos os comandos desafectos aos<br />
revoltosos, a fim de iniciarem contactos<br />
com o PAIGC. Acreditava-se<br />
que essa tomada de posição fosse<br />
suficiente para levar à queda de<br />
Marcelo Caetano, quando as Forças<br />
Armadas da Metrópole se recusassem<br />
a embarcar para dominar<br />
os revoltosos da Guiné.<br />
Questionado sobre as origens do<br />
25 de Abril, Vítor Alves respondeu:<br />
«O 25 de Abril foi feito por duas gerações.<br />
Uma geração, a minha, que<br />
frequentou a Academia Militar nos<br />
anos cinquenta, e a partir dos anos<br />
sessenta, os que foram os nossos<br />
cadetes (…). Estas duas gerações<br />
conversaram muito, muito mesmo.<br />
Eu estive na Academia Militar<br />
com Eanes, com Melo Antunes,<br />
com Costa Brás, com Otelo, os nomes<br />
mais experientes deste grupo.<br />
Vasco Lourenço, Marques Júnior,<br />
e todos os chefes que comandaram<br />
tropas no dia 25 de Abril, são<br />
oriundos da outra geração. Os mais<br />
velhos tinham falado entre si, e,<br />
mais tarde, falaram com os mais<br />
jovens (...). Então, aproveitámos<br />
alguns erros cometidos pela parte<br />
política, no que respeita a algumas<br />
leis que introduziam distorções nas<br />
promoções dos oficiais. Começámos<br />
por catalisar o descontentamento<br />
e, lentamente infiltrou-se a<br />
ideia política no Movimento. Demorou<br />
nove meses de preparação».<br />
Derrubado o Estado Novo, acto<br />
simbolizado pela entrega do poder<br />
por parte de Marcelo Caetano<br />
a Spínola, no Quartel do Carmo,<br />
havia que apresentar a Junta de<br />
Salvação Nacional ao País. Esta estrutura<br />
político-militar, de acordo<br />
com o Programa do MFA, substituiu<br />
transitoriamente os organismos<br />
executivos e legislativos do<br />
anterior regime até à entrada em<br />
funções dos novos órgãos de soberania.<br />
Com a excepção de Costa Gomes<br />
e de Spínola, que há muito eram<br />
consensuais no seio do MFA, os<br />
restantes cinco elementos foram<br />
arregimentados nos dias que antecederam<br />
o golpe. Aliás, a questão<br />
da chamada de generais para<br />
liderarem o processo por parte do<br />
Movimento dos Capitães não foi<br />
pacífica. Vasco Lourenço defendia<br />
que eram dispensáveis, mas, Vítor<br />
Alves tinha opinião diferente e<br />
sempre pugnou pela sua inclusão<br />
e levou a melhor. Sustentou que<br />
o poder nas mãos de generais conhecidos<br />
e prestigiados daria mais<br />
garantias de reconhecimento ao<br />
novo regime. Neste embate entre<br />
«capitães», é curiosa a opinião do<br />
general Galvão de Melo, segundo<br />
a qual «A JSN, criada por vontade<br />
do MFA, nunca existiu senão como<br />
símbolo para uso externo. (…) A<br />
experiência e o prestígio de alguns<br />
dos seus membros eram a garantia<br />
que, muito provavelmente, o grupo<br />
dos “capitães” não teria alcançado».<br />
O terceiro general do Exército<br />
a integrar a JSN, Jaime Silvério<br />
Marques, foi proposto por Vasco<br />
Gonçalves; conhecera-o em África.<br />
No entanto, Spínola referiu ter<br />
sido ele a indicar o nome, na primeira<br />
das duas revisões que fez ao<br />
Programa, antes do levantamento<br />
militar. Aliás, na mesma altura<br />
em que escolheu o general Diogo<br />
Neto, da Força Aérea, que à data se<br />
encontrava em Moçambique. Na<br />
Marinha, além, de Rosa Coutinho,<br />
também o então comandante dos<br />
fuzileiros, Pinheiro de Azevedo,<br />
aceitou o convite, esclarecendo ter<br />
sido abordado «(…) para aderir ao<br />
MFA apenas dois dias antes da revolta:<br />
no dia 23 (…). Apresentaram-<br />
-me um Programa – o Programa<br />
do MFA – que estudei conscientemente».<br />
Na Força Aérea, o nome<br />
de Galvão de Melo foi consensual,<br />
pela postura de confronto com o<br />
anterior regime, que o levou a pedir<br />
a passagem à reserva como coronel,<br />
em meados dos anos sessenta.<br />
«Foi Costa Gomes que, com a sua<br />
inteligência brilhante, escolheu<br />
Spínola para presidir à Junta. Ele<br />
espalhava-se à primeira e era mais<br />
perigoso como CEMGFA». Na verdade,<br />
o general Costa Gomes nunca<br />
confirmou a dose não despicienda<br />
de calculismo que se extrai da<br />
opinião de Vítor Alves. Justificou<br />
a escolha de Spínola por então o<br />
considerar melhor preparado politicamente<br />
para o cargo. «Na altura<br />
julgava que ele sabia muito mais<br />
de política e tinha uma flexibilidade<br />
espiritual muito maior do que
HISTÓRIA<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
23<br />
demonstrou depois do 25 de<br />
Abril». Confirmou, contudo, que<br />
o colocou perante o facto de ter<br />
sido ele, Costa Gomes, o escolhido<br />
pelos «capitães» para chefiar a<br />
JSN, ficando o general do monóculo<br />
em segundo lugar, «(…) mas<br />
nós vamos inverter esses papéis,<br />
tu tens relações com políticos em<br />
Portugal, com a imprensa, RTP, as<br />
rádios, e eu não tenho nada disso<br />
(...) Eu sabia que ele ia aceitar».<br />
Na noite do 25 de Abril, quando<br />
a Comissão Política do MFA<br />
pensou que a reunião convocada<br />
pela JSN visava apenas as apresentações,<br />
já que muitos não se<br />
conheciam, acabou por se gerar<br />
uma discussão bastante acesa e<br />
prolongada. Os generais Costa<br />
Gomes e Spínola pretendiam introduzir<br />
alterações ao Programa.<br />
Costa Gomes pediu a manutenção<br />
da DGS onde havia guerra,<br />
o que foi aceite sem discussão,<br />
por ser reconhecido o papel importante<br />
que a polícia política<br />
tinha na recolha de informação<br />
para apoio às operações militares.<br />
Os militares limitavam-se<br />
a dar razão ao inspector Óscar<br />
Cardoso, da PIDE/DGS, segundo<br />
o qual: «Não tinha problemas<br />
em pôr guerrilheiros capturados<br />
a colaborar connosco. Levavam<br />
uns tabefes, um “calorzinho”. A<br />
PIDE não era propriamente uma<br />
organização de beneficência. (…)<br />
Passámos a poder disponibilizar<br />
aos militares uma quantidade e<br />
qualidade de informações que<br />
lhes permitia operar com maior<br />
facilidade e eficácia. Aliás, devo<br />
dizer que (…) a PIDE funcionou<br />
como anjo-da-guarda das Forças<br />
Armadas».<br />
Para Vítor Alves, Spínola queria<br />
travar a descolonização, daí<br />
ter introduzido a questão apenas<br />
após o derrube do regime<br />
e não antes, apesar de o poder<br />
ter feito. «Aproveitou-se bem<br />
do facto de ter sido ele a receber<br />
o poder». Avançou com duas<br />
alterações: «a estratégia antimonopolista»<br />
e a «autodeterminação».<br />
A convicção de Vítor Alves<br />
ia no sentido de que o general<br />
avançou com ambas como base<br />
negocial, para poder deixar cair<br />
uma, a que menos valorizava.<br />
«Vítor Alves batalha com Spínola<br />
em relação aos compromissos<br />
já assumidos entre o general e<br />
o Movimento…». Ainda assim o<br />
general resistiu, acabando por<br />
ceder na primeira porque, do<br />
lado do MFA, houve reacções<br />
duras, designadamente de Vítor<br />
Crespo e de Franco Charais, que<br />
chegaram a ameaçar com os tanques,<br />
que ainda estavam na rua<br />
às ordens do posto de comando.<br />
Otelo Saraiva de Carvalho atribuiu<br />
a autoria da ameaça a Vítor<br />
Crespo.<br />
Com as horas a passar e ainda<br />
sem haver perspectivas de entendimento,<br />
foi Vítor Alves quem<br />
alertou para uma questão de ordem<br />
prática: «Temos de chegar a<br />
uma solução, temos o povo suspenso,<br />
todo o País suspenso» e<br />
impôs a apresentação da Junta<br />
na RTP. Na Proclamação da JSN,<br />
Spínola não podia ser mais claro<br />
sobre o que pensava da relação<br />
com o Ultramar, ao garantir: «a<br />
sobrevivência da Nação soberana<br />
no seu todo pluricontinental».<br />
Ao regressarem à Pontinha, a<br />
discussão prosseguiu e só cessou<br />
quando terminava a madrugada.<br />
Chegara-se ao consenso<br />
possível, e assim, pelas 7h30,<br />
não podendo o documento ser<br />
policopiado por falta de condições<br />
no local, foi lido por Vítor<br />
Alves aos jornalistas presentes,<br />
que foram anotando palavra a<br />
palavra, transformando-se assim<br />
no primeiro rosto do MFA a dar-<br />
-se a conhecer aos portugueses.<br />
No início da discussão, António<br />
de Spínola começou por propor<br />
que se abandonasse o Programa:<br />
«Não é preciso Programa<br />
que eu é que sei». Como não foi<br />
bem-sucedido, fez finca-pé para<br />
que não se publicasse. Vendo<br />
esta sua pretensão igualmente<br />
recusada, fez exigências ao nível<br />
do conteúdo. Esta sequência<br />
não é desmentida, bem pelo<br />
contrário, pelo próprio general<br />
em País sem Rumo. Porém, os<br />
homens do MFA acabaram por<br />
ceder. Estava em causa o nº 8 do<br />
ponto «Medidas a Curto Prazo»,<br />
que tinha quatro alíneas e ficou<br />
reduzida a três. A a) e a b) mantiveram-se,<br />
enquanto a c) «Claro<br />
reconhecimento do direito à autodeterminação…»<br />
foi suprimida,<br />
e a d) «Estabelecimento de<br />
medidas julgadas convenientes<br />
para um rápido estabelecimento<br />
da paz» foi substituída por<br />
«Lançamento dos fundamentos<br />
de uma política ultramarina que<br />
conduza à paz», passou a ser a<br />
alínea c).<br />
Segundo a investigadora Maria<br />
Inácia Rezola, na noite de 25 de<br />
Abril «impôs-se o peso das patentes,<br />
mas por pouco tempo».<br />
Para Vítor Alves, António de<br />
Spínola «tinha um programa próprio»<br />
em que a democracia plural<br />
não estava bem cimentada. Spínola<br />
e os seus homens de maior<br />
confiança não tinham em grande<br />
conta os partidos. Associavam-<br />
-nos pejorativamente à oposição,<br />
na linha do pensamento dominante<br />
durante o Estado Novo.<br />
«Quanto ao PCP, nem pensar».<br />
De resto, sobre a publicação do<br />
Programa, para que todos os<br />
portugueses o pudessem conhecer<br />
e, com ele, as intenções dos<br />
militares revolucionários, Vasco<br />
Gonçalves foi claro ao afirmar:<br />
«foi justamente Vítor Alves<br />
quem, prevenidamente alvitrou<br />
que se fizesse a publicação do<br />
Programa, independentemente<br />
de Spínola o desejar ou não».<br />
Vasco Lourenço corrobora, sublinhando<br />
«volta a ser Vítor Alves<br />
que impõe a difusão pública<br />
do Programa aos jornalistas das<br />
rádios e dos jornais presentes».<br />
O almirante Vítor Crespo, na entrevista<br />
que concedeu ao autor,<br />
fez saber que o papel de Vítor<br />
Alves nessa noite foi fundamental<br />
para que Spínola não levasse<br />
as suas ideias na íntegra a bom<br />
porto. Não tanto pela confrontação<br />
directa, mas pelo que manobrou<br />
nas saídas frequentes<br />
da sala em busca do apoio que<br />
sabia certo e decisivo: os jornalistas.<br />
A verdade é que pelas<br />
20h30, na frequência do Rádio<br />
Clube Português, foi lida a Proclamação<br />
do MFA, onde se apresentavam<br />
as razões que levaram<br />
ao golpe militar, bem como os<br />
caminhos a seguir pelo novo<br />
poder político, consignados no<br />
Programa do MFA. Informava<br />
igualmente que o poder era<br />
transferido para uma junta militar,<br />
ficando esta no imediato de<br />
dar cumprimento ao Programa<br />
do MFA, a que os portugueses<br />
teriam acesso em pormenor na<br />
manhã seguinte, através do jornal<br />
República, ainda sem as alterações<br />
introduzidas na discussão<br />
que decorreu ao longo da noite.<br />
Maria Inácia Rezola identificou<br />
Martins Guerreiro como o oficial<br />
que passou uma cópia integral<br />
a Álvaro Guerra, jornalista do<br />
diário fundado por António José<br />
de Almeida. À cautela, a versão<br />
que existia antes da discussão<br />
com os generais chegou atempadamente<br />
a mão certa. Ainda<br />
que Spínola conseguisse impor<br />
a sua vontade, os princípios<br />
fundamentais que nortearam<br />
os homens do MFA a derrubar<br />
o Estado Novo, seriam do conhecimento<br />
dos portugueses.<br />
Spínola não os poderia ignorar e<br />
ver-se-ia constrangido a respeitá-los.<br />
Ainda assim, ao ceder a Spínola<br />
na alteração ao Programa, Vítor<br />
Alves admitiu que o MFA cometeu<br />
um erro grave que muito penalizou<br />
o País. A não inclusão do<br />
termo «independência» ou «autodeterminação<br />
das províncias<br />
ultramarinas» gerou nos movimentos<br />
de libertação alguma<br />
suspeição, envenenando as relações<br />
com o novo poder político<br />
português, quando se pretendia<br />
desde logo a abertura de negociações.<br />
Fez mesmo com que a<br />
guerra recrudescesse, particularmente<br />
em Moçambique e em<br />
Angola. Não obstante, entendeu<br />
a cedência como um negócio,<br />
porquanto «nós servimo-nos do<br />
nome dele (Spínola) para mantermos<br />
unido todo o exército, o<br />
que foi conseguido», para concluir<br />
que, ainda assim, deviam ter<br />
insistido mais nessa questão tão<br />
importante.<br />
Talvez os espíritos embevecidos<br />
pela vitória e o consequente<br />
derrube da ditadura, não permitissem<br />
uma percepção serena<br />
da situação, mas, na verdade,<br />
reconheceria mais tarde Vítor<br />
Alves a Maria Manuela Cruzeiro,<br />
naquela noite detectou-se<br />
«a existência de dois projectos<br />
totalmente distintos» e aquele<br />
primeiro encontro na Pontinha<br />
marcou o início de um período<br />
de tensão entre o MFA e os<br />
spinolistas, que só teria o seu<br />
epílogo com a demissão do líder<br />
deste grupo, na sequência do 28<br />
de Setembro.
24 Lusitano<br />
ACTUALIDADE<br />
“O risco de um conflito entre EUA e<br />
Rússia é real e assustador”<br />
A pergunta essencial da entrevista: “Quem é que<br />
ele (Trump) vai atacar a seguir? O Irão? A Coreia<br />
do Norte? De novo a Síria? Neste momento<br />
a Síria parece o pretexto mais óbvio para um<br />
confronto entre os EUA e a Rússia, mas também<br />
existem outras situações instáveis e por resolver,<br />
nomeadamente na Ucrânia e nos países Bálticos,<br />
com o destacamento de tropas da NATO.”<br />
CARLOS MATOS GOMES<br />
Coronel de Cavalaria.<br />
Condecorado com as medalhas<br />
de Cruz de Guerra<br />
de 1ª e de 2ª Classe.<br />
Pertenceu à primeira Comissão<br />
Coordenadora do<br />
Movimento dos Capitães<br />
na Guiné. Foi membro da<br />
Assembleia do MFA. É<br />
escritor.<br />
Uma bela lista de possibilidades para Trump desviar<br />
as atenções, mas que estão em linha com a<br />
“war agenda” dos Estados Unidos desde o fim da<br />
URSS, que inclui a desestabilização dos Balcãs e a<br />
criação dos grupos jiadistas islâmicos; as invasões<br />
do Iraque, do Afeganistão, da Líbia. A desestabilização<br />
do Magreb, com as “primaveras árabes”<br />
e o derrube de governos laicos e nacionalistas,<br />
substituídos por radicais islâmicos; a “primavera<br />
de veludo da Ucrânia”, as provocações à Rússia,<br />
com a colocação de armas e tropas da NATO nos<br />
suas fronteiras...<br />
Trump é um negociante. O complexo militar industrial<br />
fez com ele um negócio: Trump regressa<br />
á agenda da guerra, e os vendedores de armas e<br />
guerras encarregam-se de fazer dele um patriota<br />
guerreiro, limpam-lhe a imagem de urso, de agente<br />
russo, de gangster sem escrúpulos que estava<br />
a colar-se à pele e a estragar os negócios da família<br />
Trump.<br />
As perguntas dos europeus deviam ser: a Europa<br />
apoia esta lavagem sangrenta da imagem de<br />
Trump? A Europa acredita que um homem como<br />
Trump (mais genro e filha), que pretende cortar<br />
os serviços básicos de saúde a cerca de 20 milhões<br />
de americanos, se comove com os mortos<br />
na Siria, com o gás que cada vez maior número de<br />
provas indicam ser dos “rebeldes” apoiados pelos<br />
EUA? Qual é, depois dos edificantes exemplos do<br />
Iraque e da Líbia, o programa para o dia pós-Assad?<br />
A Europa necessita de ser defendida pelos EUA<br />
(apesar de Trump, ou por Trump), ou necessita de<br />
defender-se deles?<br />
link da entrevista:<br />
http://zip.net/bqtJwB<br />
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ACTUALIDADE<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
25<br />
O “Big Brother” num bago de arroz<br />
Recentemente soube-se que a<br />
Epicenter está a proceder à implantação<br />
debaixo da pele de<br />
muitos dos respectivos trabalhadores<br />
de um chip do tamanho de<br />
um bago de arroz, que supostamente<br />
permitirá a cada um deles<br />
aceder a certas instalações e<br />
equipamentos.<br />
ANTÓNIO GARCIA PEREIRA (*)<br />
Recentemente soube-se que a<br />
Epicenter – um centro de negócios<br />
e incubadora de empresas<br />
em fase de arranque (as chamadas<br />
start ups), situada na Suécia<br />
– está a proceder à implantação<br />
debaixo da pele de muitos dos<br />
respectivos trabalhadores de um<br />
chip do tamanho de um bago de<br />
arroz, que supostamente permitirá<br />
a cada um deles aceder a certas<br />
instalações e equipamentos<br />
(por exemplo, transpor portas,<br />
abrir computadores, tirar fotocópias<br />
e ligar viaturas).<br />
A experiência não é, sequer, nova<br />
pois já em 2006 uma empresa de<br />
Cincinnati, Ohio, nos Estados<br />
Unidos da América, tratara de<br />
“chipar” os seus trabalhadores<br />
determinando a instalação em<br />
cada um deles de um RFID<br />
(Radio frequency identification) ou<br />
NFC (Near Field Communication).<br />
É claro que se tenta justificar<br />
este tipo de medidas não só pela<br />
maior “facilitação” e eficiência<br />
no acesso a equipamentos e instalações,<br />
como também – pasme-se,<br />
ou talvez não… – como<br />
uma espécie de “estágio” ou de<br />
preparação para a altura em que<br />
os poderes públicos (da Autoridade<br />
Tributária às entidades patronais)<br />
procurarem impor o seu<br />
uso à generalidade dos cidadãos<br />
tal como recentemente a Hannes<br />
Sjoblad e o seu “Swedish Biohacking<br />
Group” teve o arrojo de<br />
proclamar.<br />
Progresso tecnológico?<br />
Ou permanente<br />
vigilância?<br />
“a vigilância possível, não apenas por parte do Governo mas também<br />
das empresas e até de organizações criminais atingirá um nível<br />
sem precedentes. Simplesmente não haverá lugar algum onde<br />
se lhe possa escapar” - Bruce Schneier<br />
Agora o que se “vende” é a tese<br />
de que isto é o progresso tecnológico<br />
que permite poupar tempo<br />
e dinheiro e até vidas (implantando<br />
informação médica, vital<br />
em caso de acidente), que nada<br />
tem de mal, sendo também certo<br />
que se repete à exaustão o velho<br />
brocardo dos regimes e sistemas<br />
ditatoriais de que “quem não<br />
deve, não teme”.<br />
Mas a verdade é que a mesmíssima<br />
tecnologia permite afinal<br />
controlar ao segundo todos e<br />
cada um dos movimentos dos<br />
trabalhadores, os locais onde se<br />
deslocaram, quanto tempo neles<br />
permaneceram, que mecanismos<br />
accionaram, que tarefas desempenharam.<br />
Ou seja, de instrumentos de aumento<br />
da eficiência e de produtividade<br />
da actividade humana, se<br />
admitidos, instalados e usados<br />
sem qualquer controle democrático<br />
efectivo, fácil e rapidamente,<br />
e sobretudo se articulados<br />
com outras tecnologias (como<br />
por exemplo as de localização,<br />
como o GPS ou de actuação à<br />
distância), eles permitirão controlar<br />
não apenas o desempenho<br />
profissional mas também a vida<br />
pessoal, familiar, cívica, sindical e<br />
política dos seus portadores.<br />
E até – se por exemplo usados<br />
para accionar a ignição dum<br />
dado veículo – permitirão, por<br />
exemplo, ao Banco ou à empresa<br />
de crédito, relativamente ao proprietário<br />
do carro que se atrasou<br />
num pagamento,<br />
desactivar a mesma ignição e<br />
imobilizá-lo.<br />
Como referiu Bruce Schneier, um<br />
perito em segurança da Counterpane<br />
Internet Security Inc., “o<br />
lado negro do chip RFID é precisamente<br />
o acesso subreptício”.<br />
E onde fica o “direito<br />
ao segredo do ser”?<br />
Ora, partindo das magnas questões<br />
de quem pode ter que usar<br />
um tal chip e de quem pode a ele<br />
aceder e como e para quê poderá<br />
utilizar os respectivos dados, a<br />
verdade é que não há nem pode<br />
haver autêntica Democracia e<br />
verdadeiro respeito pela dignidade<br />
da pessoa humana – princípio<br />
estruturante da nossa sociedade,<br />
consagrado no artº 1º da Constituição<br />
da República – sem o<br />
chamado “direito ao segredo do<br />
ser”, ou seja, sem o direito à imagem,<br />
o direito à intimidade da<br />
vida privada, o direito a exercer<br />
e praticar actividades da sua esfera<br />
pessoal sem vídeo-vigilância<br />
ou qualquer outra forma de controle<br />
à distância, e a proibição do<br />
tratamento informático de dados<br />
referentes à vida privada.<br />
E a protecção contra a devassa<br />
da vida de cada um e a recolha,<br />
tratamento e gestão de dados<br />
sobre eles é hoje ainda mais importante<br />
face aos cada vez mais<br />
sofisticados meios tecnológicos<br />
que vão sendo criados e, quase<br />
sempre sem um juízo crítico sobre<br />
a correcção ética, política e<br />
social da sua utilização, implantados.<br />
Primeiro, para controlar de forma<br />
absolutamente contrária à lei<br />
(artº 20º do Código do Trabalho)<br />
o desempenho profissional dos<br />
trabalhadores, como já hoje vem<br />
sucedendo entre nós com câmaras<br />
de vídeo-vigilância e sempre<br />
sob o sacrossanto pretexto da<br />
“protecção e segurança de pessoas<br />
e bens”.<br />
Big Brother em nome<br />
do “combate ao terrorismo”<br />
De seguida, para acautelar e perseguir,<br />
agora sob o pretexto da<br />
“luta contra as formas mais sofisticadas<br />
de criminalidade” ou<br />
do “combate ao terrorismo”, os<br />
adversários políticos (e não esqueçamos<br />
que Portugal é o país<br />
da União Europeia em que mais<br />
escutas telefónicas “legais” se fazem<br />
e em que foi preciso chegar<br />
à Democracia e às suas reformas<br />
de processo penal para a política<br />
poder entrar em casa dum<br />
cidadão durante a noite e prendê-lo…),<br />
os “subversivos” ou simplesmente<br />
os “diferentes”.<br />
E depois, e finalmente, quando –<br />
parafraseando o célebre poema<br />
do pastor protestante e militante<br />
anti-nazi Martin Niemöller – já<br />
não restar ninguém que, em seu<br />
nome, proteste e reclame, para<br />
controlar tudo e todos, num asfixiante<br />
mundo orwelliano em que<br />
a identidade individual de cada<br />
cidadão foi definitivamente suprimida.<br />
E aí, eliminada a singularidade<br />
pessoal do “eu” de cada um e embotada<br />
a consciência colectiva do<br />
“nós” pela missa hipnótica e pelo<br />
torpor viscoso do pensamento<br />
dominante (do “é assim porque<br />
é assim”, do “não há alternativa”,<br />
do “manda quem pode, obedece<br />
quem deve”) apenas restará escutar<br />
os últimos acordes do Requiem<br />
pela Democracia.<br />
E é precisamente contra essa lógica<br />
e esse estado de coisas que<br />
temos que nos erguer. Porque é<br />
sempre possível encontrar uma<br />
alternativa. Porque o futuro são<br />
os Povos, e não os seus “chefes”,<br />
que o constroem…<br />
(*) advogado, político e<br />
professor universitário<br />
in, jornaltornado.pt
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CRÓNICA<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
27<br />
Gatos,<br />
cães<br />
e<br />
ratos<br />
© Joana Araújo<br />
ANTÓNIO M. RIBEIRO (UHF)<br />
O SMARTPHONE<br />
É MAIS<br />
INTELIGENTE QUE<br />
UMA BOA PARTE<br />
DAS PESSOAS<br />
QUE O UTILIZA,<br />
OCUPADAS E<br />
ESQUECIDAS QUE<br />
O MUNDO REAL<br />
EXISTE FORA DA<br />
PONTA DO FUNIL<br />
ELECTRÓNICO.<br />
Ouve-se a propósito ou sem qualquer pingo de<br />
justeza a frase, ”portam-se pior que os animais”.<br />
Não. É erro de análise, é defeito cultural que a<br />
tradição inculcou. O reino dos animais é equilibrado,<br />
mesmo quando nos parece feroz.<br />
Os ratos, com a chegada da primavera, andam vorazes<br />
por alimento – têm crias para alimentar. Os<br />
gatos, que governam os espaços do jardim à volta<br />
da casa tratam do assunto, equilibram a espécie,<br />
caçam, divertem-se com a presa até ela morrer<br />
– o mesmo acontece às lagartixas que deslizam<br />
sobre os muros – e depois de morta oferecem ao<br />
da casa, sobre a relva ou no tapete, os despojos<br />
sem vida. Faço de coveiro com uma pequena pá.<br />
As gatas estão grávidas, em fim de tempo e algumas<br />
não suportam proximidades na hora da<br />
comida, barafustam, a pata de unhas afiadas ergue-se<br />
e a líder come sozinha enquanto as outras<br />
aguardam. É um equilíbrio que amanhã será desfeito,<br />
surge uma nova líder – será do cheiro que<br />
exalam? – e a primazia ao jantar muda. Observo,<br />
vivem os seus próprios equilíbrios.<br />
Fora do muro os cães farejam, latem sem poderem<br />
entrar e correr atrás dos gatos e quebrá-los<br />
em fanicos como já vi. Os gatos, mais velozes, sobem<br />
pelas árvores mas depois não sabem descer.<br />
Um dia, eu e um vizinho tivemos de chamar os<br />
bombeiros – a gata miava a sete ou oito metros<br />
de altura e não sabia como descer. Acabou depois<br />
atropelada pelos ases que saem da praia e correm<br />
para o acidente na rotunda – se travam a tempo<br />
têm a esplanada dos caracóis e a concorrente dos<br />
petiscos à mercê: em dia de futebol grande nascem<br />
carros na rua onde vivo e silêncio e sossego<br />
na estrada durante noventa minutos e descontos.<br />
Os gatos agradecem.<br />
São equilíbrios entre as espécies, essa fantástica<br />
beleza que é observar a natureza e não intervir<br />
seguindo as nossas crenças limitadas e a visão<br />
que nos incha o ego.<br />
Erdogan, o presidente turco, vai continuando a<br />
‘purificar’ a sua noção de estado dócil – esta semana<br />
mais uma fornada de juízes seguiram para<br />
o desemprego, destituídos das suas funções. O<br />
Direito é cada vez mais um conceito plasticínico,<br />
moldado para servir os que detêm o poder, leia-<br />
-se as armas.<br />
Jim Morrison, que foi um romântico num tempo<br />
incerto, escreveu um dia, na canção “Five To<br />
One”, que ‘Eles tinham as armas/Mas nós temos<br />
os números”. Naqueles anos, final da década de<br />
1960, havia flores no cabelo e manifestações<br />
sentadas (sit-in) contra a guerra do Vietname nas<br />
principais cidades americanas. Essa malta, que,<br />
se não morreu ou flipou sob o peso dos ácidos, é<br />
hoje quem nos dirige, passaram de hippies a yuppies,<br />
fundaram e governam (ainda) as grandes<br />
empresas que nos mantêm entretidos – o smartphone<br />
é mais inteligente que uma boa parte das<br />
pessoas que o utiliza, ocupadas e esquecidas que<br />
o mundo real existe fora da ponta do funil electrónico.<br />
A propósito do Direito, Nicolás Maduro, esse<br />
símbolo da revolução marxista (estive quase para<br />
escrever ‘marchista’), aquele que chegou ao poder<br />
e encantou as massas porque teve uma visão<br />
de Hugo Chavez ao lado de Jesus, governa um<br />
dos países mais ricos em petróleo mas não consegue<br />
distribuir pão ao seu povo. Tentou ilegalizar a<br />
Assembleia da ‘sua’ República através de uma ordem<br />
do Supremo Tribunal venezuelano – melhor<br />
será impossível? Na prática, o golpe passava por<br />
impedir a decisão do povo, certa ou errada é algo<br />
que compete aos da Venezuela. A plasticina ‘democrática’<br />
continua a ser estrafegada por quem<br />
fala em nome do povo – oh, povo, dás para tanto<br />
que não passas de povo para canhão.<br />
Um disco: a luxuosa edição do primeiro LP<br />
dos Doors, originalmente editado em 1967 pela<br />
Elektra Records. É numerada, calhou-me a n.º<br />
246. Inclui o LP original em som mono, três CD<br />
com a mistura do LP original em estéreo (remasterizado),<br />
outro em mono e o terceiro ao vivo no<br />
Clube Matrix (7 de Março de 1967), e ainda dois<br />
libretos com notas e fotos. Para coleccionadores.
28 Lusitano<br />
NEUROCIÊNCIA<br />
Se está com sono, peça para sair<br />
da aula<br />
NELSON LIMA (*)<br />
Tentar estar atento com<br />
o cérebro ensonado é prejudicial<br />
Muitos estudantes, mesmo que<br />
adultos, adormecem em plena<br />
sala de aula. A falta de descanso,<br />
o stress e outros factores são os<br />
principais gatilhos dessa situação, a<br />
qual é bastante comum hoje em dia.<br />
Apesar do desconforto, a generalidade<br />
das pessoas aceita isso com<br />
naturalidade como se fosse o preço<br />
a pagar pela necessidade de obter<br />
uma formação que exija presença<br />
em sala de aula.<br />
Para os professores é confrangedor<br />
assistir a isso porque eles se sentem<br />
impotentes e incapazes, sobretudo<br />
quando as matérias são mais<br />
teóricas e exigem concentração. E<br />
contra o sono dos alunos (às vezes,<br />
sono acumulado), nem o melhor dos<br />
professores consegue ter grande<br />
sucesso.<br />
O pior que o sono e cansaço trazem<br />
é que os alunos não são capazes<br />
de reter nem metade da informação<br />
transmitidas nas aulas.<br />
Faça-se uma avaliação 30 minutos<br />
depois e facilmente se chega<br />
à óbvia constatação de que esses<br />
alunos (e outros) simplesmente<br />
esqueceram ou não compreenderam<br />
o que tentaram, sem sucesso,<br />
captar durante as aulas porque o<br />
sono dominou os seus cérebros (o<br />
sono é uma necessidade biológica).<br />
E quando as aulas se sucedem por<br />
horas seguidas então é o desastre<br />
total.<br />
As aprendizagens assim obtidas<br />
geram “zero conhecimento” e apenas<br />
a memorização de fragmentos<br />
soltos, que serão rapidamente esquecidos.<br />
Então pergunto: faz sentido haver<br />
aulas quando os alunos acumulam<br />
sono, cansaço e apenas conseguem<br />
ganhar um mínimo de conhecimento<br />
e sabe Deus como? Não faz. E nos cursos<br />
intensivos em que as exigências são maiores?<br />
Nem queiram saber.<br />
DICAS: se você é aluno e está caindo de<br />
sono, peça ao professor para sair da sala de<br />
aula por uns minutos (um aluno dormindo<br />
também contagia muitos outros), caminhe<br />
um pouco e respire fundo (a solução do “cafezinho”<br />
não muda nada no que concerne<br />
a aprender); se necessário, quando as aulas<br />
são intermináveis, faça isso várias vezes.<br />
O melhor será, porém, cuidar do sono e<br />
não entrar na escola ou na universidade a<br />
cair de cansaço e quase sonâmbulo.<br />
ALERTA: alunos dormindo na sala de aula<br />
prejudicam-se a si mesmo, aos outros, aos<br />
professores e à instituição de ensino que<br />
perde em credibilidade.<br />
(*) Membro efectivo da Associação Britânica<br />
de Neurociências
OPINIÃO<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
29<br />
Entre a magia e a dúvida metódica<br />
CARLOS MATOS GOMES (*)<br />
UM GRUPO DE<br />
POBRES EX-<br />
POLÍTICOS ENTRA<br />
EM PALCO COM<br />
UMA CARTOLA E<br />
UM BALÃO VAZIO. ENCHEM-NO<br />
ATÉ ESTOIRAR, DEIXANDO PELO<br />
CHÃO E SOBRE OS ESPECTADORES<br />
FARRAPOS E DESTROÇOS. CAI A<br />
CORTINA DOS MISTÉRIOS E OS<br />
EX-POBRES POLÍTICOS SURGEM À<br />
BOCA DE CENA GORDOS COMO<br />
NABABOS...<br />
PARA QUEM VERDADEIRAMENTE<br />
AMA O SEU CARRO, SO A MELHOR<br />
COBERTURA CONTA.<br />
Parece certo que existiu uma Sociedade<br />
Lusa de Negócios (belo nome),<br />
detentora de um banco, o BPN, e de<br />
várias sociedades associadas. A SLN e<br />
o BPN tinham conselhos de administração<br />
e mais órgãos típicos das sociedades,<br />
quase todos constituídos por<br />
ex-membros de governos e políticos<br />
conhecidos.<br />
Quase todos estes<br />
administradores e ex-<br />
-políticos, segundo se<br />
sabe, sem grande património<br />
pessoal. Até<br />
se gabaram, quando<br />
foi conveniente, das suas<br />
origens modestas. A SLN e o<br />
BPN movimentaram milhares<br />
de milhões de euros. Surgiram<br />
notícias de bancos virtuais<br />
em Cabo Verde, negócios mirabolantes<br />
nas Caraíbas, terrenos,<br />
hospitais, e o mais que<br />
se falou. O BPN estoirou, derreteu,<br />
torrou qualquer coisa como 5, 6, 8<br />
mil milhões de euros. O Estado, através<br />
dos seus contribuintes pagou esta gestão,<br />
que se revelou ruinosa e desconfiou<br />
que era criminosa.<br />
Ao fim de anos de investigação, o<br />
Estado, através do seu ministério público,<br />
chegou à conclusão que o dinheiro<br />
desapareceu e com ele os valores associados.<br />
Mas não há responsáveis. Os<br />
administradores e os membros dos órgãos<br />
sociais da SLN e do BPN não são<br />
Zurich,<br />
Generalagentur<br />
Marcel Strangis<br />
Manessestrasse 87<br />
8045 Zürich<br />
Tiago Costa<br />
044 405 54 90<br />
078 719 64 81<br />
tiago.costa@zurich.ch<br />
responsáveis pelo que aconteceu nas<br />
empresas de que se faziam pagar como<br />
administradores, julgava-se. Acresce<br />
ainda ser público que estes membros<br />
dos órgãos sociais da SLN e do<br />
BPN estão, depois do estoiro<br />
do BPN, muito bem de<br />
vida. Administrarampessoalmente<br />
-se<br />
m u i t o<br />
bem e muito<br />
mal a sociedade.<br />
A dúvida<br />
metódica sobre<br />
o “caso BPN”<br />
e dos seus administradores<br />
começa por<br />
ser de origem da física,<br />
ou da natureza. O<br />
dinheiro e os valores<br />
do BPN ter-se-ão<br />
evaporado e reorganizado<br />
numa nuvem<br />
que os fez chover –<br />
como se fossem peixes<br />
sugados do mar – nas contas<br />
dos seus antigos administradores? Os<br />
valores ter-se-ão escoado por fendas<br />
abertas no fundo de um lago interior e<br />
surgido sob a forma de fonte de águas<br />
vivas nas contas dos seus antigos administradores?<br />
A dúvida sobre o arquivamento das<br />
acusações aos administradores do BPN<br />
não é quanto à presunção da sua inocência,<br />
é sobre a natureza da justiça.<br />
Não sendo os códigos manuais de ciências<br />
da natureza, serão livros de magia,<br />
com um truque do género: Um grupo de<br />
pobres ex-políticos entra em palco com<br />
uma cartola e um balão vazio. Enchem-<br />
-no até estoirar, deixando pelo chão e<br />
sobre os espectadores farrapos e destroços.<br />
Cai a cortina dos mistérios e os<br />
ex-pobres políticos surgem à boca de<br />
cena gordos como nababos, de cartola<br />
e smoking, a fumar charutos, rodeados<br />
de belas mulheres.<br />
O público, estupefacto, vê o compère<br />
do circo cumprimentá-los e dar-lhes os<br />
parabéns pelo êxito do espectáculo!<br />
SEGUROS DA ZURICH.<br />
PARA TODOS QUE AMAM VERDADEIRAMENTE.<br />
(*) Coronel de Cavalaria. Condecorado com<br />
as medalhas de Cruz de Guerra de 1ª e de<br />
2ª Classe. Pertenceu à primeira Comissão<br />
Coordenadora do Movimento dos Capitães<br />
na Guiné. Foi membro da Assembleia do<br />
MFA. É escritor.
30 Lusitano<br />
CULINÁRIA<br />
Farrafuza – «Passo a Passo»<br />
A agricultura sempre ocupou um lugar<br />
importante no concelho da Moita, concelho<br />
ribeirinho do Tejo, pertencente ao<br />
distrito de Setúbal.<br />
Aqui, onde a terra e o rio se confundem,<br />
a hortaliça que se produzia no campo,<br />
como os tomates, as cebolas, as batatas,<br />
eram, por vezes, os ingredientes principais<br />
de alguns cozinhados, pois em qualquer<br />
horta podiam ser cultivados e estavam<br />
sempre à mão. A Farrafuza é um exemplo<br />
dessa cozinha simples, económica e acessível<br />
sendo, ainda hoje, um prato muito<br />
apreciado pela facilidade e rapidez da sua<br />
confecção e por ser bastante económico.<br />
A sua receita foi passando oralmente de<br />
geração em geração e, por isso mesmo,<br />
pode ser confeccionado de diferentes maneiras.<br />
Ingredientes<br />
Ovos; 0,5 kg de tomates; 2 dl azeite; 2<br />
cebolas; dentes de alho; sal q.b.; pimenta<br />
q.b.<br />
Preparação<br />
Leva-se ao lume uma frigideira grande<br />
com as cebolas cortadas às rodelas e o<br />
azeite, até a cebola ficar translúcida. Juntam-se<br />
então os alhos bem picados. Os<br />
tomates devem ser antecipadamente pelados<br />
e limpos de pevides, após o que se<br />
cortam aos bocados e se juntam à cebolada.<br />
Depois de tudo cozido, colocam-se<br />
os ovos a escalfar, por cima da tomatada.<br />
Deve ser acompanhado com batatas cozidas.<br />
Vinho para acompanhar<br />
Porque este é um prato rico e complexo,<br />
pede também um vinho com essas<br />
características. Na Península de Setúbal,<br />
os vinhos são naturalmente ricos e complexos,<br />
frutos das castas plantadas e do<br />
microclima da zona. Ao explorar a margem<br />
sul do Sado, tal como na Península<br />
de Setúbal, não será difícil encontrar um<br />
tinto frutado, com aromas de fruta preta<br />
e muito boa concentração, com taninos<br />
estruturados, mas não muito marcantes,<br />
que acompanhará na perfeição este prato.<br />
Trincadeira,<br />
Aragonez<br />
e as Tourigas Nacional e Franca são as<br />
nossas sugestões.<br />
(Sugestão da CVR da Península de Setúbal)<br />
O texto, a receita e foto final do «Passo a<br />
Passo» estão publicadas no Livro «Os Sabores<br />
da Nossa Terra», pela Associação de Desenvolvimento<br />
Regional da Península de Setúbal<br />
(ADREPES).<br />
A foto que acompanha este texto resulta do<br />
empratamento feito pela Escola de Hotelaria e<br />
Turismo de Setúbal, após confecção de acordo<br />
com a receita tradicional.<br />
Lapardana – «Passo a Passo»<br />
A Lapardana é uma comida das gentes<br />
da borda d’água do Ribatejo, mais<br />
um dos muitos exemplos dos pratos<br />
dos tempos em que muitos passavam<br />
fome, e para os quais se recorria principalmente<br />
ao pão, juntando-se, neste<br />
caso, as batatas e as couves, com o<br />
azeite e o alho a dar sabor. Era feita<br />
tanto pelos camponeses que trabalhavam<br />
nas lezírias como pelos avieiros<br />
que pescavam nas valas do Tejo.<br />
Por essa razão, tinha, muitas vezes,<br />
por acompanhamento o peixe do rio,<br />
outras vezes, bacalhau, que ainda era,<br />
nessa altura, o “fiel amigo”. Mas qualquer<br />
que fosse o conduto, a sua quantidade<br />
dependia, obviamente, do orçamento<br />
familiar.<br />
Ingredientes<br />
4 batatas médias; 600 g de pão duro<br />
de trigo; 4 folhas verdes de couve; 2 dl<br />
de azeite; 12 dentes de alho; 4 postas<br />
de bacalhau demolhado; sal e pimenta<br />
q.b.<br />
Preparação<br />
Cozem-se em água e sal as batatas<br />
cortadas em rodelas e a couve em pedaços<br />
ripados à mão. Quando a batata<br />
estiver cozida, escorre-se e reserva-se<br />
a água de cozedura. A couve está, nesta<br />
altura, ainda mal cozida mas é assim<br />
mesmo. Demolha-se bem o pão na<br />
água da cozedura que ficou de reserva.<br />
Pode juntar-se também um pouco<br />
de broa de milho, se houver. Põe-se o<br />
pão num tacho e leva-se ao lume com<br />
um terço do azeite, um terço dos dentes<br />
de alho migados e um pouco de<br />
pimenta, amassando-se bem com uma<br />
colher de pau a que se dava o nome<br />
de geribalde. Juntam-se as couves e<br />
as batatas e deixam-se fervinhar até<br />
se obter uma açorda mole. Enquanto<br />
a açorda apura, assa-se o bacalhau sobre<br />
o lume. Dispõe-se a açorda numa<br />
travessa funda, desfia-se o bacalhau<br />
em lascas grandes que se põe sobre<br />
a açorda. Rega-se tudo com o azeite<br />
bem quente e os alhos restantes.<br />
Acompanhamento<br />
Este é um prato de sabor muito<br />
forte, intensificado pelo azeite e pelo<br />
alho. Para o acompanhar, é indicado<br />
um vinho branco intenso e estruturado,<br />
cuja acidez vigorosa compense a<br />
força<br />
do<br />
prato.<br />
Procure<br />
um<br />
branco<br />
com<br />
estas<br />
características<br />
na<br />
Região Tejo.<br />
O texto e a receita aqui apresentados<br />
estão publicados no Livro «Os<br />
Sabores da Nossa Terra» pela APRO-<br />
DER- Associação para a Promoção do<br />
Desenvolvimento Rural do Ribatejo.<br />
A foto que acompanha este texto<br />
resulta do empratamento<br />
feito pela<br />
Escola Profissional<br />
de Vale do Tejo<br />
(Santarém), após<br />
confecção de acordo<br />
com a receita<br />
tradicional.<br />
Colaboração:<br />
Amílcar Malhó
SAÚDE<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
31<br />
ORÉGANO<br />
(Origanum vulgare)<br />
COOORDENAÇÃO E RECOLHA: JOANA ARAÚJO<br />
PLANTAS MEDICINAIS<br />
MIL HOMENS (Aristolochia triangularis):<br />
Planta usada nas afecções cutâneas,<br />
problemas circulatórios, dormências e formigamentos,<br />
eczemas, frieira, feridas, cistite<br />
e anorexia. Tem fama de ajudar a tratar<br />
doençss venéreas.<br />
MULUNGU (Erytrina verna): Calmante<br />
poderoso, analgésico e muito usado em<br />
manipulação, contra pressão alta. Também<br />
indicado contra insônia e ansiedade.<br />
NÓ DE CACHORRO (Heteropteris<br />
aphrodisiaca): Revigorante físico e mental,<br />
é usado tradicionalmente como afrodisíaco<br />
e estimulante sexual. Indicada para ajudar<br />
a regularizar as funções do organismo<br />
como um todo. Popularmente é também<br />
utilizada para prevenir úlceras, combater<br />
a perda de memória e a fadiga. É considerada<br />
uma planta adaptógena, isto é, fortalece<br />
as defesas do organismo, melhora o<br />
funcionamento do cérebro e dá energia<br />
extra pois tem ação tônica e revigorante.<br />
NOGUEIRA (Juglans regia): A nogueira<br />
é uma árvore da Família Juglandaceae, nativa<br />
da Europa e da Ásia. Também conhecida<br />
como nogueira-do-Ceilão, noz, noz<br />
caucasiana, nogueira de iguape e nogueira-da-Índia.<br />
Suas folhas são ricas em um<br />
óleo aromático.O chá de nogueira é usado<br />
popularmente para tratar problemas relacionados<br />
ao útero, bexiga, ovários, além<br />
de ser auxiliar contra anemia, angina, artritismo,<br />
diabetes, gota, hemorróidas e reumatismo.<br />
Na medicina popular é indicada<br />
como afrodisíaca, calmante dos nervos e<br />
vermífuga. Externamente, a planta é usada<br />
para tratar feridas e erupções cutâneas.<br />
NONI (Morinda citrifolia): É uma planta<br />
originaria do sudoeste da Ásia, rica em carboidratos,<br />
vitaminas e minerais e que foi<br />
levada para as Ilhas da Polinésia há mais de<br />
2 mil anos. Atualmente está sendo cultivada<br />
e produzida na América Central e no<br />
Brasil, com plantação intensiva no estado<br />
de Roraima. Popularmente é usada como<br />
tônico sexual, anti-diabética, analgésica e<br />
hipotensora. A medicina popular, em especial<br />
no Tahaiti, utiliza o Noni também para<br />
combater a insônia, a falta de energia, o<br />
cansaço e o stress, a dificuldade de concentração,<br />
as desordens digestivas e os<br />
efeitos do tabagismo.<br />
NOZ DE COLA (Sterculia acuminata):<br />
Indicada popularmente contra o desgaste<br />
físico e mental, stress, depressão, melancolia<br />
e anorexia.<br />
NOZ MOSCADA (Myristica fragans):<br />
Digestiva e anti-reumática, muito utilizada<br />
contra pressão alta.<br />
OLIVEIRA (Olea europaea): Planta de<br />
origem mediterrânea, é amplamente cultivada<br />
em Portugal, Espanha e outros<br />
países da Europa. Considerada uma poderosa<br />
aliada da saúde, suas folhas contém<br />
elevadas concentrações de antioxidantes<br />
e minerais como potássio, magnésio, manganês,<br />
fósforo, selênio, cobre e zinco, que<br />
evitam a ação dos radicais livres promovendo<br />
uma ação revigorante no organismo.<br />
Outro benefício das folhas da oliveira<br />
é que melhoram o aspecto da pele, prevenindo<br />
contra o envelhecimento, além estimular<br />
o metabolismo a eliminar gordura<br />
(efeito termogênico), auxiliando na redução<br />
de peso e dietas para emagrecimento.<br />
ORÉGANO (Origanum vulgare): Óptimo<br />
tempero culinário, é ainda estimulante das<br />
funções gástricas e biliares, sedativo e expectorante,<br />
indicado para resfriados, dores<br />
de garganta (gargarejos) e sua infusão<br />
alivia cólicas, é indicada no tratamento da<br />
tosse, dores de cabeça de origem nervosa.<br />
ATENÇÃO:<br />
Estas informações são meramente informativas<br />
e não devem ser usadas para diagnosticar, tratar,<br />
curar ou prevenir qualquer doença e muito menos<br />
substituir cuidados médicos adequados.<br />
COOORDENAÇÃO: JOANA ARAÚJO
32 Lusitano<br />
TECNOLOGIA<br />
“Revolução verde”<br />
Carro eléctrico faz 1000 km em 8 horas e 21 minutos com uma recarga<br />
líquida de 10 cêntimos/litro.<br />
JOANA ARAÚJO (*)<br />
Uma empresa suíça<br />
desenvolveu um novo<br />
tipo de baterias e já as<br />
instalou num protótipo,<br />
um súper desportivo<br />
que funciona a “água do<br />
mar”.<br />
Trata-se do nanoFLOW-<br />
CELL, uma nova tecnologia<br />
“Made in Swiss” que<br />
promete revolucionar os<br />
automóveis eléctricos e<br />
pode ser um passo importante<br />
na “revolução<br />
verde”.<br />
A empresa suíça nano-<br />
FLOWCELL desenvolveu<br />
um protótipo capaz<br />
de atingir os 380 quilómetros<br />
por hora, acelerar<br />
dos zero aos 100<br />
em apenas 2,8 segundos<br />
e uma autonomia que<br />
pode chegar aos 600<br />
quilómetros. Tudo isto,<br />
movido por um novo<br />
tipo de baterias que armazena<br />
energia numa<br />
solução de electrólitos<br />
que se assemelha à água<br />
do mar. O resultado é<br />
surpreendente: chama-<br />
-se Quant E-Sportlimousine.<br />
Este protótipo foi apresentado<br />
no Salão Automóvel<br />
de Genebra no<br />
passado mês de Março<br />
e já está autorizado a<br />
circular nas estradas europeias.<br />
A solução agora apresentada<br />
pela nano-<br />
FLOWCELL pode ser um<br />
passo em frente na revolução<br />
dos carros eléctricos.<br />
E não é só pela extraordinária<br />
potência e<br />
autonomia.<br />
A rapidez do reabastecimento<br />
é fundamental<br />
para o sucesso desta<br />
tecnologia. Ao invés de<br />
“ligar o carro à corrente”,<br />
estas novas baterias<br />
são recarregadas não<br />
com energia eléctrica,<br />
mas pela troca do líquido<br />
que contêm, um processo<br />
de reabastecimento<br />
que, quando estiver<br />
optimizado, pouco se<br />
diferenciará do sistema<br />
utilizado nas bombas de<br />
combustível tradicional.<br />
Serviços Públicos online<br />
Quantas filas e horas perdidas<br />
para pedir a renovação do cartão<br />
de cidadão, ou à espera de<br />
uma consulta, quanto dinheiro<br />
perdido por faltar ao trabalho<br />
quando foi renovar a carta de<br />
condução… Na verdade agora<br />
há serviços online que evitam<br />
estes cenários e podem facilitar-lhe<br />
a vida. Conheça alguns<br />
destes serviços que estão disponíveis<br />
online para si.<br />
Portal da Saúde<br />
Este portal foi renovado recentemente<br />
e destaca-se por informar<br />
os utentes dos tempos de<br />
espera num determinado hospital<br />
e centros hospitalares. Para<br />
ser mais fácil o seu acesso, este<br />
disponibiliza aplicações para ter<br />
informações no seu dispositivo<br />
móvel, possibilita a marcação<br />
de consultas e também tem uma<br />
área de notícias dedicadas.<br />
https://www.sns.gov.pt/<br />
Portal da Segurança<br />
Social<br />
Este portal foi criado para facilitar<br />
o acesso a informações<br />
que outrora só seriam possíveis<br />
quando o utente se dirigia pessoalmente<br />
às várias instalações<br />
desta entidade, o que por vezes<br />
levavam horas em filas, sob a<br />
pena de não verem o problema<br />
resolvido quando a documentação<br />
não estava toda reunida.<br />
www.seg-social.pt<br />
Portal das Finanças<br />
Os serviços do estado têm sofrido<br />
melhoramentos, embora<br />
nem sempre consensuais e que<br />
funcionem à primeira, mas, cada<br />
vez mais, cada um de nós pode,<br />
através da Internet, ter acesso a<br />
melhores serviços.<br />
Um dos mais preponderantes<br />
será o Portal das Finanças, por<br />
onde passa a vida fiscal dos portugueses,<br />
quer ao nível particular,<br />
quer ao nível das empresas.<br />
http://www.portaldasfinancas.gov.pt<br />
Portal de contraordenações<br />
É condutor e não sabe se está<br />
para chegar por aí alguma multa<br />
de trânsito? Agora já não precisa<br />
de esperar pois foi recentemente<br />
disponibilizado o Portal de Contra-ordenações<br />
Rodoviárias que<br />
permite aos condutores consultarem<br />
o cadastro individual mas<br />
também os processo associados<br />
às contra-ordenações.<br />
www.goo.gl/t8Vdzf<br />
Base de Dados de Contas<br />
O Banco de Portugal disponibiliza<br />
a consulta à Base de Dados<br />
de Contas através da internet,<br />
na sua página oficial e no Portal<br />
do Cliente Bancário.<br />
A consulta à Base de Dados de<br />
Contas pode ser realizada através<br />
da Internet utilizando a opção<br />
‘Obter Mapa’. A autenticação<br />
pode ser através do cartão<br />
de cidadão, credenciais de acesso<br />
ao Portal das Finanças ou<br />
usando as credenciais do Banco<br />
de Portugal. Dessa forma saiba<br />
o estado dos seus empréstimos<br />
e como está a saúde dos seus<br />
cartões de crédito.<br />
http://www.bportugal.pt<br />
Autoridade Tributária<br />
e Aduaneira<br />
Por questões de preço, mercado<br />
ou disponibilidade, por vezes<br />
surge a necessidade de adquirir<br />
um produto além fronteiras. Se<br />
for tão além que saia da União<br />
Europeia, o processo deixa de<br />
ser um simples envio e passa a<br />
ter a acção da Autoridade Tributária,<br />
havendo a possibilidade<br />
de cobrança de taxas alfandegárias.<br />
Saiba todos os detalhes e a melhor<br />
forma de proceder dependendo<br />
do caso, neste serviço<br />
online.<br />
http://info.portaldasfinancas.gov.pt/<br />
pt/at/<br />
Portagens<br />
Sejam auto-estradas ou SCU-<br />
TS, em Portugal o automobilista<br />
tem de pagar par circular nestas<br />
vias. Para quem pretender controlar<br />
os valores pagos ou em<br />
dívida podem aceder ao site<br />
da via verde ou ao site dos CTT,<br />
respectivamente. À distância<br />
de um clique poderá gerir toda<br />
a sua conta Via Verde, através<br />
de uma série de operações disponíveis.<br />
No site dos CTT pode<br />
fazer a consulta de movimentos<br />
(quando não tem identificador<br />
electrónico).<br />
https://www.viaverde.pt<br />
Livro de Reclamações<br />
Quantas vezes somos obrigados,<br />
num qualquer estabelecimento,<br />
a solicitar este meio de<br />
reclamação para que nos seja<br />
resolvido um problema que de<br />
forma directa não está a ser<br />
possível resolver? Online também<br />
o poderá fazer. Deixe a sua<br />
identificação, a sua reclamação,<br />
o motivo porque reclama e contra<br />
quem reclama.<br />
(a partir de Jinho)<br />
Portal do Cidadão<br />
O Portal do Cidadão integra<br />
agora os portais do Cidadão e<br />
da Empresa, numa plataforma<br />
única optimizada para diferentes<br />
dispositivos fixos e móveis.<br />
São estes alguns dos serviços<br />
que simplificam de uma forma<br />
cómoda e rápida o acesso a informação<br />
sem a necessidade de<br />
nos deslocarmos fisicamente<br />
ao respectivo serviço.<br />
https://www.portaldocidadao.pt<br />
com Agências
HORÓSCOPO<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
33<br />
Carneiro<br />
Neste mês teremos a Lua nova<br />
no sector financeiro e de talentos<br />
e habilidades do signo<br />
Carneiro. Além disso, o planeta<br />
Vénus reingressará no seu signo.<br />
É o momento em que você está<br />
mais consciente dos seus sentimentos<br />
e pode iniciar um novo<br />
ciclo de desenvolvimento emocional.<br />
A fase é positiva para perseverar<br />
na realização dos seus objectivos<br />
profissionais. Momento<br />
interessante para expressão<br />
dos seus talentos.<br />
Touro<br />
Um mês positivo para o signo<br />
Touro que é marcada pela<br />
fase lunar nova no seu signo,<br />
indicando um novo ciclo evolutivo.<br />
Ainda há muitos aprendizados<br />
emocionais ligados à auto-estima<br />
e com a necessidade de<br />
não repetir antigos padrões<br />
de comportamento.<br />
O momento é interessante<br />
para estudos, actividades nos<br />
bastidores e para resolver<br />
pendências.<br />
Gémeos<br />
A fase lunar nova ocorre neste<br />
mês no signo anterior ao<br />
seu, o que indica um período<br />
de reflexão, contemplação e<br />
interiorização. Deve cuidar<br />
mais da saúde.<br />
Aos poucos, a energia emocional<br />
fica mais fluida e você tende<br />
a sentir melhorias no relacionamento.<br />
É uma fase importante para se<br />
dedicar aos seus projectos e<br />
também para notar a importância<br />
do trabalho em equipa.<br />
Caranguejo<br />
A fase lunar nova ocorre no<br />
sector de amizades e projectos<br />
envolvendo grupos e empresas,<br />
estimulando esses assuntos.<br />
Você percebe uma melhoria na<br />
relação afectiva com uma maior<br />
consciência dos seus sentimentos.<br />
É um novo ciclo emocional<br />
para o signo Caranguejo.<br />
O planeta Vénus passa a actuar<br />
no sector de carreira do signo<br />
Caranguejo, favorecendo os<br />
contactos profissionais e simbolizando<br />
benefícios.<br />
Leão<br />
Este mês teremos a fase lunar<br />
no sector de realização e carreira<br />
do signo Leão, surge um<br />
novo ciclo em relação a estes<br />
assuntos.<br />
As coisas agora fluem com<br />
maior naturalidade já que você<br />
tem maior consciência das suas<br />
necessidades emocionais.<br />
Este mês pode marcar o início<br />
de uma nova fase de desenvolvimento<br />
na vida profissional. É<br />
importante expressar os seus<br />
talentos com foco e criatividade.<br />
Virgem<br />
A fase lunar nova ocorre ao longo<br />
do mês no sector de conhecimentos,<br />
viagens e espiritualidade.<br />
Ainda continua actuante a fase<br />
de importantes ensinamentos<br />
emocionais vinculados à autonomia,<br />
mas também a necessidade<br />
de cooperar.<br />
É uma fase interessante para<br />
viagens e estudos que tenham<br />
relação com a profissão.<br />
Balança<br />
Mês marcado pela Lua nova no<br />
sector de transformações emocionais<br />
do signo Balança. Questões<br />
financeiras e afectivas estarão<br />
em pauta.<br />
O planeta Vénus passa novamente<br />
a actuar no signo oposto<br />
ao seu, o que pode indicar melhorias<br />
na relação afectiva.<br />
Momento de importantes questões<br />
financeiras relacionadas ao<br />
trabalho. É importante cooperar<br />
para obter os melhores resultados.<br />
Escorpião<br />
É no signo oposto ao seu que<br />
temos a fase lunar nova deste<br />
mês, que pode caracterizar um<br />
novo ciclo nas associações e<br />
parcerias.<br />
Fase de aprimoramento emocional<br />
e de uma maior compreensão<br />
das suas verdadeiras<br />
necessidades no relacionamento.<br />
O reingresso do planeta Vénus<br />
no sector de trabalho pode favorecer<br />
os contactos profissionais<br />
e trazer maior harmonia ao<br />
quotidiano do signo Escorpião.<br />
Sagitário<br />
A fase lunar nova recai sobre o<br />
sector de saúde e trabalho do<br />
signo Sagitário, enfatizando a<br />
importância desses assuntos ao<br />
longo do mês.<br />
Vénus reingressa o sector amoroso,<br />
o que pode significar boas<br />
novas na vida afectiva, mas<br />
você deve ter cuidado com atitudes<br />
impulsivas.<br />
Neste mês, pode se iniciar um<br />
novo ciclo de desenvolvimento<br />
na vida profissional do signo Sagitário.<br />
É importante manter o<br />
foco e a perseverança.<br />
Capricórnio<br />
A Lua nova recai sobre o sector<br />
afectivo e criativo do signo Capricórnio.<br />
Um mês interessante<br />
para você se sintonizar mais<br />
com os seus sentimentos.<br />
A fase é de fortes lições sobre<br />
independência e autonomia.<br />
Questionamentos sobre o significado<br />
de amar e se relacionar.<br />
Trabalhos prazerosos em que<br />
você utiliza a criatividade estão<br />
estimulados. Poderá profissionalizar<br />
algo que você tem como<br />
paixão ou hobby.<br />
Aquário<br />
A fase lunar nova recai sobre o<br />
sector familiar do signo Aquário,<br />
representando o início de<br />
um novo ciclo na vida doméstica.<br />
É importante dialogar, respeitar<br />
as diferenças e expressar seus<br />
sentimentos com mais naturalidade.<br />
O trabalho se desenvolverá<br />
positivamente se você estiver<br />
centrado. É um momento em<br />
que o foco está nas questões<br />
mais subjectivas.<br />
Peixes<br />
A fase lunar nova estimula novos<br />
aprendizados e contactos<br />
no signo Peixes. É um mês importante<br />
para as questões financeiras.<br />
O momento requer mais maturidade<br />
e independência nas<br />
atitudes emocionais do signo<br />
Peixes.<br />
Favorecimento na expressão<br />
dos seus talentos com possível<br />
reconhecimento das suas habilidades.
34 Lusitano<br />
HUMOR<br />
AVIADORES<br />
Um piloto aviador, com a<br />
farda de trabalho vestida,<br />
pára numa aldeia do<br />
Alentejo, dirige-se a um<br />
pequeno café e pede uma<br />
bica e uma água fresca<br />
sem gás.<br />
O dono do café serve-o e<br />
o piloto pergunta; quanto<br />
é se faz favor?<br />
Responde o alentejano, é<br />
1,40 € colega.<br />
Colega? Pergunta o piloto<br />
muito espantado.<br />
Então o senhor também é<br />
piloto da Força Aérea?<br />
Responde o alentejano<br />
com toda a calma: atão o<br />
meu amigo não é aviador?<br />
Atão e eu também não<br />
estou aqui a aviar? Ora se<br />
estou a aviar, sou aviador.<br />
Um inglês a trabalhar<br />
na Grundig<br />
em Braga foi<br />
às compras num<br />
supermercado no<br />
Braga Parque.<br />
Eis a sua lista de compras:<br />
(Ler devagar e em Português<br />
para perceber…)<br />
-Um Inglês a viver em<br />
Portugal ia fazendo um<br />
esforço para dizer umas<br />
coisas em Português.<br />
Foi ao supermercado e<br />
fez a seguinte lista:<br />
– Pay she<br />
– MacCaron<br />
– My on easy<br />
– All face<br />
– Car need boy (may you<br />
kill oh!)<br />
– Spar get<br />
-Her villas<br />
– Key jo (parm soon)<br />
– Cow view floor<br />
– Pee men too<br />
– Better hab<br />
– Lee moon<br />
– Bear in gel<br />
Ao chegar a casa, bateu<br />
com a mão na testa e disse:<br />
– Food ace! Is key see me<br />
do too mach! Put a keep<br />
are you!<br />
O SERMÃO<br />
Numa povoação pequena,<br />
mesmo junto à fronteira<br />
entre Portugal e Espanha,<br />
a Igreja fica cheia<br />
para a missa das 10h:<br />
portugueses, espanhóis, o<br />
presidente da junta, etc. O<br />
padre começa o sermão:<br />
- Irmãos, estamos hoje<br />
aqui reunidos para falar<br />
dos Fariseus... aquele<br />
povo desgraçado, como<br />
esses espanhóis que estão<br />
aqui...<br />
Ohhhhhhh!!! O maior<br />
tumulto tomou conta<br />
da igreja. Os espanhóis<br />
ofenderam o padre, houve<br />
porrada na porta. O<br />
presidente da junta, que<br />
levava as mãos à cabeça,<br />
indignado, decidiu ir falar<br />
com o padre na sacristia:<br />
- Sr. Padre, vá devagar,<br />
os espanhóis vêm para<br />
este lado, gastam nas lojas,<br />
nos restaurantes, trazem<br />
divisas para Portugal.<br />
Não faça mais provocações,<br />
por favor.<br />
Durante a semana, a<br />
conversa entre todos era<br />
a mesma: o padre e o sermão<br />
do Domingo. Aquele<br />
zum-zum-zum todo foi<br />
fazendo com que as pessoas<br />
ficassem curiosas e<br />
a querer saber mais sobre<br />
o que tinha acontecido.<br />
Finalmente, chega o domingo.<br />
O presidente da<br />
junta chega à sacristia e<br />
fala com o padre:<br />
- Padre, o senhor lembra-se<br />
da nossa conversa,<br />
não? Por favor, não arranje<br />
nenhum problema hoje,<br />
ok?<br />
Inicia a missa e o padre<br />
começa o sermão:<br />
- Irmãos, estamos aqui<br />
reunidos, hoje, para falar<br />
de uma pessoa da Bíblia:<br />
Maria Madalena. Aquela<br />
mulher, prostituta, que<br />
tentou Jesus, como essas<br />
espanholas que estão<br />
aqui...<br />
Caldeirada geral: pancadaria<br />
na igreja, partiram<br />
velas nos corredores,<br />
chapadas, socos e alguns<br />
internamentos no SAP da<br />
povoação. O presidente<br />
da junta foi novamente<br />
ter com o padre:<br />
- Padre, o senhor não<br />
me disse que iria com<br />
mais calma? Se o senhor<br />
não amansar, vou escrever<br />
uma carta ao Bispo e<br />
pedir a sua retirada imediata.<br />
Naquela semana, o tumulto<br />
era maior ainda. As<br />
conversas não tinham fim.<br />
Ninguém iria perder a missa<br />
do próximo domingo<br />
nem que a vaca tossisse.<br />
Na manhã de Domingo, o<br />
presidente da junta entra<br />
na sacristia com a polícia<br />
e adverte o padre:<br />
- Sr. Padre, não provoque<br />
desta vez, senão acuso-o<br />
de provocação de<br />
tumulto e vai dentro!<br />
A igreja estava a abarrotar.<br />
Quase não se conseguia<br />
respirar de tanta gente.<br />
E começa o sermão:<br />
- Irmãos... estamos aqui<br />
reunidos, hoje, para falar<br />
do momento mais importante<br />
da vida de Cristo: a<br />
Santa Ceia...<br />
(o presidente da junta<br />
respirou aliviado...)<br />
- Jesus, naquele momento,<br />
disse aos apóstolos:<br />
“Esta noite, um de<br />
vocês me trairá.” Então<br />
João pergunta: “Mestre,<br />
sou eu?” e Jesus responde:<br />
“Não, João, não será<br />
você”. Pedro pergunta:<br />
“Mestre, sou eu?” e Cristo<br />
responde: “Não, Pedro,<br />
não será você.” Então Judas<br />
pergunta: “Oh, coño!<br />
Entonces porsupuesto<br />
soy yo!”<br />
A confusão foi geral!!!<br />
Novos tempos...<br />
À saída da escola, um<br />
aluno diz para outro:<br />
- Olha, a minha mãe é<br />
aquela loira e o meu pai é<br />
aquele gordo baixinho.<br />
E o outro responde:<br />
- O meu pai é aquele<br />
alto careca e a minha mãe<br />
é aquele de barba…<br />
<strong>MAIO</strong><br />
Datas Comemorativas de <strong>2017</strong><br />
01 SEG Dia do Trabalhador<br />
02 TER Dia Mundial da Asma<br />
03 QUA Dia do Sol<br />
03 QUA Dia Int. da Liberdade de Imprensa<br />
03 QUA Dia da Invenção da Santa Cruz<br />
04 QUI Dia Internacional do Bombeiro<br />
05 SEX Dia Mundial da Higiene das Mãos<br />
05 SEX Dia Internacional da Parteira<br />
05 SEX Dia Internacional da Tuba<br />
06 SÁB Dia Internacional Sem Dieta<br />
07 DOM Dia da Mãe<br />
08 SEG Dia Mundial da Segurança Social<br />
09 TER Dia da Europa<br />
10 QUA Dia de São Damião de Molokai<br />
10 QUA Dia Mundial do Lúpus<br />
11 QUI Dia Europeu do Melanoma<br />
12 SEX Dia Internacional do Enfermeiro<br />
12 SEX Dia de Santa Joana<br />
15 SEG Dia Internacional da Família<br />
17 QUA Dia Mundial da Internet<br />
17 QUA Dia Mundial da Hipertensão<br />
17 QUA Dia Mundial das Telecomunicações<br />
17 QUA Dia Mundial da Pastelaria<br />
18 QUI Dia Internacional dos Museus<br />
18 QUI Dia Mundial da Vacina Contra a SIDA<br />
18 QUI Dia Internacional do Fascínio das Plantas<br />
19 SEX Dia Internacional dos Assistentes Virtuais<br />
19 SEX Dia Mundial do Médico de Família<br />
20 SÁB Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade<br />
20 SÁB Dia da Marinha<br />
20 SÁB Dia Mundial da Metrologia<br />
20 SÁB Dia Europeu do Mar<br />
21 DOM Dia de São Cristóvão de Magalhães<br />
22 SEG Dia Internacional da Biodiversidade<br />
22 SEG Dia do Autor Português<br />
23 TER Dia Mundial da Tartaruga<br />
24 QUA Dia Europeu dos Parques Naturais<br />
25 QUI Dia In. das Crianças Desaparecidas<br />
25 QUI Dia da África<br />
28 DOM Dia Internacional da Saúde Feminina<br />
28 DOM Dia Internacional do Brincar<br />
29 SEG Dia Nacional da Energia<br />
29 SEG Dia Inter. Soldados da Paz das ONU<br />
31 QUA Dia Mundial da Esclerose Múltipla
JÚNIOR<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
35<br />
PROPOSTA DE LEITURA<br />
A Ilustre Casa de Ramires (Eça de Queiroz)<br />
Publicado em 1900, A Ilustre Casa de Ramires<br />
pertence à terceira fase da produção queirosiana.<br />
Vazado em estilo apurado, com perfeita<br />
técnica narrativa e uma linguagem ora arcaizante,<br />
ora próxima da moralidade, retrata dois<br />
aspectos da realidade portuguesa: um Portugal<br />
do século XIX, de feições modernas, paralelamente<br />
a um Portugal do século XII, com a Idade<br />
Média lapidando um povo heróico. Ambas as<br />
épocas são vividas na aldeia de Santa Irinéia e<br />
são analisadas a partir da torre dos Ramires, nobre<br />
mansão medieval que serve de ligação entre<br />
esses dois tempos.<br />
I – Situando a narrativa no presente, em terceira<br />
pessoa, apresenta como personagem o jovem<br />
Ramires, representante de uma nobreza falida<br />
econômica e moralmente. Gonçalo Mendes Ramires<br />
procura meios mais fáceis de arranjar a<br />
vida e acaba ingressando na política. Ao mesmo<br />
tempo, escreve uma novela histórica sobre seus<br />
heróicos antepassados, tendo por base um fado<br />
cantado por Videirinha e um poema épico escrito<br />
por um de seus tios. À medida que a narrativa<br />
transcorre, Ramires vai incorporando a honra e<br />
a dignidade de seus ancestrais. Empreende uma<br />
viagem à África e, depois de reconstruir suas finanças,<br />
retorna a Portugal. Sobressaem como<br />
personagens André Cavaleiro, homem frívolo e<br />
indigno, inimigo de Ramires e ex-noivo de Gracinha<br />
Ramires, irmã de Gonçalo. Depois de vê-la<br />
casada com o inocente Barolo, o inescrupuloso<br />
Cavaleiro tenta seduzir a moça.<br />
II – Transfere a narrativa para o passado, tendo<br />
como narrador o personagem principal da primeira<br />
parte. No século XII viveu o velho Tructesindo<br />
Mendes Ramires, homem de espírito<br />
íntegro, rígido e audaz que procura vingar seu<br />
filho Lourenço, que ele viu morrer do alto de<br />
sua torre, em uma emboscada armada por Lopo<br />
de Baião, antigo noivo de sua filha e traidor não<br />
somente da família Ramires como do rei D. Sancho<br />
I.<br />
COOORDENAÇÃO: JOANA ARAÚJO
36 Lusitano<br />
POESIA<br />
Retrospectiva ou<br />
antecipação?<br />
CARMINDO<br />
DE CARVALHO<br />
https://www.facebook.com/carmindo.<br />
carvalho<br />
Hoje fui trabalhar duas horas atrasado.O telemóvel tinha o som cortado e assim o despertador<br />
não me acordou.O meu cérebro acordou-me duas vezes. Mas eu respondi-lhe: “ deixa<br />
lá o despertador que me acorde.”Nos entretantos andou ocupado com um pesadelo.Sonhei<br />
que estava numa fábrica parecida àquela onde trabalho. Parecida porque também tinha tubos<br />
de metal. E também porque vi dois chefes a chegarem e eu pus-me a medir um tubo. Porque<br />
manda a etiqueta estarmos sempre ocupados a fazer algo. Foi pior a emenda que o soneto<br />
_ o molho desfez-se e os tubos rolaram. Depois vi todo o mundo a correr a fugirem de uma<br />
coisa parecida com nevoeiro e a dizerem que era venenoso.Que coisa tão esquisita! Retrospectiva<br />
de uma situação que um dia já lá aconteceu _ um empregado fechou mal uma torneira<br />
e um líquido venenoso começou a espalhar pelo ar um gás que provocou umas arranhadelas<br />
na garganta. Foram chamados os bombeiros e toda a gente teve que ir para o parque de estacionamento<br />
até que os ventiladores gigantescos limpassem o ar, ou terá sido premunição<br />
de algo que há-de acontecer? Já era manhã clara. O dia a chegar parecia mais lindo.Tudo<br />
tão diferente! Quando vou a horas ainda de madrugada, cruzo-me com poucos carros, por<br />
vezes nenhum. Hoje eram muitos.É tudo diferente - movimento, cores, pessoas, etc. Lá diz o<br />
povo: “ De noite todos os gatos são pardos! “ Por isso é que uma bela noite no regresso de um<br />
OPEN-AIR, no parque dos carros, a bosta de vaca era da cor da lama. E ali havia com fartura:<br />
terra, água da chuvada, e a dita bosta! E formaram uma mistura muito especial! Quem mais<br />
sofreu foi o meu carro.Não tenho olfacto. O meu pai esqueceu-se de incluir isso na encomenda!Os<br />
animais: gatos, raposas, ouriços caixeiros, e alguns pássaros com quem frequentemente<br />
me cruzo, já dormiam.Isso fez-me lembrar do que tenho dito _ que de noite trabalham<br />
os animais nas caçadas. Os humanos normais dormem ou divertem-se. Soube-me bem, este<br />
estado de ser normal.Havia já muitos anos que isso não acontecia. Uns vinte e sete! Tantos<br />
como os que já me consumi nos turnos.<br />
Pequeno<br />
instante<br />
de<br />
felicidade<br />
Um copo de dois decilitros de vinho<br />
tinto. Arroz de coelho e espargos,<br />
retardado e requentado e eis o meu<br />
almoço frente ao écran da minha Tv.<br />
( sem a xaropada da Tv que me querem<br />
impingir ) , mas preenchido com<br />
um Dvd de música.<br />
Tangerine Dream ao vivo no nosso<br />
Coliseu em Lisboa.<br />
Sem a xaropada da Tv e a voz que<br />
me costuma dizer que estes sons<br />
são como a chegada dos cágados à<br />
ribeira! ...<br />
Sou obrigado a respeitar, mas não<br />
aceito tal alergia a esta riqueza musical<br />
.<br />
Enfim! ... Gostos são gostos .<br />
E é este pequeno instante de contentamento<br />
que está a fazer a minha<br />
felicidade de hoje .<br />
De hoje, porque a de sempre, a total,<br />
não existe.<br />
15 de Abril de <strong>2017</strong>
POESIA<br />
Maio <strong>2017</strong><br />
37<br />
Escultura Divina<br />
Teu belo seio ondulado<br />
Faz ondas como as do mar<br />
Nesse teu corpo moldado<br />
Feito inspiração p’ra amar.<br />
EUCLIDES CAVACO<br />
https://www.facebook.com/euclides.<br />
cavaco<br />
Teus olhos são como estrelas<br />
Lá longe no Céu brilhando<br />
Teus lábios são aguarelas<br />
Das cores do amor sonhando.<br />
Teus cabelos são jasmim<br />
Tua boca qual quimera<br />
O teu corpo é um jardim<br />
Que irradia Primavera.<br />
Tens sorriso gracioso<br />
Meiga voz que frui virtude<br />
No teu jeito mavioso<br />
Há sempre uma juventude.<br />
És da aurora o alvor<br />
Foste no Éden eleita<br />
Imagem do Criador<br />
Que te fez assim perfeita<br />
És escultura Divina<br />
Duma beleza sem par<br />
Em perfeição que combina<br />
O Céu, a Terra e o Mar !...<br />
Catarina<br />
Poema e voz de Euclides Cavaco<br />
A nossa grande heroína<br />
Que tocou a Pátria inteira<br />
Era uma simples ceifeira<br />
Que se chamou Catarina.<br />
Triste foi a sua sina<br />
Por querer trabalho e pão<br />
Mataram sem ter razão<br />
A infeliz Catarina.<br />
Três tiros de carabina<br />
No Monte do Olival<br />
Marcam o lugar fatal<br />
Onde tombou Catarina.<br />
Maldita mão assassina<br />
Crime hediondo de horror<br />
A fúria dum ditador<br />
Assassinou Catarina.<br />
O Sol jamais ilumina<br />
Esse pedaço de solo<br />
Onde com um filho ao colo<br />
Mataram a Catarina.<br />
Seu nome entre outros culmina<br />
Nas terras de Baleizão<br />
P'ra toda a nossa Nação<br />
Serás sempre a Catarina !...
38 Lusitano<br />
POESIA<br />
QUANDO ME PONHO<br />
A PENSAR ( ASSIM )<br />
CHICO BENTO<br />
Dällikon - Suiça<br />
www.facebook.<br />
com/chico.bento.98<br />
Casei-me um dia contigo<br />
Porque gostava de ti<br />
Sobre este amor sincero<br />
Resolvi hoje falar aqui<br />
Discussões, qualquer casal<br />
As tem no seu dia a dia<br />
As nossas, nós resolvemos<br />
Com muito amor e alegria<br />
Se de acordo não estamos<br />
Preferimos não discutir<br />
E passado pouco tempo<br />
Lá estamos nós a sorrir<br />
Assim é o nosso viver<br />
Tal e qual o digo assim<br />
Eu sou o teu grande amor<br />
E tu és tudo para mim<br />
Refrão<br />
Quando me ponho a pensar<br />
Nossa vida a analizar<br />
Digo aquilo que penso<br />
Essa tua companhia<br />
Meu amor no dia a dia<br />
Sabes bem, que não dispenso.<br />
Serviço de Diárias de Segunda a Sexta-Feira - 18 Frs tudo incluído - Aguardámos a sua visita
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Maio <strong>2017</strong><br />
39<br />
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