REBOSTEIO Nº 2
Revista REBOSTEIO DIGITAL número dois - entrevistas, arte, cultura, poesia, literatura, comportamento, cinema, fotografia, artes plásticas.
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promover pretensos ideais de igualdade e<br />
justiça. Se por um lado o poder vigente do<br />
Estado minimiza tais flagelos e influi sobre<br />
uma mídia vendida, por outro lado os partidos<br />
que almejam o poder se apropriam dos fatos<br />
mais graves no sentido de propagar sua<br />
legenda, às custas de pessoas que até ali não<br />
lhes significavam nada além de votos. De um<br />
lado e de outro, a violência moral toma<br />
formatos de abuso e desrespeito com o<br />
sofrimento alheio.<br />
Violência de Dogmas<br />
A noção de pecado e punição contida nos<br />
dogmas das religiões instituídas é<br />
reconhecidamente, junto ao medo incutido<br />
pela mídia, uma das violências menos<br />
contestadas e mais insidiosas de todas.<br />
É como se houvesse um acordo tácito entre<br />
toda a sociedade, que se deva tolerar o<br />
verdadeiro massacre psicológico promovido<br />
pelos pregadores da “verdade”, sendo esta<br />
verdade algo tão abstrato e mutável quantas<br />
são as crenças.<br />
Em nome dos dogmas já foram cometidas<br />
violências atrozes contra indivíduos e nações<br />
inteiras, fartamente documentados nos livros<br />
de história. Porém a violência cometida sobre<br />
aqueles que crêem jamais poderem alcançar a<br />
perfeição de caráter apregoada, esta não é<br />
mensurável e seus estragos sociais também<br />
não.<br />
Em nome dos dogmas, circulam pela internet<br />
discursos de pastores protestantes atribuindo<br />
condutas ditas demoníacas aos cultos de<br />
origem africana e às populações indígenas<br />
brasileiras, incitando seus fiéis a queimar<br />
aldeias em pleno século XXI. Em nome dos<br />
dogmas, homosexuais são julgados doentes ou<br />
pervertidos pela igreja católica. E a lista não<br />
tem fim...<br />
Além disso, os dogmas em sua<br />
incontestabilidade, apóiam e justificam todo<br />
tipo de repressão exercida de indivíduo para<br />
indivíduo, tanto dentro do núcleo familiar<br />
quanto nos ambientes de trabalho e social.<br />
Dogmas religiosos insinuam-se até mesmo no<br />
Estado laico, em políticas educacionais que<br />
dizem respeito ao ensino das ciências, em<br />
políticas públicas que influenciam na saúde da<br />
gestante, na questão do aborto, do<br />
planejamento familiar, etc.<br />
A religião que prevalece num determinado<br />
país acaba sendo determinante até mesmo na<br />
vida de pessoas que não compartilham de suas<br />
crenças, através dessa influência nefasta sobre<br />
o Estado. No caso do Brasil, onde a liberdade<br />
de culto está garantida na própria<br />
Constituição, não é diferente: temas polêmicos<br />
do ponto de vista religioso são evitados em<br />
debates políticos às vésperas de eleições,<br />
canais de TV são concedidos pelo Estado a<br />
grupos religiosos específicos, para livre difusão<br />
de espetáculos bizarros e conversões<br />
estrondosas em detrimento da veiculação de<br />
programação cultural. Em contrapartida, rádios<br />
independentes chamadas “piratas” são cassadas<br />
e seus integrantes detidos por não terem licença<br />
oficial para veicular sua programação, muitas<br />
vezes de qualidade cultural infinitamente<br />
superior ou de imensa utilidade para a<br />
comunidade onde são sediadas.<br />
Violência Ambiental e da Saúde<br />
A violência ambiental tem como as outras, sua<br />
face ruidosa e também a silenciosa.<br />
A ruidosa tem sido alvo de discussões<br />
acaloradas entre corporações que exploram até<br />
Trabalhadores sem-terra<br />
e indígenas foram<br />
vítimas de ameaças e<br />
ataques por parte de<br />
policiais e seguranças<br />
particulares.<br />
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