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de canetas específicas para esta finalidade. Elementos regionais,<br />
de forma geral, foram levados em consideração para dar base ao<br />
tema pintado, como o araçá, a ferrovia, o gado, o calçado infantil<br />
(força industrial de Birigui) e o Museu do Sol (referência cultural de<br />
Penápolis).<br />
PROFISSIONALIZAÇÃO<br />
Zuffo conta que sua relação com a arte começou a se manifestar<br />
com mais ênfase na adolescência e, com o passar do tempo,<br />
entre dificuldades financeiras e aprendizados, foi se firmando<br />
até se tornar realmente um trabalho. “A arte já estava incorporada<br />
desde os 13 anos, a lata e a rua foi uma passagem em tempos<br />
difíceis e longos”, lembra. Mais tarde, depois de formado em Design,<br />
atuou em agências de criação, mas não era exatamente o<br />
que o fazia vibrar.<br />
Trabalhou depois na conservação de obras de arte e chegou<br />
a lidar com o acervo da família Bardi (Masp), na Casa de<br />
Vidro, entre 2001 e 2002. Em 2005, quando cursava mestrado em<br />
Conservação de Obra de Arte com Energia Nuclear, no Ipen (Instituto<br />
de Pesquisas Energéticas e Nucleares) /USP (Universidade<br />
de São Paulo), surgiram novas oportunidades.<br />
“Foi quando apareceu a possibilidade de trabalhar com a<br />
arte de rua de forma profissional. Eram tempos em que os Gêmeos<br />
e outros artistas do segmento abriam as portas para o grafite<br />
na Europa e no mundo, mostrando esta face para o Brasil e facilitando<br />
o entendimento na cabeça das pessoas que ainda tinham<br />
uma ideia marginal desta arte”, afirma.<br />
‘COISA SÉRIA’<br />
“Eu estava passando apertos financeiros, até que um cenógrafo<br />
argentino, dono de um café na Vila Madalena – o Leopoldo<br />
Joloidovsky, hoje um grande amigo e irmão – me propôs uma<br />
exposição. Em seguida, começaram a aparecer pessoas pedindo<br />
meu trabalho em suas casas. Inicialmente era só um ‘bico’,<br />
pois minha mulher morria de medo que eu largasse o emprego.<br />
Até que, em 2010, fechei um trabalho por um valor que ela não<br />
imaginava que poderiam pagar, e a coisa ficou séria”, conta.<br />
O portfólio de Zuffo é extenso. Suas cores e linhas cheias<br />
de identidade podem ser conferidas, além do painel no shopping<br />
araçatubense, também no site www.marcelozuffo.com.br.<br />
FAMOSOS<br />
O grafiteiro é bastante requisitado. Suas obras se encontram<br />
em paredes até mesmo de apartamentos e casas de celebridades<br />
e socialites – os nomes, ele afirma que, por questões de contrato,<br />
não pode revelar. Um dos murais recentes pintados por ele,<br />
que cita por não haver restrições, foi o do apresentador da ESPM<br />
Flavio Dias. “Fica comprometedor citar mais exemplos, pois tenho<br />
até contratos nos quais o sigilo é bem caro, entre eles, o de<br />
uma editora de livros”, diz.<br />
Seu público principal é formado por arquitetos de renome de<br />
São Paulo, tanto para executar trabalhos para pessoa física, quanto<br />
para ambientes corporativos (principalmente). “Normalmente é<br />
uma forma de contemplar o espaço, proporcionando a arte e a<br />
estética para compor um ambiente, com uma grife de arte de rua<br />
repaginada para se encaixar em espaços planejados”, explica.<br />
Questionado sobre as possibilidades de perda da identidade<br />
da arte do grafite quando ela adentra espaços comerciais e<br />
casas de luxo, já que se trata de uma manifestação artística urbana<br />
de conteúdos e contexto histórico originalmente ligados à<br />
crítica social, sobretudo vinda de camadas sociais menos favorecidas,<br />
ele diz que é possível encontrar um equilíbrio.<br />
“Esta é a parte da essência da arte de rua que fica resignada<br />
às minhas ações pessoais, meu freestyle, meu laboratório,<br />
minhas manifestações. No caso dos meus clientes, alguns<br />
dão total liberdade de criar dentro das minhas características para<br />
seus espaços, mas a maioria, pede um tema para transformar em<br />
imagens de forma iconográficas remetendo a leitura”, comenta.