Jornal da ABI Especial - A Cronologia dos Quadrinhos 2
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FRANCISCO UCHA<br />
Aos 75 anos de i<strong>da</strong>de e 51 anos de carreira,<br />
Mauricio de Sousa construiu com histórias em<br />
quadrinhos uma multinacional jamais imagina<strong>da</strong><br />
por quem viu os primeiros desenhos do jovem<br />
jornalista. A imprensa permeia a história deste<br />
que é hoje o maior desenhista brasileiro. O<br />
homem responsável por um trabalho que<br />
inspira centenas de profissionais e continua<br />
alfabetizando milhões de pessoas mundo afora.<br />
POR FRANCISCO UCHA<br />
certo afirmar que Mauricio de Sousa hoje é, antes<br />
de tudo, um empresário, mas seria um erro<br />
confundi-lo com um empresário qualquer. No<br />
dia-a-dia to<strong>dos</strong> o reconhecem como alguém que<br />
cui<strong>da</strong> de seus negócios com extremo carinho,<br />
organização e ousadia dentro de uma dinâmica<br />
invejável. Para conseguir um espaço em sua agen<strong>da</strong><br />
depois <strong>da</strong>s comemorações <strong>dos</strong> seus 50 anos de carreira,<br />
em plena produção para a Bienal do Livro, Mauricio reservou<br />
um dia para ser entrevistado por diversos jornalistas<br />
e veículos interessa<strong>dos</strong> em registrar sua história.<br />
Quando chegamos ao seu escritório, ele já havia concedido<br />
duas entrevistas e teria para nós apenas 40 minutos<br />
antes do compromisso seguinte. Porém a conversa<br />
seguiu com tanta espontanei<strong>da</strong>de que durou mais de<br />
duas horas. Nesse entretempo presenciamos outra rápi<strong>da</strong><br />
entrevista por telefone a uma rádio em Portugal.<br />
Assim, sem parar. Sem perder a paciência, a simpatia e<br />
o ar atencioso que já se tornou uma característica<br />
reconheci<strong>da</strong> até por pessoas que o abor<strong>da</strong>m<br />
em busca de um autógrafo.<br />
O seu largo e generoso sorriso sempre esteve presente<br />
enquanto respondia às nossas perguntas. Com<br />
uma caneta na mão e vários papéis, Mauricio não parava<br />
de desenhar para explicar as coisas. Ele fala com<br />
as mãos e com os olhos. “A nossa próxima déca<strong>da</strong> será<br />
a <strong>da</strong> educação!”, disse com a euforia de quem já aju<strong>da</strong><br />
a alfabetizar milhões de crianças na<br />
China, Coréia, Vietnã e Indonésia.<br />
“Espero que um dia consiga fazer<br />
isso no Brasil também.”<br />
Embora milhões de brasileiros<br />
tenham encontrado nas histórias<br />
em quadrinhos o primeiro contato<br />
com a leitura, Mauricio sabe que<br />
o desafio <strong>da</strong> educação no Brasil<br />
é muito mais complexo, e<br />
talvez por isso mesmo esteja<br />
tão empenhado em<br />
colaborar com os<br />
que pretendem<br />
enfrentá-lo.<br />
Entre as memórias<br />
revela<strong>da</strong>s<br />
nesta longa<br />
conversa está<br />
a lembrança<br />
<strong>da</strong> primeira vez que mostrou<br />
seus desenhos a um<br />
certo diretor de Arte que<br />
tentou dissuadi-lo <strong>da</strong> idéia<br />
de vencer na vi<strong>da</strong> desenhando.<br />
Isso foi na Folha <strong>da</strong> Manhã,<br />
quando ain<strong>da</strong> era um jovem em<br />
busca do primeiro emprego. Foi lá também<br />
que encontrou na Re<strong>da</strong>ção um amigo que<br />
lhe deu bons conselhos e o incentivou a continuar.<br />
Desde aquele tempo, nota-se: ele é obstinado,<br />
sabe o que quer e como fazer.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>ABI</strong> 362 Janeiro de 2011<br />
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