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Jornal da ABI Especial - A Cronologia dos Quadrinhos 2

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DIVULGAÇÃO<br />

No traço <strong>dos</strong> melhores<br />

Homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa<br />

resulta em livros que formam uma antologia com a participação<br />

<strong>dos</strong> mais conheci<strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong> quadrinhos brasileiros.<br />

Jean (ao lado), que<br />

criou uma história<br />

com o Louco e o<br />

Cebolinha, disse que<br />

Mauricio de Sousa é<br />

uma referência<br />

também como<br />

empresário: “Ele foi<br />

capaz de levar seus<br />

personagens para<br />

diversos países e<br />

culturas e se manteve<br />

sempre atualizado.”<br />

POR MARCOS STEFANO<br />

O mercado de histórias em quadrinhos<br />

passa por um momento de efervescência<br />

no Brasil. É bem ver<strong>da</strong>de que,<br />

se ain<strong>da</strong> está longe do ideal, termos<br />

como instabili<strong>da</strong>de e crise parecem<br />

ca<strong>da</strong> vez mais distante de seu, para usar<br />

um jargão próprio do meio, “universo”.<br />

Chegar até este ponto não foi na<strong>da</strong><br />

fácil, mas se existe uma figura emblemática<br />

desse processo ela é a do desenhista<br />

Mauricio de Sousa. Apontado<br />

como exemplo e fonte de inspiração, ele<br />

é considerado pelos nossos grandes desenhistas<br />

como o “Walt Disney brasileiro”.<br />

E, após mais de 50 anos de carreira,<br />

na<strong>da</strong> melhor do que o devido reconhecimento,<br />

que veio com o lançamento<br />

no final de 2009 do livro MSP 50 -<br />

Mauricio de Sousa Por 50 Artistas, publicado<br />

pela Panini Comics.<br />

Ain<strong>da</strong> mais do que uma homenagem<br />

ao criador <strong>da</strong> Turma <strong>da</strong> Mônica, a obra<br />

é um libelo do atual momento pelo qual<br />

os quadrinhos nacionais passam. Cinqüenta<br />

<strong>dos</strong> melhores ilustradores, desenhistas,<br />

cartunistas, chargistas e quadrinistas<br />

brasileiros foram convi<strong>da</strong><strong>dos</strong><br />

para emprestar seus traços e produzir<br />

histórias com Magali, Cebolinha, Chico<br />

Bento, Cascão e companhia. Ca<strong>da</strong><br />

qual poderia escolher seu personagem,<br />

mas sem copiar o estilo de Mauricio de<br />

Sousa. O traço deveria ser original.<br />

A coletânea reuniu os mais varia<strong>dos</strong><br />

estilos e temas com expoentes do gênero,<br />

como Vitor Cafaggi, Jean Galvão,<br />

Walmir Orlandeli,<br />

Ziraldo, Laerte, Julia<br />

Bax, Angeli, Wander<br />

Antunes, Marcelo Campos,<br />

Fernando Gonsales e Ivan<br />

Reis. Sidney Gusman, editor<br />

do site Universo HQ e idealizador<br />

do projeto,<br />

acertou em cheio a<br />

mão. Mais do que<br />

um belo álbum,<br />

faz uma antologia<br />

<strong>dos</strong> quadrinhos<br />

nacionais que<br />

mistura talento<br />

e ótimo<br />

argumento.<br />

Na obra, as<br />

histórias assemelham-se<br />

a contos. As mais<br />

fracas são muito<br />

boas. Muitas são<br />

ótimas. E várias<br />

são excelentes.<br />

“Fui alfabetizado<br />

lendo quadrinhos.<br />

Quando recebi o convite para participar<br />

dessa homenagem, quase não consegui<br />

me conter. Ter a liber<strong>da</strong>de de mexer num<br />

universo que faz parte <strong>da</strong> nossa cultura<br />

é maravilhoso, mas também uma<br />

grande responsabili<strong>da</strong>de. Afinal, Mauricio<br />

de Sousa é o nosso Disney. Meu<br />

traço é meio sujo, rabiscado, com um pé<br />

no underground. Por isso, lembrei do<br />

Capitão Feio, um vilão com sua hor<strong>da</strong>,<br />

saindo <strong>dos</strong> esgotos. Parecia um prato<br />

cheio para desenvolver uma boa história<br />

e apostei minhas fichas nele”, conta<br />

Orlandeli, conhecido pelos quadrinhos<br />

e charges que publica em jornais<br />

e por personagens como Grump.<br />

Autor de charges na Folha de S. Paulo<br />

e tiras de quadrinhos nas revistas Recreio<br />

e Runners, Jean Galvão diz que Mauricio<br />

de Sousa não é apenas uma referência<br />

como artista, também é como empresário.<br />

Alguém que foi capaz de levar seus<br />

personagens para diversos países e culturas<br />

e com criativi<strong>da</strong>de para se reinventar<br />

e se manter sempre atualizado:<br />

“Aprendi a desenhar copiando desenhos<br />

<strong>da</strong> tv e <strong>dos</strong> gibis, como os <strong>da</strong> Mônica.<br />

Quando comecei a fazer minha história<br />

para o livro, não pensei em um roteiro<br />

do início ao fim. Um quadrinho foi<br />

puxando outro. Daí, quase não consegui<br />

parar mais. Desenhos e ilustrações estão<br />

hoje em alta. Mas não dá para dizer o<br />

mesmo <strong>da</strong>s charges, já que muitos jornais<br />

não têm espaço para elas”, conta ele, que<br />

em MSP 50 escolheu as personagens Louco<br />

e Cebolinha para trabalhar.<br />

A aposta tornou-se um sucesso. E<br />

como o número de artistas era maior<br />

do que o livro poderia comportar, um<br />

segundo volume foi lançado em agosto<br />

de 2010: MSP + 50 – Mauricio de<br />

Sousa Por Mais 50 Artistas. Já está em<br />

produção um terceiro volume <strong>da</strong> série,<br />

com outros talentos que não entraram<br />

nessas duas edições e que breve deve<br />

chegar às livrarias:<br />

“O trabalho está sendo colorizado e<br />

ain<strong>da</strong> é cedo para <strong>da</strong>r mais detalhes. Mas<br />

é um desafio se distanciar do traço do<br />

Mauricio. Acho fantástico o design que<br />

ele criou. Eu me esforcei ao máximo para<br />

imprimir meu estilo, mas achei legal<br />

manter algumas características do traço<br />

oficial. Acredito que quem gostou<br />

<strong>dos</strong> outros dois gostará também do terceiro.<br />

A coleção é realmente um compêndio<br />

<strong>dos</strong> quadrinhos nacionais”, afirma<br />

Eduardo Francisco de Jesus, um <strong>dos</strong><br />

mais conheci<strong>dos</strong> ilustradores brasileiros<br />

no mercado norte-americano e que participará<br />

do novo volume em parceria<br />

com o roteirista Marcelo Cassaro.<br />

DIVULGAÇÃO<br />

Orlandeli e seu Capitão Feio (à esquer<strong>da</strong>):<br />

“Ter a liber<strong>da</strong>de de mexer num universo que<br />

faz parte <strong>da</strong> nossa cultura é maravilhoso,<br />

mas também uma grande responsabili<strong>da</strong>de”.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>da</strong> <strong>ABI</strong> 362 Janeiro de 2011<br />

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