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L+D 66

Edição: novembro/dezembro de 2017

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RESIDÊNCIA NO JARDIM BOTÂNICO (RIO DE JANEIRO)<br />

ATELIÊ WÄLS (BELO HORIZONTE); APARTAMENTO EM SÃO PAULO (SÃO PAULO); LOJA DENGO (SÃO PAULO);<br />

RESIDÊNCIA FAZENDA BOA VISTA (INDAIATUBA); FOTO LUZ FOTO: GUILHERME JORDANI<br />

1


2 3


SUMÁRIO<br />

novembro | dezembro 2017<br />

edição <strong>66</strong><br />

28<br />

36 44<br />

52 58 <strong>66</strong><br />

08<br />

¿QUÉ PASA?<br />

28<br />

36<br />

RESIDÊNCIA NO JARDIM BOTÂNICO<br />

O amor está em tudo<br />

ATELIÊ WÄLS<br />

Sob medida<br />

44<br />

APARTAMENTO EM SÃO PAULO<br />

52<br />

58<br />

64<br />

<strong>66</strong><br />

LOJA DENGO<br />

Temperatura ideal<br />

RESIDÊNCIA FAZENDA BOA VISTA<br />

Precisão, redução, integração<br />

PRODUTOS<br />

Especial Prêmio Design MCB<br />

FOTO LUZ FOTO<br />

Guilherme Jordani<br />

4 5


Romulo Fialdini<br />

Thiago Gaya<br />

publisher<br />

RESIDÊNCIA NO JARDIM BOTÂNICO<br />

Iluminação: LD Studio<br />

Foto: Andrés Otero<br />

ADEUS 2017 E QUE VENHA 2018!<br />

Orlando Marques<br />

editor-chefe<br />

PUBLISHER<br />

Thiago Gaya<br />

EDITOR-CHEFE<br />

Orlando Marques<br />

DIRETORA DE ARTE<br />

Thais Moro<br />

A turbulência vivida nestes últimos anos de crises política e econômica parece dar<br />

sinais de arrefecimento. A retração e a consequente escassez dos últimos anos causam<br />

danos ao mercado e dão abertura a práticas tóxicas que podem, por vezes, abalar um<br />

setor; em especial, a autoestima e a confiança daqueles que lutam de forma ética para<br />

sobreviver. Não foi diferente no mercado de iluminação. A crise sem dúvida atingiu o<br />

setor, mas, ainda assim, tivemos a oportunidade de publicar lindos projetos realizados por<br />

profissionais que, com talento, criatividade e muito empenho, driblam as adversidades<br />

e mantêm-se firmes e ativos.<br />

Por isso, dedicamos a última edição do ano ao lighting design brasileiro, trazendo<br />

somente projetos de elevada qualidade realizados por nossos profissionais. Sobrevivemos<br />

a 2017 e o encerramos com grande estilo!<br />

São três residências: um apartamento em São Paulo, com projeto de iluminação do<br />

Estúdio Carlos Fortes; uma casa no Jardim Botânico, projetada pela LD Studio; e outra na<br />

Fazenda Boa Vista, no interior de São Paulo, desenvolvida pela Foco Luz & Desenho.<br />

Apresentamos também o Ateliê Wäls, uma cervejaria com produção artesanal em<br />

Belo Horizonte, com projeto da Atiaîa Lighting Design. Suas imagens foram magicamente<br />

clicadas pelo fotógrafo Guilherme Jordani, nosso convidado no Foto Luz Foto desta edição.<br />

Finalmente destacamos a Loja Dengo de chocolates, projeto do escritório Franco Associados.<br />

Esta edição traz ainda matéria sobre a pesquisa dos laureados com o Prêmio Nobel de<br />

Medicina e Fisiologia deste ano e o destaque do ¿Qué Pasa? duplo da edição, com texto da<br />

lighting deisgner Mariana Novaes. Destacamos também o dique holandês Afsluitdijk, com<br />

projeto de Daan Roosegaarde; a exposição Breathing Colour, da artista Hella Jongerius, no<br />

Design Museum de Londres; o darc awards, que teve a LD Studio como a grande vencedora<br />

deste ano; e muito mais.<br />

Falando ainda sobre premiação, a seção Produtos desta edição apresenta um especial<br />

com os vencedores do Prêmio Museu da Casa Brasileira 2017.<br />

Nossos mais sinceros agradecimentos a nossos leitores, nossos patrocinadores e nossos<br />

colaboradores por este desafiador 2017. Que venha 2018. Estamos prontos.<br />

REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />

Carlos Fortes, Débora Torii, Fernanda Carvalho,<br />

Gilberto Franco, Guilherme Jordani,<br />

Orlando Marques, Thiago Gaya<br />

REVISÃO<br />

Débora Tamayose<br />

CIRCULAÇÃO E MARKETING<br />

Márcio Silva<br />

PUBLICIDADE<br />

Lucimara Ricardi | diretora<br />

Avany Ferreira | contato publicitário<br />

Paula Ribeiro | contato publicitário<br />

PARA ANUNCIAR<br />

comercial@editoralumiere.com.br<br />

T 11 3062.2622<br />

PARA ASSINAR<br />

assinaturas@editoralumiere.com.br<br />

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ADMINISTRAÇÃO<br />

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T 11 3062.2622<br />

TIRAGEM E CIRCULAÇÃO AUDITADAS POR<br />

Boa leitura!<br />

Orlando Marques e Thiago Gaya<br />

Henrique Gualtieri<br />

A arquiteta e lighting designer<br />

Mariana Novaes do escritório<br />

parceiro Atiaîa Lighting<br />

Design é nossa coeditora<br />

convidada do ¿Qué Pasa?<br />

especial desta edição.<br />

PUBLICADA POR<br />

Editora Lumière Ltda.<br />

Rua João Moura, <strong>66</strong>1 – cj. 72, 05412-001<br />

São Paulo SP, T 11 3062.2622<br />

www.editoralumiere.com.br<br />

6 7


1 2<br />

Imagens: Claude Lafond<br />

3 4 5<br />

¿QUÉ PASA?<br />

PARQUE NOTURNO<br />

O Montreal Space for Life é o maior complexo de museus<br />

de Ciência Natural do Canadá, abrangendo, no mesmo local,<br />

quatro distintas instituições municipais: o Biodôme (que recria<br />

alguns dos mais incríveis ecossistemas das Américas), o<br />

Insectarium (museu de insetos), o Planetário Rio Tinto Alcan<br />

e o Jardim Botânico.<br />

Como parte das comemorações pelos 375 anos da maior<br />

cidade da província de Quebec, o complexo apresentou o<br />

festival Gardens of Light, realizado nos meses de setembro e<br />

outubro no Jardim Botânico. O evento chegou à sua 25ª edição,<br />

tendo iniciado com a iluminação do Jardim Chinês, que passou<br />

a ser acompanhado pelo Jardim Japonês há seis anos e, em<br />

2017, ganhou a companhia também do First Nations Garden.<br />

Cada um dos jardins comunicou a natureza sob diferentes<br />

perspectivas, por meio da iluminação.<br />

O Jardim Chinês 1 2 , nesta edição apelidado de “Terra dos<br />

Dragões”, convidou os visitantes a aprender sobre as criaturas<br />

presentes na mitologia chinesa há mais de 5 mil anos. Para<br />

o festival, foram confeccionadas releituras das lanternas<br />

chinesas em forma de dragões, tendo a maior delas 15 metros<br />

de comprimento por 5 metros de altura.<br />

A iluminação do Jardim Japonês 3 trouxe como tema<br />

a transitoriedade da natureza, em alusão à sensibilidade<br />

da cultura japonesa à inconstância e à beleza do ciclo das<br />

estações. A suave iluminação das espécies típicas do país<br />

asiático, que contava com sutis trocas de cores, era um convite<br />

à introspecção e à contemplação.<br />

Já a novidade da 25ª edição, o First Nations Garden 4 5 ,<br />

recebeu não somente a instalação de luzes mas também uma trilha<br />

sonora, criando uma intrigante experiência sensorial. A instalação<br />

foi realizada nos arredores da “Árvore Sagrada”, um álamo gigante,<br />

e buscou criar uma atmosfera intimista por meio de sons de<br />

batimentos cardíacos sincronizados à iluminação, remetendo aos<br />

laços entre o homem e a natureza e seus ciclos de vida.<br />

8 9


Imagens: Luke Hayes<br />

¿QUÉ PASA?<br />

24 HORAS DE CORES<br />

Em um mundo cada vez mais digital, a designer holandesa<br />

radicada na Alemanha Hella Jongerius acredita na crescente<br />

importância das experiências táteis. Trabalhando como designer<br />

têxtil há 17 anos e à frente do estúdio Jongeriuslab desde 1993,<br />

a designer direciona suas pesquisas ao desenvolvimento de<br />

materiais que levem a novas perspectivas e funções, passíveis<br />

de aplicação em escala industrial.<br />

Jongerius defende que são o tipo e a cor das superfícies dos<br />

objetos os principais influenciadores de sua interação com o<br />

usuário. Estudiosa da colorimetria, foi motivada a iniciar seus<br />

estudos sobre o tema pelo fenômeno do metamerismo, que<br />

trata das diferenças na percepção das cores sob diferentes<br />

condições luminosas. O resultado de seus 15 anos de estudos<br />

foi apresentado na exibição Breathing Colour, exibida entre os<br />

meses de junho e setembro no Design Museum, em Londres.<br />

Dividida em três seções – “Morning”, “Noon” e “Evening” –, a<br />

exposição explorou o comportamento das cores e das formas<br />

sob diferentes condições luminosas e a maneira como a<br />

percepção humana é afetada por elas. Jongerius buscou<br />

opor o poder da cor e o poder da forma, demonstrando<br />

quão potentes as cores podem ser na transformação de<br />

formas e objetos. Seu objetivo final foi a construção de<br />

uma ferramenta para o entendimento da cor, indo além dos<br />

sistemas industriais de classificação das cores.<br />

No segmento “Morning” (“Manhã”), foram exploradas as<br />

diferenças entre claridade e brilho, enquanto na seção “Evening”<br />

(“Anoitecer”), a designer demonstrou alguns experimentos de<br />

sua saga pela criação de tons de preto que não necessariamente<br />

utilizem materiais pretos, com a intenção de conferir mais<br />

intensidade e profundidade a essa cor.<br />

Já o setor do “Noon” (“Meio-Dia”) foi dedicado à intensidade<br />

do Sol a pino, que, no ponto mais alto de sua trajetória diária,<br />

gera fortes sombras e duros contrastes. No centro dessa seção<br />

foram dispostos os “Colour Catchers” (“apanhadores de cores”),<br />

esculturas de papelão criadas por meio de complexos padrões<br />

de dobras, gerando inúmeras facetas. Suas superfícies convexas<br />

absorvem e refletem as cores das bases em que estão apoiados,<br />

misturando-se com as cores das próprias esculturas e criando<br />

diferentes gradações, o que leva à produção de um diagrama de<br />

cores tridimensional. Os objetos são considerados pela designer<br />

suas “telas” e foram desenvolvidos por ela como as formas<br />

ideais para a investigação de cores, de sombras e de reflexos.<br />

A lighting designer carioca Mônica Lobo teve a oportunidade<br />

de visitar a exposição e relatou sua experiência para<br />

a <strong>L+D</strong>: “Fiquei maravilhada com os estudos de cor e de luz<br />

e como ela aborda essa interação ao longo da variação da<br />

luz do dia e da noite. Os estudos de cor e transparência são<br />

mágicos!” (D.T.)<br />

10 11


Imagens: Garth Williams<br />

¿QUÉ PASA?<br />

PINTURAS FLUIDAS<br />

Uma sequência de pigmentos derramados em um tanque<br />

de água. É por meio dessa técnica aparentemente simples que<br />

o artista norte-americano Garth Williams cria as exuberantes<br />

imagens de sua série fotográfica Fluid Paintings (Pinturas<br />

fluidas). O artista tem como inspiração o tema “grande mistério<br />

da existência”, que busca explorar de maneira bastante direta,<br />

despida de metáforas e alegorias, mirando diretamente em sua<br />

origem: os fenômenos naturais, físicos e químicos que definem<br />

tudo ao seu redor, vistos por ele como “verdadeiros deuses<br />

atemporais, poderosos e onipresentes”.<br />

Partindo desse conceito, o artista iniciou sua experimentação<br />

há alguns anos, vertendo – por meio de seringas e<br />

conta-gotas – um ou dois tipos de pigmento na água, o que<br />

resultava em imagens impressionantes. Com o passar do<br />

tempo, no entanto, as nebulosas formas bicolores tornaramse<br />

muito genéricas, levando o artista ao desenvolvimento<br />

de novas técnicas, por meio de misturas mais complexas.<br />

“Embora o caos seja fundamental à natureza desse meio,<br />

meu objetivo tem sido elevar o nível de intencionalidade nos<br />

âmbitos da pintura, da escultura e da performance. Busco<br />

ganhar intuição quanto ao comportamento de diferentes<br />

corantes e pigmentos, e, assim, suas propriedades – como<br />

viscosidade, opacidade e morfologia – não apenas passam a<br />

emergir como princípios estéticos mas também se tornam<br />

intrinsicamente conectadas ao processo físico de criação”,<br />

explica Williams.<br />

A iluminação, obviamente, tem papel crucial na concepção<br />

das imagens. Visando à geração de um senso de atemporalidade,<br />

o artista emula a técnica de iluminação utilizada pelos grandes<br />

mestres da pintura renascentista – chamada “três quartos” ou<br />

“Rembrandt Lighting” –, que enfatiza, de forma dramática, a<br />

tridimensionalidade das formas, facilitando sua tradução em<br />

uma superfície bidimensional. Para tanto, Williams utiliza um<br />

único e potente flash fotográfico, posicionado no topo direito<br />

do tanque de água e orientado a aproximadamente 45°.<br />

“Penso que esse tipo de iluminação cria uma referência a algo<br />

atemporal, como se as forças cósmicas que moldam nossa<br />

realidade se sentassem e posassem para um retrato”, relata o<br />

artista, que também busca refletir essa sensação por meio da<br />

paleta de cores escolhida para cada imagem.<br />

A infusão de pigmentos é fotografada pelo artista em<br />

altíssima resolução e posteriormente impressa em chapas<br />

de alumínio, o que confere mais nitidez e sofisticação aos<br />

registros. Além das cenas estáticas, Williams também tem se<br />

aventurado no meio das imagens em movimento e anuncia,<br />

para um futuro próximo, o lançamento de uma grande<br />

instalação de vídeo, que exibirá uma dinâmica coreografada<br />

de pigmentos, a ser apresentada na China. (D.T.)<br />

12 13


Andrés Otero<br />

Peter Sichau Aryeh Kornfeld<br />

¿QUÉ PASA?<br />

DARC AWARDS ARCHITECTURAL 2017<br />

Aconteceu no dia 14 de setembro a darc night, cerimônia<br />

de entrega da segunda edição dos darc awards/architectural.<br />

Promovida pelas revistas darc e mondo*arc, a premiação deste<br />

ano recebeu mais de 300 inscrições. Após passar pela préseleção<br />

do júri, composto de renomados lighting designers<br />

internacionais – como David Ghatan e Claudia Paz –, os finalistas<br />

foram submetidos a uma votação aberta a lighting designers,<br />

arquitetos e designers de interiores, que definiu os vencedores<br />

por meio de mais de 6 mil votos.<br />

Os prêmios da categoria “Best Interior Lighting Scheme”, low<br />

e high budget, foram concedidos, respectivamente, aos projetos<br />

de iluminação para o Museu Alemão de Marfim – publicado na<br />

edição 65 da <strong>L+D</strong> –, do escritório alemão Licht Kunst Licht, e para<br />

o Templo Bahá’í, no Chile – capa da edição 63 da <strong>L+D</strong> –, projeto<br />

do estúdio chileno Limarí Lighting Design, de Pascal Chautard.<br />

Nessa mesma categoria, o segundo lugar ficou para a Harbin<br />

Opera House, na China, projeto do escritório Beijing Artists<br />

Lighting Design, que foi o grande vencedor dos IALD Awards<br />

deste ano – também publicado na edição 65 da <strong>L+D</strong>.<br />

O grande vencedor da noite foi o projeto de iluminação<br />

para os Guindastes do Píer Mauá, no Rio de Janeiro, de<br />

autoria das lighting designers brasileiras Mônica Lobo e<br />

Daniele Valle, da LD Studio, agraciado com o prêmio “darc<br />

award – best of the best” – por ter sido o mais votado, dentre<br />

todos os projetos, em todas as categorias – e também<br />

vencedor na categoria “Best Exterior Lighting Scheme low<br />

budget” –, tendo integrado a edição 63 da <strong>L+D</strong>. Na mesma<br />

categoria, no quesito “high budget”, foi premiado o projeto<br />

de iluminação para a fachada da Catedral de Strasbourg, na<br />

França, assinado pelo escritório francês L’Acte Lumière.<br />

Também foram concedidos prêmios nas categorias<br />

“Best Landscape Lighting Scheme” e “Best Light Art<br />

Scheme”, ambas nos quesitos “low” e “high budget”, além<br />

do “Best Creative Lighting Event” e dos melhores produtos<br />

para iluminação arquitetural, nas categorias de uso interno<br />

e externo.<br />

Nossos parabéns à equipe da LD Studio e a todos os<br />

demais premiados! (D.T.)<br />

14 15


Imagens: Divulgação<br />

¿QUÉ PASA?<br />

DIMLUX EM SÃO PAULO<br />

Foi inaugurado durante a 6ª edição da Design Weekend,<br />

no último mês de agosto, o primeiro showroom paulistano da<br />

marca carioca Dimlux. Localizado na Alameda Gabriel Monteiro<br />

da Silva, um dos principais polos de design da cidade, o novo<br />

espaço apresentará peças de algumas das mais importantes<br />

marcas internacionais do mercado da iluminação, como Vistosi,<br />

Weplight, Jieldé, Bomma, Inarchi, LampeGras, Mantis e Marset,<br />

oferecidas no Brasil com exclusividade pela Dimlux, além de<br />

itens das italianas Artemide e Flos.<br />

Representando o design nacional, serão apresentadas<br />

também criações da My Lamp, uma empresa do grupo Dimlux<br />

dedicada à concepção e à fabricação de luminárias exclusivas,<br />

de estilo industrial e jovial.<br />

Abrangendo um amplo espectro de soluções de iluminação,<br />

desde peças mais técnicas até alguns dos mais cobiçados itens<br />

internacionais de design, a seleção do portfólio da marca é<br />

realizada sob a minuciosa curadoria de seu fundador, o argentino<br />

Gustavo Di Menno.<br />

Showroom Dimlux<br />

Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 224<br />

São Paulo, SP<br />

dimlux.com.br<br />

16 17


Imagens: Akihiro Yoshida<br />

¿QUÉ PASA?<br />

REINVENÇÃO DA LANTERNA<br />

O sempre inovador estúdio de design japonês nendo lançou,<br />

recentemente, mais uma surpreendente invenção. Trata-se<br />

de Paper-Torch, uma simples e criativa lanterna de papel. O<br />

produto foi desenvolvido com base na tecnologia da fabricante<br />

de circuitos japonesa AgIC, que trabalha com a impressão de<br />

placas de circuito em papéis, filmes e tecidos, utilizando como<br />

matéria-prima uma tinta com partículas de prata.<br />

A lanterna é composta de uma folha de papel na qual foram<br />

impressos circuitos em ambas as faces, em um padrão xadrez,<br />

além de um botão liga-desliga. Seu mecanismo de funcionamento<br />

é o mais simples possível: basta criar um rolo com a folha de papel<br />

para que a luz dos sete LEDs, colados à superfície por meio de<br />

um adesivo condutor, acendam. A intensidade luminosa pode<br />

ser controlada pelo usuário de acordo com o diâmetro do rolo<br />

feito com o papel: quanto mais apertado, mais intensa a luz.<br />

Isso ocorre em virtude de variações na resistência elétrica<br />

relacionadas a esse diâmetro, que influenciam na trajetória<br />

do circuito de alimentação dos LEDs – quanto mais longo o<br />

percurso (ou seja, o diâmetro do rolo), maior a resistência e,<br />

consequentemente, menos luz será emitida.<br />

A temperatura de cor do LED também pode ser<br />

controlada pelo usuário, dependendo da maneira como<br />

o papel é enrolado. Se os LEDs ficarem recobertos pelo<br />

papel condutivo, sua luz assumirá tonalidade mais fria, ao<br />

passo que, se permanecerem descobertos, emitirão luz em<br />

temperatura de cor mais quente.<br />

O papel utilizado na confecção da lanterna chama-se<br />

Yupo e foi desenvolvido pela empresa japonesa Takeo para<br />

a fabricação de cédulas de votação. Selecionado após a<br />

realização de inúmeros testes, o papel sintético é impermeável<br />

e extremamente resistente, o que torna mais improvável sua<br />

ondulação após algum tempo de uso. Além disso, sua superfície<br />

lisa permite que a tinta condutora se acomode de maneira<br />

uniforme, tornando mais fácil a formação do tubo, sem oferecer<br />

qualquer tipo de atrito.<br />

Apesar da grande flexibilidade e das infinitas possibilidades<br />

permitidas pelo produto, o designer Oki Sato, fundador do nendo,<br />

desenvolveu a lanterna com o intuito de criar uma ferramenta<br />

de auxílio para situações de emergência e para a prevenção de<br />

desastres. (D.T.)<br />

18 19


2<br />

3<br />

4<br />

1<br />

Beeldbank RWS Studio Roosegaarde<br />

Studio Roosegaarde<br />

Studio Roosegaarde<br />

Studio Roosegaarde<br />

¿QUÉ PASA?<br />

ÍCONE HOLANDÊS<br />

Inaugurado em 1932, Afsluitdijk é um dique de 32 quilômetros que protege os<br />

Países Baixos de inundações. Construída praticamente à mão, a estrutura é um<br />

marco da engenharia holandesa e passará por uma reforma completa em 2018.<br />

Visando à sua proteção e à sua preservação, o governo holandês organizou um<br />

amplo programa de renovação, do qual o designer holandês Daan Roosegaarde foi<br />

convidado a participar, com o objetivo de ressaltar o status icônico da construção.<br />

No início de setembro ocorreu a cerimônia de apresentação de Icoon<br />

Afsluitdijk, seu ambicioso projeto para o dique, composto de três instalações<br />

que unirão iluminação, história e interação e criarão poéticas conexões entre o<br />

passado e o futuro e entre o homem e a natureza. Para o lançamento, Roosegaarde<br />

apresentou uma edição especial de Waterlicht 1 , instalação criada originalmente<br />

para o comitê de saneamento da cidade de Westervoort – e que já viajou por<br />

diversas cidades holandesas – que simula uma inundação virtual por meio da<br />

luz, demonstrando qual seria o nível da água no país caso não tivessem ocorrido<br />

intervenções humanas.<br />

Compondo o projeto Icoon Afsluitdijk, a instalação Windvogel 2<br />

é um<br />

tributo ao astronauta holandês Wubbo Ockels, que sonhou com a criação de<br />

pipas inteligentes, capazes de gerar energia ao serem mantidas no ar por longos<br />

períodos. Roosegaarde desenvolveu uma versão do brinquedo capaz de gerar<br />

até 100 kW de energia (o suficiente para alimentar cerca de 200 utensílios<br />

domésticos). Além disso, as pipas são dotadas de fios luminosos, configurando<br />

uma poética dança de linhas de luz, que poderá ser vista por aqueles que<br />

atravessarem o dique em seu automóvel.<br />

Glowing Nature 3 promoverá um encontro único entre o homem, a biologia<br />

e a tecnologia. A instalação será exibida em um dos bunkers históricos do<br />

dique e proporcionará aos visitantes uma experiência interativa com algas<br />

bioluminescentes vivas, que se “acenderão” de acordo com seus movimentos.<br />

Com inauguração marcada para o dia 17 de novembro, ambas as instalações<br />

serão gratuitas e estarão abertas ao público todos os dias, após o anoitecer, até<br />

o dia 21 de janeiro de 2018, quando entrarão em turnê por outras cidades em<br />

diferentes países.<br />

Já a instalação Gates of Light 4 será inaugurada na mesma data, porém em<br />

caráter permanente. Inspirado pelas propriedades retrorreflexivas das asas das<br />

borboletas, Roosegaarde propôs a adição de uma camada de mesma propriedade<br />

sobre as 60 monumentais eclusas, recém-restauradas e localizadas em ambas<br />

as entradas do dique. Projetadas pelo arquiteto holandês Dirk Roosenburg, pai do<br />

renomado arquiteto Rem Koolhaas, as históricas estruturas 5 serão iluminadas<br />

pela reflexão originada dos faróis dos próprios carros que por elas passarem.<br />

O designer desenvolveu a solução como uma inteligente alternativa à poluição<br />

luminosa. (D.T.)<br />

20 21<br />

5


22 23


Imagens: Katja Loher<br />

¿QUÉ PASA?<br />

POLUIÇÃO LUMINOSA × POLINIZAÇÃO NOTURNA<br />

Interferências na visualização do céu noturno, impactos<br />

no ciclo reprodutivo de animais e vegetais, influência sobre<br />

o ciclo circadiano humano. Essas são apenas algumas das<br />

inúmeras controvérsias relacionadas ao tema poluição<br />

luminosa que, recentemente, ganharam mais um capítulo.<br />

Segundo um estudo conduzido pela equipe da ecologista Eva<br />

Knop, do Instituto de Ecologia e Evolução da Universidade<br />

de Berna, na Suíça, recém-publicado pela revista científica<br />

Nature, a iluminação artificial tem impacto negativo também<br />

sobre as atividades de polinização noturna.<br />

O iminente risco de extinção que algumas das espécies<br />

de polinizadores diurnos correm – como as abelhas – vem<br />

sendo amplamente divulgado e está relacionado, sobretudo,<br />

a fatores como o uso de pesticidas e as mudanças climáticas.<br />

O que o estudo dos ecologistas revela agora é que a crise<br />

atinge também os polinizadores noturnos – como os<br />

morcegos e as mariposas –, cujo comportamento é afetado<br />

de maneira negativa pela iluminação artificial.<br />

A teoria foi comprovada por meio de experimentos<br />

realizados em áreas de campo nos Alpes de Berna, local<br />

escolhido por sua relativa escuridão em oposição às áreas<br />

residenciais, de onde já desapareceram as espécies de<br />

insetos mais sensíveis à luz. Os experimentos mostraram<br />

que, durante a noite, o número de visitas dos insetos às flores<br />

presentes em locais não iluminados foi 62% maior do que nas<br />

áreas do campo onde foram instalados, experimentalmente,<br />

postes de iluminação pública com LEDs.<br />

Uma das principais consequências da diminuição das<br />

visitas é a redução da frutificação dessas plantas. Ao final da<br />

fase de testes, a quantidade de frutas geradas pelas plantas<br />

que receberam iluminação artificial foi cerca de 13% menor<br />

do que apresentaram aquelas que não foram iluminadas.<br />

Conclui-se, então, que a polinização diurna não é capaz de<br />

compensar totalmente as perdas noturnas.<br />

“Medidas urgentes devem ser tomadas para reduzir as<br />

consequências negativas das crescentes emissões luminosas<br />

no meio ambiente”, afirma Eva Knop. Com o crescimento<br />

exponencial das áreas residenciais em todo o mundo, frear<br />

e diminuir os impactos negativos da poluição luminosa são<br />

verdadeiros desafios.<br />

Nas imagens, a exibição Interplanetary Constellations, apresentada<br />

em 2012 no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia<br />

(MuBE), composta de videoesculturas. Sua autora, a artista<br />

suíça radicada nos Estados Unidos Katja Loher, busca, com<br />

seus trabalhos, chamar a atenção para a silenciosa e gradual<br />

extinção de diversas espécies da fauna e da flora, por meio da<br />

criação de interpretações alternativas e de recombinações da<br />

realidade, de maneira digital e experimental. (D.T.)<br />

24 25


¿QUÉ PASA?<br />

CICLOS DE LUZ E<br />

ESCURIDÃO EM FOCO<br />

O Prêmio Nobel 2017 de Fisiologia ou Medicina foi conferido<br />

aos pesquisadores norte-americanos Jeffrey C. Hall, Michael<br />

Rosbash e Michael W. Young, pela descoberta de mecanismos<br />

moleculares que controlam o ritmo circadiano. Ao longo dos<br />

anos 1980 e 1990, eles explicaram como plantas, animais e<br />

seres humanos adaptam seu ritmo biológico para sincronizá-lo<br />

com as rotações do planeta.<br />

Circadiano, do latim, refere-se à junção das palavras circa,<br />

que significa “em torno”, e dies, “dia”; em Biologia corresponde<br />

a um relógio interno que adapta a fisiologia às diferentes fases<br />

do dia, regulando funções críticas, como comportamento, níveis<br />

hormonais, sono, temperatura corporal e metabolismo.<br />

Usando moscas de fruta como organismo modelo, os<br />

pesquisadores complementaram a pesquisa de Seymor Benzer<br />

e Ronald Konopla (em que se identificou o gene Period nos anos<br />

1970), reconhecendo outros dois genes que também codificam<br />

componentes de proteínas e constituem o mecanismo de<br />

autorregulação celular dos ciclos circadianos. O gene Period<br />

controla o ritmo biológico diário normal. Ele codifica a proteína<br />

PER, que se acumula na célula durante a noite e, em seguida,<br />

é degradada durante o dia. Assim, os níveis de proteína PER<br />

oscilam ao longo de um ciclo de 24 horas, em sincronia com o<br />

ritmo circadiano.<br />

O gene Timeless é responsável por gerar e sustentar as<br />

oscilações circadianas, uma vez qye codifica a proteína TIM,<br />

necessária para um ritmo circadiano normal. Quando a proteína<br />

TIM se liga à PER e ambas entram no núcleo celular, bloqueiam a<br />

atividade do gene Period e fecham o ciclo de resposta inibitório.<br />

Já o gene Doubletime controla a frequência das oscilações, visto<br />

que codifica a proteína DBT, que, por sua vez, atrasa o acúmulo<br />

da proteína PER. O entendimento do mecanismo dos genes<br />

forneceu uma visão de como uma oscilação é ajustada para se<br />

aproximar mais de um ciclo de 24 horas.<br />

Essas descobertas estabeleceram princípios-chave mecanicistas<br />

para o entendimento do relógio biológico e ressaltam a<br />

importância da luz e da escuridão para a vida dos seres vivos.<br />

Nosso bem-estar pode ser afetado quando existe um desajuste<br />

temporário entre nosso ambiente externo e nosso relógio<br />

biológico interno. Há também indícios de que o desalinhamento<br />

crônico entre nosso estilo de vida e o ritmo ditado pelo nosso<br />

relógio interno podem influenciar nossa saúde e estaria<br />

associado ao aumento do risco de varias doenças.<br />

Nos anos seguintes às constatações apresentadas, outros<br />

componentes moleculares do mecanismo foram elucidados,<br />

explicando sua estabilidade e sua função. Por exemplo, os<br />

laureados identificaram proteínas adicionais necessárias para<br />

a ativação do gene Period, bem como para o mecanismo pelo<br />

qual a luz pode sincronizar o relógio.<br />

“Descobertas de um terceiro receptor ocular sem funções<br />

visuais reforçaram a luz como principal estimulo externo<br />

sincronizador do relógio biológico” (Brainard et al., 1997, 2001).<br />

Hoje, muitas pesquisas ainda se aprofundam no assunto,<br />

e outras, como algumas em desenvolvimento no Lighting<br />

Research Center (LCR), buscam determinar aplicações<br />

práticas em que o sistema circadiano, bem como o sistema<br />

visual, é considerado em uma série de parâmetros qualitativos<br />

e quantitativos para o ambiente e o usuário – o que pode vir<br />

a ampliar nossa forma de projetar iluminação. Seriam essas<br />

oportunidades para um novo Prêmio Nobel? (Mariana Novaes,<br />

Atiaîa Lighting Design)<br />

26 27


A piscina não iluminada transforma-se em espelho,<br />

refletindo, assim, a iluminação do paisagismo, da<br />

arquitetura e dos elementos interiores.<br />

O AMOR ESTÁ<br />

EM TUDO<br />

Texto: Thiago Gaya | Fotos: Andrés Otero<br />

“A<br />

iluminação é uma das responsáveis pelo orgulho<br />

e pela admiração que temos da nossa casa hoje.”<br />

O depoimento dos clientes do projeto de reforma<br />

desta residência no bairro do Jardim Botânico no Rio de Janeiro<br />

é o grand finale de um processo fluido, permeado pelo espírito<br />

colaborativo e pela generosidade. Todos os envolvidos – clientes,<br />

arquitetos, lighting designers e colaboradores – participaram<br />

do projeto de maneira receptiva e aberta, o que contribuiu<br />

para uma narrativa não linear e uma linguagem orgânica, com<br />

resultados precisos e acolhedores.<br />

O processo desenvolveu-se de forma afetiva, com o acolhimento<br />

de ideias e possibilidades. E isso é causa e consequência da<br />

liberdade que os profissionais da Ricardo Hachiya Arquitetos<br />

deram aos lighting designers da LD Studio e da facilidade com<br />

que recebiam suas propostas.<br />

“Rolou uma química já no primeiro encontro; os lighting<br />

designers entenderam imediatamente o que o cliente esperava”,<br />

relata Luiza Fernandes, titular do escritório de arquitetura. Como<br />

resultado, a composição luminosa do projeto oferece um “gesto<br />

de luz” quase invisível à casa, capaz de criar um ambiente que<br />

é ao mesmo tempo acolhedor e impactante quando necessário.<br />

28 29


Acima, a laje do terraço foi iluminada por projetores com facho ajustável 3.412 lm, 35°, 3.000 K, embutidos no solo, junto ao<br />

plantio. Ao lado, uma visão geral das áreas sociais, cujos planos verticais do fundo foram iluminados por meio do destaque da<br />

estante do estar e da obra de arte na sala de jantar e da sanca para iluminação indireta na cozinha social. Na sala de estar,<br />

projetores 680 lm, 35°, 3.000 K destacam a parede lateral e a estante. A luminária decorativa possui emissão luminosa de<br />

baixo para cima, iluminando a laje do ambiente, conceito utilizado no ambiente contínuo ao terraço.<br />

O projeto de arquitetura foi caracterizado pela harmonia na<br />

reconfiguração de espaços, tornando-os integrados e amplos.<br />

Os interiores celebram o cotidiano com bastante colorido,<br />

presente nas peças de mobiliário, na coleção de arte, nos<br />

objetos dos moradores e nos pratos preparados e servidos<br />

com alegria, beleza e sabor.<br />

Logo da varanda de entrada da casa, rodeada por uma<br />

vegetação tropical e abundante, visualizam-se todas as áreas<br />

sociais da residência: a cozinha social amarela, contígua à sala<br />

de jantar de pé-direito duplo; o acolhedor home theater junto à<br />

sala de estar e a área da piscina especular e seu anexo multicor.<br />

A área de estar da varanda foi iluminada por duas luminárias<br />

escondidas no jardim. A distribuição assimétrica de seus<br />

fachos ilumina indiretamente a “laje modernista”, que devolve<br />

ao ambiente uma luz difusa e suave. A intenção foi manter a<br />

integridade desse elemento arquitetônico, mantendo-o limpo,<br />

sem interferências. Na sala de estar continuou-se a destacar a<br />

laje, dessa vez por meio da luminária decorativa Shade, de Paul<br />

Cocksedge, cuja fonte de luz é apoiada no piso junto ao sofá,<br />

iluminando de baixo para cima a larga cúpula de papel branco,<br />

pendurada no teto por meio de pendurais quase invisíveis.<br />

“Uma ideia simples, com execução igualmente simples e um<br />

resultado surpreendente!”, relata a moradora. “A luminária é<br />

uma das obras de arte de que mais gostamos na casa”.<br />

Nas principais paredes do ambiente, o trabalho da artista<br />

Gabriela Machado e a estante com a coleção de objetos foram<br />

iluminados pelos projetores Wing, de Fernando Prado, fixados<br />

em duas extensões em “L” de trilhos eletrificados sob a laje.<br />

No home theater, a continuação da parede da sala de estar,<br />

atrás do sofá, recebeu uma brincadeira de luz e sombra, criada<br />

a partir da composição de duas fontes de luz indiretas e de<br />

prismas quadrangulares de madeira de diferentes tamanhos.<br />

30 31


A sala de jantar recebeu iluminação para o plano vertical do<br />

fundo, por meio de projetores fixados em trilho eletrificado<br />

para lâmpada PAR16 800 lm, 3.000K, 36° e também de<br />

perfis de LED com difusor alto 2.919 lm/m, 2.700 K, fixados<br />

na sanca de parede, para iluminação indireta e difusa. Acima,<br />

a ilha central e a bancada da cozinha social foram iluminadas<br />

por meio de luminárias sem moldura embutidas no forro para<br />

lâmpada PAR16 420 lm, 2.700 K, 36°. Ao lado, na cozinha<br />

funcional, iluminação para os vasos de tempero na parede<br />

oposta à janela.<br />

O vazio do pé-direito duplo da sala de jantar – o coração<br />

degustador da casa – foi sutilmente preenchido pelo pendente<br />

Wireflow, de Arik Levy. Segundo a moradora, a luminária foi a<br />

“tradução perfeita de algo que a gente sentia que queria, mas<br />

não fazia ideia do que era”.<br />

32 33


A escada de acesso ao pavimento superior recebeu<br />

balizadores ovalados embutidos na parede, distribuídos<br />

cadenciadamente ao longo da escada para destacar sutilmente<br />

os degraus. A parede do fundo do ambiente foi iluminada<br />

por uma luz que sai do rasgo do forro, projetada no sentido<br />

longitudinal do ambiente, a qual se repete na parede oposta,<br />

acima da linha do caixilho do jardim. Sob a passarela, projetores<br />

escondidos na viga de borda iluminam o trabalho do artista<br />

Guilherme Secchin.<br />

A cozinha social foi iluminada de maneira a acentuar os<br />

planos de trabalho do chef e destacar a parede do fundo do<br />

ambiente, seguindo o conceito da sala de jantar. Nas áreas<br />

externas, a piscina não iluminada torna-se um espelho d’agua<br />

com a intenção de refletir os elementos iluminados da arquitetura,<br />

do paisagismo e dos interiores. Reflete também a maravilha das<br />

cores, a poesia, a bossa e, é claro, o afeto: “algo que permeou<br />

todo o projeto foi o amor; a foto do quadro resume a atmosfera<br />

do projeto”, conclui Monica Lobo.<br />

Na página ao lado,<br />

destaque também<br />

para o quadro, cuja<br />

frase é a síntese<br />

do processo deste<br />

projeto. No acesso de<br />

entrada da residência,<br />

o corrimão recebeu<br />

iluminação integrada<br />

por meio de perfil de<br />

LED difusor baixo,<br />

2.700 K, 480 lm.<br />

Ao lado, a reflexão da<br />

piscina não iluminada<br />

mostra a iluminação<br />

indireta da laje do<br />

terraço e dos demais<br />

elementos.<br />

RESIDÊNCIA NO JARDIM BOTÂNICO<br />

Rio de Janeiro, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

LD Studio, Monica Lobo e Daniele Valle (arquitetas titulares)<br />

Priscila Pacheco (arquiteta coordenadora)<br />

Orlando Marques, MS+M Associados (colaborador)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Ricardo Hachiya Arquitetos, Luiza Fernandes e Ricardo Hachiya<br />

(arquitetos titulares)<br />

Madalena Camões Godinho, Mariana Jordan e Rodrigo Ferreira<br />

(arquitetos colaboradores)<br />

Raphaela Witt (estagiária)<br />

Projeto de paisagismo:<br />

Cristina Snard<br />

Fornecedores:<br />

Altena, Andratti, Bella, Dimlux, Flos (OnLight), La Lampe, Ledplus,<br />

Light Design+Exporlux, Lumini, Osram, Philips, Serien (Fas),<br />

Simes (Lumicenter), Targetti (e:light), Ventana, Vibia (e:light)<br />

34 35


À esquerda, o imponente porte-cochère, cujo<br />

revestimento em madeira foi valorizado por luminárias<br />

embutidas no piso, com lâmpadas de vapor metálico<br />

CDM-T 70W. O sutil degradê luminoso contribui com a<br />

valorização da forma da estrutura, que foi inspirada em<br />

um barril desdobrado.<br />

SOB MEDIDA<br />

Texto: Débora Torii | Fotos: Guilherme Jordani e Daniel Mansur<br />

A<br />

cervejaria mineira Wäls foi fundada há 17 anos por Miguel<br />

Carneiro, pai dos atuais sócios José Felipe e Tiago Carneiro,<br />

que, investem no universo das cervejas artesanais especiais.<br />

A parceria firmada com a Ambev em 2015, permitiu elevar a empresa<br />

familiar a um novo patamar. Assim, após uma extensa pesquisa de<br />

campo, em que os irmãos tiveram acesso a novas tecnologias de<br />

produção e a profissionais de ponta do mercado cervejeiro, nasceu<br />

o conceito do Ateliê Wäls, inaugurado no último mês de junho, em<br />

Belo Horizonte, Minas Gerais.<br />

Inicialmente pensado para operar como um “tasting room”,<br />

o uso do espaço de 1.900 m 2 passou por diversas reformulações<br />

durante o projeto, que culminaram no formato inédito apresentado<br />

hoje pelo estabelecimento. Além de permitir a degustação das<br />

cervejas da marca, o Ateliê conta também com restaurante, loja,<br />

adega, áreas de escritório e de fábrica – onde são produzidas<br />

receitas disponíveis exclusivamente no local – e onde está o maior<br />

barrel room (sala de envelhecimento de cervejas em barricas) da<br />

América Latina, comportando mais de 100 mil litros da bebida<br />

em processo de envelhecimento e fermentação.<br />

Desenvolvido pelo escritório Gustavo Penna Arquiteto &<br />

Associados, o projeto teve como ponto de partida o uso de<br />

elementos que fazem parte do processo de desenvolvimento da<br />

cerveja, que os inspiraram na escolha das cores e dos materiais<br />

utilizados – como o metal, a madeira e o concreto – e também<br />

de especificações mais literais – como rolhas, garrafas e barricas.<br />

A convite do arquiteto, a lighting designer Mariana Novaes, hoje<br />

à frente do escritório Atiaîa Lighting Design, foi responsável pelo<br />

projeto de iluminação, elaborado em parceria com a LD Studio, das<br />

lighting designers Monica Lobo e Daniele Valle – na época parceira<br />

36 37


Acima, a parte interna do porte-cochère<br />

foi iluminada de maneira indireta, por<br />

meio de luminárias lineares com lâmpada<br />

fluorescente tubular T5 28 W, 3.000 K, com<br />

refletor assimétrico, embutidas na base da<br />

própria estrutura. A iluminação do passeio<br />

foi complementada por luminárias embutidas<br />

no piso com LED 3.000 K instalados junto<br />

ao gradil. Na página ao lado, no topo, as<br />

circulações verticais, por onde chegam<br />

os visitantes, cujo caráter translúcido foi<br />

valorizado pela iluminação proveniente de<br />

dentro para fora, o que acentua a textura<br />

das telas metálicas que acompanham seus<br />

fechamentos de vidro. Abaixo, o salão principal,<br />

iluminado de maneira direta, por meio de<br />

projetores orientáveis, com LED 22°, 3.000 K,<br />

instalados em trilhos, e de maneira indireta,<br />

por meio de LEDs 3.000 K instalados sobre os<br />

pendentes lineares, acentuando a textura do<br />

forro de rolhas com luz suave e difusa.<br />

de Mariana. O escritório recebeu uma missão delicada: a materializar<br />

uma visão preexistente do espaço, que já incluía ideias iniciais de<br />

iluminação desenvolvidas pela arquitetura e já se encontrava em<br />

estágio avançado no momento de sua entrada no projeto. O conceito<br />

do projeto de iluminação partiu, então, de um entendimento sobre<br />

o tipo de atmosfera imaginada pelo arquiteto e a maneira como ele<br />

desejava que fosse lido o espaço, seus volumes, seus materiais e<br />

suas cores. A partir disso, foram desenvolvidas e propostas soluções<br />

técnicas para a realização desses ideais, somadas a outras soluções<br />

complementares que promovessem maior valorização do espaço.<br />

“Quis ser fiel àquela visão e, assim, contribuir por meio do cuidado<br />

com a percepção e com a experiência sensorial do Ateliê pelo visitante.<br />

Me coloquei no lugar do observador e trouxe todos aqueles conceitos<br />

da arquitetura, para assim resolver a iluminação do espaço e garantir<br />

que aquela vivência fosse, de fato, o que os arquitetos e os clientes<br />

haviam sonhado”, explica Mariana.<br />

A EXPERIÊNCIA ESPACIAL<br />

Logo na entrada, a escultórica estrutura de madeira da<br />

porte-cochère, que remete a uma grande barrica aberta, destacasedo<br />

entorno. O elemento teve suas superfícies iluminadas de<br />

maneira indireta, o que permite uma clara leitura de sua forma. A<br />

iluminação visa criar também uma sensação de acolhimento por<br />

meio de luz cálida e suave, contribuindo ainda para a transição<br />

do ambiente externo para o interno, onde a iluminação segue<br />

premissas semelhantes.<br />

Apesar do caráter moderno da proposta, a arquitetura<br />

buscou refletir o toque artesanal que a cervejaria procura<br />

manter em sua produção, o que os levou à utilização de<br />

diversos elementos feitos à mão, elaborados exclusivamente<br />

para o projeto. É o caso do extenso forro que cobre quase todo<br />

o salão principal, confeccionado com cerca de 135 mil rolhas<br />

de cortiça e que remete a uma grande cortina, evocando um<br />

ambiente teatral. A iluminação difusa e indireta – por meio<br />

de extensos pendentes lineares, nos quais também estão<br />

instalados projetores orientáveis que iluminam as áreas de<br />

mesas e do bar – permite que esse elemento seja interpretado<br />

de distintas maneiras, ora como um agrupamento de elementos<br />

individuais, ora como uma superfície, conforme a distância<br />

do observador.<br />

Assim como no teatro, a cortina de rolhas se abre diante<br />

do palco principal: o bar, no qual as cervejas servidas nas<br />

21 torneiras de chope são os atores principais. Complementando<br />

o cenário, nas prateleiras ao fundo do “palco” estão dispostas<br />

centenas de garrafas que foram produzidas especialmente para<br />

o projeto, com o intuito de trazer ao ambiente o tom verde dos<br />

envases da marca, cujo brilho é sutilmente valorizado por meio<br />

de iluminação direta e rasante.<br />

38 39


Ao lado, uma das áreas de mesas que fica rodeada por barris de cerveja, cuja iluminação foi inspirada pelas bolhas da bebida. Foram<br />

utilizadas lâmpadas bipino LED 2.700 K, inseridas em cada uma das bases dos globos de vidro, cujas superfícies irregulares contribuem<br />

para o efeito final. Acima, a loja, que foi iluminada de maneira difusa por meio de módulos de LED 3.000 K montados em caixa de<br />

alumínio com fechamento de tela tensionada translúcida, conferindo brilho aos itens de vidro expostos na vitrine central. O plano<br />

vertical ao fundo também foi iluminado por meio de perfis assimétricos de LEDs 3.000 K, para destaque dos produtos ali dispostos,<br />

valorizando suas cores e suas texturas.<br />

Além das mesas presentes no salão principal, há também<br />

alguns espaços mais reservados e aconchegantes ao fundo<br />

do Ateliê, nos quais os clientes podem se sentar em meio<br />

aos barris de cerveja. Essas áreas foram iluminadas por meio<br />

de pendentes desenhados pelo arquiteto e desenvolvidos<br />

especialmente para o projeto, dotados de dezenas de bolhas<br />

luminosas de vidro, que rementem às borbulhas da cerveja.<br />

A execução desse elemento exigiu que uma série de testes<br />

fossem feitos por Mariana em conjunto com as equipes da<br />

GPA&A e da Artes Cênica – responsável pela execução dos<br />

itens de cenografia – a fim de definir o tipo e o posicionamento<br />

das lâmpadas e também o tipo de vidro que possibilitaria o<br />

efeito desejado.<br />

A linguagem teatral presente em todo o projeto, na qual<br />

os elementos relacionados ao universo da cerveja invadem os<br />

espaços da arquitetura, é reforçada ainda por superfícies e por<br />

peças de mobiliário em tons avermelhados – como, por exemplo,<br />

o balcão do bar, cuja cor foi escolhida em homenagem a um<br />

dos tipos de cerveja característicos da marca (a India Pale Ale)<br />

– e pela presença de diversos tanques metálicos na área do<br />

40 41


Acima, a iluminação<br />

da área dos tanques<br />

de cerveja durante os<br />

horários de abertura ao<br />

público, desempenhada<br />

por projetores<br />

orientáveis com LED<br />

20°, 3.000 K, que<br />

conferem brilho às<br />

superfícies metálicas,<br />

além de destacar<br />

as pinturas nelas<br />

realizadas. Ao fundo,<br />

a superfície vermelha<br />

que delimita o espaço<br />

aberto ao público, cujo<br />

material vermelho<br />

translúcido foi realçado<br />

por meio da iluminação<br />

rasante proveniente de<br />

luminárias orientáveis<br />

com LED 25°, 3.000 K,<br />

instaladas por trás<br />

da divisória. Ao lado,<br />

a visão do salão desde<br />

a área de escritórios,<br />

situada atrás da<br />

parede vermelha: uma<br />

verdadeira experiência<br />

de imersão no universo<br />

da cerveja.<br />

Acima, a iluminação funcional da área dos tanques de cerveja, realizada por<br />

meio de luminárias herméticas com LED 4.000 K, com difusor em policarbonato.<br />

salão. Usados no processo de fabricação das cervejas, esses<br />

elementos são iluminados de maneira uniforme durante os<br />

horários de produção. À noite, porém, recebem iluminação<br />

direta de destaque, ressaltando seu brilho e chamando a<br />

atenção para as pinturas existentes em suas superfícies,<br />

realizadas pelo arquiteto e artista Humberto Hermeto, que<br />

teve como inspiração a obra O Filho do Homem, do pintor<br />

surrealista belga René Magritte. O nível de luz nesse local é<br />

intencionalmente mais alto do que nas circulações e nas mesas<br />

próximas, corroborando com a intenção da lighting designer<br />

de conferir ao espaço sombras e contrastes, o que contribui<br />

para a criação do que ela chama de “vivência Wäls”.<br />

ATELIÊ WÄLS<br />

Belo Horizonte, MG, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Atiaîa Lighting Design, Mariana Novaes (arquiteta tiular), em parceria<br />

com LD Studio (Monica Luz Lobo e Daniele Valle), Flávia Chiari<br />

(arquiteta colaboradora) e Gustavo Resende (estagiário)<br />

Projetos de arquitetura, interiores e decoração:<br />

Gustavo Penna Arquiteto & Associados<br />

Cenografia (rolhas, balcão, prateleira e caramanchão):<br />

Artes Cênica<br />

Construtora/Instalações elétricas:<br />

Vert Construtora Ltda.<br />

Fornecedores:<br />

Brilia, Itaim, Lumini, Lumitenzi, Luxion<br />

42 43


A partir do rasgo preto no forro de gesso, projetores orientáveis<br />

de LED 2.700 K e 50° dão destaque às obras de arte em toda<br />

a extensão das paredes, revestidas de madeira nos dois<br />

pavimentos. No pé-direito duplo, a separação da área social da<br />

área íntima se dá pelos brises verticais, iluminados por embutidos<br />

de piso 2.700 K, situados entre cada folha que o compõe.<br />

APARTAMENTO<br />

EM SÃO PAULO<br />

Texto: Orlando Marques e Carlos Fortes | Fotos: Ruy Teixeira<br />

As obras de reforma do apartamento, um duplex com<br />

arquitetura do escritório Bernardes Arquitetura e projeto<br />

de iluminação do Estúdio Carlos Fortes, ocorreram<br />

simultaneamente à entrega do prédio pela construtora. Essa<br />

condição facilitou a execução de alguns partidos do projeto<br />

de arquitetura, como a criação de uma sala com pé-direito<br />

duplo, que integra no pavimento inferior o living, os terraços<br />

e a sala de jantar e no pavimento superior a circulação que<br />

interliga o home theater com a suíte principal – que também<br />

se integram com o pé-direito duplo da área social por meio de<br />

brises verticais pivotantes.<br />

Outro ponto nevrálgico foi projetar tendo como premissa<br />

a flexibilidade para iluminação de obras de arte, sem conferir<br />

uma linguagem comercial ou de galeria. Segundo Carlos Fortes,<br />

titular do escritório de iluminação homônimo, foi fundamental<br />

a integração com o projeto de detalhamento do projeto de<br />

interiores e a escolha dos sistemas de automação mais adequados.<br />

Dessa forma, o partido da arquitetura convidava o projeto de<br />

iluminação a uma solução que traduzisse a permeabilidade e a<br />

intercomunicação entre os ambientes. No térreo, por exemplo,<br />

as três salas e o terraço, embora com funções rigidamente<br />

definidas pelo layout, tinham em comum a mesma parede<br />

revestida de madeira, que recebeu parte da coleção de arte dos<br />

proprietários, e uma ampla janela piso-teto que dava acesso<br />

total ao terraço.<br />

44 45


Essa geometria determinou o que seria o gesto principal<br />

do projeto de iluminação: uma linha reta paralela à parede em<br />

toda sua extensão – traduzida em um nicho com acabamento<br />

preto, para abrigar os projetores usados para iluminação das<br />

obras de arte – e um desnível no forro para abrigar a cortina<br />

ao longo de toda a esquadria que separa o living do terraço<br />

e o sistema de iluminação indireta.<br />

A esses dois sistemas, soma-se a iluminação dos brises<br />

localizados no pé-direito duplo, iluminados de baixo para cima<br />

por pequenos pontos embutidos no piso, entre as paletas pintadas<br />

de branco. Nesse trecho, a interrupção da iluminação indireta do<br />

cortineiro no andar superior permite valorizar a vista da cidade.<br />

No andar superior, o nicho preto com projetores se<br />

repete na mesma posição relativa à parede de madeira<br />

do andar inferior. Assim, com a combinação de poucas<br />

soluções, toda a área social foi iluminada, pontuada<br />

aqui e acolá por alguns complementos estrategicamente<br />

localizados.<br />

Sobre a mesa de jantar, optou-se por um pendente<br />

difuso decorativo – função bem cumprida pela luminária<br />

de design contemporâneo de Ana Neute, em contraste com<br />

a decoração austera. O aparador e a bancada de apoio ao<br />

jantar receberam iluminação direta de destaque. No lado<br />

oposto, a bancada junto à TV (escondida por um painel<br />

móvel, iluminado para a valorização de uma obra nele<br />

exposta), também recebeu iluminação direta.<br />

Na circulação entre a sala de jantar e a cozinha, a adega de<br />

madeira recebeu iluminação integrada à marcenaria, no forro<br />

e nos móveis. O lavabo, situado antes da circulação íntima do<br />

apartamento, recebeu apenas uma sanca de iluminação indireta<br />

sobre a bancada.Em ambos os pavimentos, os corredores<br />

de acesso à área íntima, tiveram o mesmo tratamento. Ao<br />

forro revestido de painéis de madeira laqueados de branco,<br />

,foram integradas linhas contínuas de iluminação difusa que,<br />

localizadas a poucos centímetros das paredes, garantem<br />

iluminação difusa e homogênea.<br />

À esquerda, a linearidade das longas paredes<br />

revestidas de madeira é marcada pela sanca<br />

longilínea preta que esconde os projetores<br />

orientáveis. Ao fundo, a iluminação indireta da<br />

sanca junto à cortina que percorre toda a sala.<br />

No centro, a iluminação da parede de madeira<br />

por trás do ambiente de estar funciona como uma<br />

contraluz à iluminação direta do pé-direito duplo e<br />

à luz difusa da sanca da cortina. A obra de arte de<br />

cobre que separa os ambientes recebe iluminação<br />

direta e cria um efeito de luz e sombra, demarcando<br />

o limite entre sala e circulação. Ao fundo,<br />

iluminação de destaque para a obra de arte no<br />

painel que esconde a TV, com linha de luminárias<br />

sem moldura orientáveis com 700 K embutidas no<br />

forro. Na adega, o ritmo das linhas do ripado de<br />

madeira que compõem o forro foi reforçado pela<br />

iluminação linear com perfis lineares difuso de<br />

LED 2.600 K, que promove uma iluminação difusa<br />

sem sobrecarregar o teto. Nas prateleiras, os perfis<br />

embutidos na marcenaria garantem o destaque<br />

das garrafas mais importantes da coleção. A<br />

temperatura de 2.600 K reforça a tonalidade<br />

amadeirada do ambiente.<br />

46 47


48 49


Nas páginas anteriores, a iluminação no pé-direito duplo do mezanino se dá pelos projetores de LED de 2.700 K, fixados em nichos<br />

lineares com acabamento branco, em sintonia com os brises e em contraste com os nichos pretos das paredes de madeira. O conjunto<br />

de brises pivotantes verticais que separam a área social das áreas íntimas foi iluminado de baixo para cima com pontos embutidos<br />

de LED 2.700 K. Com a cidade ao fundo, as esculturas têm a silhueta marcada pela iluminação que vaza dos ambientes laterais e dos<br />

brises. Acima, o teto inteiro de lona tensionada retroiluminada por perfis de LED ilumina não só as obras de arte mas também destaca<br />

a beleza do painel de madeira que reveste todas as paredes e faz um contraplano interessante ao piso de mármore claro da escada.<br />

Na circulação íntima, perfis de LED embutidos em detalhe especial no forro de painéis de madeira iluminam sutil e homogeneamente<br />

as obras de arte que ganham todo o destaque neste ambiente. À direita, a iluminação indireta junto à cortina foi feita por perfis de<br />

LED 2.700 K, e os poucos pontos embutidos no forro de gesso garantem o conforto desejado para a suíte principal.<br />

A escada social que interliga o living ao corredor superior,<br />

tem todas as paredes revestidas do piso ao teto em madeira.<br />

Seguindo esse conceito, o teto inteiro foi projetado com uma<br />

única lona tensionada retroiluminada em oposição ao piso claro de<br />

mármore travertino. Assim como todo o resto, a iluminação alia-se<br />

à arquitetura para que os materiais ganhem o merecido destaque.<br />

Nos quartos, nas salas íntimas, nos escritórios e nos demais<br />

aposentos da família, a combinação de iluminação indireta<br />

e difusa, com iluminação direta desenvolveu-se de maneira<br />

adequada a cada ambiente. Na suíte principal – que tem certa<br />

permeabilidade visual com as áreas sociais através dos brises<br />

– a iluminação indireta integrada aos desníveis do forro dos<br />

cortineiros foi complementada por luminárias quadradas sem<br />

moldura embutidas no forro, na mesma linguagem das utilizadas<br />

nas salas. Nos demais dormitórios, a iluminação direta foi<br />

concebida com luminárias circulares com uma minimoldura de<br />

acabamento, com alto controle antiofuscamento. No quarto<br />

infantil, além da iluminação indireta do cortineiro, uma meiaparede<br />

de madeira, que faz as vezes de cabeceira, recebeu<br />

também iluminação indireta para ressaltar a pintura realizada<br />

diretamente na parede. No escritório, a iluminação foi incorporada<br />

à marcenaria para iluminação das bancadas junto a elas.<br />

Todo o projeto – tanto as áreas sociais como as áreas íntimas<br />

e de serviço – foi projetado com tecnologia de LED, temperatura<br />

2.700 K, branco quente. Nas áreas sociais, estendendo-se à suíte<br />

principal e ao home theater no pavimento superior, a automação<br />

do projeto de iluminação é totalmente integrada, permitindo<br />

completa permeabilidade entre os ambientes interligados pelo<br />

átrio de pé-direito duplo. Nas áreas íntimas, cada aposento<br />

tem um sistema próprio de automação que integra circuitos<br />

dimerizáveis (cortineiros e luminárias embutidas no forro)<br />

com circuitos on-off (balizadores, closets e sanitários). Nos<br />

banheiros, a iluminação dos espelhos tem um interruptor<br />

dimerizável dedicado.<br />

Finalmente, ao manipular com precisão o partido arquitetônico<br />

e de interiores, o projeto de iluminação amplia de maneira discreta,<br />

elegante e com personalidade a percepção dos espaços e dos<br />

elementos neles contidos.<br />

APARTAMENTO EM SÃO PAULO<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Estúdio Carlos Fortes<br />

Carlos Fortes (arquiteto titular)<br />

Débora Esposta (arquiteta coordenadora)<br />

Nathalie Lima Legal e Thales Sportero (arquitetos colaboradores)<br />

Bruno Luz e Philippe Jacob Melo (estagiários)<br />

Arquitetura e interiores:<br />

Bernardes Arquitetura<br />

Camila Tariki, Dante, Furlan, Márcia Santoro, Nuno Costa Nunes<br />

e Thiago Bernardes (arquitetos titulares)<br />

Camila Tariki e Márcia Santoro<br />

(arquitetos responsáveis pelo projeto)<br />

José Miguel Ferreira e Mariana Cohen e Pérola Machado<br />

(arquitetos colaboradores)<br />

Projeto de automação:<br />

Oguri Áudio e Vídeo<br />

Fornecedores:<br />

Ana Neute, Cenário, Flos (OnLight), Lemca, Lumini, Punto Luce,<br />

Tensoflex, Viabizzuno (e-light)<br />

50 51


A loja recebeu iluminação com temperatura de 2.500 K, proporcionando o clima acolhedor pretendido pelos clientes. O forro parece flutuar<br />

com o efeito de sanca feito de LEDs, formando uma linha luminosa em toda a volta, cuja luz rebate no forro branco e banha o ambiente. No<br />

forro de madeira apenas seis focos de luz direta destacam produtos nos expositores. Os mobiliários receberam linhas luminosas no rodapé,<br />

a fim de gerar a impressão de leveza nesses elementos. Para evitar o excesso de luminância, as potências das linhas de LED foram reduzidas<br />

pela metade, consumindo apenas 2,5 W/m e contribuindo para um consumo energético bastante baixo no projeto como um todo.<br />

TEMPERATURA IDEAL<br />

Texto: Fernanda Carvalho | Fotos: Andrés Otero<br />

A<br />

recém-inaugurada loja de chocolates e cafés Dengo abriu<br />

sua flagship no primeiro semestre de 2017 no Morumbi<br />

Shopping, em São Paulo. Pautada pela extração e pela<br />

produção sustentável do cacau e do café brasileiros, a marca<br />

desejava expressar seus ideais na aparência da loja, valorizando<br />

os produtos em um ambiente agradável e acolhedor.<br />

Para tornar visíveis as intenções conceituais da marca,<br />

o projeto de arquitetura desenvolvido por Liliana Saporiti<br />

propôs o uso de madeira nos expositores, no forro suspenso<br />

e em painéis decorativos, complementados por luminárias<br />

de ráfia especialmente desenvolvidas pela própria cliente, a<br />

designer Samira Leal. O projeto de iluminação foi desenvolvido<br />

pelo escritório Franco Associados, que se aproveitou dos<br />

acabamentos escolhidos para conferir o clima de luz ideal ao<br />

ambiente da loja.<br />

TEMPERATURA<br />

Segundo o lighting designer Gilberto Franco, titular da Franco<br />

Associados, uma das primeiras questões projetuais colocadas<br />

foi a temperatura. Não a de cor, mas a propagação de calor das<br />

fontes de luz sobre os produtos expostos. Para ter certeza de<br />

que a instalação de fontes de luz nas prateleiras expositoras<br />

52 53


O mobiliário recebeu iluminação linear integrada em cada prateleira de exposição de produtos, conferindo destaque e valorizando o tom acolhedor<br />

que a madeira proporciona. Foram instalados perfis de LED na parte superior frontal de cada prateleira. O balcão de degustação é iluminado de<br />

forma direta, porém suave, por meio de luminárias pendentes com acabamento de ráfia, especialmente criados pela própria cliente para a loja.<br />

não afetaria a consistência nem o sabor dos chocolates, a<br />

equipe da Franco Associados estudou possibilidades de fibra<br />

óptica e perfis de LED. Após criar com um fornecedor um<br />

protótipo para medir em quantos graus a temperatura do<br />

microambiente se alterava, escolheu a solução linear de LED,<br />

dado que o resultado do protótipo foi um aumento de apenas<br />

1 °C sobre os produtos, o que seria facilmente compensado<br />

pela climatização da loja. A solução escolhida também levou<br />

em consideração a facilidade de instalação, o custo acessível<br />

de implantação e o baixo consumo energético.<br />

Em paralelo à questão da temperatura ambiental, foi<br />

cuidadosamente escolhida a temperatura de cor das fontes<br />

de luz. Sendo o mobiliário todo de madeira, a temperatura<br />

adotada para os equipamentos luminosos foi de 2.500 K,<br />

ou seja, mais quente, “para criar um clima apetitoso e trazer<br />

aconchego”, explica Gilberto Franco. As potências e os fluxos<br />

luminosos também receberam estudo aprofundado para alcançar<br />

o resultado luminoso almejado, que deveria garantir o menor<br />

consumo energético e, ao mesmo tempo, estar alinhado com<br />

os ideais de sustentabilidade da marca.<br />

54 55


LIMPEZA E LEVEZA<br />

Uma placa de madeira que flutua sobre o forro branco define o<br />

contorno do espaço por meio da aplicação do material escolhido<br />

para o acabamento da loja. Os lighting designers criaram uma<br />

sanca luminosa em torno da placa, a qual confere luz indireta e<br />

difusa ao ambiente, sem que seja claramente percebida. Apenas<br />

seis pontos dessa placa recebem downlights com facho de 20°,<br />

dispositivo antiofuscante e potência de 2,2 W para destaque<br />

das mesas expositoras.<br />

A solução de luz para a loja se completa com três pendentes<br />

de ráfia sobre um balcão e um painel de madeira ao fundo,<br />

iluminado por backlight, fazendo com que a iluminação da<br />

loja tenha “elevado impacto visual, com o mínimo de pontos<br />

de luz visíveis”, completa Franco.<br />

O mobiliário recebeu<br />

iluminação linear integrada em<br />

cada prateleira de exposição de<br />

produtos, conferindo destaque<br />

e valorizando o tom acolhedor<br />

que a madeira proporciona.<br />

Foram instalados perfis de<br />

LED na parte superior frontal<br />

de cada prateleira. O balcão<br />

de degustação é iluminado de<br />

forma direta, porém suave, por<br />

meio de luminárias pendentes<br />

com acabamento de ráfia,<br />

especialmente criados pela<br />

própria cliente para a loja.<br />

LOJA DENGO<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Franco Associados<br />

Gilberto Franco (arquiteto titular)<br />

Gabriela Pêra (arquiteta colaboradora)<br />

Projeto de arquitetura:<br />

Liliana Saporiti – CMS<br />

Design de interiores:<br />

Samira Leal<br />

Fornecedores:<br />

JR Luz, Lumini, Mira<br />

56 57


Das janelas da suíte do casal, localizada no bloco<br />

principal, entrevemos a iluminação integrada junto às<br />

cortinas, solução adotada para todos os dormitórios.<br />

No térreo tal solução foi descartada em favor de uma<br />

ênfase maior no jardim e nas superfícies externas,<br />

como a dos pilares, iluminados de baixo para cima.<br />

PRECISÃO,<br />

REDUÇÃO,<br />

INTEGRAÇÃO<br />

Texto: Gilberto Franco | Fotos: Fernando Guerra<br />

Por se tratar de uma residência de campo na Fazenda Boa<br />

Vista, o projeto de iluminação definiu que o pacote total<br />

de luz deveria ser reduzido em relação ao que seria feito<br />

em uma residência em área urbana. Assim, além de sugerir o<br />

mínimo possível de pontos, foi proposta dimerização em todas<br />

as áreas relevantes, incluindo as externas, explica Ana Karina<br />

Camasmie, uma das sócias da Foco – Luz & Desenho, responsável<br />

pela iluminação deste projeto de Fernanda Marques.<br />

O cliente – apreciador de arte – definiu que a casa deveria ter<br />

versatilidade suficiente para receber tanto um número grande<br />

de convidados como apenas o casal, sem que nesta última<br />

hipótese parecesse uma casa vazia. Cabe dizer que essa tem<br />

sido uma solicitação recorrente nesse tipo de residência, ditado<br />

pelo tipo de uso a ela intrínseco. Cada arquiteto traduz à sua<br />

maneira esse tipo de demanda. No caso deste projeto, o partido<br />

foi separar a residência em dois blocos, unidos por uma área<br />

aberta, onde funciona o lazer externo e a churrasqueira. No bloco<br />

principal, único que tem um pavimento superior, temos as áreas<br />

sociais no térreo e a suíte master no primeiro pavimento. Uma<br />

escultórica escada funciona como ponto focal no conjunto. Se<br />

o casal vier sem amigos ou filhos, poderá desfrutar esse bloco<br />

único, sem a necessidade de ter contato com as demais áreas,<br />

que em nada interferem nessa. Os demais dormitórios, por sua<br />

vez, situam-se no outro bloco, que, beneficiado pela declividade<br />

do terreno, possui também um subsolo, onde se encontram a<br />

área de serviço e uma sauna.<br />

58 59


Projetores de vapor metálico locados<br />

sobre a cobertura iluminam a copa da<br />

árvore que perfura a cobertura. Do lado<br />

esquerdo, luz integrada em sancas junto<br />

às cortinas (hall dos dormitórios de<br />

hóspedes) e, à direita, balizadores de<br />

parede determinam o caminho de acesso.<br />

Nas áreas sociais, onde originalmente estavam previstas sancas<br />

integradas aos cortineiros, as lighting designers defenderam que<br />

isso não fosse feito desse modo, já que – ponderaram – dificilmente<br />

as cortinas estariam fechadas, dada a intensa integração com a<br />

natureza, o que invalidaria o desejo de reflexão de luz almejado<br />

pelo projeto de interiores. Em vez disso, propuseram que a<br />

luz de rebatimento viesse da iluminação da parede de fundo<br />

– onde estão expostas importantes obras de arte. E, de modo<br />

a contrabalançar esse efeito, sugeriram iluminação de baixo<br />

para cima nos pilares da área externa, o que, além de ajudar a<br />

obter uma delicada composição de luz externa, contribui para<br />

emprestar luz difusa ao interior da sala.<br />

Lembrando que o proprietário é um colecionador, as<br />

designers tiveram o cuidado de propor um sistema flexível<br />

de iluminação para as paredes de fundo da sala de jantar e<br />

do living, o que foi alcançado por meio de rasgos contínuos<br />

que escondem parcialmente projetores de trilho eletrificado,<br />

garantindo flexibilidade e homogeneidade luminosa. Esses<br />

rasgos integram-se ainda perfeitamente aos difusores de arcondicionado,<br />

formando com eles conjuntos únicos.<br />

A escada recebeu tratamento quase escultural, traduzido<br />

por uma cuidadosa iluminação aninhada entre os degraus e os<br />

parapeitos, completada por dois sistemas de iluminação opostos<br />

na parede de fundo, de modo a garantir o perfeito destaque<br />

desses elementos.<br />

60 61


Sala da lareira com<br />

vista para a vegetação<br />

suavemente iluminada<br />

por meio embutidos de<br />

solo dimerizáveis de<br />

LED. À direita, pilares<br />

metálicos iluminados<br />

ajudam a compor<br />

o ambiente da sala<br />

de estar. Uma sutil<br />

iluminação no degrau<br />

para a piscina empresta<br />

difusão luminosa ao<br />

ambiente. Abaixo, vista<br />

da escada escultórica,<br />

onde uma iluminação<br />

em LED na fresta<br />

entre o guarda-corpo<br />

e os degraus enfatiza<br />

o desenho de sua<br />

curvatura. Ainda neste<br />

ambiente, um nicho na<br />

madeira, paralelo ao<br />

difusor de ar, abriga<br />

projetores em trilho<br />

eletrificado.<br />

A área da lareira, transição aberta entre os dois blocos da<br />

casa, abriga ainda uma curiosidade: uma árvore que perfura<br />

a casa e cuja copa foi iluminada por projetores fixados sobre<br />

a cobertura. O bloco de dormitórios recebeu tratamento<br />

um pouco mais simplificado em termos de iluminação e<br />

sistemas (não possui automação, ao contrário do outro),<br />

mas respeitando os mesmos princípios de contrabalançar<br />

iluminação difusa e direta.<br />

Nas áreas externas cabe ressaltar que a iluminação da<br />

vegetação é dimerizada, uma sofisticação muito adequada a<br />

esse tipo de residência. Na piscina, um degrau de acomodação<br />

do terreno recebeu uma sutil linha luminosa de LED, cuja<br />

luminância foi atenuada por um engenhoso rebatimento de<br />

luz interno.<br />

Concluído em 2015, o projeto mescla tecnologia de LED<br />

com halógena, decisão tomada em razão do contexto da<br />

época, dos custos e da qualidade de dimerização.<br />

A delicadeza dos detalhes de iluminação, sua harmonia<br />

com os detalhes da arquitetura e os demais sistemas, além do<br />

respeito ao ambiente circundante, fazem desta residência um<br />

exemplo de boa contribuição da iluminação para a arquitetura<br />

e seu entorno.<br />

RESIDÊNCIA FAZENDA BOA VISTA<br />

Indaiatuba, Porto Feliz, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Foco – Luz & Desenho<br />

Junia Azenha e Ana Karina Camasmie (arquitetas tilutlares)<br />

Adriana Leite e Giovanni Belchior (colaboradores)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Fernanda Marques Arquitetos Associados<br />

Projeto de paisagismo:<br />

Jardim Paulistano<br />

Fornecedores:<br />

Ecopyre, Lumini<br />

62 63


Imagens: Divulgação<br />

3<br />

4<br />

1<br />

2 5<br />

6<br />

7 8<br />

ESPECIAL<br />

PRÊMIO<br />

DESIGN MCB<br />

Realizado anualmente pelo Museu da Casa Brasileira, o<br />

Prêmio Design MCB chega a sua 31ª edição, contando com<br />

mais de 500 trabalhos inscritos, dos quais 54 foram premiados.<br />

Na categoria “Iluminação”, foram oito os ganhadores – sete<br />

na modalidade “Produtos” e um na modalidade “Protótipo”.<br />

A comissão julgadora dessa categoria, formada por Fabio<br />

Falanghe, Giorgio Giorgi Junior e Olavo E. de Souza Aranha, sob<br />

coordenação de Marcelo Oliveira, destaca a revolução que vem<br />

sendo causada pelo LED e sua absorção pelos projetistas de<br />

luminárias, “que começam a explorar com mais desenvoltura a<br />

integração dessa nova tecnologia na concepção dos produtos”.<br />

1º LUGAR – AERO 1 2<br />

Criada por Fernando Prado e produzida pela Lumini, a luminária<br />

foi desenvolvida para aplicações externas, como parques e<br />

estacionamentos, e produz iluminação difusa e uniforme por meio<br />

de módulo LED 31,5 W, nas opções 3.000 K ou 4.000 K. O júri<br />

destacou que a luminária “explora com maestria as possibilidades<br />

e as demandas da tecnologia LED, do processo produtivo e da<br />

tipologia do produto”.<br />

2º LUGAR – XL 3<br />

Assinado por Ronaldo Mafra para a Iluminar, esse sistema<br />

flexível conta com cinco elementos que permitem diferentes<br />

encaixes, possibilitando ao usuário montar sua própria luminária,<br />

de inúmeras maneiras. O produto é oferecido nas versões<br />

pendente, luminária de mesa e coluna de piso, com oito opções<br />

de cores. A luminária “integra surpresa, engenhosidade lúdica<br />

e flexibilidade”, descreveu o júri.<br />

2º LUGAR – 361° SPOT-TRILHO 4<br />

Também classificado em 2º lugar, o projetor LED para trilho<br />

eletrificado inova ao apresentar como conector de trilho seu próprio<br />

alojamento de fonte de alimentação. Além disso, conta com livre<br />

regulagem, com giro de 360° + 1°, tanto na vertical como na horizontal,<br />

em razão da maneira como ocorre a condução elétrica em suas<br />

articulações, resultando em sua “engenhosa e surpreendente<br />

flexibilidade”, segundo o júri. O produto foi desenvolvido por Eduardo<br />

Ernesto Dutra Rodrigues e Moshe Gorban, da LED Technology Brasil.<br />

3º LUGAR – TWIST 5<br />

A luminária de jardim, desenhada por Eliane Fatima Dias<br />

Pinheiro para a Iluminar, apresenta uma fonte LED instalada na<br />

extremidade de uma haste flexível e escamoteável, possibilitando<br />

uma diversidade de aplicações, como a iluminação de balizamento<br />

e a valorização de vegetações. Para o júri, o produto é uma<br />

“exploração flexível, divertida e original de tipologia pouco<br />

afeita a surpresas”.<br />

MENÇÃO HONROSA – MINI NADDA 6<br />

A luminária desenhada por Francisco Esteban Terroba para<br />

a Iluminar pode ser aplicada de três maneiras diferentes: como<br />

arandela ou balizador, embutidos na parede ou embutido no<br />

teto. A peça chamou a atenção do júri “pelo frescor tipológico e<br />

pelo caráter lúdico equilibrados, a demandar ajuste da sintonia<br />

fina no gesto inaugural do movimento que enseja”.<br />

MENÇÃO HONROSA – CLIP PAREDE<br />

E CLIP TETO 7 8<br />

Esta linha de luminárias lineares permite o direcionamento<br />

do facho luminoso, gerando distribuição direta, indireta ou<br />

assimétrica da luz, além do controle de intensidade luminosa,<br />

por meio da rotação do dispositivo acoplado ao tubo luminoso.<br />

Criação de Ricardo Heder para a Reka Iluminação, o produto<br />

recebeu duas menções honrosas para cada uma de suas versões,<br />

destacando-se a “abordagem essencial e elegante das tipologias<br />

contempladas”, de acordo com o júri.<br />

64 65


FOTO LUZ FOTO<br />

GUILHERME JORDANI<br />

Fotografar arquitetura e iluminação, principalmente em<br />

espaços externos, requer paciência para o clique no momento<br />

certo, além de uma boa dose de sorte. No dia que produzimos<br />

esta foto tive, felizmente, uma margem segura para aguardar<br />

o momento mágico da fotografia que gostaria de realizar e<br />

também fui agraciado com um céu mineiro espetacular.<br />

O ensaio da estrutura arquitetônica do Ateliê Wäls contemplou<br />

diversas imagens da fachada. No entanto, acredito que esta<br />

em particular é interessante pois evidencia as formas sinuosas<br />

do projeto, ressalta a iluminação das áreas internas, da estrutura<br />

do port-cochère e também dos detalhes das áreas externas.<br />

Sem falar na maneira como o dégradé do pôr do sol irradia no<br />

horizonte, o que torna a imagem ainda mais bela. Há ainda as<br />

luzes da cidade de Belo Horizonte ao fundo e o recorte da cadeia<br />

de montanhas onde o projeto está implantado.<br />

A imagem foi capturada utilizando uma câmera fullframe<br />

Nikon D3X, com uma lente 16-35 mm, com a máquina em um<br />

tripé – ferramenta indispensável para qualquer foto de luz e<br />

arquitetura. A revelação da fotografia em formato raw foi por<br />

meio do Adobe Lightroom, em que se corrigiu pontualmente<br />

a perspectiva da imagem e equilibraram-se as luzes e as<br />

cores. No processo de finalização, já no Adobe Photoshop,<br />

aconteceu uma pequena limpeza da calçada e de detalhes<br />

que interferiam no aspecto da imagem.<br />

Uma das dificuldades na realização das fotos nesse<br />

dia, além da baixa temperatura, foi o vento. Sendo a<br />

exposição longa para esse tipo de imagem – alguns<br />

segundos –, a câmera teve de ficar firme no tripé para<br />

que não ocorressem borrões. Esse detalhe pode ser visto<br />

na copa das árvores.<br />

Guilherme Jordani é jornalista formado pela Universidade de Caxias do Sul – RS. Transita no meio da Fotografia desde criança, por influência do pai,<br />

Joel Jordani, também fotógrafo por mais de 30 anos. Em sua trajetória profissional, destacam-se a cobertura da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha;<br />

estudos no ICP (International Center of Photography, NYC) e trabalhos publicados em destacadas publicações nacionais e internacionais. Atualmente,<br />

dedica-se à produção de fotografias que retratam a diversidade do mercado editorial, da arquitetura e da publicidade.<br />

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