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Outros Tempos

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram. Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram.

Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

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Soube que meu poema indignado<br />

foi lido no enterro do menino.<br />

Que seja, pois, enterrado<br />

Junto ao seu pequeno coração<br />

Para que renasça em tempos<br />

mais dignos de receber crianças<br />

e poemas. 1<br />

Este poema recebeu o nome de <strong>Outros</strong> tempos. Desde<br />

então, dedico-me a construir esses tempos mais dignos.<br />

Ainda hoje partem crianças pelas mesmas mãos gélidas,<br />

riscadas por balas perdidas ou que tinham seu nome<br />

gravado, ou, ainda, que vivem para morrer a cada dia a<br />

serviço de seus assassinos que continuam impunes. O<br />

nome do livro que agora se apresenta é para reafirmar<br />

que seguimos construindo e esperando esses tempos<br />

que virão. Ao mesmo tempo, para sentir através dos<br />

poemas que uma nova noite veio se abater sobre nós<br />

que ansiávamos o dia.<br />

Minha amiga Luciana Goiana, que nos brindou<br />

gentilmente com a apresentação deste novo livro, me<br />

fez uma pergunta dificílima de responder: por que fazes<br />

poesia? Não creio que tenha conseguido responder a<br />

esta pergunta naquele momento. Pensando agora um<br />

pouco mais, creio que é porque dói, dói muito. Aquele<br />

que vive não passa apenas pela vida, porque, como dizia<br />

1<br />

<strong>Outros</strong> <strong>Tempos</strong>, escrito em 1984 e publicado em Aula de voo e<br />

outros poemas (São Paulo: CPV, 2000).<br />

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