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Outros Tempos

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram. Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram.

Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

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olhos do escritor, que leva, naturalmente, em conta a<br />

sua subjetividade.<br />

Segundo Lukács, “o comportamento do poeta lírico é,<br />

indissociavelmente, ativo e passivo, ou seja, ele ao mesmo<br />

tempo cria e reflete”. Em <strong>Outros</strong> tempos, as palavras<br />

podem ser atravessadas pelo desamparo, pela solidão,<br />

pela militância, pela paixão, pelo mundo. Todavia, algo<br />

em comum as perpassa: o texto está inserido na materialidade<br />

social, o que consente ao autor reter em sua<br />

escrita a marca de sua vivência, criando um verso que se<br />

entrelaça à vida como parte constitutiva da mesma. Por<br />

isso, trata-se de um livro extremamente atual.<br />

Em O dia em que a ditadura acertou, dedicado à Elza<br />

Soares e à sua resistência ao Golpe de 1964, claramente<br />

percebemos uma voz que quer falar sobre os últimos<br />

anos brasileiros, apresentada em tom de constatação:<br />

“A vida (e a arte) sempre é subversiva / quando a morte<br />

reina”. Encontramos essa atualidade também em Luta<br />

ou fuga?, quando o poeta acompanha os passos dos<br />

militantes das Jornadas de Junho de 2013, e dá voz, em<br />

poema de tom brechtiano, a uma angústia de muitos<br />

sujeitos daquela cena: “Eis a questão!”.<br />

Poderíamos, com folga, mostrar as interfaces dos<br />

poemas de Bertolt Brecht e Mauro Iasi, que elege um<br />

verso do poeta alemão como epígrafe do poema Assim<br />

nasce o conservador. Mas deixamos essa tarefa, como<br />

sugestão, para seus leitores. Pois é iminente dizer que<br />

Mauro Iasi em seus livros de poesia, particularmente<br />

neste aqui apresentado, parece ter aprendido a lição do<br />

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