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Outros Tempos

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram. Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram.

Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

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usso Wladimir Maiakovski. Seu poema não se direciona<br />

especificamente a um único interlocutor, a uma mulher,<br />

à recordação; ele quer dizer às multidões! Lembramos<br />

que muitos de seus versos nasceram das rodas de poesia<br />

dos cursos do Núcleo de Educação Popular 13 de Maio.<br />

Ao fim dos encontros, Iasi e outros poetas recitavam<br />

suas estrofes. O gesto revolucionário aqui repetido por<br />

eles foi plantado por Maiakovski na União Soviética, em<br />

seus inúmeros recitais. Assim, <strong>Outros</strong> tempos tem uma<br />

poesia que deseja ser compartilhada, destinada à declamação,<br />

com seu ritmo construído a partir dos sons de<br />

cada palavra falada, não em cima de acentos métricos.<br />

Mauro Iasi costuma manter o verso livre, com<br />

algumas rimas externas, mas rico em rimas internas<br />

e repetições de vogais e consoantes. Em Mito da caverna<br />

as assonâncias e aliterações imprimem sentido às<br />

estrofes: se primeiro “A pele da pérola/ é inutilmente<br />

lisa”, dando-nos a sensação do escorregar, a aliteração<br />

nos versos seguintes traz uma pausa brusca: “para a<br />

ostra/ sua meta é outra”, e logo a próxima estrofe nos<br />

oferece um imaginário geométrico, duro, rigoroso.<br />

Outra importante marca de estilo de sua poesia<br />

consiste no modo como faz uso das rimas externas.<br />

Tributárias da tradição dos poemas e canções populares<br />

latino-americanos, essas rimas fazem ecoar outras,<br />

como as do chileno Victor Jara em Juan sin tierra ou as do<br />

salvadorenho Roque Dalton em Las rimas de la historia<br />

nacional. Calendário, Escolhas, O corpo do vento, Nuestros<br />

muertos são alguns dos poemas em que figuram essas<br />

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