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Outros Tempos

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram. Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

O livro reúne poemas produzidos entre 2008 e 2017 e o autor os define como "noturnos", pois são fruto de tempos que anoiteceram.

Ainda assim, defende Iasi: "seguimos resistindo na noite, nos acolhendo no brilho tênue das estrelas, em velas deixadas nas janelas, nos faróis que conduzem navegantes, nos poemas que guardam nossa humanidade diante da barbárie, do extermínio, da arrogância dos poderosos".

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essas rimas, onde uma melodia se insinua, e quase<br />

podemos ouvir os versos cantados. Vemos, então, que<br />

é no interior da forma poética que o elemento social<br />

emerge. Alguns poemas de <strong>Outros</strong> tempos carregam<br />

uma temática explicitamente social, testemunham<br />

as opressões e levam adiante uma postura de resistência,<br />

como no emocionante Dez tiros ou em Escola<br />

Potenkin. Todavia, mesmo quando o tema não apresenta<br />

elementos sociais ou políticos, identificamos uma voz<br />

que pertence a essa tradição de poesia popular latino-<br />

-americana, pois a forma determina finalmente esse<br />

encontro. Aí está a originalidade de sua voz, brasileira,<br />

até quando escrita em castelhano (nos poemas Allende<br />

vive!, Nuestros muertos e Milonga para Victor Jara) e<br />

ritmada pelas cordas e tambores dos centros urbanos e<br />

dos rincões de nossa América Latina. Desse modo, é por<br />

meio da forma, atravessada pelo mundo, e, portanto,<br />

não construída “somente de palavras”, como diz Roque<br />

Dalton na epígrafe desta apresentação, que seu poema<br />

alcança universalidade.<br />

Como em Nosso tempo, de Carlos Drummond de<br />

Andrade, em <strong>Outros</strong> tempos, o poeta se rebela contra<br />

“a marcha do mundo capitalista / e com suas palavras,<br />

intuições, símbolos e outras armas / promete ajudar / a<br />

destruí-lo” 5 , por isso Allende vive, a lanterna de Silvino<br />

continua acesa, gritos falam por mil vozes e o ofício da<br />

5<br />

andrade, Carlos Drummond de. Nosso tempo. In: ______. A rosa do<br />

povo. Rio de Janeiro: Record, 2006, pp. 38-45.<br />

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