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Revista Curinga Edição 10

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Atleta x Preconceito<br />

Marinalva iniciou sua vida como competidora profissional do atletismo<br />

em abril de 2013, em um campeonato realizado em Ipatinga, onde<br />

disputou provas de fundismo. Nessa ocasião, foi contemplada com seis<br />

medalhas, resultando em um convite do presidente da Associação Brasileira<br />

de Atletismo Máster (ABRAM) para fazer parte da delegação, representando<br />

o Brasil em campeonatos internacionais.<br />

Mas foi no Peru, no primeiro campeonato<br />

que participou junto à seleção brasileira,<br />

que descobriu sua vocação atual:<br />

o salto. Passou então a competir não mais<br />

por corridas de fundo, mas fazendo provas<br />

de lançamento de dardos, salto triplo e salto<br />

em distância. “Uma mulher de 39 anos,<br />

iniciando no atletismo e ainda fazendo<br />

modalidades que são técnicas. Então, o<br />

cara olha pra você e pensa: ‘essa menina<br />

não vai longe, não vai dar conta’”, relata<br />

Marinalva sobre quando começou.<br />

Hoje, Marinalva treina para o heptatlo,<br />

modalidade que inclui o lançamento de<br />

dardo, arremesso de peso, corridas com e<br />

sem barreiras, salto em altura e à distância.<br />

E ainda, como já treinava para o salto<br />

triplo, decidiu continuar. Por participar de<br />

oito provas nos campeonatos, Marinalva<br />

se tornou alvo de piadinhas entre os próprios<br />

competidores, que segundo ela perdura<br />

até os dias atuais. E mais uma vez,<br />

o preconceito entrava em ação. Histórias<br />

que marcavam a trajetória de Marinalva<br />

como atleta, envolviam o preconceito. Havia<br />

mais alguma?<br />

Ela sorriu com o canto da boca. Era<br />

mais um relato. Em dezembro de 2013, foi<br />

a Montevidéu inscrita para competir em<br />

nove provas. Por estar começando, Marinalva<br />

opta por se inscrever em várias provas,<br />

para depois decidir se faria todas ou<br />

não. Surpreendida pelo “boicote” do campeonato,<br />

países considerados mais fortes,<br />

como Argentina, Chile e Peru não participaram,<br />

deixando a competição mais tranquila<br />

e com adversários mais despreparados.<br />

Atletas do Brasil, Uruguai e Paraguai<br />

concorriam entre si. Como a concorrência<br />

estava menor, Marinalva resolveu competir<br />

em todas as provas, conquistando onze<br />

medalhas, superando quarenta atletas<br />

brasileiros que a acompanhavam no ônibus.<br />

Consequentemente, mais uma vez foi<br />

caçoada e questionava: “Poxa, será que eu<br />

não posso me inscrever em várias provas<br />

porque eu vou ser motivo de piada dos rapazes?”,<br />

conta. Recentemente, o mesmo<br />

aconteceu na Argentina.<br />

Bronze no Campeonato Word Master Games, em Torino, Itália

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