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Revista Apólice #224

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Ano 22<br />

Número 224<br />

Agosto 2017


editorial<br />

Ano 22 - nº 224<br />

Agosto 2017<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente<br />

da Correcta Editora Ltda<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

Um momento<br />

de reflexão<br />

2017 será pior que 2016? A recuperação econômica deve começar<br />

agora ou somente em 2018? Será que voltaremos a crescer<br />

a passos largos? Será que o desânimo definitivamente tomou<br />

conta da nação?<br />

Difícil responder a qualquer uma destas questões. Os brasileiros,<br />

independente do lado em que se encontrem na disputa<br />

política, parecem atravessar um período de incredulidade. Tanta<br />

impunidade, tantos desmandos, acabam por baixar o espírito<br />

combativo dos cidadãos. Enquanto trabalhadores e empresários<br />

(sérios) se esforçam para manter sua vida com dignidade, em<br />

Brasília, os políticos só pensam em seu benefício próprio, na continuidade<br />

das benesses com dinheiro público e na sua perpetuação<br />

como os “escolhidos” do povo brasileiro.<br />

Parece que o cidadão comum simplesmente cansou.<br />

Porém, a retomada da economia é uma necessidade, porque<br />

afundar mais neste poço pode significar o fim de muitas empresas.<br />

No mercado de seguros, apesar do crescimento anual na casa<br />

dos 9%, a crise econômica fez minguar a quantidade de clientes e<br />

negócios. A carteira de Grandes Riscos foi uma das mais afetadas<br />

e levou o nicho a se consolidar, com aquisições e fusões no último<br />

ano. A vasta oferta de capacidade e os negócios escassos obrigaram<br />

as seguradoras a serem ainda mais eficientes.<br />

Outras carteiras que sofreram este impacto foram os transportes<br />

e o seguro de crédito. O seguro de transportes atravessa<br />

um momento delicado, com o aumento da sinistralidade, principalmente<br />

por conta de roubo de carga. O seguro de crédito, por<br />

outro lado, tem esperança de crescimento baseado no aumento<br />

das transações comerciais. Entretanto, a sua contratação é mais<br />

complicada do que parece. Ambos necessitam de especialização.<br />

Boa leitura!<br />

Diretora de Redação<br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

3


sumário<br />

6<br />

14<br />

16<br />

|<br />

|<br />

|<br />

painel<br />

gente<br />

capa<br />

O mundo muda tão rapidamente que precisamos<br />

nos preparar para segurar riscos<br />

que sequer imaginamos. Para a XL Catlin,<br />

é na antecipação do futuro que estão as<br />

melhores oportunidades de criar valor para<br />

o cliente<br />

16<br />

20<br />

|<br />

mercado<br />

Mudanças não devem impactar negativamente<br />

a carteira, mas deverão demandar<br />

mais expertise e qualificação de quem se<br />

mantiver na operação de grandes riscos<br />

24<br />

|<br />

garantia judicial<br />

Grande aposta do mercado em 2015,<br />

modalidade volta a ganhar destaque com<br />

perspectivas de crescimento em 2017<br />

20<br />

26<br />

|<br />

transportes<br />

Transportadores, corretores de seguros e<br />

seguradores procuram maneiras de continuar<br />

a proteger a circulação em rodovias em<br />

meio ao aumento da criminalidade<br />

28<br />

|<br />

crédito<br />

Com a inadimplência crescendo no mundo<br />

corporativo, é importante que as empresas<br />

que vendem produtos ou serviços a prazo<br />

protejam seus recebíveis<br />

28<br />

32<br />

|<br />

césio 137<br />

Tragédia radioativa completa 30 anos em<br />

setembro, mas até hoje os riscos nucleares<br />

são excluídos das apólices de seguro brasileiras.<br />

O que pode ser feito a partir de agora?<br />

35<br />

|<br />

Cesvi/Mapfre<br />

A funcionalidade Smart utiliza banco de<br />

dados com mais de 1 milhão de sinistros<br />

para pré-definir orçamentos de reparo dos<br />

veículos<br />

32<br />

36<br />

38<br />

|<br />

|<br />

ccs-sp<br />

Clube dos Corretores de Seguros de São<br />

Paulo completa 45 anos colaborando com<br />

as mudanças do mercado e focando na<br />

renovação da categoria<br />

comunicação<br />

4


5


painel<br />

• ntecnologia<br />

Realidade virtual simula tornado<br />

A resseguradora Munich Re dos Estados Unidos lançou<br />

uma ferramenta de realidade virtual que simula um tornado.<br />

O objetivo é reforçar os riscos desse fenômeno e a importância<br />

de aumentar a resiliência das construções, ajudando a mitigar<br />

futuras perdas.<br />

Os danos causados por tempestades às propriedades estadunidenses<br />

cresceram continuamente nos últimos 40 anos,<br />

ultrapassando mais de US$ 22 bilhões em perdas. Isso inclui<br />

US$ 15,3 bilhões de perdas seguradas em 2016, de acordo com<br />

a Princeton, resseguradora com matriz em New Jersey. Mesmo<br />

assim, o perigo<br />

é muitas vezes<br />

ignorado, particularmente<br />

se<br />

comparado com<br />

o potencial destrutivo<br />

desses<br />

furacões.<br />

A ferramenta<br />

pode ser encontrada<br />

online via YouTube, mas exige um Google VR – óculos<br />

de realidade aumentada – para que se tenha a experiência<br />

completa.<br />

• nproduto<br />

Seguradora passa a operar com RC<br />

Ônibus<br />

A American Life começa a atuar no país inteiro com o<br />

seguro Responsabilidade Civil Ônibus, oferecendo proteção<br />

tanto às empresas dedicadas ao transporte municipal quanto<br />

interestadual.<br />

O seguro cobre danos corporais, materiais e morais a<br />

passageiros e terceiros não transportados, além de acidente<br />

pessoal de passageiros e tripulantes, morte acidental e invalidez<br />

permanente total ou parcial. Também oferece cobertura para<br />

despesas médicas, hospitalares e odontológicas por acidente,<br />

danos causados à bagagem dos passageiros e defesa penal.<br />

• nexpansão<br />

Auto popular para todo o estado<br />

A Azul Seguros expandiu a atuação do seu seguro Auto<br />

Popular para todo o estado de São Paulo. Destinado aos veículos<br />

com importância segurada de até R$ 60 mil, com data<br />

de fabricação a partir de cinco anos, o produto é até 30% mais<br />

barato que o seguro automóvel tradicional.<br />

São oferecidas<br />

as coberturas<br />

básicas para colisão,<br />

roubo, furto,<br />

com indenização<br />

de 80% ou 90%<br />

da tabela Fipe, assistência<br />

24 horas<br />

e guincho para até<br />

100 km. Há ainda<br />

as coberturas de Responsabilidade Civil Facultativa, com indenização<br />

de R$ 25 mil; e opcional de Danos Morais e Estéticos<br />

Facultativo, com indenização de R$ 5 mil ou R$ 10 mil.<br />

O serviço de reparo em caso de sinistro pode ser realizado<br />

em oficinas referenciadas ou de livre escolha, com peças fornecidas<br />

pela Renova Ecopeças, da Porto Seguro. Já em casos<br />

de reparos de freios, suspensão, amortecedores e pneus, serão<br />

utilizadas peças novas e originais.<br />

• nproduto 2<br />

Proteção para motoristas e<br />

passageiros<br />

A 99, startup nacional de mobilidade urbana, oferece<br />

seguro de acidentes pessoais para usuários de carros particulares<br />

do aplicativo. Gerenciado pela corretora Marsh, o<br />

produto cobre até R$ 10 mil em despesas médicas, hospitalares<br />

e odontológicas e não possui custo para condutores<br />

e passageiros da modalidade 99POP. Em caso de acidentes<br />

fatais ou invalidez, a cobertura é de R$ 50 mil.<br />

É garantido o pagamento de uma indenização em<br />

decorrência de acidentes ou violência no carro durante<br />

a viagem a todas as pessoas que estiverem sendo transportadas<br />

dentro do automóvel. Motoristas e passageiros<br />

passam a ter garantia do seguro desde o aceite da chamada<br />

realizada através do aplicativo até o momento da finalização<br />

da corrida.<br />

O seguro funciona com base em reembolsos. Em caso<br />

de acidente pessoal ou violência no carro, o usuário deve<br />

procurar os canais de atendimento da 99. A Marsh tem até<br />

30 dias para dar um retorno para o motorista ou passageiro.<br />

A cobertura em caso de acidente é limitada à capacidade<br />

de lugares que constam no documento do veículo.<br />

6


7


painel<br />

• ntreinamento<br />

SulAmérica<br />

recebe novos<br />

talentos<br />

A SulAmérica realizou<br />

a 9ª edição do Corretor<br />

Nova Geração. O programa<br />

é voltado para os filhos de corretores e visa incentivar o<br />

desenvolvimento de novos talentos para o mercado de seguros.<br />

A companhia recebeu 42 jovens profissionais em sua sede em<br />

São Paulo para uma semana de treinamento ministrado por<br />

profissionais do setor.<br />

A agenda destacou a temática do empreendedorismo,<br />

apresentando caminhos para uma boa gestão de negócios no<br />

mercado. No fechamento da semana, os jovens participaram<br />

de um almoço com vice-presidentes da seguradora, que realizaram<br />

a entrega dos certificados aos participantes.<br />

• nprojeções<br />

Mercado deve crescer<br />

entre 9 e 11% em 2017<br />

O mercado segurador brasileiro deve<br />

apresentar em 2017 um crescimento nominal<br />

entre 9% e 11%. O número poderia<br />

ser ainda melhor se não tivesse ocorrido<br />

a redução dos prêmios do seguro DPVAT<br />

por decisão do Conselho Nacional de Seguros<br />

Privados (CNSP). É o que mostra a<br />

publicação “Mercado Segurador Brasileiro:<br />

Resultados e Perspectivas”, da CNseg.<br />

Sobre o cenário de incerteza e o país<br />

tendo vivido sua maior recessão em 25<br />

anos, o setor deu mostras de resiliência<br />

em 2016, a ponto de fechar o ano com<br />

crescimento nominal de 9,2%, próximo<br />

aos 10,3% de 2015. Foi um desempenho<br />

acima da média dos demais segmentos,<br />

com alta de 11,6% na arrecadação, apesar<br />

do baixo desempenho dos ramos de seguro<br />

auto e patrimonial. Contudo, os seguros<br />

de pessoas continuaram a se expandir e a<br />

puxar o crescimento do setor, com destaque<br />

para o plano de risco individual<br />

e o plano de acumulação VGBL.<br />

Fonte: CNseg<br />

• nalerta<br />

Golpistas utilizam o nome da Susep<br />

Praticada em todo o país por e-mail e por telefone, a tentativa de golpe,<br />

que utiliza o nome da Susep, consiste em fazer com que os abordados pelos<br />

golpistas acreditem que possuem valores a receber referentes a contratos de<br />

seguros ou planos de previdência complementar aberta.<br />

A autarquia esclarece que seus servidores e dirigentes não entram em<br />

contato com cidadãos para tratar questões que envolvam montantes financeiros<br />

e adverte que nomes de seguradoras, de empresas em liquidação ou falência<br />

e do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) também são usados<br />

para lesar vítimas.<br />

Os cidadãos abordados ou lesados podem realizar queixa junto às autoridades<br />

policiais competentes.<br />

• nsuporte<br />

Filial digital para atendimento a corretores<br />

A Axa Brasil criou o conceito de filial digital, uma célula de atendimento comercial<br />

online, em que os corretores parceiros poderão receber suporte às vendas,<br />

sanar dúvidas sobre produtos e resolver pendências operacionais e administrativas.<br />

O serviço já está disponível para corretores cadastrados na plataforma E-<br />

-Solution para o portfólio de produtos do ramo<br />

Empresarial, mas o planejamento prevê a inclusão<br />

de mais sete produtos até o fim do ano, todos<br />

voltados para empresas de pequeno e médio<br />

portes: Condomínio, Equipamentos, Riscos de<br />

Engenharia, Garantia, Riscos Industriais, Seguro<br />

Aeronáutico (RETA), D&O e E&O.<br />

“Apesar de virtual, O atendimento será humanizado<br />

e, acima de tudo, especializado. Por<br />

trás desse processo digital, temos consultores<br />

especializados”, explica Michelle Brito, diretora<br />

de Negócios Digitais.<br />

8


9


painel<br />

• ndestaque<br />

Entre os melhores CEOs do Brasil<br />

A Forbes Brasil elegeu, pela terceira<br />

vez, os 25 melhores presidentes<br />

de empresa do país. Os executivos<br />

foram escolhidos pela capacidade<br />

de reinventar suas companhias, passar<br />

por crises e crescer em meio às<br />

adversidades.<br />

Entre os nomes citados está o de<br />

Fabio Luchetti, que comanda a Porto<br />

Seguro. Ele entrou na seguradora<br />

como estagiário e galgou posições<br />

até se tornar presidente, em 2012. A<br />

gestão do CEO segurou a companhia durante a crise, que já voltou<br />

a crescer em 2017.<br />

Os nomes foram eleitos por um grupo de consultores e acadêmicos<br />

especializados em gestão e negócios e não estão em<br />

nenhuma ordem específica.<br />

Fonte: Exame.com<br />

• nparceria<br />

Rastreador com seguro no Rio<br />

Grande do Sul<br />

A Ituran fechou uma parceria no Rio Grande do Sul.<br />

Os corretores interessados em comercializar os produtos<br />

Ituran com Seguro terão a assistência da Cordova Assessoria,<br />

que presta atendimento a mais de 600 profissionais<br />

cadastrados em sua base.<br />

A expectativa é que o novo<br />

negócio agregue ainda mais na<br />

expansão do produto no local.<br />

“Existe uma grande demanda<br />

pelos nossos produtos no estado.<br />

A parceria vai nos ajudar a<br />

distribuir esses produtos e serviços,<br />

ampliando a capilaridade<br />

junto aos corretores de seguro”,<br />

diz o gerente comercial do<br />

Canal Assessorias da Ituran<br />

Brasil, Aldo Dallago.<br />

• ncomemoração<br />

Conquistando um marco<br />

A Previsul Seguradora reuniu, em Porto Alegre, os<br />

colaboradores da matriz e da sucursal do Rio Grande do<br />

Sul para comemorar os 111 anos de atuação no Brasil.<br />

“Ultrapassar os 100 anos no Brasil é muito raro. Por<br />

isso, chegar aos 111 anos representa um marco. Isso é<br />

resultado de um trabalho alinhado e conjunto de todos<br />

os nossos colaboradores que, com simplicidade, respeito<br />

e gentileza, contribuem para uma vida mais leve no<br />

ambiente corporativo e fora dele”, afirmou o presidente<br />

Renato Pedroso.<br />

• nevento<br />

Novas oportunidades aos corretores<br />

Osmar Bertacini foi o convidado<br />

do almoço realizado pelo Clube dos<br />

Corretores de Seguros de Osasco e<br />

Região (CCSOR) no dia 28 de julho. Na<br />

ocasião, o presidente da Associação<br />

Paulista dos Técnicos de Seguro (APTS)<br />

chamou a atenção dos profissionais<br />

para o segmento de pessoas, que hoje<br />

se apresenta como uma oportunidade<br />

de alavancar as vendas. “Apenas 10% da<br />

população economicamente ativa tem<br />

seguro de vida”, lembrou, sugerindo<br />

que os corretores aproveitem<br />

os clientes de auto, carteira<br />

ainda mais demandada no<br />

mercado, para realizar a venda<br />

cruzada.<br />

Ainda que a abordagem<br />

do seguro de vida seja delicada,<br />

Bertacini insiste que os corretores<br />

comecem a olhar com mais cautela<br />

para o produto, visto que este é o único<br />

seguro em que o sinistro é certo. Sobre<br />

formar uma carteira sólida de clientes, ele<br />

foi categórico: “tenho uma carteira de<br />

vida que me dá estabilidade financeira<br />

para seguir meu padrão de vida, sem<br />

precisar trabalhar em renovação. É o<br />

que eu quero passar para os corretores.”<br />

10


• negócios<br />

Aquisição entre corretoras<br />

A corretora de seguros e gestora de benefícios It’s Seg, controlada<br />

pelo fundo inglês de private equity Actis, comprou a brasileira MBS.<br />

Com a operação, a It’sSeg, que é presidida por Thomaz Menezes, passa<br />

a administrar um milhão de vidas no país (planos de saúde e seguros<br />

de vida corporativos).<br />

Desde que começou a operar no final de 2014, a corretora já fez<br />

seis aquisições no mercado local. Os investimentos no país já somam<br />

US$ 140 milhões. A companhia planeja dobrar de tamanho nos próximos<br />

três anos e segue buscando oportunidades de compra de ativos<br />

no mercado local.<br />

• ¢ declaração<br />

Corretores podem solicitar<br />

crédito à Nobre Seguradora<br />

Até o dia 1° de setembro, será possível apresentar<br />

as declarações de crédito da Nobre Seguradora.<br />

De acordo com o liquidante, todos os documentos<br />

devem ser encaminhados com arquivos comprobatórios<br />

(originais ou cópias autenticadas),<br />

assinadas pela Nobre ou por seu representante<br />

legal (comprovadamente constituído) com reconhecimento<br />

de firma.<br />

As declarações de crédito devem seguir um<br />

modelo, que está disponível no site da companhia<br />

(www.nobre.com.br). A entrega dos documentos<br />

deve ser realizada pelos correios ou pessoalmente,<br />

na sede da empresa (Rua Vergueiro, 6964, Vila<br />

Firmiano Pinto, São Paulo).<br />

Estão dispensados de apresentar as declarações<br />

de crédito os credores por dívida de indenização<br />

de sinistro ou de restituição de prêmios, por<br />

prêmios de cosseguro e de resseguro.<br />

11


painel<br />

• nvendas<br />

Campanha “Jubileu Premiado Ameplan” chega a sua reta final<br />

Lançada pela Ameplan Saúde em<br />

janeiro deste ano com o propósito de<br />

estimular e reconhecer os representantes<br />

comerciais da companhia, a campanha<br />

“Jubileu Premiado Ameplan” será finalizada<br />

no mês de agosto.<br />

A iniciativa, focada na comercialização<br />

dos produtos PME e Adesão,<br />

contemplou todos os profissionais que<br />

trabalham dentro da cadeia produtiva<br />

da comercialização dos planos de saúde<br />

da empresa. Serão entregues 20 viagens<br />

para um resort em uma praia da<br />

Paraíba e os vencedores poderão levar<br />

um acompanhante, com hospedagem,<br />

alimentação e passeios inclusos.<br />

Nesta campanha, a duração foi menor<br />

para proporcionar duas premiações dentro<br />

do período em que a Ameplan completou<br />

25 anos. Por isso, incluiu algumas categorias<br />

de reconhecimento. As modificações<br />

incentivam ainda mais a participação dos<br />

parceiros - tanto aqueles que já conquistaram<br />

a viagem ao Caribe quanto para abrir<br />

uma nova oportunidade para quem ficou<br />

no “quase” na campanha anterior.<br />

Uma das novidades é a “Pendência<br />

Zero”, uma premiação para o vendedor e<br />

outra para um funcionário administrativo<br />

da plataforma com o menor número de<br />

devoluções e reclamações nas propostas<br />

comerciais da operadora. Além disso,<br />

serão sorteadas três viagens para os<br />

corretores participantes que comercializarem<br />

acima de 100 vidas no período,<br />

somados PME, Adesão e Pessoa Física.<br />

Como premiação extra, para cada vida<br />

do contrato, o corretor recebe um valor<br />

depositado em um cartão de crédito exclusivo<br />

e personalizado.<br />

O evento de premiação está programado<br />

para setembro e a viagem<br />

reservada de 18 a 22 de outubro.<br />

“Nesta reta final de campanha, a<br />

Ameplan ainda está oferecendo um ‘bônus’<br />

aos seus parceiros comerciais, uma<br />

tabela com descontos promocionais de<br />

PME para que todos tenham chances de<br />

desfrutar de mais uma viagem inesquecível<br />

ao lado da equipe mais apaixonada<br />

do mercado”, afirma o gerente comercial,<br />

Marcelo Belber.<br />

• ntendências<br />

Digitalização une seguradoras e prestadores<br />

Uma pesquisa sobre tendências do<br />

setor segurador em 2017, elaborada pela<br />

unidade de transformação digital da Indra,<br />

mostra que os modelos de negócios do futuro<br />

devem contemplar o desenvolvimento<br />

de ecossistemas abertos que facilitem a<br />

associação com players não tradicionais,<br />

capazes de agregar e eficiência aos negócios.<br />

A pressão de preços e da concorrência,<br />

a adoção do smartphone como<br />

detonador da mudança no comportamento<br />

do consumidor, as mudanças tecnológicas<br />

e a facilidade para financiar as aventuras<br />

empresariais que atendam às novas necessidades<br />

estão fazendo com que o ambiente<br />

competitivo esteja evoluindo.<br />

Para os especialistas, o cenário fixará<br />

bases para o desenvolvimento de um novo<br />

modelo de prestação de serviço ao cliente,<br />

baseado na gestão integral de riscos por<br />

meio de tecnologias de ruptura, capazes<br />

de combinar as estratégias de otimização<br />

de custos e de diferenciação do produto.<br />

A criação de novos modelos de negócio<br />

baseados em plataformas abertas que<br />

permitam que as seguradoras ofereçam<br />

também para seus clientes<br />

produtos e serviços de terceiros,<br />

junto com o desenvolvimento de<br />

produtos contextuais e personalizados<br />

a partir do conhecimento<br />

gerado pela impressão digital que<br />

o consumidor deixa por meio do<br />

celular e das redes sociais, constituem<br />

as bases da transformação<br />

digital do setor para enfrentar<br />

seus concorrentes e desafios.<br />

• ¢ auto<br />

Vistoria por meio<br />

de fotos<br />

A Liberty Seguros lança a<br />

Auto Vistoria para clientes de<br />

seguros de automóvel, em que<br />

o segurado realiza vistoria prévia<br />

sem a presença de um vistoriador<br />

quando efetuar a contratação<br />

do seguro. Após confirmada a<br />

elegibilidade, o cliente recebe<br />

um SMS com as instruções para<br />

a realização do procedimento.<br />

A vistoria pode ser realizada<br />

no horário e no local de preferência<br />

do cliente, que precisa<br />

acessar o site indicado na mensagem<br />

recebida e compartilhar<br />

imagens de pontos solicitados<br />

do automóvel.<br />

A seguradora espera disponibilizar<br />

a experiência para<br />

segurados de outros produtos<br />

como residência, PME’s, e também<br />

para serviços como o aviso<br />

de sinistros.<br />

12


13


GENTE<br />

Retorno à ouvidoria<br />

Maria Helena Darcy é a nova<br />

ombudsman da Icatu Seguros. Ela<br />

deixa a diretoria de Pessoas, onde ficou<br />

por seis anos, e volta a responder pela<br />

ouvidoria externa e interna da seguradora,<br />

área na qual esteve à frente por<br />

13 anos.<br />

A executiva implantou a primeira<br />

Ouvidoria do mercado segurador, em 1998, e foi a primeira<br />

ombudsman brasileira a ser certificada pela Internacional<br />

Ombudsman Association (IOA), maior associação internacional<br />

da profissão.<br />

Corretora ganha reforço<br />

A BullMark Corretora, do BullMark Financial Group,<br />

expande a equipe com Thales do Amaral como novo head da<br />

área. “A BullMark já esta consolidada<br />

na área de investimentos e completar<br />

nosso portfólio de produtos será importante<br />

para nos firmarmos como um<br />

player importante em todos os canais<br />

de distribuição possíveis”, ressalta o<br />

executivo. A corretora atende mais<br />

de três mil clientes e pretende se posicionar<br />

entre as principais corretoras<br />

nacionais em três anos.<br />

Diretor comercial<br />

Ex vice-presidente da Lockton, Guilherme Perondi<br />

Neto chega à Swiss Re Corporate Solutions,<br />

joint venture da Swiss Re e da<br />

Bradesco Seguros em grandes riscos,<br />

para ocupar a diretoria comercial. O<br />

executivo substitui Luciano Calheiros,<br />

que agora é CEO da empresa.<br />

Perondi tem mais de 20 anos de<br />

experiência no setor e ocupou posições<br />

de liderança nas indústrias de seguros,<br />

resseguros e corretagem.<br />

Estratégia e inovação<br />

Rodrigo Barros assumiu a diretoria<br />

de Estratégia e Inovação da Zurich.<br />

Ele se reportará ao presidente da<br />

seguradora no Brasil, Edson Franco,<br />

e assume a diretoria do recém-criado<br />

departamento que contempla as áreas<br />

de estratégia, inovação, marketing &<br />

comunicação, customer office, CEO<br />

office e inteligência de negócios.<br />

Gerente para a capital capixaba<br />

A SulAmérica traz novidades para<br />

a filial Vitória, no Espírito Santo. A<br />

unidade comercial tem novo gerente:<br />

Pietro Masello, que chega para assumir<br />

o plano de expansão de negócios da<br />

seguradora na região.<br />

Na companhia desde 2000, Masello<br />

construiu carreira na área comercial, tendo<br />

acumulado experiência em gestão de<br />

negócios de varejo, planejamento estratégico<br />

e tendências de mercado. O executivo responderá à diretora<br />

da regional Rio de Janeiro e Espírito Santo, Solange Zaquem.<br />

Novidade em sinistros<br />

A Sompo Seguros contratou Andreia Paterniani como<br />

nova diretora para a área de sinistros.<br />

A executiva, que atua há mais de 20<br />

anos no segmento, contribuirá para a<br />

implementação de novas estratégias de<br />

atuação que darão suporte aos planos<br />

de crescimento da companhia até 2020.<br />

Além da área de sinistros, Andreia<br />

será responsável pelo desenvolvimento<br />

de estratégias para incrementar o atendimento<br />

e a liquidação.<br />

Troca de presidentes<br />

Carlos Ivo Gonçalves é o novo presidente do CVG-RJ.<br />

Ele assume o lugar de Marcello Hollanda e ficará à frente da<br />

entidade até 2019. “É uma responsabilidade, que recebo com<br />

orgulho, humildade e com determinação<br />

de fazer da trajetória desta diretoria<br />

mais uma etapa de sucesso em prol da<br />

capacitação dos profissionais do nosso<br />

segmento e em integração e parceria<br />

com as demais entidades do mercado”,<br />

afirma.<br />

A eleição da chapa única para o<br />

biênio 2017/2019 foi realizada no dia 13<br />

de julho, na sede da entidade.<br />

Abramge PR/SC<br />

O médico ortopedista e diretor da<br />

Clinipam, Cadri Massuda, foi reeleito<br />

para a presidência da Abramge PR/SC<br />

para o biênio 2017/2018. Esse é o terceiro<br />

mandato consecutivo e o quarto<br />

presidido por Massuda, que também<br />

esteve à frente da Associação entre os<br />

anos 1995 e 1996.<br />

14


Mais uma função<br />

O Conselho Administrativo da<br />

The Travelers Companies elegeu por<br />

unanimidade Alan D. Schnitzer,<br />

CEO da empresa, para assumir a<br />

presidência do Conselho. Ele sucede<br />

a John H. Dasburg, que assumirá o<br />

cargo de diretor geral independente,<br />

um papel que ele ocupou antes de se<br />

tornar presidente do Conselho.<br />

“Agradeço a liderança de John<br />

e estou satisfeito pelo fato de que<br />

o Conselho continuará a se beneficiar<br />

da sua visão e orientação”, diz<br />

Schnitzer.<br />

Representante<br />

na Câmara dos<br />

Deputados<br />

O 1º delegado Fenacor do Sincor-SP<br />

e responsável pela ID Seguro, Manuel<br />

Matos, foi nomeado pela Casa Civil da<br />

Presidência da República para compor o<br />

Comitê Executivo do Conselho Nacional<br />

para a Desburocratização – Brasil<br />

Eficiente. Ele será o representante da sociedade<br />

civil na Câmara dos Deputados.<br />

Formado por 22 membros, o Comitê<br />

visa ajudar o governo<br />

federal a<br />

simplificar questões<br />

administrativas.<br />

O Brasil<br />

Eficiente terá<br />

como presidente<br />

o ministro-chefe<br />

da Casa Civil,<br />

Eliseu Padilha.<br />

Country manager no<br />

Brasil<br />

Clodoaldo<br />

Azevedo assume<br />

o cargo de country<br />

manager da Mclarens<br />

do Brasil. Ele<br />

terá a missão de<br />

criar um novo escritório<br />

da empresa<br />

em São Paulo.<br />

“A cidade de São Paulo é responsável<br />

por mais de 12% do PIB do Brasil e detém<br />

o décimo maior PIB do mundo. Em menos<br />

de dez anos, a capital paulista será a sexta<br />

cidade mais rica do planeta. Com a inauguração<br />

da nova unidade de negócios, a<br />

Mclarens dá um passo fundamental para<br />

o crescimento de sua participação no<br />

mercado”, afirma o executivo.<br />

Antes de se juntar à reguladora,<br />

Azevedo atuou por 13 anos na Crawford<br />

e seis pela Addvalora.<br />

15


capa | XL Catlin<br />

Novos riscos exigem uma nova<br />

atitude no mercado de seguros<br />

Paulo Alves, Silvia Gadelha, Thisiani Martins, Renato Rodrigues, Daniela Murias e Walkiria Melo<br />

O mundo muda tão<br />

rapidamente que<br />

precisamos nos<br />

preparar para segurar<br />

riscos que sequer<br />

imaginamos. Para<br />

a XL Catlin, é na<br />

antecipação do futuro<br />

que estão as melhores<br />

oportunidades de criar<br />

valor para o cliente<br />

16<br />

Kelly Lubiato<br />

Vivemos tempos vertiginosos.<br />

No espaço de poucas gerações<br />

o mundo se globalizou<br />

e se informatizou. Propriedades<br />

e bens materiais, que eram os<br />

principais ativos de um negócio, estão<br />

cedendo o lugar para coisas intangíveis<br />

como marca e reputação. Mudanças<br />

no cenário político estão tirando os<br />

riscos políticos das telas de cinema e<br />

colocando-os nas planilhas dos gerentes<br />

de risco das multinacionais. Investidores<br />

estão cada vez mais preocupados com<br />

os riscos provocados pelo aquecimento<br />

global e querem mais informações sobre<br />

os riscos decorrentes. Acostumado a<br />

trabalhar em cima de séries históricas, o<br />

mercado de seguros precisa agora olhar<br />

para frente e antecipar os riscos gerados<br />

por tantas transformações – e os que<br />

ainda estão por vir. É, sem dúvida, um<br />

grande desafio. Mas para a XL Catlin é<br />

também uma oportunidade única de criar<br />

valor para os clientes.<br />

A XL Catlin nasceu em um momento<br />

de disrupção para enfrentar a falta<br />

de capacidade do mercado mundial de<br />

liability. Desde então, transformou a<br />

busca pela antecipação do futuro e pela<br />

inovação em seu próprio DNA. “Queremos<br />

saber para onde o risco está indo<br />

e de que forma podemos nos antecipar<br />

para nos mantermos relevantes para<br />

clientes e corretores”, resume o CEO da<br />

companhia no Brasil, Renato Rodrigues.<br />

“Isso exige investimentos em pesquisa,<br />

arrojo no lançamento de produtos, mas<br />

também um olhar crítico sobre o nosso<br />

dia a dia para sermos cada vez mais ágeis<br />

e descomplicados”, completa.<br />

Investimentos em pesquisa<br />

Se não é mais possível olhar para<br />

o passado para entender e precificar


iscos, a solução é investir em projetos<br />

que gerem tais informações. Este foi o<br />

caminho escolhido pela XL Catlin, que<br />

atualmente é parceira de pesquisas de<br />

ponta em áreas que podem parecer distantes<br />

da atual realidade – mas que, em<br />

breve, serão corriqueiras. Veículos sem<br />

motorista, por exemplo: quais os riscos<br />

patrimoniais? E de responsabilidade<br />

civil? Quão suscetíveis eles são aos riscos<br />

cibernéticos? E de quem são esses riscos?<br />

Apesar de a XL Catlin não operar<br />

diretamente na carteira de automóveis,<br />

ela utiliza o conhecimento de inteligência<br />

artificial para aplicar em outros campos,<br />

sempre com a certeza de que é preciso<br />

olhar para o futuro, porque o risco não<br />

possui mais trajetórias. “Não existe, por<br />

exemplo, estatísticas robustas para ciberataques.<br />

Verificamos apenas este tipo<br />

de risco crescendo. O desafio é olhar e<br />

descobrir como proteger”, avalia Renato.<br />

Para responder a estas e outras perguntas,<br />

a XL Catlin é uma das apoiadoras<br />

da Oxbótica, um centro de estudos de inteligência<br />

artificial que vem desenvolvendo<br />

veículos autônomos e auto -dirigíveis<br />

(driveless vehicles), em parceria com a<br />

Universidade de Oxford (Inglaterra), com<br />

o qual a seguradora pretende entender<br />

o funcionamento de veículos sem motorista<br />

e o seu impacto para os seguros<br />

de transportes de cargas e pessoas. Na<br />

Europa, estes veículos já circulam com<br />

motoristas, mas sem interferências deles.<br />

Mas um olhar mais atento ao mercado<br />

de veículos mostra outras transformações<br />

em curso. Hoje, as pessoas possuem<br />

veículos que são utilizados apenas 4% do<br />

tempo. Ou seja, eles passam 96% do dia<br />

parados. As pessoas querem ter cobertura<br />

de forma personalizada. Renato conta<br />

uma experiência que existe no Canadá:<br />

um seguro on demand para passageiros<br />

do aplicativo Uber. O motorista pode usar<br />

o carro para fins comerciais e pessoais,<br />

mas o seguro é precificado de acordo com<br />

cada uso. Assim, o seguro de responsabilidade<br />

civil é diferente para as viagens<br />

que ele faz sozinho ou para aquelas em<br />

que leva passageiros.<br />

Os novos riscos estão em lugares<br />

que as pessoas não imaginam. Ou melhor,<br />

as suas raízes vêm de problemas<br />

conhecidos, mas de forma indireta. A<br />

XL Catlin é guiada pela consciência de<br />

que as coisas vão mudar. Por esse motivo<br />

a companhia investe muito em inovação<br />

e criou um fundo chamado XL Innovate,<br />

que investe em várias soluções de seguro<br />

ou segurança relacionadas à tecnologia,<br />

que é parte de um crescente movimento<br />

Veícullo autônomo feito pela Oxbótica<br />

conhecido como “Insurtech”. Todas as<br />

atividades envolvendo risco, que recebem<br />

este venture capital andam lado a lado<br />

com a estratégia global da XL Catlin. A<br />

companhia está numa geração em que a<br />

disrupção tecnológica é fato e no mundo<br />

de seguros vê-se isso acontecer. “Mesmo<br />

com atraso, a indústria de seguros<br />

percebeu que novos aplicativos podem<br />

substituir antigas funções. Cabe a nós,<br />

como indústria, entender e desenvolver<br />

condições para que este novo mercado<br />

tenha proteção”, admite Renato.<br />

O que vem pela frente<br />

Antes, o maior impacto para as<br />

grandes corporações estava ligado quase<br />

que exclusivamente ao seu patrimônio.<br />

Agora, as questões regionais das grandes<br />

corporações são reverberadas pelas mídias<br />

sociais, o que aumenta a velocidade<br />

da troca de informações e agrava o risco<br />

reputacional. Isso sem falar em mudanças<br />

geopolíticas, guerras civis, ataques<br />

terroristas, populismo, terrorismo digital,<br />

enfim, são inúmeros os movimentos<br />

que afetam diretamente a atuação das<br />

empresas.<br />

“Temos que descobrir de que forma,<br />

como indústria de seguros, podemos<br />

ser relevantes para estes riscos. É um<br />

grande desafio também para o gerente de<br />

risco”, preocupa-se Renato. A função do<br />

gerente de risco é cada vez mais difícil,<br />

porque precisa mostrar para a diretoria<br />

da empresa que há novas necessidades de<br />

coberturas, diferentes daquelas com as<br />

quais está acostumada. É uma mudança<br />

de cultura.<br />

Neste cenário de mundo em transformação,<br />

os riscos políticos estão mais<br />

pulverizados, com interesses que se<br />

misturam. “Lançamos o produto de risco<br />

político para empresas brasileiras que investem<br />

em projetos fora do país. Os riscos<br />

cobertos compreendem proteção contra<br />

atos governamentais que atinjam investimentos<br />

da empresa no país-anfitrião”, diz<br />

Walkiria Melo, subscritora de Crédito e<br />

Riscos Políticos da XL Catlin.<br />

Em outra frente, Silvia Gadelha,<br />

Head de Linhas Financeiras no Brasil,<br />

explica como é crescente o interesse das<br />

empresas pelo seguro de riscos cibernéticos:<br />

“no Brasil, culturalmente, as empre-<br />

17


XL Catlin<br />

Foto: XL Catlin Seaview Survey<br />

Projeto Oceans Education<br />

Onde a XL Catlin investe<br />

Oxbótica: o principal estudo agora está ligado à robótica e inteligência<br />

artificial, não apenas para carros de passeio, mas para qualquer tipo de veículos<br />

e máquinas. A XL Catlin investe nas pesquisas que envolvem, por exemplo,<br />

máquinas pesadas que possam trabalhar em ambientes inóspitos, como empilhadeiras<br />

em galpões refrigerados.<br />

O principal motivo é descobrir os riscos que envolvem a responsabilidade<br />

desta operação ou caminhões sem motoristas que podem ter a sua circulação<br />

otimizada pela inteligência artificial e pela análise de dados dos clientes e cargas.<br />

XL Innovate: XL Innovate é um fundo de capital de risco focado na criação<br />

de novos empreendimentos, que podem oferecer inovação e impacto positivo<br />

e significativo no setor de seguros global. A seguradora investe capital, energia,<br />

expertise e recursos substanciais em equipes empresariais globais, que<br />

estão lidando com grandes mercados e têm o potencial de se tornarem novas<br />

empresas significativas, com ideias para abordagens inovadoras, aplicativos e<br />

melhorias tecnológicas de seguros e gerenciamento de riscos. Alguns de seus<br />

investimentos: Stonestep, Lemonade, Slice, Notion, Cape Analytics, Embroker,<br />

New Energy Risk, Oxbótica e Blockchain.<br />

Instituto Semear: apoio a estudantes de universidades de ponta para<br />

que continuem os estudos. O Instituto seleciona estudantes, cuja renda familiar<br />

seja baixa, para participarem de um projeto de mentoria para suas carreiras.<br />

Por meio de bolsas, os estudantes são estimulados a participar de processos<br />

seletivos e finalizam os estudos já com vistas para um novo emprego, dentro<br />

de sua área de conhecimento.<br />

Oceans Education: a XL Catlin patrocina pesquisas e programas educacionais,<br />

que exploram como os oceanos de nosso planeta estão mudando e quais<br />

riscos serão enfrentados no futuro. Em 2016, patrocinou a pesquisa XL Catlin<br />

Deep Ocean (Oceano Profundo), uma expedição piloto para medição da saúde<br />

e resiliência do oceano profundo. Isso segue as pesquisas Catlin Arctic, (2009-<br />

2011), que investigaram os impactos das mudanças sobre o Oceano Ártico e a<br />

pesquisa XL Catlin Seaview (Visão do Oceano) (2012-2016), que criou o primeiro<br />

parâmetro digital do mundo da saúde dos recifes de corais.<br />

A XL Catlin faz um mapeamento dos corais nos oceanos do mundo inteiro.<br />

O objetivo do projeto é mostrar como estas mudanças podem influenciar a<br />

humanidade de diversas formas. O aquecimento global afeta a vida marinha<br />

e afasta os peixes de alguns locais onde antes eles existiam em abundância.<br />

Assim, pescadores são afetados em seus rendimentos diretamente.<br />

sas não enxergavam este risco, mas com o<br />

crescente número de ataques e as práticas<br />

das grandes corporações multinacionais,<br />

isso está mudando”, avisa.<br />

Silvia conta que a legislação existente<br />

no Brasil é muito limitada, mas que já<br />

existem projetos de lei que ainda não<br />

foram aprovados. “Na XL Catlin, além da<br />

apólice de Cyber Liability que se aplica a<br />

qualquer tipo de empresa, temos também<br />

um produto exclusivo para empresas de<br />

tecnologia da informação, o Cyber Pro,<br />

que oferece proteção para ela e seus<br />

clientes no caso de danos aos bancos de<br />

dados. O Cyber Pro reúne em uma única<br />

apólice as coberturas de Cyber, E&O e<br />

RC Produtos, desenvolvida para evitar<br />

lacunas no momento do sinistro. Além<br />

do risco cibernético, cobre a falha profissional<br />

da empresa e a falha do produto<br />

que a empresa comercializa e distribui”,<br />

explica Silvia.<br />

A diretora Técnica da XL Catlin,<br />

Thisiani Martins, avalia que, apesar de<br />

haver um ambiente muito regulado no<br />

País, a Superintendência de Seguros Privados<br />

(Susep) mostra-se bastante aberta<br />

a conversas para entender a necessidade<br />

do mercado e estruturar produtos novos,<br />

como o Cyber Pro. “Cabe a nós entendermos<br />

a regulamentação determinada pela<br />

Susep para alinhar e desenvolver produtos<br />

bem definidos. Assim, obtemos sucesso na<br />

aprovação de produtos”, aponta.<br />

Renato acredita que as companhias<br />

do mercado devem manter este estreito<br />

relacionamento com o regulador, para que<br />

consigam trazer as inovações de forma<br />

adequada. “A regulação não pode ser<br />

uma desculpa para a falta de inovação”,<br />

enfatiza.<br />

18


Um bom exemplo de como o mercado<br />

e os reguladores podem caminhar<br />

em paralelo é o seguro de drones. Estes<br />

equipamentos já eram utilizados em<br />

larga escala no País, mas apenas no<br />

mês de maio foram efetivamente regulamentados.<br />

A Head de Aviação da<br />

XL Catlin, Daniela Murias, conta que<br />

a ANAC (Agência Nacional de Aviação<br />

Civil) categorizou os aparelhos de acordo<br />

com sua utilização - drones são os equipamentos<br />

de uso comercial, corporativo<br />

ou experimental, enquanto equipamentos<br />

utilizados para fins recreativos foram<br />

enquadrados como aeromodelos. Dentro<br />

da categoria “drones”, os equipamentos<br />

foram classificados conforme seu peso e<br />

limitações de operação, sendo que o maior<br />

volume destes equipamentos fica na Classe<br />

3 – peso menor ou igual a 25 kg e operados<br />

em até 120m do nível do solo e dentro da<br />

linha visual do operador remoto.<br />

A seguradora lançou um produto<br />

para drones antes mesmo da regulamentação<br />

destes aparelhos, porque havia<br />

demanda por parte dos clientes que já<br />

possuíam autorização especial da ANAC.<br />

Daniela conta que a procura pelo produto<br />

aumentou bastante após a publicação da<br />

regulamentação, pois os drones foram definidos<br />

como aeronaves e, portanto, com<br />

obrigatoriedade de seguro de responsabilidade<br />

civil. “Agora eles contam com<br />

os mesmos produtos que já disponibilizávamos<br />

para a aviação geral, mas para<br />

a seguradora é um risco completamente<br />

diferente: não há a presença de piloto a<br />

bordo, além das restrições de acordo com<br />

a distância guardada para pessoas não<br />

anuentes, e os voos devem ser distantes<br />

de aeroportos e outras aeronaves. É uma<br />

subscrição mais delicada”, destaca, acrescentando<br />

que os equipamentos acoplados<br />

ao drone também podem ser declarados<br />

e somados ao valor da cobertura do aparelho,<br />

já que muitas vezes estes são mais<br />

valiosos do que o próprio drone.<br />

Ainda neste tema, Paulo Alves, Head<br />

de Marine no Brasil, lembra que a utilização<br />

destes aparelhos pode ser muito<br />

diversificada. Os drones estão sendo testados<br />

em empresas de courier e entregas<br />

rápidas de pequenas encomendas, assim<br />

como em locais que normalmente outros<br />

meios de transportes não alcançam. “No<br />

futuro, o drone poderá ser utilizado como<br />

meio de proteção, fazendo a escolta para<br />

cargas em caminhões e até patrulhamento<br />

de grandes armazéns logísticos”.<br />

O perfil dos negócios<br />

O fato é que a indústria do seguro<br />

mudou e vai mudar mais ainda. Estudar e<br />

colocar os subscritores na linha de frente<br />

são duas formas de encarar este cenário<br />

desafiador. Por isso, o subscritor de hoje<br />

não é o mesmo do tempo de mercado<br />

tarifado ou de monopólio de resseguro.<br />

Ele é uma pessoa de relacionamento, que<br />

entende o momento do cliente, entende o<br />

risco e provê a solução, que taxa o risco<br />

de acordo com as informações que recebe<br />

do corretor de seguros e do cliente.<br />

“Quem entende de produtos consegue<br />

elaborar um bom clausulado. Por<br />

isso, nós migramos do subscritor de<br />

riscos para o subscritor de negócios”,<br />

enfatiza Renato Rodrigues. A XL Catlin<br />

não possui uma área comercial centralizada.<br />

Hoje, este setor cuida prioritariamente<br />

de estratégia de distribuição,<br />

do relacionamento com o mercado e do<br />

posicionamento de marketing. Quem<br />

visita os corretores e fecha os negócios<br />

são responsáveis por cada área.<br />

Estas pessoas têm o poder para fechar<br />

negócios. Por ser uma companhia<br />

descentralizada, quem está na operação<br />

local consegue definir as condições dos<br />

contratos, o que proporciona grande<br />

agilidade aos processos. “Para nós,<br />

inovação não é só antecipar o futuro: é<br />

também olhar para o presente e descobrir<br />

formas de atender melhor corretores<br />

e empresas. De forma justa e cada vez<br />

mais ágil, rápida, eficiente e relevante”,<br />

sintetiza Renato.<br />

É por isso que a XL Catlin conta com<br />

uma premiada plataforma tecnológica,<br />

que permite aos clientes acompanhar<br />

seus processos online e em tempo real<br />

de qualquer parte do planeta.<br />

19


grandes riscos | mercado<br />

Movimentos no tabuleiro<br />

Mudanças no mercado não devem impactar<br />

negativamente a carteira, mas deverão<br />

demandar mais expertise e qualificação de<br />

quem se mantiver nas grandes apostas<br />

Amanda Cruz e Kelly Lubiato<br />

Grandes obras, infraestrutura,<br />

aportes em energia e um<br />

mercado de seguros pujante<br />

para assegurar todos esses<br />

investimentos. Essa era a visão da área de<br />

Grandes Riscos há alguns anos, mas isso<br />

não se sustentou em meio à crise política<br />

e econômica. A recessão chegou e o que<br />

era aposta certeira virou vontade de virar<br />

o jogo. Cenário de desilusão para uns,<br />

para outros a certeza de que o problema<br />

é passageiro. “A expectativa que havia foi<br />

frustrada por esse cenário. Todavia, isso<br />

é uma postergação e não uma abdicação<br />

dos projetos de grandes obras”, afirma<br />

Robert Bittar, presidente da Funenseg.<br />

O Brasil tendeu a se acostumar com<br />

a ciclicidade de suas crises, mas agora<br />

a já difundida crise política parece ancorar<br />

essas dificuldades. Para Vanderlei<br />

Moreira, vice-presidente da Associação<br />

Brasileira de Gerência de Riscos –ABGR<br />

– é na instabilidade política que mora o<br />

problema. O País já passou por outros<br />

20<br />

empecilhos como crises energéticas que<br />

frearam o setor, diminuindo a sede de<br />

ampliação de investimentos e, para Moreira,<br />

isso afetou apenas parcialmente a<br />

área de Grandes Riscos, mas as renovações<br />

de apólices – como as de parques<br />

fabris, usinas hidrelétricas etc. dão o<br />

tom para que haja ritmo de continuidade<br />

nos negócios. “O que não temos é o<br />

crescimento da área de grandes riscos.<br />

Muito possível, se a crise perdurar, em<br />

breve haverá o encolhimento da área,<br />

porque os parques fabris irão diminuir,<br />

fazendo com que muitas indústrias multinacionais<br />

reavaliem suas operações no<br />

Brasil”, opina.<br />

O cenário é preocupante, mas o<br />

otimismo ainda é hábito costumeiro no<br />

mercado, tanto que mesmo com dificuldades<br />

nos últimos dois anos, houve<br />

apetite para aquisições. A SulAmérica<br />

decidiu sair da área, em 2015, mas a Axa<br />

foi ao seu encontro e, em 2016, garantiu a<br />

compra da carteira. Já em 2017, uma das<br />

principais novidades foi a joint venture<br />

da Bradesco Seguros com a Swiss Re<br />

Corporate Solutions. A brasileira agora<br />

aporta sua carteira de Grandes Riscos<br />

na resseguradora suíça, tomando, com<br />

esse acordo, o terceiro lugar entre as<br />

❙❙Robert Bittar, da Funenseg


maiores do ramo no País. “Esta transação<br />

cria uma das líderes no mercado de<br />

seguros comerciais de grandes riscos no<br />

Brasil, com potencial para crescimento<br />

acelerado, tendo em vista a utilização<br />

dos canais de distribuição da Bradesco<br />

Seguros”, afirma Luciano Calheiros,<br />

CEO da Swiss Re Corporate Solutions<br />

Brasil. Com a mudança, a resseguradora<br />

terá acesso aos canais de seguradora em<br />

todo Brasil, ampliando sua capilaridade<br />

e tornando-se um bom exemplo de como<br />

há players investindo pesado no setor<br />

e, consequentemente, na expectativa<br />

de melhora. “O mercado está bastante<br />

desafiador e isso reflete nossa estratégia<br />

para o ano. Continuamos focados em<br />

segmentos que, tradicionalmente, já<br />

eram relevantes na carteira da Swiss Re<br />

Corporate Solutions, como seguro rural<br />

e seguro garantia, e queremos avançar<br />

em segmentos importantes com os quais<br />

ganhamos relevância a partir da incorporação<br />

da carteira da Bradesco Seguros”,<br />

explica Calheiros.<br />

Além disso, o processo de abertura de<br />

IPO (oferecimento de ações para o mercado)<br />

do IRB Brasil Re também chama<br />

atenção dos investidores. O ressegurador,<br />

que até 2007 era um monopólio estatal,<br />

está aberto para receber acionistas. Embora<br />

a crise tenha feito a companhia adiar<br />

um pouco esses planos, a precificação dos<br />

papeis foi fechada pelo piso de R$ 27,24 e<br />

teve muito apoio de um de seus principais<br />

controladores, o governo, que pretende<br />

arrecadar recursos com esse passo.<br />

❙❙Vanderlei Moreira, da ABGR<br />

Sobre essas mudanças, Moreira<br />

acha que duas vertentes se desenham: as<br />

seguradoras que mudaram sua estratégia<br />

de mercado e decidiram que não focariam<br />

mais nesse tipo de risco, e as que<br />

tiveram que tomar a decisão com base na<br />

margem de lucro. Para atuar em grandes<br />

riscos, a Zurich, por exemplo, se dispôs<br />

a conhecer muito bem as peculiaridades<br />

de seus clientes. “Ela investiu na busca<br />

de soluções de seguros customizadas e<br />

na área de subscrição com profissionais<br />

extremamente qualificados, capazes<br />

de propor soluções únicas”, esclarece<br />

Celso Soares Junior, superintendente de<br />

Subscrição de Seguros Empresariais da<br />

Zurich no Brasil.<br />

Para Julio Costa, sócio do Tauil &<br />

Chequer Advogados, a crise econômica<br />

brasileira não é algo que deva ser menosprezado<br />

diante da conjuntura atual<br />

dos Grandes Riscos, mas ele destaca que<br />

outras carteiras devem ser igualmente<br />

afetadas nessa baixa. Ainda assim, o<br />

executivo enxerga em seu prognóstico<br />

alguma margem para o crescimento em<br />

2017. “Ainda que o Brasil não tenha uma<br />

definição uníssona do que são compostas<br />

as carteiras de Grandes Riscos, fato é que<br />

alguns produtos habitualmente classificados<br />

dentro delas - como, por exemplo, o<br />

Seguro Garantia (Setor Público e Privado)<br />

e Riscos de Petróleo - tiveram suas performances<br />

severamente atingidas pelas<br />

crises dos últimos anos”, ressalta o advogado.<br />

Em contraponto, Costa lembra que<br />

alguns riscos como Aeronáuticos e Cascos<br />

Marítimos, que também tiveram dificuldades<br />

em seus desempenhos, não foram<br />

atingidos de forma tão significativa pelo<br />

momento ruim, mas por fatores externos.<br />

Competitividade<br />

Robert Bittar lembra que há algo de<br />

bom a ser observado no cenário atual: a<br />

operação de grandes riscos está dividida<br />

entre algumas poucas seguradoras, acentuando<br />

a competitividade da carteira nas<br />

resseguradoras e garantindo preços mais<br />

acessíveis em todas as modalidades de<br />

contratação. “Contribui ainda para isso o<br />

fato de que, nos últimos anos, não houve<br />

qualquer ocorrência catastrófica capaz<br />

de impactar globalmente o resultado das<br />

operações de resseguros”, ressalta.<br />

❙❙Celso Soares Junior, da Zurich<br />

Moreira levanta o fato da diminuição<br />

de companhias aceitando esses<br />

riscos, mas destaca que a concentração<br />

proporciona melhoria nas carteiras das<br />

companhias. “A consequência disso é a<br />

redução de taxas, uma vez que as seguradoras<br />

poderão ter mais dados históricos<br />

para negociar essa redução junto aos<br />

resseguradores.”, explica.<br />

Para o analista da Taiul & Chequers,<br />

não se pode deixar de lado os pontos<br />

negativos que ainda chamam a atenção<br />

e preocupam, como a ausência de uma<br />

política governamental que reconheça a<br />

importância do setor para a sociedade.<br />

“É fundamental que se compreenda que<br />

a atividade securitária desonera o Estado<br />

e aumenta as poupanças institucionais,<br />

além de representar uma salvaguarda aos<br />

direitos da população”, comenta. Costa<br />

critica ainda o que chama de “excessiva<br />

intervenção do órgão supervisor na<br />

regulação dos Grandes Riscos”, citando<br />

os clausulados padronizados para a cobertura<br />

de riscos complexos. Isso, para<br />

ele, dificulta o desenvolvimento.<br />

Mas os grandes riscos são feitos também<br />

de pensamentos estruturados e de<br />

longo prazo e, balanceando a visão, Costa<br />

destaca que “os pacotes de concessões e<br />

privatizações em áreas aeroportuárias,<br />

óleo e gás e transporte, aliados aos primeiros<br />

sinais de crescimento econômico,<br />

são pontos positivos para a retomada<br />

desse mercado”.<br />

Com a retomada da economia o<br />

mercado de seguros de grandes riscos<br />

deve voltar para o rumo do crescimento,<br />

21


mercado<br />

Austral começa a operar em Riscos<br />

Operacionais de Grandes Riscos<br />

❙❙Luciano Calheiros, da Swiss Re<br />

principalmente nas carteiras ligadas à<br />

construção, como RC Obras, RC Profissional,<br />

Engenharia e Garantia. “Para 2018<br />

existe grande expectativa de crescimento<br />

a partir do momento que investimentos<br />

neste setor sejam retomados, aposta Soares<br />

Junior, da Zurich.<br />

Sem surpresas<br />

Todas as movimentações que ocorrem<br />

agora, portanto, não são surpresas ou<br />

sinais de que algo não vai bem. O momento<br />

pode ser difícil, mas por isso mesmo<br />

as seguradoras pretendem focar em sua<br />

expertise. Os especialistas acreditam que<br />

esses reposicionamentos são naturais<br />

de mercado, tanto aqui quanto mundo<br />

afora. “É exatamente o que se busca em<br />

uma incorporação ou joint venture, por<br />

exemplo. Via de regra, aquele que detém<br />

expertise prevalece sobre aquele que<br />

❙❙Julio Costa, do Tauil& Chequer<br />

22<br />

A Austral Seguradora está lançando<br />

uma nova cobertura em Riscos<br />

Operacionais de Grandes Riscos em<br />

liderança. A operação terá início em<br />

setembro. O foco do novo produto são<br />

os setores industrial, fabril, rodoviário e<br />

energia. “Mas todos os segmentos serão<br />

analisados de forma personalizada”,<br />

enfatiza Alessandra Miranda, head de<br />

Property e Casualty da empresa.<br />

A escolha pela abertura desta<br />

carteira, na qual a Austral já atua em<br />

cosseguro aceito, vai ao encontro da<br />

necessidade dos clientes em ter um<br />

atendimento mais completo. Em um<br />

futuro próximo, a Austral abrirá as<br />

carteiras de Responsabilidade Civil e<br />

Riscos Diversos. “Queremos atender o<br />

cliente no conjunto de suas demandas,<br />

desde os riscos de Garantia e Engenharia<br />

até o Property. Não queremos ser<br />

os maiores, mas os melhores. Nossa<br />

meta é ser vista como a seguradora<br />

que entende, de fato, o negócio do<br />

cliente”, ressalta.<br />

O grande diferencial desta operação<br />

é a personalização do atendimento,<br />

com ênfase na qualidade e<br />

na eliminação de burocracia, criando<br />

soluções exclusivas para atender às<br />

detém o capital. Isso interessa a ambas<br />

as partes”, esclarece Bittar. Regras de<br />

solvência, aprimoramento de práticas de<br />

controle e gestão de riscos e demanda por<br />

especialização todos esses são fatores que<br />

determinam as escolhas das empresas em<br />

continuar ou não em um segmento. “Apesar<br />

de movimentar elevados prêmios,<br />

a carteira também demanda fôlego das<br />

seguradoras; enquanto os grandes players<br />

mundiais da indústria securitária sentem-<br />

-se mais confortáveis para lidar com as<br />

elevadas reservas de capital decorrentes<br />

da subscrição de Grandes Riscos, os<br />

operadores nacionais preferem manter<br />

suas posições no varejo, onde dominam<br />

as redes de distribuição e atendimento”,<br />

elucida Julio Costa.<br />

Para voltar ao jogo não é preciso<br />

fazer conjecturas mirabolantes, mas<br />

necessidades do cliente, sempre com<br />

transparência para fortalecer os laços e<br />

proporcionando agilidade às negociações.<br />

Alessandra explica que o foco é o<br />

serviço e que cada risco será analisado<br />

em conjunto com o cliente, de forma a<br />

entender as suas preocupações.<br />

O Property foi estruturado a<br />

pedido dos próprios clientes, que não<br />

encontram no mercado a eficiência no<br />

atendimento. “A capacidade inicial é<br />

de R$ 100 milhões. Mas a expectativa<br />

é ampliá-la até o final do ano”, conclui<br />

a executiva.<br />

melhorar internamente para que isso se<br />

reflita no mercado. Especialização, qualificação<br />

e gerenciamento de risco serão<br />

ferramentas cruciais; intercâmbio com o<br />

mercado internacional e compreensão do<br />

mercado local também. “É preciso que<br />

sejam promovidas inserções de princípios<br />

e costumes securitários, amplamente<br />

utilizados em outros mercados desenvolvidos”,<br />

aconselha o advogado. Mas a<br />

melhora não depende só da boa vontade<br />

do setor de seguros. “O mercado busca<br />

crescer em segmentos não “tradicionais”,<br />

como seguro Garantia Judicial e apostando<br />

em novos produtos como Cyber. No<br />

entanto, as obras de infraestrutura são<br />

importantes para movimentar a demanda<br />

por diferentes tipos de produtos disponibilizados<br />

pelas seguradoras”, avalia<br />

Soares Junior, da Zurich.


23


iscos financeiros | garantia judicial<br />

Liquidez e<br />

reestruturação<br />

Grande aposta do mercado em 2015,<br />

modalidade volta a ganhar destaque com<br />

perspectivas de crescimento em 2017<br />

Em 2015, o Seguro Garantia Judicial<br />

passou por importantes<br />

mudanças. Com a aprovação<br />

do Projeto de Lei de conversão<br />

da MP 651/14, ele continuou equiparado<br />

à caução em dinheiro nos processos de<br />

execução fiscal e incluiu a necessidade<br />

de dois anos de vigência das apólices e o<br />

fim da obrigatoriedade de ter comprovada<br />

a presença de resseguro para valores<br />

acima de R$ 10 milhões segurados. Isso<br />

fez com que essa modalidade fosse uma<br />

das grandes apostas daquele ano, quando<br />

os ganhos foram 30% maiores do que<br />

em 2014.<br />

De fato, a modalidade mostrou sua<br />

força e concretizou as expectativas e<br />

a crise, que muitas vezes é a algoz do<br />

crescimento, acabou por destacá-la, já<br />

que os outros tipo de garantia, como a<br />

de performance, ficaram de lado. Em<br />

Amanda Cruz<br />

2016, o crescimento foi de 20% e, só no<br />

primeiro trimestre de 2017, a carteira já<br />

aumentou 19%, acompanhando a boa<br />

onda. “A minha projeção, para o ano<br />

[2017], é um crescimento de 20,25% o<br />

que deve resultar em aproximadamente<br />

R$ 2 bilhões de prêmios emitidos; no último<br />

ano esse número foi de R$ 1,6 bilhão.<br />

As mudanças foram positivas porque, em<br />

dois anos de crise, conseguimos manter<br />

o crescimento da carteira”, comemora<br />

Rodrigo Loureiro, head de Surety Brazil<br />

da Willis Towers Watson.<br />

O cenário foi até além do esperado.<br />

Até meados de 2008, nem mesmo os<br />

magistrados conheciam bem a modalidade<br />

e as próprias seguradoras não<br />

dominavam o produto. Com o passar<br />

dos anos, o conhecimento sobre essa<br />

alternativa se espalhou, trazendo não<br />

somente uma opção, mas expandindo<br />

o conhecimento sobre o mercado e a<br />

viabilidade do produto. “Hoje, 90%<br />

das grandes empresas não usam mais<br />

fiança bancária. Sendo assim, elas operam,<br />

conhecem ou estão começando a<br />

demandar o Garantia Judicial. É muito<br />

difícil alguma empresa que nunca tenha<br />

sequer ouvido falar do produto”, afirma<br />

Stephanie Zalcman, diretora de Seguro<br />

Garantia da JLT. Taxas mais baixas,<br />

preços menores e a garantia de não<br />

onerar o balanço da empresa tomando<br />

limite de crédito - como acontece nos<br />

bancos – são algumas das vantagens<br />

que levam a Garantia Judicial a ter cada<br />

vez mais clientes.<br />

Enquanto os investimentos em<br />

infraestrutura ficaram estagnados no<br />

País, o mercado se concentrou muito<br />

na Garantia Judicial. “Apesar de não<br />

termos mais a separação na Susep para<br />

avaliar efetivamente, podemos afirmar,<br />

até com certo conservadorismo, que<br />

essa modalidade representou 65%<br />

do mercado de Garantias”, constata<br />

Daniela Dúran, gerente de Produtos<br />

Financeiros da Aon Brasil.<br />

Investigações e<br />

consequências<br />

Como passar ao largo da crise?<br />

Daniela explica que a crise, em si,<br />

não foi um catalisador para o produto,<br />

mas alguns fatores que vêm com ela<br />

contribuem para o aumento. “O fisco<br />

precisa compensar a desaceleração da<br />

arrecadação de impostos e ele vê as<br />

autuações fiscais como uma possibilidade”,<br />

exemplifica. Por outro lado, a<br />

capacidade econômica financeira das<br />

empresas acaba piorando, o que faz<br />

com que as seguradoras sejam mais<br />

cautelosas na aceitação de riscos. Mesmo<br />

assim, o mercado de seguros leva<br />

vantagem, já que ao mesmo tempo os<br />

bancos têm restrição de crédito.<br />

O produto é, em última análise,<br />

uma garantia financeira dada em nome<br />

de uma empresa, se ela for condenada<br />

em processo judicial e não efetuar o<br />

pagamento da indenização, a seguradora<br />

cobre. Portanto, a modalidade é<br />

afetada porque com menos capacidade<br />

dessas empresas, os sinistros podem<br />

aumentar e a subscrição precisa ser<br />

24


❙❙Stephanie Zalcman, da JLT<br />

mais cuidadosa. Assim, as empresas com<br />

boa saúde financeira são recompensadas.<br />

Segundo o executivo da Willis, uma<br />

bolha no mercado poderá estourar. “Há<br />

muitas empresas sendo investigadas em<br />

outras operações além da Lava-Jato,<br />

sejam operações fiscais ou policiais. Se<br />

forem efetuadas todas as garantias para<br />

os processos da CAF – Comitê de Fusões<br />

e Aquisições que supervisiona e regula as<br />

aquisições de empresas – o mercado deve<br />

dar uma guinada e, se for esse ano, chegar<br />

a 25% de crescimento”, explica. Como<br />

as garantias judiciais são baseadas nas<br />

fiscais, o rumo sempre estará atrelado à<br />

fiscalização do governo. Se ela está mais<br />

rígida, as empresas enfrentam processos<br />

judiciais. “Agora que o governo precisa<br />

de caixa, acredito que isso deverá crescer.<br />

Com o tempo, as empresas começam a<br />

ficar mais exigentes. Se o governo está<br />

apertando muito a fiscalização, elas começam<br />

a andar mais na linha. De certa<br />

forma, com o tempo o crescimento pode<br />

decair”, completa Loureiro.<br />

Com mais critério nas análises, o<br />

contato entre seguradoras e seus clientes<br />

de Garantia Judicial está mais próximo<br />

do que nunca. É claro que as condições de<br />

uma empresa podem vir a mudar caso ela<br />

sofra um impacto financeiro. Atualmente,<br />

empresas investigadas têm pouca ou<br />

nenhuma chance de conseguir uma nova<br />

apólice para garantir seus pleitos judiciais,<br />

o que acabou sendo benéfico para o<br />

mercado. “Aliado a tudo isso, tem a crise<br />

política. As grandes empreiteiras sempre<br />

foram tomadoras de seguro garantia e<br />

estão enfrentando problemas políticos.<br />

O mercado ressegurador e as empresas<br />

internacionais ficam mais conservadoras<br />

e talvez não tão receptivas para alguns<br />

riscos que aceitavam antes. Os grandes<br />

projetos eram movimentados por essas<br />

empreiteiras, por isso os investimentos<br />

foram concentrados na modalidade<br />

judicial nos últimos dois anos”, ressalta<br />

Daniela.<br />

O apetite muda, mas as companhias<br />

encontram maneiras de navegar, ainda<br />

que em mares agitados. “Os próprios resseguradores<br />

internacionais vêm ao Brasil<br />

para conhecer a operação e entender porque<br />

há tantos processos judiciais aqui. Lá<br />

fora não existem tantos litígios e quando<br />

há são resolvidos rapidamente. No País,<br />

um processo pode durar 10 anos. Muitos<br />

resseguradores estrangeiros tiveram aumento<br />

considerável em suas carteiras por<br />

aqui”, comenta Stephanie, da JLT.<br />

Ampla aceitação<br />

Com a crescente aceitação do seguro<br />

Garantia Judicial, as modalidades<br />

bancárias se tornaram, de certa forma,<br />

obsoletas. Mas isso não faz com que o<br />

seguro esteja totalmente finalizado. As<br />

mudanças de 2015 foram importantes e<br />

trouxeram mais corretores com desejo de<br />

especialização, mas alguns ajustes legais<br />

podem ser necessários. “Pensando desde<br />

2007, quando houve o primeiro registro na<br />

lei, até os dias de hoje o produto evoluiu<br />

bastante. Na esfera cível, ele já tinha previsão<br />

legal, na esfera fiscal, com a reforma na<br />

lei de isenções, em 2014, ele passou a ser<br />

previsto como uma modalidade apta para<br />

❙❙Rodrigo Loureiro, da Willis<br />

❙❙Daniela Dúran, da Aon<br />

garantir essas isenções. Quando olhamos<br />

para a esfera trabalhista, acreditamos que<br />

a recente reforma da CLT também passará<br />

a aceitar a garantia em seus processos”,<br />

elucida Daniela.<br />

Loureiro observa que, embora a<br />

legislação possa ser repensada e, quem<br />

sabe, melhorada, isso dependerá muito de<br />

fatores externos. “As seguradoras estão<br />

tentando aprovar uma nova legislação,<br />

aumentando o percentual de importância<br />

segurada em contratos públicos, porque<br />

hoje eles entendem que é baixo [5%] - as<br />

companhias querem 30%. Mas isso só<br />

vai passar no congresso depois de todas<br />

as reformas que o governo pretende. Essa<br />

matéria é secundária agora”, sinaliza.<br />

Já Stephanie vê mais mudanças possíveis<br />

e necessárias. “Muita coisa ainda<br />

pode mudar para melhorar a aceitação<br />

dos juízes e fazê-los entender melhor<br />

como funciona o produto. Quando acompanhamos<br />

o cliente, vemos que as dúvidas<br />

são menos em relação ao seguro do que às<br />

seguradoras. Pois elas não são as mesmas<br />

que atuam no ramo de automóveis, por<br />

exemplo. São desconhecidas aos olhos<br />

do magistrado. Por isso, eles precisam<br />

saber bem o quanto aquela companhia<br />

pode assegurar, de fato”, explica.<br />

O otimismo é claro em quem atua<br />

com o produto, porque ele começa a<br />

aparecer em um momento que os créditos<br />

bancários são baixos e que nunca se<br />

precisou tanto de uma alternativa para<br />

arcar com as obrigações e fazer ao máximo<br />

para que as empresas não quebrem<br />

enquanto passam por mais esse momento<br />

de turbulência.<br />

25


gerenciamento de riscos | transportes<br />

O destino das cargas<br />

Transportadores, corretores de seguros e<br />

seguradores procuram maneiras de continuar a<br />

proteger a circulação em rodovias em meio ao<br />

aumento da criminalidade<br />

Amanda Cruz<br />

Para um País que depende majoritariamente<br />

de transporte<br />

rodoviário para fazer as cargas<br />

circularem, a condição desse<br />

modal não vai muito bem. Além das<br />

estradas com condições inadequadas,<br />

o roubo de cargas acendeu o alerta<br />

vermelho para os transportadores e faz<br />

especialistas do mercado pensarem na<br />

possibilidade das seguradoras deixarem<br />

de atender o risco nas localidades mais<br />

preocupantes. Os prejuízos com esses<br />

sinistros registraram, nos últimos seis<br />

anos, custo de mais de R$ 6 bilhões. O<br />

País foi considerado o 8° lugar mais perigoso<br />

para essa modalidade pelo comitê<br />

do setor de cargas do Reino Unido. O<br />

Rio de Janeiro é o expoente dos riscos,<br />

com mais de 9 mil roubos de cargas<br />

registrados em 2016. “Historicamente,<br />

o setor de logística sempre sofreu com<br />

a falta de investimentos no Brasil. Os<br />

investimentos sempre estiveram aquém<br />

das necessidades de um país de proporção<br />

continental”, atesta Adailton Dias, diretor<br />

de Transportes, Sinistros e Planejamento<br />

Estratégico da Sompo Seguros. Ele afirma<br />

que as organizações criminosas têm<br />

sido bem sucedidas em atingir um nível<br />

de sofisticação que supera os investimentos<br />

do Estado.<br />

“Há uma soma de fatores que levam<br />

a esse cenário: crises institucionais, o<br />

foco em roubo de cargas - por conta da<br />

facilidade de distribuição dessas mercadorias<br />

- e a redução da fiscalização da<br />

Polícia Rodoviária Federal. É um mo-<br />

26<br />

mento de tensão e as seguradoras estão<br />

muito mais críticas na aceitação do risco,<br />

mais criteriosas. Mesmo assim, há espaço<br />

para expansão”, explica Iramil Bueno<br />

de Araújo, gerente geral Comercial de<br />

Transportes e Gerenciamento de Riscos<br />

da Rodobens Corretora de Seguros.<br />

Seguro e segurança<br />

O mercado de seguros faz sua parte,<br />

oferecendo diversas coberturas e até<br />

participando de obrigatoriedades de<br />

proteção. Por isso, apesar dos cuidados<br />

redobrados, a carteira apresenta aumento<br />

de procura. Esse movimento era<br />

esperado, já que em época de ameaças<br />

as pessoas tendem mais a procurar mais<br />

proteção. O seguro de Responsabilidade<br />

Civil do Transportador é de contratação<br />

obrigatória e há também o RC Facultativo,<br />

que, de acordo com Araújo, é bastante<br />

contratado. “Quanto às coberturas<br />

adicionais, depende muito do tipo da<br />

carga que é transportada. Quem entrega<br />

muito na região do Pantanal, contrata a<br />

cobertura de trajeto fluvial, por exemplo”,<br />

explica. Há ainda o risco de avarias para<br />

quem transporta bebidas, móveis e coisas<br />

frágeis em geral; transporte de máquinas<br />

que necessitam de outro maquinário para<br />

fazer a carga e a descarga e içamento,<br />

entre tantas outras opções.<br />

Ainda que existam essas modalidades<br />

obrigatórias, mesmo com tanta<br />

utilização, a contratação está aquém do<br />

que deveria. Um espaço para o mercado<br />

crescer, sem dúvidas, mas também<br />

a preocupação sobre a efetividade do<br />

avanço da cultura de seguro às pessoas<br />

responsáveis pela movimentação de boa<br />

parte da produção nacional.<br />

Imprescindível, mas com muita necessidade<br />

de especialização, o produto<br />

precisa ter, não somente no segurador<br />

mas também no corretor, a figura de<br />

quem entende o que está fazendo. O<br />

transportador sabe na prática quais são<br />

as dificuldades, mas apenas o especialista<br />

pode dizer a ele, como, quando e<br />

onde contratar, esclarecendo os riscos e<br />

as leis que permeiam cada contratação.<br />

Para o corretor de seguros que quiser<br />

especializar-se, esse sem dúvida, pode<br />

ser um bom caminho, porque há muito<br />

mais a ser avaliado e aprendido sobre<br />

a carteira. “Mesmo que o roubo seja<br />

um problema muito sério, também há<br />

ocorrências igualmente críticas como<br />

acidentes no trajeto, derramamento de<br />

carga, acidentes durante o embarque,<br />

atrasos na entrega, entrega de mercadorias<br />

com avarias e outros fatores externos<br />

que podem impactar economicamente a<br />

operação”, lembra Dias.<br />

O maior engajamento dos transportadores<br />

que estão próximos aos corretores<br />

na hora de fechar a apólice é muito<br />

positivo. Eles entendem o que contratam<br />

e pensam mais em como mitigar seus riscos.<br />

“As circunstâncias levam o transportador<br />

para isso. Ele sabe que, se houver<br />

muitos sinistros, pode ter dificuldade de<br />

renovar a apólice ou ter seu custo muito<br />

mais elevado. Ele precisa participar, pois


não é um trabalho possível de ser feito<br />

isoladamente”, enfatiza Dias.<br />

Só que na visão de Jamil Badreddini,<br />

diretor da Monte Líbano Corretora de<br />

Seguros, localizada em Goiânia, o processo<br />

de trazer o transportador para perto<br />

é um trabalho árduo para os corretores.<br />

“O empresariado goiano ainda não tem<br />

a cultura de buscar por essa proteção nos<br />

processos dos embarcadores, pois grande<br />

parte de suas cargas são terceirizadas para<br />

as transportadoras. Cresce através dos<br />

corretores a divulgação do ramo de Transporte<br />

Nacional a esse público”, pondera.<br />

❙❙Adailton Dias, da Sompo<br />

Escoamento agropecuário<br />

A região Sudeste é, certamente,<br />

muito afetada, mas outros locais também<br />

têm visto esse assustador crescimento.<br />

O Estado de Goiás, nacionalmente<br />

conhecido pelo transporte por conta<br />

da movimentação agropecuária, é um<br />

exemplo desse aumento. De acordo<br />

com dados da Secretaria de Segurança<br />

Pública e Administração Penitenciária,<br />

em 2016 o índice de roubos nas estradas<br />

cresceu 30% - em comparação com<br />

2015. “Estamos falando do estado que é<br />

o quarto produtor de grãos, com ampla<br />

área voltada às culturas de soja, sorgo,<br />

milho, cana-de-açúcar, leguminosas,<br />

entre outras. Goiás também é detentor do<br />

terceiro maior rebanho bovino do Brasil,<br />

além da sexta posição tanto na suinocultura<br />

quanto na avicultura. Números como<br />

esses não podem ser ignorados”, destaca<br />

o executivo da Sompo.<br />

Qualquer tipo de carga é alvo. Eletroeletrônicos,<br />

pneus, produtos alimentícios,<br />

bebidas etc. “Dentro do ramo alimentício,<br />

o que chama atenção é que houve aumento<br />

na parte de laticínios, que antes<br />

não tinha uma incidência tão grande”,<br />

exemplifica Iramil Araújo. Adaílton Dias<br />

completa a informação, afirmando que na<br />

região de Goiás, produtos do agronegócio<br />

também são um risco. “De grãos até<br />

cargas vivas (bovinos, suínos etc), que há<br />

um tempo era um tipo de carga menos<br />

visada”, explica.<br />

No início de 2017, a Polícia Federal<br />

e a Polícia Rodoviária Federal, além da<br />

Polícia Militar de Goiás cumpriram 82<br />

mandatos judiciais na ação intitulada<br />

Hicsos, elaborada para parar uma quadrilha<br />

de saqueadores responsável por, em<br />

média, 25 roubos por mês, causando um<br />

prejuízo estimado em R$ 30 milhões. A<br />

investigação leva a crer que empresários<br />

financiavam essas ações. Os produtos<br />

roubados eram, posteriormente, vendidos<br />

como se fossem mercadoria legal.<br />

Badreddini atesta no cotidiano esse<br />

momento. “Tínhamos clientes que não<br />

haviam passado por sinistros e, de repente,<br />

chegaram até a ter quatro sinistros em uma<br />

mesma vigência. A recessão e os problemas<br />

de ordem política da nossa nação<br />

levaram ao caos, especialmente em 2016,<br />

afetando os resultados técnicos”, afirma.<br />

O medo de roubos é tão alto que,<br />

em algumas estradas, muitos motoristas<br />

só trafegam em comboio, por ser uma<br />

iniciativa que coíbe a ação dessas quadrilhas.<br />

“Outro problema é a condição das<br />

estradas. Há rodovias na região [ Goiás]<br />

com falta de manutenção, esburacadas,<br />

com sinalização precária ou até mesmo<br />

sem pavimentação, intransitáveis. Isso<br />

aumenta substancialmente o risco de<br />

quebra de veículos e de acidentes como<br />

colisões e derramamento de cargas”,<br />

aponta Dias.<br />

Gerenciamento de riscos. Esta é a<br />

palavra de ordem, nesse e em qualquer<br />

outro setor que esteja passando por momentos<br />

críticos. Ao contrário de áreas<br />

como a de Garantias de Obras, que ficou<br />

parada, os transportes não só crescem<br />

como têm despertado mais cuidados.<br />

“Estamos acreditando bastante no ramo.<br />

Com a procura maior, o que buscamos<br />

fazer como corretores é uma pré-seleção<br />

❙❙Iramil Bueno de Araújo, da Rodobens<br />

de alguns riscos, orientando o cliente,<br />

aliando as coisas para um resultado bom e<br />

de contínua perspectiva de crescimento”,<br />

diz Araújo<br />

A única desconfiança que fica está<br />

além do que qualquer player do mercado<br />

pode alcançar. O seguro existe para<br />

proteger a sociedade de eventualidades,<br />

mas quando isso se torna recorrente, fica<br />

insustentável para as companhias oferecer<br />

a proteção. “O roubo de carga é um<br />

mal que tem elevado substancialmente<br />

o ‘custo Brasil’. O resultado, em última<br />

instância, é que a conta não fica apenas<br />

para a seguradora, para a transportadora<br />

ou para o dono da carga. Ele está gerando<br />

uma conta alta que é paga por toda a sociedade.<br />

É importante uma mobilização<br />

por parte dos agentes do setor”, afirma o<br />

executivo da Sompo.<br />

O corretor da Monte Líbano acredita<br />

que uma medida que deve ser tomada é<br />

“dar mais liberdade para a Delegacia de<br />

Roubo de Cargas e sua política de atuação<br />

na região, para que possam agir e fechar<br />

o cerco das fronteiras do Estado”.<br />

O engajamento parece existir também<br />

entre os corretores. “Não precisamos<br />

apenas de equipamentos de monitoramento,<br />

mas de toda a logística associada<br />

ao tema, vinda de todos os players. Aliado<br />

a isso, precisamos pressionar os órgãos<br />

públicos para melhorar a situação. Por<br />

mais que você tenha um aparato de seguro,<br />

de gerenciamento de riscos, logística,<br />

se o poder público não puder ser mais<br />

efetivo, as coisas ficarão cada vez mais<br />

difíceis”, finaliza Araújo.<br />

27


mercado | seguro de crédito<br />

Saúde financeira<br />

Com a inadimplência<br />

crescendo no mundo<br />

corporativo, é importante<br />

que as empresas que<br />

vendem produtos ou<br />

serviços a prazo protejam<br />

seus recebíveis<br />

Lívia Sousa<br />

28


em dia<br />

Palavra bem conhecida e presente<br />

no dia a dia dos consumidores,<br />

o endividamento cresceu<br />

ainda mais nos últimos meses.<br />

Enquanto em dezembro passado o número<br />

de brasileiros com as contas no<br />

vermelho chegava a 58,3 milhões, no<br />

primeiro trimestre deste ano saltou para<br />

59,2 milhões, de acordo com o indicador<br />

do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC<br />

Brasil) e da Confederação Nacional de<br />

Dirigentes Lojistas (CNDL).<br />

A inadimplência, entretanto, preocupa<br />

não só as pessoas físicas, mas também<br />

as empresas. Outros dados divulgados<br />

pelas duas instituições indicam que o<br />

volume de companhias com contas em<br />

atraso cresceu 4,05% em junho, frente<br />

igual mês de 2016. Na comparação com<br />

o mês de maio, a variação foi positiva em<br />

0,42%, após queda de 0,16% observada<br />

no levantamento passado.<br />

Toda empresa que vende produtos<br />

ou serviços a prazo corre o risco de<br />

ter algum prejuízo com o possível não<br />

pagamento por parte dos clientes, o que<br />

se agrava ainda mais em tempos de crise<br />

econômica. Para evitar esse tipo de situação,<br />

o ideal é que as companhias contem<br />

com um seguro de crédito, que indeniza<br />

o segurado (empresa que vendeu) em caso<br />

de não pagamento pelo cliente (empresa<br />

que comprou). “A cobertura pode ser<br />

bastante ampla, cobrindo todas as vendas,<br />

ou restrita a um ou poucos compradores<br />

que representem um risco de crédito<br />

maior para o vendedor. Pode incluir até<br />

o efeito da mora prolongada por parte<br />

do devedor”, explica Marcos Galantier<br />

D’Agostini, diretor geral da TSB Global<br />

Consultoria de Riscos e Seguros.<br />

Indústrias em geral, especialmente<br />

multinacionais, são as principais contratantes<br />

do produto, que também se mostra<br />

interessante a prestadores de serviços,<br />

investidores e instituições financeiras.<br />

Segundo D’Agostini, securitizações<br />

recentes no mercado de capitais têm<br />

contado com o seguro de crédito para<br />

os investidores naquilo que se relaciona<br />

aos recebíveis cedidos para a carteira<br />

securitizada – isso reduz a taxa de juros<br />

exigida e oferece proteção ampla contra<br />

a perda por inadimplência dos recebíveis,<br />

por exemplo –, assim como as empresas<br />

29


seguro de crédito<br />

❙❙Marcos D’Agostini, da TSB Global<br />

do comércio exterior – tanto os exportadores,<br />

abrindo e mantendo mercados<br />

não-tradicionais, como os importadores,<br />

que podem economizar recursos substanciais<br />

ao substituir as cartas de crédito.<br />

Também estão na lista os exportadores e<br />

importadores de máquinas e equipamentos,<br />

que exigem prazos mais longos de<br />

pagamento, tomando limites de crédito<br />

muitas vezes escassos das suas instituições<br />

financiadoras.<br />

Apesar deste tipo de seguro cobrir<br />

as vendas apenas para pessoas jurídicas,<br />

existe cobertura para o empreendedor<br />

individual, desde que possua um CNPJ<br />

válido. Em geral, não há diferenças nas<br />

coberturas para as empresas individuais.<br />

“Quando se fala de cobertura para<br />

todas as vendas, é possível incluir as<br />

vendas para compradores pessoas físicas.<br />

Exemplo disso é encontrado no agronegócio,<br />

onde muitos produtores rurais são<br />

pessoas físicas e tomadores de crédito<br />

em volumes bastante acentuados”, afirma<br />

D’Agostini. Segundo ele, com poucas<br />

exceções, é difícil encontrar algum fornecedor<br />

de insumos para o agronegócio<br />

que venda integralmente à vista, sendo<br />

o prazo safra o melhor para o produtor.<br />

“Afora o aspecto mercantil das vendas,<br />

financiadores da safra que adiantaram<br />

recursos aos produtores, tradings que estão<br />

interessadas na entrega física dos produtos,<br />

instituições financeiras de maneira geral<br />

e investidores nos diversos instrumentos<br />

de financiamento ao setor do agronegócio<br />

são todos, sem exceção, interessados e<br />

compradores de seguro de crédito.”<br />

30<br />

Pontos fortes<br />

São vários os critérios avaliados para<br />

aprovar ou renovar uma apólice de seguro<br />

de crédito e todos eles dependem da<br />

aceitação de riscos de cada seguradora.<br />

Mas, de maneira geral, são analisados<br />

individualmente todos os clientes para<br />

os quais o segurado venda a prazo. É<br />

verificado também o setor de atividade<br />

do segurado, o prazo de vendas praticado<br />

para cada cliente e os atrasos e perdas<br />

registradas nos últimos anos. Todas levam<br />

em consideração, principalmente,<br />

o histórico de inadimplência e perdas<br />

contabilizadas, além das faixas de limite<br />

de crédito concedidos e de prazos para<br />

pagamento praticados.<br />

“Essas informações servem de base<br />

para o cálculo do prêmio do seguro. Outras<br />

variáveis podem ser consideradas dependendo<br />

do critério de cada seguradora”,<br />

lembra Cristina Salazar, vice-presidente<br />

da Comissão de Riscos de Crédito e Garantia<br />

da Federação Nacional de Seguros<br />

Gerais (FenSeg), acrescentando que a<br />

solução pode evitar uma inadimplência<br />

em cadeia e manter o fluxo de caixa das<br />

empresas, principalmente em épocas de<br />

grave crise econômica.<br />

A facilidade na busca de novos negócios<br />

é uma das vantagens adicionais, visto<br />

que não depende da empresa decidir se<br />

o potencial cliente pagará em dia. Caso<br />

aprove o valor solicitado, a seguradora<br />

concederá cobertura para as vendas a<br />

prazo, mesmo que o segurado não tenha<br />

histórico de relacionamento com o<br />

❙❙Gustavo Tozo, da Galcorr<br />

❙❙Cristina Salazar, da FenSeg<br />

cliente. No caso do seguro de crédito à<br />

exportação, essa vantagem é ainda mais<br />

perceptível, pois é mais difícil conhecer<br />

e decidir sobre valores de vendas a prazo<br />

para clientes em outros países. “Com<br />

o seguro fica bem mais fácil exportar<br />

com garantia de recebimento”, garante<br />

a executiva.<br />

Outro benefício é o custo de cobrança,<br />

principalmente no exterior. A empresa<br />

que contrata o seguro não terá que se<br />

preocupar em cobrar as dívidas vencidas<br />

e incorrer em custos com recuperações<br />

e advogados: será função da seguradora<br />

realizar as gestões de cobrança dos créditos<br />

em atraso.<br />

Com ou sem crise<br />

O aumento da inadimplência, agravada<br />

pelo crescimento do número de<br />

recuperações judiciais e falências, contribuem<br />

para o maior interesse no seguro<br />

de crédito. “O cenário atual pede aos<br />

gestores planejamento, assertividade e<br />

impõem um painel de extrema eficiência<br />

para os negócios. A mudança nesta<br />

postura é confirmada pelo aumento do<br />

consumo do seguro de crédito interno,<br />

que cresceu aproximadamente 55% em<br />

três anos”, declara o CEO da Galcorr,<br />

Gustavo Tozo, que vê uma atuação mais<br />

criativa por parte do mercado segurador<br />

em geral e se mostra otimista com relação<br />

às mudanças deste setor no Brasil. “Com<br />

faturamento da ordem de R$ 10 milhões<br />

ao ano, o segmento tem crescido e se tornado<br />

mais sólido e conhecido, impulsionado<br />

pelo efeito da crise. As seguradoras


desenvolvem produtos e serviços cada<br />

vez mais próximos às necessidades das<br />

empresas e clientes.”<br />

Quem também encara o futuro do<br />

mercado com bons olhos é Edmur de<br />

Almeida, coordenador da Comissão de<br />

Crédito, Garantia & Fiança do Sindicato<br />

dos Corretores de Seguros no Estado de<br />

São Paulo (Sincor-SP). Ele não só destaca<br />

o potencial para o crescimento da<br />

venda desse seguro no país – atualmente<br />

o produto não soma 500 apólices emitidas<br />

– como afirma que o corretor exerce<br />

um papel importante nesse processo,<br />

trazendo maior proteção às empresas, fidelizando<br />

clientes, diversificando carteira<br />

e aumentando sua renda.<br />

“É um ciclo virtuoso”, diz ele, que<br />

apesar da demanda aumentar naturalmente<br />

nos momentos de instabilidade econômica<br />

lembra que o seguro é importante<br />

em qualquer época, com ou sem crise. “O<br />

‘contas a receber’ é um ativo tão importante<br />

quanto os demais para a empresa.<br />

Caso esse ativo não se converta em receita,<br />

dependendo do volume, a companhia pode<br />

quebrar”, declara Almeida, que espera um<br />

aumento gradativo do número de apólices<br />

compradas a partir da divulgação maior do<br />

produto e da conscientização dos empresários<br />

de que o seguro é importante em<br />

qualquer época.<br />

Frequentemente difundido no mundo,<br />

principalmente na Europa e nos<br />

Estados Unidos, o seguro de crédito<br />

ainda é pouco contratado no Brasil,<br />

embora esteja crescendo por aqui. Há<br />

❙❙Edmur de Almeida, do Sincor SP<br />

Seguro de crédito x carta de crédito<br />

Embora os nomes sejam parecidos,<br />

o seguro de crédito e a carta de<br />

crédito são instrumentos diferentes<br />

dentro de uma ação comercial e, em<br />

princípio, produtos concorrentes.<br />

A carta de crédito é solicitada<br />

pelo exportador ao importador no<br />

exterior como garantia de um possível<br />

inadimplemento e o custo é pago pelo<br />

importador. Já o seguro de crédito é<br />

contratado pelo exportador (segurado<br />

da apólice), que paga o prêmio e solicita<br />

cobertura aos seus importadores.<br />

Caso a seguradora conceda a cobertura,<br />

ele não necessita mais solicitar carta<br />

a falta de informação de que ele existe,<br />

e, ao mesmo tempo, falta de cultura<br />

das empresas brasileiras. Muitas delas,<br />

inclusive, ainda concedem créditos<br />

elevados. Com análises, cadastram ou<br />

solicitam uma carta de fiança pessoal<br />

dos sócios das companhias e algumas<br />

❙❙Luiz Mauricio Janela, da Global Opsi<br />

de crédito para seus clientes (importadores).<br />

Apesar de no caso do seguro o<br />

custo ser pago pelo segurado, ele fica<br />

com maior flexibilidade para vender,<br />

pois não necessita esperar que o importador<br />

consiga a carta de crédito.<br />

No caso do seguro de crédito o<br />

exportador pode vender o valor que<br />

desejar, desde que a seguradora aprove<br />

o valor, e não dependerá do valor de<br />

uma carta de crédito que lhe concede<br />

um terceiro. Dependendo do caso, o<br />

segurado consegue repassar o custo<br />

do seguro no preço da mercadoria<br />

vendida ao importador.<br />

solicitam garantias hipotecárias, que<br />

correm o risco de nunca serem executadas.<br />

Poucas exigem fiança bancária,<br />

com taxas proibitivas.<br />

“É comum as empresas contratarem<br />

apólices patrimoniais para prédios e<br />

instalações e seguro de vida para os funcionários,<br />

e se esquecem dos recebíveis”,<br />

declara Luiz Mauricio Janela, diretor da<br />

Global Opsi Corretora de Seguros. “Com<br />

o tempo e os solavancos da economia,<br />

isso vai mudar e os produtos vão crescer<br />

quando descobrirem o seguro de crédito.<br />

Ainda há um vasto mercado para ser<br />

explorado. Isso significa muitas oportunidades<br />

para os corretores de seguros que<br />

queiram se especializar e para empresas<br />

que queiram gerir melhor os seus riscos”,<br />

acredita.<br />

Uma apólice deste tipo pode representar<br />

um diferencial competitivo para a<br />

empresa, pois ao conceder prazo a seus<br />

clientes a exposição ao risco de não recebimento<br />

é alta. “É uma importante proteção<br />

da saúde financeira”, finaliza.<br />

31


grandes riscos | césio 137<br />

Uma lacuna a ser preenchida<br />

Tragédia radioativa<br />

completa 30 anos em<br />

setembro, mas não<br />

repercutiu de maneira<br />

acentuada no setor. Até<br />

hoje, os riscos nucleares<br />

são excluídos das apólices<br />

de seguro brasileiras. O<br />

que pode ser feito a partir<br />

de agora?<br />

Lívia Sousa<br />

Quando dois catadores de lixo<br />

encontraram um aparelho de<br />

radioterapia abandonado irregularmente<br />

no antigo Instituto<br />

Goiano de Radioterapia e o venderam a<br />

um ferro-velho acreditando ser apenas<br />

uma sucata, não imaginavam que ali davam<br />

início ao maior acidente radiológico<br />

mundial fora das usinas nucleares. O caso<br />

Césio 137, ocorrido em Goiânia, completa<br />

30 anos em setembro e até hoje deixa<br />

traumas que dificilmente serão apagados.<br />

“O clima era de pânico geral não só<br />

em Goiás, mas também em aeroportos,<br />

hotéis e cidades por onde passassem os<br />

goianos”, lembra o corretor de seguros<br />

Marcos Mariath Rangel, que na época<br />

ocupava a diretoria regional de uma seguradora.<br />

Instalada no Setor Aeroporto,<br />

bairro onde ocorreu o acidente, a sucursal<br />

da companhia ficava em frente ao Ginásio<br />

de Esportes, local onde foram examinadas<br />

as pessoas que de alguma maneira tiveram<br />

contato com o Césio, seja por meio de<br />

outras pessoas ou locais irradiados.<br />

32<br />

A cápsula de césio 137 foi aberta<br />

pelos funcionários de um ferro-velho.<br />

Atraído pela coloração azulada brilhante,<br />

o dono do estabelecimento levou o<br />

elemento para dentro de casa e mostrou<br />

o “pó mágico”, como foi batizado, a familiares<br />

e amigos. Em questão de horas<br />

surgiram as primeiras contaminações e,<br />

dias depois, os primeiros óbitos. Oficialmente<br />

foram registradas quatro mortes,<br />

número contestado pela Associação de<br />

“Na medida em que os<br />

órgãos reguladores se<br />

preocuparem mais com<br />

a solvência econômica<br />

das empresas e menos<br />

com a formulação<br />

de produtos, o maior<br />

beneficiário será o<br />

consumidor”<br />

Sergio Barroso de Mello, advogado<br />

Vítimas do Césio 137 (AVCésio), que<br />

afirma ser difícil mensurar o número de<br />

vítimas – muitas desenvolveram problemas<br />

de saúde anos depois –, mas estima<br />

mais de 100 vítimas fatais e cerca de<br />

1.600 pessoas afetadas pela exposição<br />

ao material.<br />

Passadas quase três décadas, os<br />

personagens dessa história ainda lutam<br />

contra o preconceito e se queixam da<br />

omissão do estado quanto à prevenção<br />

e ao atendimento adequado, apesar da<br />

justiça ter determinado que o governo<br />

estadual prestasse auxílio aos pacientes<br />

e familiares em até terceiro grau. Mas<br />

como o seguro poderia ajudar neste caso?<br />

Efeitos estagnados<br />

O acidente ocorreu quando o seguro<br />

ainda era incipiente no País. Sendo assim,<br />

naquela época não repercutiu de maneira<br />

acentuada no setor, até porque não existia<br />

nenhum tipo de cobertura securitária<br />

para a situação.<br />

É fato que a legislação nacional e


as medidas preventivas avançaram de<br />

lá para cá, mas os efeitos da tragédia<br />

continuaram estagnados quando são<br />

analisados sob a ótica do mercado segurador.<br />

O que era uma oportunidade para<br />

se iniciar discussões importantes, não<br />

evoluiu. Até hoje, praticamente todas as<br />

apólices de seguros do Brasil excluem<br />

os riscos nucleares de qualquer natureza,<br />

fazendo com que eles fiquem fora do<br />

radar dos subscritores das seguradoras e<br />

dos corretores.<br />

“A larga utilização de material radioativo<br />

é encontrada em vários segmentos,<br />

nos processos industriais. De qualquer forma,<br />

o risco continua excluído nas apólices<br />

dos seguros de property, RC, vida etc.”,<br />

afirma o advogado e consultor Walter Polido.<br />

Ele lamenta que o mercado segurador<br />

nacional atue desta maneira em relação a<br />

outras ocorrências catastróficas, em que<br />

não se pontua ou se cria mecanismos que<br />

possam modificar o padrão existente, e cita<br />

como exemplo as mudanças climáticas e<br />

a poluição ambiental.<br />

No primeiro caso, enquanto seguradoras<br />

e resseguradores mundiais se juntam<br />

aos centros acadêmicos financiando<br />

projetos de novas tecnologias e buscam<br />

medidas preventivas de riscos, por aqui<br />

o tema está praticamente estagnado. Já<br />

no segundo, Polido coloca os Estados<br />

Unidos no centro da discussão. Na década<br />

de 1980, mesmo diante de problemas<br />

jurídicos e judiciais, o país deixou de<br />

operar com o risco de forma primária e<br />

representada por cláusula adicional aos<br />

seguros de RC Gerais e criou apólices<br />

específicas de Seguros Ambientais (stand<br />

alone), com coberturas amplas e nomenclatura<br />

técnico-jurídica adequada. O<br />

Brasil, por sua vez, ainda adota o mesmo<br />

padrão praticado pelos norte-americanos<br />

há mais de três décadas, apesar de todos<br />

os problemas que também surgem diante<br />

de sinistros catastróficos, como o da mineradora<br />

Samarco, em Mariana (MG),<br />

ocorrido em novembro de 2015.<br />

“As empresas que compõem o mercado<br />

segurador privado ficam reféns<br />

do Estado e operam dentro dos limites<br />

diminutos de coberturas, adotando<br />

clausulados padronizados. Mesmo as seguradoras<br />

estrangeiras que aqui operam<br />

não modificam os padrões de subscrição<br />

“O seguro é dinâmico. A<br />

técnica e o pensamento<br />

não podem se perpetuar<br />

no tempo e deixar os<br />

riscos emoldurados por<br />

clausulados obsoletos”<br />

Walter Polido, advogado e consultor<br />

existentes”, critica. “O seguro é dinâmico.<br />

A técnica e o pensamento não podem se<br />

perpetuar no tempo e deixar os riscos<br />

emoldurados por clausulados obsoletos.”<br />

Tema delicado<br />

Nem todos abordam ou gostam de<br />

falar sobre o cenário estagnante, mas ele<br />

é real e deve ser enfrentado abertamente.<br />

“Precisamos, sem alarde, conscientizar<br />

❙❙Katia Papaioannou, da Marsh<br />

pessoas, empresas e governos sobre os<br />

riscos e suas consequências, bem como<br />

criar produtos securitários para cobrir<br />

danos e responsabilidades civis”, defende<br />

o corretor Marcos Mariath Rangel.<br />

Como discutir um assunto tão delicado<br />

é a grande questão. Não se trata mais<br />

do que deveria ter sido feito em setembro<br />

de 1987, mas sim do que poderá ser feito<br />

daqui para frente. Advogado da área de<br />

seguros e coordenador acadêmico de<br />

cursos e palestrante da Escola Nacional<br />

de Seguros, Sergio Barroso de Mello<br />

defende que a melhor maneira de se fazer<br />

evoluir o setor de seguros de um país é<br />

dar-lhe liberdade de formulação negocial.<br />

Assim, privilegia-se aquilo que o segurador<br />

tem de melhor: a criatividade.<br />

“Na medida em que os órgãos reguladores<br />

se preocuparem mais com a solvência<br />

econômica das empresas e menos com<br />

a formulação de seus produtos, certamente<br />

o maior beneficiário será o consumidor,<br />

que terá acesso garantido a produtos capazes<br />

de atender as suas demandas de forma<br />

específica e em condições econômicas<br />

justas, em razão da competitividade dos<br />

mercados abertos e pouco regulados no<br />

campo contratual”, explica.<br />

Produtos da natureza do césio 137<br />

são extremamente gravosos e aumentam<br />

o risco exponencialmente, razão pela qual<br />

são costumeiramente excluídos também<br />

nos seguros ambientais. De acordo com<br />

o especialista, a única forma de possibilitar<br />

cobertura para esse risco seria a<br />

Superintendência de Seguros Privados<br />

(Susep), órgão que fiscaliza o setor, liberar<br />

tais coberturas e deixar ao critério<br />

do mercado a sua aceitação e a respectiva<br />

taxação do risco. “Para isso será preciso<br />

alterar a Circular nº 437/2012, dada a sua<br />

velada vedação”, diz Mello.<br />

Já a gerente Placement da Marsh<br />

Brasil, Katia Papaioannou, lembra que a<br />

questão relacionada a danos ambientais<br />

ainda é muito focada e difundida no<br />

âmbito corporativo, embora existam leis,<br />

decretos, normas e tópicos constitucionais<br />

sobre a responsabilidade ambiental<br />

particular. “A responsabilidade civil por<br />

danos ambientais, seja por lesão ao meio<br />

ambiente propriamente dito (dano ambiental<br />

público) ou por ofensa a direitos<br />

individuais (dano ambiental privado),<br />

33


césio 137<br />

Foto: Carlos Costa /Jornal OPopular<br />

Oficialmente foram registradas quatro mortes, número contestado pela AVCésio,<br />

que estima mais de 100 vítimas fatais e cerca de 1.600 pessoas afetadas<br />

❙❙pela fonte radioativa<br />

é objetiva, fundada na teoria do risco<br />

integral. Mesmo com esses dispositivos<br />

a fiscalização ainda é ineficiente, o que<br />

expõe as pessoas e o meio ambiente a<br />

possibilidade de desastres ambientais<br />

como este e outros recém ocorridos”, diz.<br />

Contudo, é possível conceder cobertura<br />

para danos a terceiros decorrentes<br />

de resíduos radioativos de baixa atividade<br />

– em que não há a necessidade de<br />

medidas protecionais contra radiações<br />

impostas pelos órgãos da saúde pública<br />

e do meio ambiente, mas depende de<br />

aprovação da seguradora.<br />

“No Brasil temos um número limita-<br />

Foto: Yoshikazu Maeda, Jornal O Popular<br />

do de seguradoras operando nesta modalidade.<br />

O mercado restrito dispõe de clausulados<br />

amplos (padrão internacional),<br />

capacidade para contratação de limites<br />

elevados e condições competitivas, mas<br />

ainda assim a adesão para contratação de<br />

apólice é baixa, apesar deste seguro já ser<br />

considerado uma ferramenta importante<br />

para gestão ambiental e gerenciamento de<br />

áreas contaminadas e de efetivamente minimizar<br />

a exposição a riscos, prevenindo<br />

perdas e a descontinuidade dos negócios.”<br />

Com a palavra, a Susep<br />

Procurada pela <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong>, a<br />

❙ Centro de estudos da Cnen, em Abadia de Goiás, abriga 6 mil toneladas de<br />

❙ ❙180 anos. Este é o único depósito de lixo radioativo definitivo do Brasil<br />

❙ rejeitos do césio 137, que devem continuar segregados por aproximadamente<br />

Condenação dos<br />

responsáveis<br />

Nove anos depois da tragédia,<br />

três sócios do antigo Instituto Goiano<br />

de Radioterapia e um funcionário da<br />

clínica foram condenados a três anos e<br />

meio de prisão em regime semiaberto<br />

por homicídio culposo (quando não<br />

há intenção de matar). No entanto,<br />

as penas foram trocadas por serviços<br />

comunitários.<br />

Também condenadas, a Comissão<br />

Nacional de Energia Nuclear (Cnen),<br />

que deveria fiscalizar o césio na clínica,<br />

e o governo do estado de Goiás, foram<br />

obrigados a pagar as indenizações às<br />

vítimas e a seus parentes.<br />

“A autarquia não<br />

determina a exclusão<br />

sumária dos riscos<br />

nucleares nas apólices de<br />

seguros. Essa exclusão é<br />

determinada por iniciativa<br />

do mercado, de forma<br />

espontânea e livre”<br />

Nota oficial da Susep<br />

autarquia afirma que a atividade securitária<br />

é regida, primordialmente, pelo<br />

Código Civil; logo, impera na atividade<br />

a liberdade contratual naquilo que não<br />

contrariar a legislação vigente. “Por<br />

outro lado, a autarquia não determina a<br />

exclusão sumária dos riscos nucleares<br />

nas apólices de seguros. Essa exclusão é<br />

determinada por iniciativa do mercado, de<br />

forma espontânea e livre, sem ingerência<br />

da Susep. Há inclusive rubrica especial<br />

para os riscos nucleares (1872), prevista<br />

na Circular Susep nº 535/2016, que trata<br />

da classificação dos grupos e ramos de seguros,<br />

tendo as seguradoras, dessa forma,<br />

a liberdade para criar e registrar produtos<br />

próprios de riscos nucleares, junto à Susep”,<br />

declara, em nota, assegurando ainda<br />

que não verifica demandas provenientes de<br />

entidades representativas de consumidores<br />

de seguros, bem como das entidades que<br />

representam o setor regulado, para debate<br />

da questão junto à autarquia.<br />

34


ig data | Cesvi/Mapfre<br />

Ferramenta do Cesvi/Mapfre reduz<br />

tempo de orçamento em 47%<br />

A funcionalidade Smart utiliza banco de dados<br />

com mais de 1 milhão de sinistros para prédefinir<br />

orçamentos de reparo dos veículos<br />

O<br />

Centro de Experimentação e<br />

Segurança Viária da Mapfre<br />

- Cesvi/Mapfre - pesquisa,<br />

acompanha e se antecipa às<br />

novidades de mercado desde sua fundação,<br />

há 23 anos. Agora, apresenta a Smart,<br />

uma funcionalidade do sistema Órion<br />

Orçamentos, destinado ao mercado segurador<br />

e reparador. A ferramenta utiliza<br />

o expressivo banco de dados de vistorias<br />

que o Centro possui para otimizar os<br />

orçamentos de reparo de veículos.<br />

Da prancheta à moderna plataforma, a<br />

regulação de sinistros passou por diversos<br />

aprimoramentos, e o Cesvi/Mapfre esteve<br />

presente em cada um deles. Esse é mais<br />

um momento de implementar processos<br />

de inovação amplamente estudados. “Estamos<br />

sempre antenados e observando<br />

outros setores. Vimos que o Big Data é<br />

um caminho para sair na frente, e o que<br />

temos de mais valioso aqui são informações<br />

sobre veículos compiladas de forma<br />

consistente”, observa Almir Fernandes,<br />

diretor executivo do Cesvi/Mapfre.<br />

A ferramenta, inédita no Brasil, pode<br />

ser usada tanto por oficinas quanto por<br />

reguladores de sinistros do mercado de seguros<br />

e tem como diferencial a utilização<br />

de um banco de dados técnico e especializado<br />

com mais de 1 milhão de sinistros.<br />

Desde 2003, o Cesvi/Mapfre armazena<br />

em sua plataforma Órion Orçamen-<br />

tos uma média de 88 mil novos sinistros<br />

por mês. Mas foi no final de 2014 que as<br />

informações começaram a ser enxergadas<br />

com potencial para criar a Smart.<br />

A funcionalidade agrega detalhes sobre<br />

quase 14 mil versões de carros, 10 mil<br />

peças e mil variações de colisões. Mesmo<br />

com uma base mais antiga, a escolha foi<br />

por compilar os dados a partir de 2008,<br />

alinhando-a aos veículos em circulação<br />

no Brasil atualmente.<br />

“Essa funcionalidade traz uma<br />

inovação sem precedentes ao segmento,<br />

contribuindo para o aumento da produtividade<br />

ao reduzir etapas. A otimização<br />

do processo de orçamento traz ganhos<br />

operacionais para seguradoras e reguladoras,<br />

assim como para as reparadoras de<br />

veículos”, afirma Fernandes.<br />

Ao selecionar o modelo, o ano<br />

do veículo e a região do impacto (se<br />

dianteira, traseira ou lateral), o sistema<br />

informa, por meio de um algoritmo que<br />

analisa informações históricas do banco<br />

de dados do Órion, um pré-orçamento,<br />

sugerindo as peças a serem trocadas e<br />

seus preços, tempo de reparo e o valor da<br />

mão de obra. A partir disso, o usuário tem<br />

a possibilidade de refinar a avaliação de<br />

custo do reparo, conforme sua expertise<br />

e particularidades do sinistro. Na comparação<br />

com a forma tradicional de fazer<br />

um orçamento, a Smart reduz o tempo de<br />

orçamentação em 47% e o número<br />

de cliques em 42%.<br />

Lançada no início de agosto,<br />

a expectativa é que os usuários<br />

ganhem eficiência com a nova<br />

ferramenta. Fernandes afirma que<br />

seus parceiros estão ansiosos pela<br />

atualização, que já foi testada internamente<br />

e agora só precisa dos<br />

processos das companhias para que<br />

possa ser utilizada. “Haverá um<br />

Almir Fernandes,<br />

❙❙diretor executivo do Cesvi/Mapfre<br />

período de integração, e as empresas que<br />

já estiverem preparadas podem começar<br />

a utilizar, as que ainda não estão podem<br />

continuar a usar o modelo tradicional até<br />

que esteja tudo pronto”, orienta.<br />

A chancela para a ferramenta é, certamente,<br />

o conhecido know-how técnico<br />

do Cesvi. A confiabilidade, tão importante<br />

quando o assunto é tecnologia, já está<br />

certificada por quem usa o Órion, que<br />

passa a ser mais assertivo nos processos.<br />

“A solução possui um algoritmo eficiente<br />

e com um elevado nível de assertividade,<br />

que foi construído sobre a base estruturada<br />

do nosso banco de dados, aliado à<br />

capacidade e ao conhecimento técnico<br />

da equipe do Cesvi/Mapfre no processo<br />

de reparação e estrutura automotiva”,<br />

completa o executivo.<br />

O Cesvi/Mapfre está confiante no<br />

rumo do mercado. As empresas parceiras,<br />

especialmente as seguradoras, há<br />

muito deixaram de lado os receios com o<br />

avanço e passaram a trilhar o caminho da<br />

tecnologia. A atualização é uma evolução<br />

e deverá impactar positivamente os players<br />

de mercado que buscam não apenas mais<br />

uma ferramenta, mas acompanhar as mudanças<br />

de comportamento e consequentes<br />

demandas de seus clientes finais.<br />

35


ccs-sp | 45 anos<br />

A partir da esquerda, os diretores do Clube: Jorge Teixeira Barboza, Paulo Schroeder,<br />

Luciana Ferreira, Adevaldo Calegari, Evaldir Barboza de Paula e Flávio Bosisio<br />

A voz ativa do setor<br />

Clube dos Corretores<br />

de Seguros de São<br />

Paulo completa 45<br />

anos colaborando<br />

com as mudanças do<br />

mercado e focando na<br />

renovação da categoria<br />

Durante o regime militar, os<br />

sindicatos encontravam dificuldade<br />

para dialogar com os<br />

municípios, com os Estados e,<br />

sobretudo, com a União. Pensando nisso,<br />

25 corretores de seguros de São Paulo se<br />

reuniram para melhorar essa interlocução.<br />

A ideia dos profissionais era criar uma entidade<br />

para dar voz ao mercado segurador<br />

paulista, que assim como outros segmentos<br />

estava impedido de manifestar seus<br />

anseios. Fundaram, no dia 5 de outubro de<br />

1972, o Clube dos Corretores de Seguros<br />

de São Paulo, (CCS-SP), que trabalhando<br />

estreitamente com o Sindicato dos Corretores<br />

de Seguros de São Paulo (Sincor-SP)<br />

deixou claras as ideias e reivindicações da<br />

categoria.<br />

36<br />

Lívia Sousa<br />

“Se havia dificuldade em falar como<br />

sindicato, a partir daquele momento não<br />

havia mais de colocar as nossas situações,<br />

angústias e propostas como Clube dos<br />

Corretores. O Clube tirava a conotação de<br />

embate junto ao governo, de movimentos,<br />

tudo o que os militares não gostavam”,<br />

lembra o atual mentor da entidade, Adevaldo<br />

Calegari.<br />

A criação do CCS-SP abriu as portas<br />

para que uma série de outros clubes<br />

surgisse no estado e até mesmo fora dele<br />

– todos com a finalidade de colaborar<br />

com os sindicatos, de reunir corretores<br />

e de estreitar o relacionamento com os<br />

seguradores. Prestadores de serviços<br />

também se engajaram na causa e passaram<br />

a desenvolver soluções junto com a<br />

entidade. Até hoje, muitos deles lançam<br />

novidades em primeira mão durante os<br />

almoços realizados mensalmente pelo<br />

Clube.<br />

Evoluindo junto com o<br />

mercado<br />

Calegari define o Clube dos Corretores<br />

como um fórum de grandes mentes<br />

profissionais na área de seguros que<br />

trabalham em prol do setor. Mas para<br />

acompanhar o ritmo do mercado segurador,<br />

hoje bem mais dinâmico do que há<br />

quatro décadas, é necessário contar com<br />

cabeças capazes de entender, assimilar e<br />

colaborar com as mudanças. “O corretor<br />

não é mais simplesmente um vendedor de<br />

seguros. Ele é muito mais que isso. É um<br />

consultor do seu cliente, um solucionador<br />

dos problemas, e isso exige a competência<br />

que é preciso ter para participar do CCS-<br />

-SP”, alega.<br />

O ingresso de novos associados segue<br />

um ritual que busca exatamente essa<br />

qualificação. É preciso ter dois padrinhos,<br />

Primeira edição do Jornal dos<br />

Corretores de Seguros, publicada<br />

em 5 de junho de 1979


Gestões<br />

➥➥Antonio D’Amélio<br />

1972/1974<br />

1978/1980<br />

➥➥José Francisco de Miranda<br />

1974/1976<br />

➥➥Renato Rubens Rocchi Guedes<br />

de Oliveira<br />

1976/1978<br />

➥➥Mariano Luiz Gregnanin<br />

1980/1982<br />

Fatos marcantes<br />

〉〉<br />

Desde 1972, todos os presidentes de sindicatos saíram das bases do Clube.<br />

Mesmo depois da mudança do governo, a entidade não perdeu o viés de<br />

colaboração, seja através de ações, ideias, fóruns, movimentações, e de colaboração<br />

do ponto de vista das execuções das tarefas;<br />

〉〉<br />

A Fenacor nasceu dentro do Clube dos Corretores, em 1975. Os integrantes do<br />

grupo que comandavam o CCS-SP foram os primeiros presidentes da Federação;<br />

〉〉<br />

O Clube também foi responsável pelo surgimento do Jornal dos Corretores<br />

de Seguros (JCS), na década de 1970. Posteriormente, o Sincor-SP assumiu a<br />

publicação como seu veículo principal de comunicação. O jornal, que até então<br />

contava com 3 mil exemplares distribuídos no estado de São Paulo, passou<br />

para 15 mil unidades que circulam em todo o Brasil.<br />

➥➥Enrico Lindenhem<br />

1982/1984<br />

➥➥Petr Purn<br />

1984/1986<br />

➥➥Paulo Rubens de Almeida<br />

1986/1988<br />

➥➥João Leopoldo Bracco de Lima<br />

1988/1990<br />

➥➥Milton D’Amélio<br />

1990/1992<br />

➥➥Luiz López Vazquez<br />

1992/1994<br />

➥➥Henrique Elias<br />

1994/1996<br />

➥➥Nelson Fontana<br />

1996/1998<br />

➥➥Antonio Carlos Scatolini<br />

1998/2000<br />

➥➥Pedro Barbato Filho<br />

2000/2002<br />

➥➥Ornaldo César Bertacini<br />

2002/2004<br />

➥➥Boris Ber<br />

2004/2006<br />

2006/2008<br />

➥➥Nilson Arello Barbosa<br />

2008/2010<br />

2010/2012<br />

➥➥Alexandre Camillo<br />

2012/2013<br />

➥➥Adevaldo Calegari<br />

2014/2016<br />

2016/2018<br />

estar ligado ao Sincor há mais de dois<br />

anos, passar pela junta de conciliação<br />

da entidade e participar de projetos, sejam<br />

referentes à cidade ou ao estado de<br />

São Paulo ou em âmbito nacional. “Isso<br />

mostra bem a evolução do profissional e<br />

a necessidade de atualização, da busca<br />

interativa de participação em todos esses<br />

sistemas”, diz o mentor.<br />

A busca pela renovação, inclusive,<br />

está entre as principais pautas do Clube,<br />

que tem trabalhado bastante a questão do<br />

empreendedorismo, tema que se aplica<br />

à responsabilidade do corretor como<br />

distribuidor do seguro. “O corretor precisa<br />

fazer isso com muita inteligência,<br />

conhecimento e tecnologia. Essa tecnologia<br />

passa exatamente pela atualização<br />

das informações. Por isso insisto de que<br />

devemos olhar para a sucessão”, declara<br />

Calegari, lembrando que os próximos<br />

anos serão de grandes desafios, seja<br />

pela comunicação ou pela exigência e<br />

conhecimento cada vez maiores dos<br />

consumidores.<br />

Próximos passos<br />

As comemorações aos 45 anos do<br />

Clube dos Corretores se estenderão até<br />

o mês de dezembro. Um dos marcos<br />

mais importantes será no dia 5 de outubro,<br />

quando a entidade receberá a Salva<br />

de Prata da Câmara Municipal de São<br />

Paulo. Além disso, já estão programados<br />

almoços mensais e a tradicional desta de<br />

fim de ano.<br />

“Um dos planos desta gestão para<br />

os próximos meses está na transição nos<br />

processos de comunicação com os sócios<br />

e com mercado, sem perder a tradição<br />

❙❙Adevaldo Calegari, atual mentor<br />

dos 45 anos da história do CCS-SP”,<br />

adianta Evaldir Barboza de Paula, diretor<br />

secretario do Clube. “Vamos propiciar<br />

novos eventos, além dos convencionais,<br />

junto ao mercado de seguro para os<br />

nossos sócios e estreitar ainda mais o<br />

relacionamento com os patrocinadores,<br />

a fim de acompanharmos a evolução dos<br />

seus negócios depois da apresentação nos<br />

almoços tradicionais.”<br />

Há também uma agenda pré-definida<br />

para o primeiro semestre de 2018 e a<br />

continuidade dos planos da atual gestão,<br />

que permanecerá à frente da entidade até<br />

outubro do mesmo ano. “Já estamos conversando<br />

sobre esse trabalho. Temos no<br />

Clube pessoas capacitadas para assumir a<br />

mentoria e continuar e melhorar o trabalho<br />

de levar aos associados e ao mercado uma<br />

visão moderna, positiva e atualizada dos<br />

fatos. Nosso objetivo final é oferecer ao<br />

cliente, que é a razão de todas as coisas,<br />

o melhor produto e o melhor serviço, da<br />

melhor condição”, finaliza Calegari.<br />

37


comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Grama: no jardim ou na balança?<br />

As pessoas atentas às regras gramaticais já sacaram a<br />

que essa pergunta se refere. É ao GÊNERO de algumas palavras<br />

de nossa “última flor do Lácio, inculta e bela”: a rica,<br />

versátil e bela língua portuguesa. A palavra GRAMA, em<br />

relação ao jardim – e com o sentido de relva, erva, capim – é<br />

FEMININA. Vem do substantivo latino Gramen, graminis<br />

e classifica uma planta poácea rizomatosa de folhas glaucas<br />

(caprichei!). A ela se aplica o ditado popular “A grama do<br />

vizinho é mais verde”!<br />

Já em relação à balança, e significando uma unidade<br />

de medida de massa equivalente à milésima parte do quilograma,<br />

a palavra é MASCULINA! Sua origem é o termo<br />

grego Grámma, grammatos. Então se nos referimos a peso,<br />

a forma correta é o masculino. Por isso, não devo pedir<br />

“Duzentas gramas de mortandela”, mas “DUZENTOS<br />

gramas de mortadela” (Claro que o sabor não é o mesmo:<br />

mortaNdela é, sem sombra de dúvida, muito mais gostosa<br />

que a insossa mortadela. Ainda mais sendo DUZENTOS<br />

gramas...). Sei que muitas pessoas – principalmente os<br />

balconistas da padaria ou da mercearia – vão nos olhar<br />

com ar de piedosa superioridade e corrigir: “O senhor<br />

quer DUZENTAS gramas de mortaNdela?!). Esta é uma<br />

daquelas palavras em que a versão certa parece errada e<br />

vice-versa. É que a forma popular, incorreta, flui muito mais<br />

do que a correta, que fica com ares de rebuscada, pedante.<br />

pernóstica...<br />

Mas a questão do gênero das palavras referentes a<br />

objetos não fica só em grama. Há outros vocábulos que<br />

apresentam o mesmo fenômeno.<br />

É o caso de CAL (óxido de cálcio, fórmula CaO), que<br />

muita gente pensa ser – e usa como sendo – palavra masculina.<br />

Talvez em razão de seu emprego se dar principalmente<br />

na composição da argamassa, nas construções, portanto na<br />

área de atuação dos pedreiros...). Entretanto ela é do gênero<br />

feminino. Você deve pedir então “Quinhentos gramas DA<br />

cal hidratada...”.<br />

Mais uma? ALFACE. É comum falarem, erroneamente,<br />

O alface, quando essa palavra, aplicada para dar nome à<br />

hortense originária do leste do Mediterrâneo e utilizada na<br />

alimentação humana desde cerca do ano 500 antes de Cristo,<br />

é do gênero FEMININO. Oriunda do árabe AL-KHASS, a<br />

palavra chegou a nós com sonoridade semelhante: al-khass,<br />

alkas, alfaz, alface.<br />

Nessa mesma linha, muitos dos termos portugueses<br />

com início em AL, vieram do vocabulário árabe, como<br />

alfaiate (alkhayyât); alfazema (al-khuzâma ou alhuzaima);<br />

Alcântara (al qantara) e alcachofra (al harxufa ou al<br />

harxofã) entre tantos outros. O curioso é que outras línguas<br />

– até mesmo as da mesma família do português, como o<br />

espanhol, o italiano e o francês – adotaram forma vocabular<br />

diversa, partindo do latim LACTUCA, que deu origem à<br />

palavra LACTUGA, alusiva à substância branca, leitosa,<br />

advinda do caule seccionado da planta. Provieram daí o<br />

vocábulo italiano lattuga; o espanhol lechuga; o francês<br />

laitue e o inglês lettuce. O alemão vale-se de mais de um<br />

modo: salat; grüner salat; kopfsalat e lattich. Os eslovenos<br />

usam o termo solata e os croatas, zelena salata.<br />

A lista se estende por muitos outros termos que sofrem<br />

a troca de gêneros (são verdadeiros casos de transgêneros<br />

vocabulares), como champanhe, que é masculino, embora<br />

muitos insistam em falar “A” champanhe e o crepe, também<br />

masculino. Por outro lado, musse (há quem prefira a forma<br />

francesa mousse) é palavra feminina.<br />

A seguir, vem A omelete – outra vítima dessa troca –<br />

também vinda do francês omelete. Seu berço mais remoto é<br />

a antiga Pérsia, onde era um prato nobre e muito apreciado.<br />

É indispensável citar outra iguaria, que nos chegou pela<br />

mesma França: A quiche! Seu nome deriva de küche(n),<br />

que significa pastel em alsaciano, dialeto alemão falado na<br />

Alsácia, no noroeste da França, cuja capital é Estrasburgo.<br />

Devido à renitente e persistente confusão de gêneros<br />

entre essas duas últimas palavras, o Dicionário da Academia<br />

Brasileira de Letras e o Dicionário Houaiss resolveram<br />

classificá-las entre os substantivos comuns de dois gêneros.<br />

Pronto: pode se falar A omelete ou O omelete; A quiche<br />

ou O quiche... (mas é bom advertir que essa condição não<br />

é aceita por todos os dicionaristas e gramáticos...).<br />

A coisa toda seria bem mais simples se – lá atrás – os<br />

homens não tivessem tido a brilhante ideia de construir uma<br />

torre bem alta, que os levasse até o céu. Não aceitando bem<br />

a iniciativa, Deus “interditou a obra”, de uma maneira bem<br />

sutil: desfez a comunhão da língua, então existente, e cada<br />

grupo passou a falar um idioma diferente.<br />

E nunca mais se entenderam!<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

38<br />

38


39


Prêmio Melhores do Seguro 2017<br />

Corretoras<br />

26 de outubro - Casa Itaim - São Paulo

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