Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
não é um trabalho possível de ser feito<br />
isoladamente”, enfatiza Dias.<br />
Só que na visão de Jamil Badreddini,<br />
diretor da Monte Líbano Corretora de<br />
Seguros, localizada em Goiânia, o processo<br />
de trazer o transportador para perto<br />
é um trabalho árduo para os corretores.<br />
“O empresariado goiano ainda não tem<br />
a cultura de buscar por essa proteção nos<br />
processos dos embarcadores, pois grande<br />
parte de suas cargas são terceirizadas para<br />
as transportadoras. Cresce através dos<br />
corretores a divulgação do ramo de Transporte<br />
Nacional a esse público”, pondera.<br />
❙❙Adailton Dias, da Sompo<br />
Escoamento agropecuário<br />
A região Sudeste é, certamente,<br />
muito afetada, mas outros locais também<br />
têm visto esse assustador crescimento.<br />
O Estado de Goiás, nacionalmente<br />
conhecido pelo transporte por conta<br />
da movimentação agropecuária, é um<br />
exemplo desse aumento. De acordo<br />
com dados da Secretaria de Segurança<br />
Pública e Administração Penitenciária,<br />
em 2016 o índice de roubos nas estradas<br />
cresceu 30% - em comparação com<br />
2015. “Estamos falando do estado que é<br />
o quarto produtor de grãos, com ampla<br />
área voltada às culturas de soja, sorgo,<br />
milho, cana-de-açúcar, leguminosas,<br />
entre outras. Goiás também é detentor do<br />
terceiro maior rebanho bovino do Brasil,<br />
além da sexta posição tanto na suinocultura<br />
quanto na avicultura. Números como<br />
esses não podem ser ignorados”, destaca<br />
o executivo da Sompo.<br />
Qualquer tipo de carga é alvo. Eletroeletrônicos,<br />
pneus, produtos alimentícios,<br />
bebidas etc. “Dentro do ramo alimentício,<br />
o que chama atenção é que houve aumento<br />
na parte de laticínios, que antes<br />
não tinha uma incidência tão grande”,<br />
exemplifica Iramil Araújo. Adaílton Dias<br />
completa a informação, afirmando que na<br />
região de Goiás, produtos do agronegócio<br />
também são um risco. “De grãos até<br />
cargas vivas (bovinos, suínos etc), que há<br />
um tempo era um tipo de carga menos<br />
visada”, explica.<br />
No início de 2017, a Polícia Federal<br />
e a Polícia Rodoviária Federal, além da<br />
Polícia Militar de Goiás cumpriram 82<br />
mandatos judiciais na ação intitulada<br />
Hicsos, elaborada para parar uma quadrilha<br />
de saqueadores responsável por, em<br />
média, 25 roubos por mês, causando um<br />
prejuízo estimado em R$ 30 milhões. A<br />
investigação leva a crer que empresários<br />
financiavam essas ações. Os produtos<br />
roubados eram, posteriormente, vendidos<br />
como se fossem mercadoria legal.<br />
Badreddini atesta no cotidiano esse<br />
momento. “Tínhamos clientes que não<br />
haviam passado por sinistros e, de repente,<br />
chegaram até a ter quatro sinistros em uma<br />
mesma vigência. A recessão e os problemas<br />
de ordem política da nossa nação<br />
levaram ao caos, especialmente em 2016,<br />
afetando os resultados técnicos”, afirma.<br />
O medo de roubos é tão alto que,<br />
em algumas estradas, muitos motoristas<br />
só trafegam em comboio, por ser uma<br />
iniciativa que coíbe a ação dessas quadrilhas.<br />
“Outro problema é a condição das<br />
estradas. Há rodovias na região [ Goiás]<br />
com falta de manutenção, esburacadas,<br />
com sinalização precária ou até mesmo<br />
sem pavimentação, intransitáveis. Isso<br />
aumenta substancialmente o risco de<br />
quebra de veículos e de acidentes como<br />
colisões e derramamento de cargas”,<br />
aponta Dias.<br />
Gerenciamento de riscos. Esta é a<br />
palavra de ordem, nesse e em qualquer<br />
outro setor que esteja passando por momentos<br />
críticos. Ao contrário de áreas<br />
como a de Garantias de Obras, que ficou<br />
parada, os transportes não só crescem<br />
como têm despertado mais cuidados.<br />
“Estamos acreditando bastante no ramo.<br />
Com a procura maior, o que buscamos<br />
fazer como corretores é uma pré-seleção<br />
❙❙Iramil Bueno de Araújo, da Rodobens<br />
de alguns riscos, orientando o cliente,<br />
aliando as coisas para um resultado bom e<br />
de contínua perspectiva de crescimento”,<br />
diz Araújo<br />
A única desconfiança que fica está<br />
além do que qualquer player do mercado<br />
pode alcançar. O seguro existe para<br />
proteger a sociedade de eventualidades,<br />
mas quando isso se torna recorrente, fica<br />
insustentável para as companhias oferecer<br />
a proteção. “O roubo de carga é um<br />
mal que tem elevado substancialmente<br />
o ‘custo Brasil’. O resultado, em última<br />
instância, é que a conta não fica apenas<br />
para a seguradora, para a transportadora<br />
ou para o dono da carga. Ele está gerando<br />
uma conta alta que é paga por toda a sociedade.<br />
É importante uma mobilização<br />
por parte dos agentes do setor”, afirma o<br />
executivo da Sompo.<br />
O corretor da Monte Líbano acredita<br />
que uma medida que deve ser tomada é<br />
“dar mais liberdade para a Delegacia de<br />
Roubo de Cargas e sua política de atuação<br />
na região, para que possam agir e fechar<br />
o cerco das fronteiras do Estado”.<br />
O engajamento parece existir também<br />
entre os corretores. “Não precisamos<br />
apenas de equipamentos de monitoramento,<br />
mas de toda a logística associada<br />
ao tema, vinda de todos os players. Aliado<br />
a isso, precisamos pressionar os órgãos<br />
públicos para melhorar a situação. Por<br />
mais que você tenha um aparato de seguro,<br />
de gerenciamento de riscos, logística,<br />
se o poder público não puder ser mais<br />
efetivo, as coisas ficarão cada vez mais<br />
difíceis”, finaliza Araújo.<br />
27