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Revista Apólice #224

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não é um trabalho possível de ser feito<br />

isoladamente”, enfatiza Dias.<br />

Só que na visão de Jamil Badreddini,<br />

diretor da Monte Líbano Corretora de<br />

Seguros, localizada em Goiânia, o processo<br />

de trazer o transportador para perto<br />

é um trabalho árduo para os corretores.<br />

“O empresariado goiano ainda não tem<br />

a cultura de buscar por essa proteção nos<br />

processos dos embarcadores, pois grande<br />

parte de suas cargas são terceirizadas para<br />

as transportadoras. Cresce através dos<br />

corretores a divulgação do ramo de Transporte<br />

Nacional a esse público”, pondera.<br />

❙❙Adailton Dias, da Sompo<br />

Escoamento agropecuário<br />

A região Sudeste é, certamente,<br />

muito afetada, mas outros locais também<br />

têm visto esse assustador crescimento.<br />

O Estado de Goiás, nacionalmente<br />

conhecido pelo transporte por conta<br />

da movimentação agropecuária, é um<br />

exemplo desse aumento. De acordo<br />

com dados da Secretaria de Segurança<br />

Pública e Administração Penitenciária,<br />

em 2016 o índice de roubos nas estradas<br />

cresceu 30% - em comparação com<br />

2015. “Estamos falando do estado que é<br />

o quarto produtor de grãos, com ampla<br />

área voltada às culturas de soja, sorgo,<br />

milho, cana-de-açúcar, leguminosas,<br />

entre outras. Goiás também é detentor do<br />

terceiro maior rebanho bovino do Brasil,<br />

além da sexta posição tanto na suinocultura<br />

quanto na avicultura. Números como<br />

esses não podem ser ignorados”, destaca<br />

o executivo da Sompo.<br />

Qualquer tipo de carga é alvo. Eletroeletrônicos,<br />

pneus, produtos alimentícios,<br />

bebidas etc. “Dentro do ramo alimentício,<br />

o que chama atenção é que houve aumento<br />

na parte de laticínios, que antes<br />

não tinha uma incidência tão grande”,<br />

exemplifica Iramil Araújo. Adaílton Dias<br />

completa a informação, afirmando que na<br />

região de Goiás, produtos do agronegócio<br />

também são um risco. “De grãos até<br />

cargas vivas (bovinos, suínos etc), que há<br />

um tempo era um tipo de carga menos<br />

visada”, explica.<br />

No início de 2017, a Polícia Federal<br />

e a Polícia Rodoviária Federal, além da<br />

Polícia Militar de Goiás cumpriram 82<br />

mandatos judiciais na ação intitulada<br />

Hicsos, elaborada para parar uma quadrilha<br />

de saqueadores responsável por, em<br />

média, 25 roubos por mês, causando um<br />

prejuízo estimado em R$ 30 milhões. A<br />

investigação leva a crer que empresários<br />

financiavam essas ações. Os produtos<br />

roubados eram, posteriormente, vendidos<br />

como se fossem mercadoria legal.<br />

Badreddini atesta no cotidiano esse<br />

momento. “Tínhamos clientes que não<br />

haviam passado por sinistros e, de repente,<br />

chegaram até a ter quatro sinistros em uma<br />

mesma vigência. A recessão e os problemas<br />

de ordem política da nossa nação<br />

levaram ao caos, especialmente em 2016,<br />

afetando os resultados técnicos”, afirma.<br />

O medo de roubos é tão alto que,<br />

em algumas estradas, muitos motoristas<br />

só trafegam em comboio, por ser uma<br />

iniciativa que coíbe a ação dessas quadrilhas.<br />

“Outro problema é a condição das<br />

estradas. Há rodovias na região [ Goiás]<br />

com falta de manutenção, esburacadas,<br />

com sinalização precária ou até mesmo<br />

sem pavimentação, intransitáveis. Isso<br />

aumenta substancialmente o risco de<br />

quebra de veículos e de acidentes como<br />

colisões e derramamento de cargas”,<br />

aponta Dias.<br />

Gerenciamento de riscos. Esta é a<br />

palavra de ordem, nesse e em qualquer<br />

outro setor que esteja passando por momentos<br />

críticos. Ao contrário de áreas<br />

como a de Garantias de Obras, que ficou<br />

parada, os transportes não só crescem<br />

como têm despertado mais cuidados.<br />

“Estamos acreditando bastante no ramo.<br />

Com a procura maior, o que buscamos<br />

fazer como corretores é uma pré-seleção<br />

❙❙Iramil Bueno de Araújo, da Rodobens<br />

de alguns riscos, orientando o cliente,<br />

aliando as coisas para um resultado bom e<br />

de contínua perspectiva de crescimento”,<br />

diz Araújo<br />

A única desconfiança que fica está<br />

além do que qualquer player do mercado<br />

pode alcançar. O seguro existe para<br />

proteger a sociedade de eventualidades,<br />

mas quando isso se torna recorrente, fica<br />

insustentável para as companhias oferecer<br />

a proteção. “O roubo de carga é um<br />

mal que tem elevado substancialmente<br />

o ‘custo Brasil’. O resultado, em última<br />

instância, é que a conta não fica apenas<br />

para a seguradora, para a transportadora<br />

ou para o dono da carga. Ele está gerando<br />

uma conta alta que é paga por toda a sociedade.<br />

É importante uma mobilização<br />

por parte dos agentes do setor”, afirma o<br />

executivo da Sompo.<br />

O corretor da Monte Líbano acredita<br />

que uma medida que deve ser tomada é<br />

“dar mais liberdade para a Delegacia de<br />

Roubo de Cargas e sua política de atuação<br />

na região, para que possam agir e fechar<br />

o cerco das fronteiras do Estado”.<br />

O engajamento parece existir também<br />

entre os corretores. “Não precisamos<br />

apenas de equipamentos de monitoramento,<br />

mas de toda a logística associada<br />

ao tema, vinda de todos os players. Aliado<br />

a isso, precisamos pressionar os órgãos<br />

públicos para melhorar a situação. Por<br />

mais que você tenha um aparato de seguro,<br />

de gerenciamento de riscos, logística,<br />

se o poder público não puder ser mais<br />

efetivo, as coisas ficarão cada vez mais<br />

difíceis”, finaliza Araújo.<br />

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