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❙❙Stephanie Zalcman, da JLT<br />
mais cuidadosa. Assim, as empresas com<br />
boa saúde financeira são recompensadas.<br />
Segundo o executivo da Willis, uma<br />
bolha no mercado poderá estourar. “Há<br />
muitas empresas sendo investigadas em<br />
outras operações além da Lava-Jato,<br />
sejam operações fiscais ou policiais. Se<br />
forem efetuadas todas as garantias para<br />
os processos da CAF – Comitê de Fusões<br />
e Aquisições que supervisiona e regula as<br />
aquisições de empresas – o mercado deve<br />
dar uma guinada e, se for esse ano, chegar<br />
a 25% de crescimento”, explica. Como<br />
as garantias judiciais são baseadas nas<br />
fiscais, o rumo sempre estará atrelado à<br />
fiscalização do governo. Se ela está mais<br />
rígida, as empresas enfrentam processos<br />
judiciais. “Agora que o governo precisa<br />
de caixa, acredito que isso deverá crescer.<br />
Com o tempo, as empresas começam a<br />
ficar mais exigentes. Se o governo está<br />
apertando muito a fiscalização, elas começam<br />
a andar mais na linha. De certa<br />
forma, com o tempo o crescimento pode<br />
decair”, completa Loureiro.<br />
Com mais critério nas análises, o<br />
contato entre seguradoras e seus clientes<br />
de Garantia Judicial está mais próximo<br />
do que nunca. É claro que as condições de<br />
uma empresa podem vir a mudar caso ela<br />
sofra um impacto financeiro. Atualmente,<br />
empresas investigadas têm pouca ou<br />
nenhuma chance de conseguir uma nova<br />
apólice para garantir seus pleitos judiciais,<br />
o que acabou sendo benéfico para o<br />
mercado. “Aliado a tudo isso, tem a crise<br />
política. As grandes empreiteiras sempre<br />
foram tomadoras de seguro garantia e<br />
estão enfrentando problemas políticos.<br />
O mercado ressegurador e as empresas<br />
internacionais ficam mais conservadoras<br />
e talvez não tão receptivas para alguns<br />
riscos que aceitavam antes. Os grandes<br />
projetos eram movimentados por essas<br />
empreiteiras, por isso os investimentos<br />
foram concentrados na modalidade<br />
judicial nos últimos dois anos”, ressalta<br />
Daniela.<br />
O apetite muda, mas as companhias<br />
encontram maneiras de navegar, ainda<br />
que em mares agitados. “Os próprios resseguradores<br />
internacionais vêm ao Brasil<br />
para conhecer a operação e entender porque<br />
há tantos processos judiciais aqui. Lá<br />
fora não existem tantos litígios e quando<br />
há são resolvidos rapidamente. No País,<br />
um processo pode durar 10 anos. Muitos<br />
resseguradores estrangeiros tiveram aumento<br />
considerável em suas carteiras por<br />
aqui”, comenta Stephanie, da JLT.<br />
Ampla aceitação<br />
Com a crescente aceitação do seguro<br />
Garantia Judicial, as modalidades<br />
bancárias se tornaram, de certa forma,<br />
obsoletas. Mas isso não faz com que o<br />
seguro esteja totalmente finalizado. As<br />
mudanças de 2015 foram importantes e<br />
trouxeram mais corretores com desejo de<br />
especialização, mas alguns ajustes legais<br />
podem ser necessários. “Pensando desde<br />
2007, quando houve o primeiro registro na<br />
lei, até os dias de hoje o produto evoluiu<br />
bastante. Na esfera cível, ele já tinha previsão<br />
legal, na esfera fiscal, com a reforma na<br />
lei de isenções, em 2014, ele passou a ser<br />
previsto como uma modalidade apta para<br />
❙❙Rodrigo Loureiro, da Willis<br />
❙❙Daniela Dúran, da Aon<br />
garantir essas isenções. Quando olhamos<br />
para a esfera trabalhista, acreditamos que<br />
a recente reforma da CLT também passará<br />
a aceitar a garantia em seus processos”,<br />
elucida Daniela.<br />
Loureiro observa que, embora a<br />
legislação possa ser repensada e, quem<br />
sabe, melhorada, isso dependerá muito de<br />
fatores externos. “As seguradoras estão<br />
tentando aprovar uma nova legislação,<br />
aumentando o percentual de importância<br />
segurada em contratos públicos, porque<br />
hoje eles entendem que é baixo [5%] - as<br />
companhias querem 30%. Mas isso só<br />
vai passar no congresso depois de todas<br />
as reformas que o governo pretende. Essa<br />
matéria é secundária agora”, sinaliza.<br />
Já Stephanie vê mais mudanças possíveis<br />
e necessárias. “Muita coisa ainda<br />
pode mudar para melhorar a aceitação<br />
dos juízes e fazê-los entender melhor<br />
como funciona o produto. Quando acompanhamos<br />
o cliente, vemos que as dúvidas<br />
são menos em relação ao seguro do que às<br />
seguradoras. Pois elas não são as mesmas<br />
que atuam no ramo de automóveis, por<br />
exemplo. São desconhecidas aos olhos<br />
do magistrado. Por isso, eles precisam<br />
saber bem o quanto aquela companhia<br />
pode assegurar, de fato”, explica.<br />
O otimismo é claro em quem atua<br />
com o produto, porque ele começa a<br />
aparecer em um momento que os créditos<br />
bancários são baixos e que nunca se<br />
precisou tanto de uma alternativa para<br />
arcar com as obrigações e fazer ao máximo<br />
para que as empresas não quebrem<br />
enquanto passam por mais esse momento<br />
de turbulência.<br />
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