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Revista Apólice #224

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❙❙Stephanie Zalcman, da JLT<br />

mais cuidadosa. Assim, as empresas com<br />

boa saúde financeira são recompensadas.<br />

Segundo o executivo da Willis, uma<br />

bolha no mercado poderá estourar. “Há<br />

muitas empresas sendo investigadas em<br />

outras operações além da Lava-Jato,<br />

sejam operações fiscais ou policiais. Se<br />

forem efetuadas todas as garantias para<br />

os processos da CAF – Comitê de Fusões<br />

e Aquisições que supervisiona e regula as<br />

aquisições de empresas – o mercado deve<br />

dar uma guinada e, se for esse ano, chegar<br />

a 25% de crescimento”, explica. Como<br />

as garantias judiciais são baseadas nas<br />

fiscais, o rumo sempre estará atrelado à<br />

fiscalização do governo. Se ela está mais<br />

rígida, as empresas enfrentam processos<br />

judiciais. “Agora que o governo precisa<br />

de caixa, acredito que isso deverá crescer.<br />

Com o tempo, as empresas começam a<br />

ficar mais exigentes. Se o governo está<br />

apertando muito a fiscalização, elas começam<br />

a andar mais na linha. De certa<br />

forma, com o tempo o crescimento pode<br />

decair”, completa Loureiro.<br />

Com mais critério nas análises, o<br />

contato entre seguradoras e seus clientes<br />

de Garantia Judicial está mais próximo<br />

do que nunca. É claro que as condições de<br />

uma empresa podem vir a mudar caso ela<br />

sofra um impacto financeiro. Atualmente,<br />

empresas investigadas têm pouca ou<br />

nenhuma chance de conseguir uma nova<br />

apólice para garantir seus pleitos judiciais,<br />

o que acabou sendo benéfico para o<br />

mercado. “Aliado a tudo isso, tem a crise<br />

política. As grandes empreiteiras sempre<br />

foram tomadoras de seguro garantia e<br />

estão enfrentando problemas políticos.<br />

O mercado ressegurador e as empresas<br />

internacionais ficam mais conservadoras<br />

e talvez não tão receptivas para alguns<br />

riscos que aceitavam antes. Os grandes<br />

projetos eram movimentados por essas<br />

empreiteiras, por isso os investimentos<br />

foram concentrados na modalidade<br />

judicial nos últimos dois anos”, ressalta<br />

Daniela.<br />

O apetite muda, mas as companhias<br />

encontram maneiras de navegar, ainda<br />

que em mares agitados. “Os próprios resseguradores<br />

internacionais vêm ao Brasil<br />

para conhecer a operação e entender porque<br />

há tantos processos judiciais aqui. Lá<br />

fora não existem tantos litígios e quando<br />

há são resolvidos rapidamente. No País,<br />

um processo pode durar 10 anos. Muitos<br />

resseguradores estrangeiros tiveram aumento<br />

considerável em suas carteiras por<br />

aqui”, comenta Stephanie, da JLT.<br />

Ampla aceitação<br />

Com a crescente aceitação do seguro<br />

Garantia Judicial, as modalidades<br />

bancárias se tornaram, de certa forma,<br />

obsoletas. Mas isso não faz com que o<br />

seguro esteja totalmente finalizado. As<br />

mudanças de 2015 foram importantes e<br />

trouxeram mais corretores com desejo de<br />

especialização, mas alguns ajustes legais<br />

podem ser necessários. “Pensando desde<br />

2007, quando houve o primeiro registro na<br />

lei, até os dias de hoje o produto evoluiu<br />

bastante. Na esfera cível, ele já tinha previsão<br />

legal, na esfera fiscal, com a reforma na<br />

lei de isenções, em 2014, ele passou a ser<br />

previsto como uma modalidade apta para<br />

❙❙Rodrigo Loureiro, da Willis<br />

❙❙Daniela Dúran, da Aon<br />

garantir essas isenções. Quando olhamos<br />

para a esfera trabalhista, acreditamos que<br />

a recente reforma da CLT também passará<br />

a aceitar a garantia em seus processos”,<br />

elucida Daniela.<br />

Loureiro observa que, embora a<br />

legislação possa ser repensada e, quem<br />

sabe, melhorada, isso dependerá muito de<br />

fatores externos. “As seguradoras estão<br />

tentando aprovar uma nova legislação,<br />

aumentando o percentual de importância<br />

segurada em contratos públicos, porque<br />

hoje eles entendem que é baixo [5%] - as<br />

companhias querem 30%. Mas isso só<br />

vai passar no congresso depois de todas<br />

as reformas que o governo pretende. Essa<br />

matéria é secundária agora”, sinaliza.<br />

Já Stephanie vê mais mudanças possíveis<br />

e necessárias. “Muita coisa ainda<br />

pode mudar para melhorar a aceitação<br />

dos juízes e fazê-los entender melhor<br />

como funciona o produto. Quando acompanhamos<br />

o cliente, vemos que as dúvidas<br />

são menos em relação ao seguro do que às<br />

seguradoras. Pois elas não são as mesmas<br />

que atuam no ramo de automóveis, por<br />

exemplo. São desconhecidas aos olhos<br />

do magistrado. Por isso, eles precisam<br />

saber bem o quanto aquela companhia<br />

pode assegurar, de fato”, explica.<br />

O otimismo é claro em quem atua<br />

com o produto, porque ele começa a<br />

aparecer em um momento que os créditos<br />

bancários são baixos e que nunca se<br />

precisou tanto de uma alternativa para<br />

arcar com as obrigações e fazer ao máximo<br />

para que as empresas não quebrem<br />

enquanto passam por mais esse momento<br />

de turbulência.<br />

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