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fraudes | saúde<br />
As contas da saúde<br />
Mercado de saúde suplementar quer ser mais<br />
eficiente, mas as dificuldades em fechar as<br />
contas atrapalham esses planos<br />
Amanda Cruz<br />
Os estimados 19% de gastos<br />
com fraudes e desperdícios<br />
na saúde suplementar em<br />
2015 equivalem a R$ 22,5 bilhões,<br />
que escoam e deixam de ser empregados<br />
para melhorar a saúde das pessoas.<br />
Esses números foram divulgados pelo<br />
Instituto de Estudos de Saúde Suplementar<br />
– IESS. O instituto também divulgou,<br />
ainda sobre 2015, que as falhas consomem<br />
mais de R$ 15 bilhões da saúde privada,<br />
por ano, no Brasil. No estudo intitulado<br />
“Evidências de práticas fraudulentas em<br />
sistemas de saúde internacionais e no<br />
Brasil”, a entidade aponta para as causas de<br />
fraudes e desperdícios no mundo inteiro.<br />
Quando a conta é global, 6,99% das despesas<br />
anuais são provenientes de fraudes e<br />
desperdícios – se traduzindo em cerca de<br />
R$ 260 bilhões perdidos. Na saúde priva-<br />
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da, os abusos estão no uso de tratamentos<br />
excessivos, muitas vezes desnecessários<br />
ou baixa qualidade no atendimento; além<br />
da comercialização inadequada de medicamentos<br />
e dispositivos médicos, além de<br />
sonegação de tributos.<br />
Legislações como a alemã e dos EUA<br />
tentam combater isso exigindo que todos<br />
os pagamentos feitos a agentes do setor de<br />
saúde sejam públicos. Atribuindo, ainda,<br />
punições severas para toda maneira de<br />
burlar essas leis.<br />
No Brasil, embora muitos esforços<br />
estejam sendo feitos para acompanhar<br />
as melhores práticas mundiais, a conta<br />
da saúde suplementar, mais uma vez, não<br />
fechou. No último seminário realizado<br />
pela FenaSaúde, em 2016, houve até quem<br />
apostasse na falência do sistema caso os<br />
processos de judicialização não fossem<br />
drasticamente diminuídos e as fraudes<br />
fortemente combatidas. O balanço do ano<br />
veio reforçar essa urgência, já que o valor<br />
das despesas assistenciais foi superior às<br />
receitas – gastos aumentaram 13%; a receita<br />
cresceu 11,7%. A receita dos planos<br />
de saúde foi de R$ 165,6 bi e as despesas<br />
assistenciais – soma que engloba gastos<br />
com exames, consultas, internações e<br />
outros atendimentos médico-hospitalares<br />
– contabilizaram R$ 137,2 bi. Esse custo<br />
não inclui gastos administrativos e<br />
de comercialização dos planos. “Esse<br />
continuado descompasso põe em risco a<br />
sustentabilidade do segmento. Nesse momento<br />
de recuperação gradual e lenta da<br />
atividade econômica, buscar o equilíbrio<br />
financeiro do setor da saúde suplementar<br />
é um grande desafio. Temos um quadro<br />
de evasão de beneficiários acentuado