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Revista Curinga Edição 21

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Opinião<br />

Por trás da história<br />

São os homens que fazem as palavras ou o contrário?<br />

Nossa sociedade se baseia num ciclo vivencial,<br />

no qual o homem faz a palavra, e a palavra<br />

faz o homem. No mundo contemporâneo, isso<br />

fica ainda mais evidente, principalmente com a<br />

facilidade de registrar mensagens em diversos<br />

meios ou memórias. Assim, pessoas se tornam<br />

figuras históricas através de seus discursos, mas<br />

muitas vezes não vamos além de suas palavras,<br />

e deixamos de lado fatos que vão na contramão da<br />

imagem criada por elas.<br />

Exemplo disso é Belchior, compositor de diversas<br />

canções eternizadas pela voz de Elis Regina<br />

e outros intérpretes. Sua figura sempre foi<br />

colocada à margem, correndo para o lado oposto<br />

da fama. As mensagens gravadas em suas músicas<br />

são pensamentos de resistência contrários<br />

ao mercado econômico, à alienação social e até<br />

à indústria cultural. Porém, ao longo do tempo<br />

Belchior sofreu uma mutação de marginal para<br />

desaparecido, talvez incoerente. Ele abandonou<br />

até mesmo a pensão alimentícia de seus filhos,<br />

ignorando as tarifas de hotéis, contas bancárias<br />

e vivendo hospedado em casas de fãs, juntamente<br />

a sua amada Edna.<br />

Outro personagem consagrado com uma crítica<br />

também voltada à exploração social é Gandhi.<br />

Ele foi responsável por motivar milhares de<br />

pessoas a abandonarem suas diferenças e sair pelas<br />

ruas da Índia em uma caminhada histórica,<br />

na busca de sua independência governamental.<br />

Pessoas se tornam referências<br />

históricas através de seus<br />

discursos, mas muitas vezes não<br />

vamos além de suas palavras<br />

No entanto, essas figuras ganharam uma nova<br />

face com o decorrer da história.<br />

Em sua biografia escrita por Ashwin Desai e<br />

Goolam Vahed, lançada após 60 anos de sua morte,<br />

um novo lado de Gandhi foi mostrado, sendo<br />

encaixado no papel de agressor de mulheres no<br />

convívio com sua família e racista em sua passagem<br />

pela região sul da África. Atitudes que contradizem<br />

a sua filosofia de não-violência.<br />

Esses personagens estarão sempre no imaginário<br />

coletivo. Na maioria das vezes, serão lembrados<br />

por suas mensagens deixadas há um bom tempo.<br />

Mas há uma parte de suas biografias que não será<br />

lembrada por muitos, pois também, não somos tudo<br />

aquilo que dissemos. Há sempre algo bom ou ruim<br />

em nós que ultrapassa nossa imagem.<br />

Texto: Guilherme oliveira<br />

Arte: Mariana Viana

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