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Deves procurar conhecer a arte de vencer dos que trilharam esse<br />
caminho com honra. Querer suplantar a todos, e procurar requintar-se nas<br />
artes militares, significa correr o risco de não igualar os grandes mestres,<br />
significa expor-se a ficar infinitamente aquém pois, nesse caso, o ótimo é<br />
inimigo do bom.<br />
Conseguir vitórias por meio de combates foi considerado em todos os<br />
tempos, pelo universo inteiro, como algo bom. Ouso dizer-te, to<strong>da</strong>via, que esse<br />
é mais um caso em que o "excelente" geralmente é pior que o "ruim". Predizer<br />
uma vitória que o vulgo pode prever, e ser considerado universalmente sábio,<br />
não significa ter habili<strong>da</strong>de bélica. Pois não requer muita força levantar a<br />
penugem dos coelhos no outono. Não são necessários olhos penetrantes para<br />
distinguir o sol <strong>da</strong> lua. Nem se requer ouvido apurado para ouvir o ronco do<br />
trovão. Na<strong>da</strong> mais natural, na<strong>da</strong> mais fácil, na<strong>da</strong> mais simples do que isso.<br />
Os hábeis guerreiros não encontram dificul<strong>da</strong>des maiores do que estas<br />
nos combates; eles agem de forma que vencem a batalha depois de terem<br />
criado as condições apropria<strong>da</strong>s.<br />
Eles prevêem to<strong>da</strong>s as eventuali<strong>da</strong>des. Conhecem a situação do<br />
inimigo, conhecem-lhes as forças, e não ignoram o que podem fazer e até onde<br />
podem ir. A vitória é uma decorrência natural desse saber.<br />
Assim, as vitórias obti<strong>da</strong>s por um mestre na arte <strong>da</strong> guerra não lhe<br />
garantiriam nem a reputação de sábio, nem o mérito de homem de valor.<br />
O homem comum não compreende que uma vitória seja obti<strong>da</strong> antes<br />
que a situação se cristalize.<br />
Eis por que o artífice de tal conquista não se reveste, para o vulgo, de<br />
nenhuma reputação de sagaci<strong>da</strong>de. Antes que a lâmina de seu gládio se<br />
manche de sangue, o Estado inimigo já está subjugado.<br />
Antes de desfechar o combate, os mestres antigos procuravam humilhar<br />
seus inimigos, mortificavam-nos, fatigavam-nos de mil maneiras. Seus próprios<br />
ac<strong>amp</strong>amentos eram lugares sempre ao abrigo de to<strong>da</strong> surpresa, sempre<br />
impenetráveis. Esses generais acreditavam que, para vencer, as tropas deviam<br />
aspirar ao combate com entusiasmo, e estavam persuadidos que, mesmo<br />
quando essas mesmas tropas buscavam com veemência a vitória, geralmente<br />
eram venci<strong>da</strong>s.<br />
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