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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
Paulo Mikio<br />
Interior da Sainte-Chapelle, Paris, França<br />
Então, ao considerar a Europa, trata-se de imaginar<br />
as virtudes, as qualidades de alma, o ambiente moral outrora<br />
ali existentes.<br />
Os historiadores, em geral, ressaltam os defeitos e<br />
omitem tudo quanto tornava possível a realização, por<br />
exemplo, Versailles e tantas outras belezas, que duraram<br />
séculos e ainda se encontram nos dias de hoje. Ora, é<br />
claro que havia uma estrutura moral, virtudes, capacidades<br />
sem as quais aquilo não seria possível.<br />
Não se concebe, por exemplo, um nababo que atualmente<br />
construa um palácio como o grande Trianon de<br />
Luís XIV. Embora custasse incomparavelmente mais barato<br />
do que um arranha-céu moderno, não se construiria,<br />
porque havia qualidades de alma que no homem<br />
contemporâneo já não existem.<br />
Devemos, pois, procurar conhecer essa alma e considerar<br />
tais belezas como fator de santidade, como atmosfera<br />
orientada ao Reino de Maria, e imergir no lado religioso<br />
da questão, porque esse é o aspecto mais profundo.<br />
Portanto, ver como do Sangue infinitamente precioso de<br />
Nosso Senhor Jesus Cristo, das lágrimas de Nossa Senhora<br />
se gerou, pela correspondência à graça, um mundo<br />
inteiro apetente disso.<br />
Teríamos vontade de, chegando à Europa sacrossanta<br />
que criou essas maravilhas, beijar o solo do cais do primeiro<br />
porto europeu onde nosso navio parasse, porque é<br />
a única parte do mundo onde o Sangue de Cristo e as lágrimas<br />
de Maria geraram uma civilização.<br />
Sem dúvida, o Escorial é muito bonito. Mas que encanto<br />
pensar em Felipe II lendo, em um dos salões daquele<br />
palácio, uma carta de Santa Teresa! E desfazendo,<br />
por exemplo, as manobras de um núncio gordalhão, bonachão,<br />
renascentista e contrário à reforma do Carmelo.<br />
Aqui está o cerne, porque Filipe II era mais Escorial do<br />
que todo o Escorial. E Santa Teresa ainda mais, pois ela<br />
era o “Escorial” do Céu, enquanto Filipe II era o da Terra<br />
olhando para o Céu.<br />
Assim nós temos a visualização completa e mais profunda,<br />
pois toca no religioso, no sacral, reconhecendo<br />
e afirmando que nada é válido, nada é autêntico se<br />
não brotar de uma verdadeira visão da Religião Católica,<br />
que os santos tiveram nos seus conventos, nas suas<br />
Ordens religiosas, enfim, nas instituições da Santa Igreja<br />
Católica.<br />
É preciso aprender a amar o<br />
Paraíso celeste nesta Terra<br />
Nessa perspectiva, compreendemos que Versailles,<br />
por exemplo – nos seus bons aspectos, pois ali nem tudo<br />
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