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Deve-se fazer prevalecer as<br />
qualidades do espírito<br />
Isso se refletia em coisas insignificantes. Houve tempo<br />
em que era contrário às regras da boa educação encostar-se<br />
no espaldar das cadeiras, em determinadas<br />
circunstâncias. Era a imagem da ascese católica, levando<br />
a pessoa a dominar-se a si mesma.<br />
Dou outro exemplo: há pessoas que têm o hábito de estalar<br />
os dedos. Na intimidade se compreende, mas não se faz<br />
isso diante de outros, porque chama demais a atenção para<br />
o corpo, quando todas as atitudes de porte, de linha e de<br />
distinção do homem devem lembrá-lo de que ele é principalmente<br />
alma, fazendo ver com isso o elemento mais nobre<br />
de seu ser, que é o elemento espiritual e não o físico.<br />
Isso leva as coisas do Ocidente a serem assim: um engenheiro<br />
ou arquiteto católico, ao planejar a decoração externa<br />
e interna de um palácio para um rei também católico,<br />
que exercerá o poder catolicamente sobre um povo igualmente<br />
católico, o próprio élan de sua alma católica leva-<br />
-o a ornamentar de maneira a fazer prevalecer as qualidades<br />
do espírito, os elementos que possuem categoria, finura,<br />
distinção, nos quais a alma humana aparece na sua excelência.<br />
Pelo contrário, o homem sem essa assistência da<br />
graça e essa inspiração da Fé não é capaz disso.<br />
Então, vemos marajás, sultões e outros tipos assim<br />
refestelados, chupando indefinidamente aquele narguilé,<br />
porque não aprenderam da Religião Católica as boas<br />
maneiras. Isso se retrata evidentemente também nos<br />
prédios, no urbanismo; enfim, em mil coisas de mil modos<br />
isso se manifesta.<br />
É o que faz a superioridade do Ocidente, o qual tem<br />
menos rubis, pérolas, esmeraldas, safiras, brilhantes;<br />
não possui rajás nem marajás, mas tem a distinção católica,<br />
contrarrevolucionária, que domina todo o resto.<br />
O resplandecer da graça<br />
Então, o Xá da Pérsia foi visitar as principais capitais<br />
da Europa, entre as quais Viena. A festa se desenvolvia<br />
e, em certo momento, chegou a Imperatriz da Áustria, a<br />
quem o potentado persa foi apresentado. Ele fez uns salamaleques<br />
à moda oriental e ela respondeu com distinção,<br />
com graça, um pouco sorrindo, como diante de um<br />
“conto de mil e uma noites”, de uma fábula.<br />
Ele ficou deslumbrado com a beleza e a distinção da<br />
Imperatriz. Provavelmente ele, um homem, tinha joias<br />
muito mais bonitas do que ela, que era uma dama. Entretanto,<br />
ela era uma joia da Cristandade! Tudo isso são<br />
frutos da Civilização Cristã.<br />
Na Civilização Cristã os homens, possuindo pela graça<br />
a virtude da Fé e as demais virtudes teologais e cardeais,<br />
acabam tendo toda essa grandeza pessoal que é o<br />
resplandecer da graça.<br />
Mas quem nos obteve a graça? Foi Nosso Senhor Jesus<br />
Cristo no momento de morrer na Cruz, e já quando<br />
Ele começou a sentir tédio e pavor diante do que Lhe<br />
aconteceria durante a Paixão, naquela meditação sumamente<br />
majestosa e linda no Horto das Oliveiras. Quando<br />
a graça penetra nos homens, conquistada para nós pelo<br />
Sangue de Cristo, produz todo o resto. v<br />
(Extraído de conferência de 13/1/1989)<br />
Lembro-me de outro episódio ocorrido com a própria<br />
Sissi, Imperatriz da Áustria. Antigamente, os potentados<br />
do Oriente quase nunca vinham à Europa, porque<br />
eram viagens muito longas e sujeitas a risco. Mas quando<br />
se estabeleceram, com os meios de comunicação moderna,<br />
a possibilidade de viagens seguras e com relativo<br />
conforto, nos primeiros transatlânticos, nos primeiros<br />
trens do século XIX, os potentados orientais começaram<br />
a vir ao Ocidente, trazendo todo o luxo oriental.<br />
Ao recebê-los, as cortes europeias seguiam todo o protocolo<br />
com que se acolhia um chefe de Estado estrangeiro.<br />
Portanto, cerimonial muito bonito, esplendoroso, rico.<br />
Os orientais, por sua vez, vinham com riquezas fabulosas<br />
e iam às festas com seus trajes peculiares.<br />
César Aguiar (CC3.0)<br />
Oração de Jesus no Horto<br />
Catedral de Córdoba, Espanha