A EXPRESSÃO E CONCEITO “UBER” ESTÁ SE ALASTRANDO PARA VÁRIOS SEGMENTOS DO MERCADO, IMPACTANDO A ECONOMIA E TAMBÉM PROVOCANDO UMA VERDADEIRA REVOLUÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. POR: Renato Bernhoeft – Fundador e Presidente do Conselho de Sócios da höft consultoria Prossegue dizendo que “se torna uma conta na qual cada empresa que contrata pessoal temporário vai precisar depositar uma quantia relativa à quantidade de horas de serviços prestados. Esse tipo de seguro individual, portátil, é o que se pode chamar de seguro universal. Cada trabalhador o usa, para ter acesso aos benefícios que teria direito, caso fosse contratado regularmente.” Estudos bem atuais já mostram que muitas fábricas de automóveis nos Estados Unidos já contratam sua mão de obra, de forma temporária. Este índice chega a 50% dos empregados na maioria das empresas. Embora realizem as mesmas tarefas dos regularmente contratados, e cumpram jornada similar, recebem a metade do salário e não tem nenhum benefício social. Segundo Steven Hill, a “uberização” da economia “vai ampliar o número de empresas que utilizam plataformas digitais para contratar e demitir, facilmente, a mão de obra. As empresas querem uma mão de obra que possam ligar e desligar da mesma forma que fazem com a TV. Isso acaba com a dimensão social do mercado de trabalho e destrói a relação do empregado com o empregador”. Estas são algumas das questões que já devem fazer parte das agendas de governos, sindicatos, programas previdenciários e todos aqueles com alguma responsabilidade com o futuro do mercado de trabalho. Também empresários e profissionais de Recursos Humanos devem se debruçar sobre o tema. Entre as várias nomenclaturas utilizadas no universo laboral, ao longo dos séculos XX e XXI, algumas deverão sofrer alterações substanciais. Expressões tais como empregabilidade, vínculo trabalhista, previdência, aposentadoria, renda vitalícia, férias, jornada de trabalho, identidade corporativa etc. precisarão ser revistas à luz dos impactos do que tem sido chamado de “uber-economia”. Pelo menos é o que já podemos antecipar considerando as conclusões, e provocações, do pesquisador Steven Hill, especialista em crescimento econômico da New America Foundation, dos Estados Unidos. Em seu livro “Raw Deal”, ele alerta para os riscos do que ele chama de “precarização do trabalho”. Pessoas desempregadas, ou aqueles que desejam ampliar sua renda, especialmente em economias em crise, como é o nosso caso, trabalhar como motorista do Uber pode ser uma 18 forma de obter uma renda adicional. “Mas esse trabalhador não terá benefícios trabalhistas como seguro desemprego, plano de saúde ou abono salarial”, alerta ele. Sua proposta é a de criar um Plano de Seguro Universal que garanta benefícios tanto para trabalhadores temporários como freelancers. Desta forma quem presta serviços para mais de uma empresa, ao mesmo tempo, teria benefícios de forma proporcional ao número de horas trabalhadas em cada emprego. Sua proposta aos responsáveis pelas políticas públicas, nos mais diferentes países, é de que “a criação de um Plano de Seguro Individual (Individual Security Account) para todos os trabalhadores, pode equacionar esta alteração nos vínculos trabalhistas.” Além, é claro, de todos aqueles que estão atentos às suas carreiras. Sejam os atuais trabalhadores como também o que ainda se preparam para ingressar no mercado. Renato Bernhoeft – Fundador e Presidente do Conselho de Sócios da höft consultoria. Atua como consultor e palestrante no Brasil e no exterior. É articulista e autor de 16 livros sobre empresas familiares, sociedades empresariais e qualidade de vida. Cursou filosofia na Faculdade Anglicana de Teologia, em São Paulo. Trabalhou por sete anos em projetos de desenvolvimento comunitário da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco) no México e no Peru. Coordenou a área de recursos humanos nas empresas Kibon, DOW Química e Villares.
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