REVISTA UNICAPHOTO, ED 11
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ensaio<br />
Silêncio e solidão<br />
em Chernobyl<br />
Texto e Fotos por Filipe Falcão<br />
Quando a usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, foi construída,<br />
a cidade de Pripyat foi planejada para servir de moraria para<br />
os funcionários da usina. O ponto onde iniciamos o “passeio” é<br />
a área na qual ficam os prédios residenciais de Pripyat. A sensação<br />
que tive foi de estar em uma cidade fantasma. O mato e<br />
a vegetação tornam inclusive difícil ver todos os prédios. Todos<br />
os prédios residenciais possuem muitas janelas e ás vezes parece<br />
que estamos sendo observados.<br />
Pripyat é antes de qualquer coisa um local silencioso. Os guias<br />
dizem que não existem pássaros na área. Ali eu percebia apenas<br />
o barulho dos passos das pessoas da excursão. Fiquei imaginando<br />
que com a saída do grupo aquele lugar deve ser totalmente<br />
silencioso e solitário. Decidi fazer as minhas fotos com<br />
esta ideia de silêncio e solidão além da ausência do elemento<br />
humano. Não queria que pessoas da excursão aparecessem nas<br />
minhas fotos. Tentei preservar a sensação que Chernobyl me<br />
passou. Fiz apenas uma foto minha em uma placa da entrada,<br />
mas não a publiquei nem postei em nenhum lugar.<br />
Somos alertados de que não devemos tocar em absolutamente<br />
nada. Recebemos emails alguns dias antes explicando que devemos<br />
ir de calças e camisas com mangas longas. Além dos prédios<br />
residenciais, fomos em escolas, teatros, prédios públicos e<br />
o famoso parque de diversões que nunca chegou a ser usado.<br />
A mesma sensação de solidão e de silêncio de todo o dia se intensificou<br />
ainda mais em um lugar que é sinônimo de alegria e<br />
diversão. No parque, a sensação se potencializa. Segue neste ensaio<br />
uma seleção deste dia em Pripyat. Tentei prioritariamente<br />
captar a solidão e o silêncio do lugar.<br />
<strong>UNICAPHOTO</strong><br />
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