Jornal Cocamar Novembro 2016
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29 | <strong>Jornal</strong> de Serviço <strong>Cocamar</strong> | <strong>Novembro</strong> <strong>2016</strong><br />
OPINIÃO<br />
Deu Trump: e agora<br />
para o agro brasileiro?<br />
Com certeza ele será uma voz imperativa e autoritária, eliminando a dúvida do povo<br />
americano sobre quem manda e deve continuar mandando no mundo. Brasileiros,<br />
por sua vez, precisam de uma política urgente de segurança científica e tecnológica<br />
Por José Luiz Tejon<br />
Megido*<br />
Hillary Clinton significaria<br />
manutenção<br />
do status quo<br />
atual, mas com<br />
Trump o que se aguarda é<br />
uma posição mais radical<br />
nas relações e um Estados<br />
Unidos acima de tudo e de<br />
todos.<br />
Com ele, na minha opinião,<br />
teremos uma agressividade<br />
mais bélica no mundo<br />
dos negócios, regras muito<br />
mais protecionistas ao<br />
agronegócio americano e planos<br />
ousados de conquista de<br />
mercado. Para Trump, aliados<br />
dos Estados Unidos<br />
serão apenas os que abrirem<br />
suas fronteiras para o progresso<br />
dos interesses americanos.<br />
O Brasil significa adversário<br />
em muitas áreas do agro,<br />
sem esquecer os recentes<br />
embates na OMC (Organização<br />
Mundial do Comércio)<br />
sobre o subsídio norte-americano<br />
ao algodão, por exemplo,<br />
se não na prática, com<br />
certeza isso será a nova voz,<br />
imperativa e autoritária, eliminando<br />
a dúvida do povo<br />
americano sobre quem manda<br />
e deve continuar mandando<br />
no mundo.<br />
Porém, o mundo globalizou,<br />
e se por um lado com<br />
Trump teríamos um competidor<br />
muito mais agressivo e<br />
vociferante, por outro, os<br />
nossos grandes clientes internacionais<br />
hoje teriam<br />
muito menos confiança ao<br />
negociar com os Estados<br />
Unidos, pois se embargos<br />
comerciais com produtos<br />
agrícolas já são costumeiros<br />
nas guerras frias, com o general<br />
Trump a frente da<br />
Casa Branca, haverá chances<br />
maiores de serem utilizados.<br />
Hoje o agronegócio significa<br />
segurança alimentar,<br />
acima de tudo. Dessa forma,<br />
a curto prazo, devemos estar<br />
muito mais preocupados<br />
com o destino político da<br />
China, Ásia, Oriente Médio e<br />
com países africanos mais<br />
próximos de relações duradouras<br />
com o Brasil, sem esquecermos<br />
da América Latina,<br />
um continente inteiro<br />
ainda carente de muitas<br />
ações inteligentes de comércio.<br />
E viva o México.<br />
Por outro lado, o Brasil no<br />
agronegócio precisa de uma<br />
política urgente de segurança<br />
científica e tecnológica.<br />
Aí sim, se sofrermos algum<br />
tipo de distanciamento entre<br />
o estado da arte científica no<br />
agro oferecida a nossos concorrentes<br />
internacionais, podemos<br />
ter um significativo<br />
perigo estratégico.<br />
Segurança científica e tecnológica:<br />
essas sim são as<br />
principais questões. Que<br />
venha Trump e que venha<br />
pela frente. Pode ser boca<br />
dura, mas não é nada burro.<br />
O mundo dos negócios pauta<br />
relações, aliados e decisões.<br />
O mundo continua. "Taking<br />
care of business".<br />
(*) Conselheiro Fiscal do Conselho<br />
Científico Agro Sustentável<br />
(CCAS), Dirige o Núcleo<br />
de Agronegócio da ESPM,<br />
Comentarista da Rádio Jovem<br />
Pan.<br />
Nossos grandes<br />
clientes internacionais<br />
hoje teriam muito<br />
menos confiança<br />
em negociar com<br />
os Estados Unidos,<br />
o que pode trazer<br />
oportunidades<br />
para o Brasil