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OPINIÃO Isabel Fagundes Exerce funções numa escola do Funchal A relevância dos cinquenta Aos cinquenta anos já vivemos algum tempo para sabermos que o tempo é cada vez mais precioso numa vida que passa de forma célere. Quando atingimos a étapa dos cinquenta, tantas grandes questões deixam de ter interesse e outras, que antes tinham menos relevância, passam a ter a importância que nunca antes lhes havíamos dado. A família, os verdadeiros amigos, tornam-se pilares da nossa existência e funcionam como suportes motivadores para darmos os passos seguintes até ao dia em que já não estaremos aqui. Os “desamigos” deixaram de ter qualquer espaço no nosso caminho e são descartados sem qualquer arrependimento. Chegados ao ponto onde podemos ver um e outro lado da vida, o antes das aspirações e anseios e o agora da serenidade e aquiescência, ficamos com o poder de ser tudo o que construímos, com a dor, com o sofrimento mas também com as alegrias que a vida nos proporcionou. Vemos no passado a aprendizagem e no futuro a consolidação dessa aprendizagem, aliada às pequenas coisas que lhes vamos acrescentando. Nesta idade, todos nós, de uma forma mais ou menos difícil, já passámos por situações que nos contundiram no mais profundo - tenham sido perdas pessoais ou materiais, doenças francamente debilitantes, divórcios demasiadamente litigiosos, erros imensamente errados. Tudo isso contribuiu para a nossa maturação e conseguimento de uma maior capacidade de discernir, de compreender e tolerar. Muitos de nós errámos da melhor forma que sabíamos e aprendemos muito com isso. Uns ainda lamentam, outros avançam, uns sentem-se eternamente vítimas, outros cresceram e tornaram-se grandes. Já não há lugar para sermos o que não queremos ser, nem espaço para albergar dentro de nós pessoas que não nos agradam, nem estão em sintonia connosco. Queremos o que nos faz sentir bem e distanciamo-nos do que nos desapraz. Não temos necessidade de fazer algo apenas para agradar quem quer que seja. Precisamos somente de comprazermo-nos das nossas próprias ações e ter a certeza que fazemos o melhor com o que temos e como sabemos. Que fazemos sempre a nossa parte. Acolhemos aqueles que se nos apresentam límpidos e translúcidos, os que são sinceros e honestos e desviamo-nos dos que não o são. Há os que se amam, sabem cuidar do seu “eu” interior e afagar a criança que vive algures nas profundezas da sua alma. Os que sabem usufruir da sua companhia e não põem nas mãos do outro a sua própria felicidade. E os outros, os que estagnaram no tempo e teimam em percorrer a vida na mesma cadência de um comboio movido a carvão. Existem os que não aprenderam a apreciar a presença de si próprios e exigem do outro aquilo que não têm, e os outros, aqueles que respeitam cada ser e suas ideias, que valorizam as pessoas e o todo que nos enlaça. Os que não acham que têm sempre razão e dão espaço para permitir a razão dos seus semelhantes. Aos cinquenta anos já vivemos algum tempo para sabermos que o tempo é cada vez mais precioso numa vida que passa de forma célere. Já devemos ter aprendido que perdoar permite-nos dar um passo à frente e descerrar caminho à concretização do nosso propósito de vida. Nessa idade, já devemos saber que outras janelas se destaparam para o resto da nossa vida e que sempre houve portas abertas. Já devemos saber que existem mudanças continuadas e que o que foi ontem não será bem o mesmo amanhã. Devemos saber que, apesar da experiência, a nossa verdade nem sempre é a real verdade e que devemos abrir-nos à verdade do outro para aprendermos a ver os diferentes ângulos de uma realidade. Aos cinquenta já devemos ter ganhado alguma sabedoria. s 8 saber ABRIL 2019
Rua dos Tanoeiros É uma das ruas mais antigas da cidade do Funchal a Rua dos Tanoeiros, que obteve o seu nome por volta do século XVII devido à importância dada aos construtores de pipas. Esta importância esteve ligada à exportação do vinho da Madeira entre os séculos XVIII e XIX. Hoje em dia, a Rua dos Tanoeiros começa com uma rampa com um antigo chafariz que foi em tempos usado para dar de beber aos animais do mercado municipal outrora ali existente. Vale a pena percorrer esta bela rua que continua a ser uma rua central em termos comerciais e que mais recentemente, mais precisamente em 2018, foi alvo de um projeto artístico inovador. O projeto “Adopte uma Loja” foi lançado pela Câmara Municipal do Funchal a vários artistas regionais para dinamizar o comércio mas também para fomentar a arte urbana na cidade. Com este projeto, as entradas das LUGARES DE CÁ lojas desta rua ganharam uma peça de arte urbana cujo elo comum foi a arte da tanoaria. As peças foram elaboradas por artistas regionais ou residentes na Madeira. Com a curadoria de Fátima Spínola, os artistas Carina Mendonça, Carolina Fernandes, Cristiana de Sousa, Diogo Goes, Gabriela e Marcos Milewski, Fátima Spínola, Jose Zyberchema, Luz Henriques, Martinho Mendes, Patrícia Sumares, Paulo Sérgio Beju, Ricardo e Bruna Livramento, Sara Santos, Sophie Bayntun, Telma Henriques e Trindade Vieira criaram as obras para 16 espaços aderentes. Preservar e valorizar o comércio tradicional bem como a história e a cultura local são cada vez mais necessários num tempo em que os centros urbanos estão “despidos” dos seus habitantes, e a arte urbana pode contribuir para atenuar os efeitos desta desertificação que afeta os centros urbanos. s Dulcina Branco www.madeira-web.com , Wikipédia. saber ABRIL 2019 9
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