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deveria receber, especialmente em termos de condições de trabalho.

FG: Alguma vez deste contigo a pensar nas dificuldades de criar

uma família ligada ao meio itinerante que é o circo e o mundo dos

espetáculos? Alguma vez sentiste que esta vida, de facto, não é

para todos?

SC: As pessoas, por vezes, pensam que a vida ligada aos espet´culos

e ao circo é uma vida de imensos sacrifícios, quando, na realidade,

não é bem assim. As horas, certamente, são diferentes, pois não é um

horário de trabalho convencional, mas a verdade é que, tudo o resto,

é muito normal, isto é, temos uma vida normal, uma família para cuidar

e uma casa para manter e gerir. WWQuando me juntei ao Rui, não

fazia ideia do que era a vida ligada ao circo. Eu própria não sabia se

iria viver, ou não, com uma ligação ao circo. Mas, recordo que, quando

tivemos que viver numa caravana, fomos buscá-la à Bélgica. Eu é

que a escolhi, que a mobilei e ficou maravilhosa. Esse ‘mito’ de ficar a

dormir em contentores, de não ter condições para viver… não é verdade

e não é assim. Temos as nossas caravanas, que são do melhor

que há, melhores, até, do que alguns apartamentos, pois temos todos

os confortos para realizar as nossas viagens e as nossas vidas, quando

assim é necessário.

FG: Uma pessoa que não vos conheça, que imagem tem de vocês?

RC: Depende do tipo de pessoa com quem tu falas... Ao certo, ao

certo, a primeira abordagem que há quando nos conhecem é como

vivem e o que são as gentes do circo. A curiosidade de saber como é

a nossa vida, quem é ao certo e como é. Depois, quando falam connosco,

é a curiosidade de nos conhecer e de que tipo de pessoas vão

encontrar. As pessoas não têm ideia de como somos ao certo. Há

sempre aquela curiosidade...

SC: As pessoas muitas vezes querem saber da vida do circo… Mas eu

não vivo no circo, nem sou do circo. Sou promotora de espetáculos e

ajudo o meu marido no seu trabalho, que está relacionado com o circo

e com o parque de diversões, e que vem à Madeira uma vez por

ano. De resto, tenho a minha casa, onde vivo com a minha família, e

a caravana,, que é onde vivemos, ocasionalmente, quando assim tem

de ser por causa dos espetáculos. Por isso, e nossa vida é uma vida

muito normal e uma vida em família.

FG: Como é a vida do Rui e da Sandra fora deste contexto do mundo

dos espetáculos e da promoção?

SC: É muito normal! Gostamos muito de ficar em casa… Temos um

terreno enorme, com cerca de vinte e cinco mil metros quadrados, e

passámos o dia a arranjar coisas lá em casa, com o filho à solta. Ele

adora estar na rua a brincar. Eu tenho o vício das arrumações e passo

o dia a arrumar.

RC: E eu desarrumo (risos)... Também encontramo-nos muitas vezes

com a família do circo, que é muito grande, e apoiamo-nos muito uns

aos outros. Quando não estamos nalguma festa ou evento para o qual

somos convidados, estamos em casa ou saímos até Espanha, França.,,

e vamos visitar a família e os nossos amigos.

FG: Há planos para aumentar a família?

RC: (risos) Já disse à Sandra que gostava de ter outro filho. Temos o

Diego, que está com dois anos, a Sara, que entrou este ano na universidade,

e o Duarte, que está com dezasseis anos. Eu gostava de

ter outro filho, até porque acho que a família deve ser numerosa.

Eu tenho três irmãos do primeiro casamento do meu pai e mais um

irmão do segundo casamento do meu pai e é bom. É preciso continuar

o trabalho que nós, pais, fazemos, e, então, um filho é pouco,

pois está mais desamparado.

FG: Quais são as melhores qualidades da Sandra?

RC: Ela às vezes pergunta-me isso e eu não lhe respondo... Fica chateada

porque eu não lhe respondo, mas a ti, Francisco, vou respon-

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saber DEZEMBRO 2019

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