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é a minha consciência.
O que é que o levou a ir pela área artística,
pela Pintura mais concretamente?
- Não acredito que haja conhecimento inato
e muito menos inspiração, nem divina nem
“Kantiana”. A feliz influência da minha mãe
(arquitecta) e a motivação para o desenho
desde muito cedo, em criança, acho que fizeram
com que desde cedo soubesse o que
queria, ou pelo menos o que não queria. Sempre
gostei de desenhar. De início a arquitetura
de algum modo me seduzia na medida em
que cumpria uma função social: dar a possibilidade
dos outros habitarem o espaço criado
pelos arquitetos, e desse modo também intervir
esteticamente no território. Mas, de alguma
forma, encontrei maior liberdade, plasticamente
falando, nas artes plásticas - área em
que prossegui a minha formação. Através da
pintura, também posso exercer uma função
social: aliar o compromisso estético ao dever
de denúncia, concebendo a arte como consciência
da civilização. Porque nela está toda
a utopia.
Como é que define o seu trabalho artístico,
A feliz influência da
minha mãe (arquitecta)
e a motivação para o
desenho desde muito
cedo, em criança, acho
que fizeram com que,
desde cedo, soubesse o
que queria
o seu traço artístico?
- A arte contemporânea é profundamente
auto-referencial à própria história da arte.
Daí que, não tenha a pretensão de “fazer algo
novo” ou “inovador”, se tanto tento que a originalidade
se traduza na capacidade de acrescentar
algo meu, ao já criado anteriormente.
Assim toda a arte depois de Marcel Duchamp,
não só é auto-referencial, como identitária,
interdisciplinar e “intermedial”. Cada vez mais,
a arte assume como estratégia de auto-legitimação
a negação da sua própria condição,
assim o meu trabalho além uma dimensão
crítica e de intervenção, possibilita esse exercício
de continua desconstrução das várias
concepções de arte, se é que elas de facto
existem. Por isso, não sei se tenho um traço
artístico que me defina. Tenho alguns temas
e interesses, como o confronto da expressão
figurativa com a abstração expressiva, a
negação da arte e “morte da pintura”, a alegoria
do jumento e a iconografia cristã. Mas
de algum modo possa dizer-me influenciado
pela arte primitivista, pelos neo-expressionismos,
como também pela “Arte povera”,
“Art brut” e pelo Neo-dadaísmo, dos “Nouveaux
Réalistes”.
O que é que o inspira?
- Não acredito em inspiração, como disse. Se
tanto, como católico, essa inspiração teria ser
a de Deus, que me deu este fado que é também
um fardo. Acredito sim, em muito trabalho
persistente, o que me pode levar a apurar
uma maior aprendizagem e a uma aproximação
ao derradeiro, a uma beleza que
saber DEZEMBRO 2019
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